quarta-feira, dezembro 31, 2008

Fim do ano de várias mortes

A morte é o cabo dos trabalhos. Para os sobreviventes é uma romaria entre conservatórias dos vários registos, departamentos urbanísticos das câmaras e repartições de finanças. Na terra do Simplex, tudo isto está desconectado e em cada um dos locais a mesma realidade é lida de formas diferentes. Por isso, neste final de ano, decreto a impossibilidade da minha morte nos próximos 50 anos, para simplificação dos que me sobreviverão. A partir dessa data já tudo deverá estar simplificado.
A morte é a realidade dos palestinianos neste final de ano. O homem da mudança vai tentando acertar nos buracos do golf no Hawaii enquanto Israel cava buracos na faixa de Gaza numa reedição do Holocausto.
De morte é a política cá na terra. Há uma lei que é aprovada por todos os deputados e há um Presidente iluminado que acha que ela põe a Pátria em perigo. Fala de deslealdade de outro órgão de soberania. O que faz perante a pátria em perigo e a deslealdade? Uma comunicação ao país! Como reage o país? Não o ouviu, os portugueses tinham corrido para os Centros Comerciais à procura dos saldos. Realmente só um país surreal pode não ter eleito um poeta.
Ferida de morte estará também a Santa Economia Liberal. The game is over. A ver vamos, que perante tanta morte num só ano, necessária se torna um Renascimento de Vida no ano que vai chegar.

Bom Ano Novo a todos os que não desistem.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Change we need

Afinal Israel continua igual, a atacar de forma implacável quem lhe atira umas pedradas. O embaixador em Lisboa, em entrevista, insulta a nossa inteligência quando perguntado se a acção em curso não era desproporcionada, responde que não podiam estar à espera que morressem 300 israelitas para atacar.
O mundo celebrou a mudança há uns tempos atrás, mas tudo está aparentemente igual apesar do Presidente Eleito ser outro. Alguma vez se colocará do lado certo do mundo?

sexta-feira, dezembro 26, 2008

Cá dentro, de férias

As férias também podem ser são aquela altura do ano em que a vertigem cessa. Fica lá fora a confusão e é-nos permitido ficar cá dentro, mais connosco. Nunca até agora assim tinha sido, porque a voracidade do novo sempre se impôs. Aconteceu diferente este ano, em que as férias vieram culminar um fim de tempos, de ausências definitivas, de ano, permitindo um imperioso renascimento consonante com a época do Natal, porque o mundo não pode estar sempre a acabar. As férias foram, desta vez, mais do que uma partida para um lugar novo, uma chegada a velhos lugares. Aos lugares que me foram fazendo e onde me gravei nos olhares que agora pude rever. Remexer as arrumações de muitos anos é uma oportunidade de voltar a ser o ser que fui, com a certeza de que, no fim, já serei outro que percebeu a impossibilidade de ser o que não foi. Muitas das férias do passado foram viagens no espaço, estas foram viagens no tempo.
No remexer da arrecadação pude lembrar-me dos projectos que ficaram por contar, porque as formigas também fogem devoradas pela enxurrada do tempo que passa. Em Agosto de 1986, começava outras férias assim:
Ontem encontrei uma formiga que de olhinhos tristes e a fazer o pino no soalho da caravana me disse: Leva-me à boleia. Estou farta desta vida de andar no carreiro. Por favor, gostava tanto de encontrar novas paisagens, sair deste caminho sempre igual da frente para trás e de trás para a frente. Olhei para ela e apeteceu-me dizer-lhe que não, que o Renault 5 é um carro fraquinho e que assim com ela sempre teria de puxar mais um bocadinho. Mas não disse, porque ela ia achar isso uma desculpa tonta. Perguntei-lhe então, o que iria ela dar-me em troca da boleia. Vi a sua tristeza com esta noção de amizade, mas lá me respondeu: Talvez te possa fazer cócegas e contar-te a história das nossas viagens. Achei a ideia excelente e estas são as histórias de viagem da minha amiga formiga, a quem estou muito contente por ter dado boleia. Na verdade a formiga ainda me contou algumas histórias, mas a pressa dos momentos fez com que fugisse ao fim de uns dias e as histórias ficaram por registar. Este é o risco de muito projectar, porque a ambição faz o objectivo demasiado grande para o tempo que se tem. Mais que tudo, é preciso não deixar passar o momento nos projectos, porque não somos o futuro.
Gozo dá, ver o futuro do passado através de um esboço que se fez, porque é no presente que o prazer vale. E valeu também a ideia de dar sombra ao futuro pela plantação no presente de uma árvore. Ficaram por lá 21 no sonho de repousos futuros (ou para pasto presente das ovelhas?).
Chega-se aqui, finalmente, mais descansado depois depois desta viagem, cá dentro.

terça-feira, novembro 25, 2008

Fumo de pó

Um fumo de pó, a subir, nos raios de sol filtrados por entre os ciprestes. Um instante de leveza por entre o pesadelo do momento.

domingo, novembro 23, 2008

Faça-se luz

O texto já levava mais de 30 páginas de história da electricidade. O problema não era construir o candeeiro, que seria o objectivo do trabalho, mas fazer caber o enorme texto copy-paste, no limite imposto de palavras do trabalho. Oh tio, isto não interessa, pois não? Selecciona e delete. E continua-se. Vamos lá começar a pensar em fazer um candeeiro. Isso, a pensar.
Têm destas ironias os momentos. Enquanto ali ao lado a luz se vai extinguindo sem apelo, aqui vamos fazer nascer um candeeiro num projecto pensado e não realizado por copy paste mais ou menos imcompreendido e ilegível. Mais do que um candeeiro, é necessário fazer-se luz sobre a forma de aprender a pensar, o que é um projecto bem mais difícil de realizar. Mas não se ensina agora na escola essa coisa que é como se pensa? Perdidos andam pelo Magalhães.

sábado, novembro 22, 2008

Mudar de alvo

Obesidade, quem é responsável?

Num mundo onde há mais de 600 milhões de pessoas com fome, existem ao seu lado 1000 milhões com excesso de peso ou obesidade, sendo 300 milhões obesos. Em Portugal estima-se que haja actualmente cerca de 14% de indivíduos com excesso de peso ou obesidade.
Chega-se a estes números trágicos num período de tempo relativamente curto de 20 a 30 anos, curiosamente coincidente com a expansão da globalização e o triunfo do liberalismo e dos estilos de vida a ele associados.
A dimensão do problema é dramática não por problemas estéticos, pois a gordura até já foi formosura, mas porque a obesidade se encontra muitas vezes associada com problemas graves de saúde como a diabetes mellitus tipo 2, as doenças cardiovasculares, doenças músculo-esqueléticas e mesmo cancro, causadoras de morbilidade e mortalidade significativas. Por exemplo, nos Estados Unidos, calcula-se que haja mais de 300000 mortes por ano por doenças relacionadas com a obesidade.
Para além do sofrimento individual, a obesidade implica sofrimento social e tem custos importantes. Nos países da OCDE representa 2 a 6% dos custos relacionados com a saúde e, em Portugal, segundo dados de João Pereira, tem custos directos de 297 milhões de euros (2,5% da despesa em Saúde) a que se somam os custos indirectos estimados em 199 milhões.
Estamos assim perante um problema que tem vindo a tomar dimensões de epidemia, sendo as causas directas, a nível individual, um balanço energético positivo, isto é, a energia ingerida (alimentação) ultrapassa a que é gasta (exercício físico).
As razões por que isso acontece poderão ser a irresponsabilidade individual, porque, obviamente quem come e não faz exercício é o indivíduo, ou, por outro lado, factores genéticos e externos à pessoa, por ela não controláveis, como factores ambientais e socioeconómicos. Reconhecendo certamente o papel dos factores genéticos, o desenvolvimento do problema em tão curto intervalo de tempo, exclui um papel determinante da genética no aparecimento da crescente epidemia de obesidade. Definir quem é o responsável é importante porque isso tem implicações, por exemplo, na estratégia a seguir para combater este flagelo, assim como, é claro, na decisão de a quem apresentar a conta dos custos implicados.
Este problema da responsabilidade tem sido amplamente abordado a vários níveis e também nos media, os quais têm um papel determinante não só alertando para os problemas, identificando-os, mas também «educando-nos» sobre a forma de como devemos pensar sobre eles. São eles que determinam muitas vezes a forma como percebemos os problemas e nos sugerem o responsável pela sua ocorrência.
Nas sociedades dominadas pelo liberalismo, há uma tendência para atribuir as causas dos problemas, incluindo os da saúde, aos comportamentos individuais, atribuindo-se um papel secundário aos factores sociopoliticos ou económicos que eventualmente possam condicionar as opções dos indivíduos. Assim, o ónus da prevenção das doenças é atribuído de forma sistemática aos comportamentos individuais. A classe dominante tem dificuldade em aceitar um papel determinante da organização da sociedade, que levariam a tomar atitudes consideradas demasiado drásticas, como o princípio da responsabilidade por tornar acessíveis os cuidados de saúde e medidas preventivas com regulamentação das indústrias e imposição de impostos com vista a modificar comportamentos nefastos.
Este posicionamento tem sido verificado na forma como o problema da resposabilidade na obesidade tem sido apresentado pelos media. Em publicações recentes, que avaliaram o enquadramento das notícias relacionadas com a responsabilidade pela obesidade em jornais de grande circulação e na televisão dos Estados Unidos e da Austrália, os autores concluíram que as causas foram apontadas como sendo pessoais 2,4 vezes mais frequentemente que as atribuíveis aos condicialismos sociais e que a resolução do problema deverá partir dos indivíduos 4,3 vezes mais do que de alterações sociais. Há uma atitude de responsabilização dos obesos, considerados gente sem vontade e preguiçosa, apontando-lhes o caminho correcto de mais exercício e menos e melhor comida. Os pais das crianças obesas chegam mesmo a ser acusados de maus tratos por terem filhos com peso excessivo! Ao longo dos tempos, pouco se tem questionado acerca das razões da persistência nos erros e se será, realmente, uma opção livre e consciente ser-se obeso. Esta atitude resulta da crença liberal de que os indivíduos são responsáveis pelos seus problemas e de que a sociedade não deve interferir com os problemas individuais. Por isso, sempre se tem apontado para resolução do problema a mudança dos comportamentos individuais, o que tem mostrado ser absolutamente ineficaz ao longo dos anos em que a epidemia da obesidade tem vindo a progredir. Começa a ser tempo de reflectir sobre formas alternativas de encarar a resolução deste problema. Com efeito, é possível identificar alguns factores como causas sistémicas que contribuem para a preferência individual por alimentos menos saudáveis e pelo sedentarismo e que têm contribuído para o aparecimento e crescimento da obesidade.
Dados epidemiológicos mostram que, embora sendo um problema transversal a todos os níveis socioeconómicos, a obesidade afecta predominantemente grupos com menores rendimentos e de menor escolaridade.
Por outro lado, constata-se que algumas transformações na organização da vida social são facilitadoras do problema:
1. transição do campo para a cidade com abandono progressivo de uma vida activa no sector primário para um estilo de vida sedentário característico da actividade no sector dos serviços;
2. introdução de ritmos de trabalho, com o abandono progressivo dos horários de trabalho e inexistência de pausas laborais, que impedem uma ingestão de alimentos em ambientes e com tempo adequado;
3. residência em dormitórios na periferia das cidades, longe dos locais de exercício da actividade profissional, implicando perdas de tempo em transportes e stresse associado, que levam a redução dos tempos de lazer, com diminuição, nomeadamente do tempo disponível para cozinhar os alimentos e indisponibilidade para a prática de exercício físico;
4. mas não só a falta de tempo, também a subordinação ao império do cimento implica uma cada vez maior escassez de espaços aprazíveis para se andar, ainda agravda pela cada vez maior insegurança reinante nessas zonas;
5. a alguns aspectos desta realidade respondeu a indústria alimentar, indo ao encontro das necessidades dos cidadãos e perseguindo os seus objectivos de crescimento, com a proliferação das actividades de processamento alimentar especialmente ricos em gordura e açúcares, alimentos saciantes, de bom paladar e de baixo custo, que têm, por isso, uma boa relação custo-benefício imediata para o comprador. Mas à custa da criação de um ambiente tóxico pelo seu teor de alta densidade calórica.

Assim sendo, que novas atitudes se impõem para combater este problema de saúde pública e criar um futuro mais livre de obesidade?
É necessário mudar, começando por transferir o foco do combate da alteração dos comportamentos individuais, que tem mostrado ser uma estratégia ineficaz, para uma intervenção prioritária da sociedade, com modificações das políticas de desenvolvimento a vários níveis: promoção do bem-estar social e combate sério à pobreza, melhoria das condições no trabalho, desenvolvimento de novos tipos de urbanismo, regulação da indústria e das suas estratégias de marketing. Ou seja o Estado tem de assumir o seu papel de responsável moral pela protecção dos cidadão relativamente às ameaças que se colocam às suas vidas e interesses, de acordo com o conceito de Contrato Social proposto já no século XVII por Thomas Hobbes, tanto mais que não só está em causa a saúde individual como há uma ameaça real para a sociedade. Fê-lo no caso do tabaco ou das medidas de limitação de velocidade ou uso obrigatório do cinto de segurança com eficácia demonstrada, é tempo de intervir também no caso da obesidade, facilitando a opção individual por estilos de vida mais saudáveis.
Alguns sectores têm argumentado que o Estado não deve e nem sequer tem o direito de condicionar a liberdade individual, cabendo-lhe antes o papel de assegurar a livre interacção dos agentes envolvidos. No que respeita ao problema da obesidade já se referiu que afecta primordialmente grupos socioeconomicamente desprotegidos os quais tiveram frequentemente um processo de socialização com forte controlo de locus externo, isto é, que aceitam facilmente a ideia de que as coisas lhes acontecem sem uma grande capacidade de intervenção perante aquilo que «eles» (as autoridades) lhes impõem. E, como refere Holm, «actos voluntários são aqueles que se escolhem livremente, não instintivos e não condicionados pela sociedade em que se vive e que não são determinados por factores externos». Também por este motivo, se justifica a intervenção reguladora do Estado.
Contrariamente, ao caso do tabaco, o recurso aos impostos penalizadores de tipos de alimentos menos saudáveis é uma opção duvidosa e possivelmente injusta, pois acabaria por ser uma dupla penalização para os mais fracos, além de que enquanto fumar não é obrigatório, comer é uma actividade vital.
Outras medidas, como a limitação da distribuição de alimentos nefastos nas escolas e noutros locais e a intervenção no sentido da proibição da publicidade desses produtos, são medidas muito mais viáveis e com resultados potencialmente eficazes.
Por vezes, tem a Indústria alimentar nos últimos tempos reivindicado um papel de parceiro neste combate. Temos de reconhecer que não é essa a vocação das organizações. Na sociedade capitalista, como é referido num comentário recente da JAMA, as suas prioridades serão sempre prioritariamente a geração de valor para o accionista e isso passa por convencerem os consumidores a comerem mais, doses maiores e a fazê-los preferir alimentos processados, os quais garantem maiores margens de lucro. Não se desvalorizando algumas iniciativas de empresários de maior visão, como refere esse mesmo artigo, acreditar no seu papel para reduzir o problema seria o mesmo que «deixar à indústria automóvel o papel de reduzir a sisnistralidade nas estradas ou os problemas do aquecimento global».
Em resumo, a responsabilidade individual por se ser obeso é bastante questionável e as estratégias de resolução que passem pela modificação de comportamentos individuais como forma de combater o problema são discutíveis e têm mostrado ser bastante ineficazes. A obesidade é um problema de saúde pública que só pode ser resolvido por medidas iminentemente políticas, cabendo ao Estado um papel determinante na resolução das causas do disfuncionamentos social que leva a que os cidadãos a optar por estilos de vida nefastos. Até que se criem as condições de opção livre dos cidadãos pelos seus estilos de vida, compete ao Estado suportar os custos do problema.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Industria!!!

Os fundos de cobertura de risco, denominados por "hedge funds", podem perder mais um bilião de dólares (o equivalente a 792 mil milhões de euros) durante o próximo ano. A estimativa é avançada pelo Citigroup e representa cerca de metade do valor do património gerido, actualmente, por esta indústria a nível mundial.
É uma citação do Jornal de Negócios. Sublinho Indústria, por achar que há algum descaro na aplicação de um termo nobre, que deveria ser reservado para processos em que, através do trabalho, há transformação de matérias-primas noutros produtos. Chamar à especulação, só porque gera dividendos, Indústria é algo que choca. Não vejo nem trabalho, nem transformação, mas apenas jogo, com os resultados que se sabe.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Mudam-se as moscas

Tão inimigos que nós fomos, tão unidos, afinal, que somos agora na recuperação do fundamental. São estas as coisas que fazem descrer ou como se dizia antes, de vez em quando, é preciso mudar as moscas. Inocentemente, acredita-se que a mudança é possível, mas isto já me começa a cheirar mal... Deve ser do substrato que permanece inalterado.

terça-feira, novembro 11, 2008

Episódios

Professores e alunos, num acto da mais elevada pedagogia, unem-se numa manifestação para atirarem ovos à Ministra da tutela.
PP atira-se ao Governador do Banco de Portugal pela sua falta de regulação no caso BPN. É como ser tolerante com o ladrão e deixá-lo em paz, enquanto se ataca a polícia por ter deixado o roubo acontecer.
Episódios em dia em que se esqueceram as castanhas. Será efeito da jeropiga?

domingo, novembro 09, 2008

Ontem


O homem sonha, a obra nasce. Queira Deus.

São agora 31 pilares estruturantes, apontados ao céu. Um dia, vestidos, lembrar-me-ei que, ocultos então, me suportam o abrigo.

sábado, novembro 08, 2008

Outdoor horizontal

Escrito em maiúsculas brancas, é um grito no asfalto. Debaixo da janela que só o escritor sabe e ao alcance dos olhos que só o leitor interpreta na completa dimensão, fica ali, até que a chuva apague o giz, uma serenata de letras, um outdoor horizontal. Até que chova, fica o anúncio simples, sem cursos de marketing, porque a sinceridade não necessita de ajuda técnica. Por isso, é mais forte, só porque tem a energia da verdade é muito mais potente que a menina dourada do J'adore, fechada na vitrina da paragem de autocarro. Apenas, as 5 letras de um grito silencioso que se não podia conter mais- AMO-TE - sem que ninguém, excepto o escritor e o leitor, saiba o segredo que só a eles pertence. Estas coisas não se apagam por vontade dos homens: Não, aí não se faz, anda, faz na árvore! É o meu contributo para a preservação da verdade anunciada. Que estas coisas são mesmo verdade, vêem do fundo.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Saúde-se a maioria de 40%

É bem sabido que os portugueses e a matemática não se dão muito bem. Depois da semana de 8 dias e de duas semanas serem 15 dias, temos agora, a maioria de 40%. É saudável e uma questão de bom senso que os médicos e toda a gente em geral deixe de fumar. O curioso da notícia é o título. Dos que fumavam, foram 40% os que deixaram de fumar. Segundo o jornalista a maioria dos médicos deixou de fumar. Ora o conjunto dos que deixaram de fumar só pode ser retirado do universo que fumava, onde, a fazer fé nos dados, continua a haver uma minoria de 60% que mantêm os hábitos.

Saído do armário?

Será que o senhor Berlusconi está a sair do armário? Quando se elogia assim Obama e se diz que há mulheres a mais no governo de Espanha dá, no mínimo, para desconfiar.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Renascido a 4 de Novembro?


Por instantes uma onda de sorriso alastrou pelo mundo como um tsunami de esperança. Vamos ver, se o 4 de Novembro foi o dia em que a América renasceu.

domingo, novembro 02, 2008

Bom pró preto!

Depois de casar para procriar, do anúncio da irresponsabilidade do aumento do ordenado mínimo, temos, finalmente, que as obras públicas são boas é para o preto. Quando se fala assim, está explicado o silêncio!
A arrogância técnica da grande financeira face ao pobre engenheiro. Há pessoas a quem não há conselheiros de imagem que lhes valha. Esta também raramente se engana, vive noutro universo. Cada vez mais, o seu amigo, Menezes tem razão, não ganha eleições a ninguém, nem para Junta de Freguesia.

sábado, novembro 01, 2008

Sul américa?

Cão que ladra, não morde. Mas se incomoda demasiado o seu barulho, há que neutralizá-lo. Passado todo este tempo, não há paciência para a intimidação de uma classe de utilidade social mais que duvidosa. Olho as FA como um daqueles delírios de grandeza que, com frequência mais do que o desejado, assolam a cabeça da gente desta terra. Numa análise custo-benefício, seguramente, seriam uma empresa mais que falida e a encerrar, mas mantida aberta pela psicopatologia das gentes. O que já ultrapassa a normalidade é que, para além da inutilidade e prejuízo, tenham uma acção desestabilizadora. Afinal, vivemos num país pretensamente europeu, onde o papel das FA é definido pelo poder político e onde não deveria haver lugar para chantagens e ameaças de quem serve. Mas isto é, se calhar, uma ilusão. Ainda assim, espera-se a utilidade dos Serviços de Informação e a firmeza perante o inadmissível. De outra forma, ter-se-á convertido esta terra num qualquer território sul-americano (sem ofensa para eles, que têm feito boas evoluções).

terça-feira, outubro 28, 2008

Irresponsabilidade de recusar

«Governo recusa alterar acordo sobre o ordenado mínimo nacional». Este é o título da notícia. Uma forma curiosa de a dar. O verbo recusar contém em si algo de menos bom. Geralmente, os empregadores recusam os aumentos e estamos habituados a que nos recusem os desejos. Por isso estranhei o texto, que poderia ser perfeitamente substituído por «Governo mantém acordo sobre o ordenado mínimo nacional» ou «organizações patronais recusam o acordo que fizeram sobre o ordenado mínimo nacional». Mas os intelectuais da imprensa andaram na escola de jornalismo, eu não. Fico com a impressão que a fórmula escolhida não o foi por lapso: o Governo recusa, a oposição não nega o aumento de 24 euros por mês, apenas acha uma irresponsabilidade. A irresponsabilidade de recusar a modificação do acordado...

segunda-feira, outubro 27, 2008

Economia tótó

Não sei se é Marx se Keynes. Eu sei que a minha é, claramente, uma Economia tótó. Quando mais jovem, ensinaram-me que os bancos era um sítio onde se punha o dinheiro para ficar mais protegido. Os donos dessas casas, até nos pagavam umas migalhas de juros, porque eram muito espertos e sabiam investir muito bem esses dinheiros. Esse negócio fazia-me algum sentido. Mas nunca consegui entender essa coisa que é o negócio dos Bancos ser o crédito sem limites, porque sempre que alguém me pediu dinheiro, tive o cuidado de perceber se me poderia pagar, de lhe exigir garantias. Imaginava eu que os Bancos faziam o mesmo e teriam sempre garantidas de uma forma ou de outra o pagamento dos dinheiros que emprestavam. Mas não, quem nunca criou qualquer produto palpável andou para aí a criar ilusões de crescimento partindo do princípio que tudo continuaria sempre a valer mais do que hoje vale, quase por definição. Mas não, agora chegaram à conclusão que é necessário baralhar e dar de novo e eu tenho uma incómoda impressão de que alguma «mão invisível» se prepara para me vir ao bolso.
Eu tótó da economia me confesso e digo que me fazia mais sentido que o valor das coisas fosse o seu custo de produção, em vez de um leilão permanente. Também não percebo muito bem um mundo onde uns produzem quasetudo consumindo pouco e outros consomem quase tudo quase nada produzindo, limitando-se a produzir sonhos e ilusões. Mais cedo ou mais tarde, a necessidade de sobrevivência, os obrigará a começar a produzir, porque não terão eternamente a capacidade de pagar sem o fazer, já que, na minha economia tótó, a minha possibilidade de pagar tem de estar suportada em algo que produzi e tem um valor, porque existe realmente. Necessariamente, mais que uma ilusão.

domingo, outubro 26, 2008

A pílula de Deus

Já por mais de uma vez me diz, com uma auto-satisfação natural, o seu sentimento de bem-estar, uma nova tranquilidade que a conquistou, apreciando, de uma forma meio mística, a sua nova qualidade de vida. Nunca pensou que depois do que lhe aconteceu na vida, pudesse ter ficado assim, graças a Deus. Deus sempre a acompanhou em tudo o que fez na vida e uma vez mais, nesta fase, ali está ao seu lado e protector. Mas agora até a ela parece diferente, nunca tinha sentido esta serenidade para mais nos tempos conturbados que por aí se vivem. É como se nada a incomodasse tal a protecção de que é alvo. Ela mesmo quase desconfia do que se passa e diz que nem parece ser ela que por aqui anda. Ouço sempre com atenção e satisfação, mas desta vez, uma dúvida começou a invadir-me depois de a ouvir dizer que nem se sentia exactamente como era: será que Deus desceu à Terra sob a forma de Prozac? Possivelmente, uma forma mais química do que a outra em forma de fé que terá dado texto às missas quando elas existiam. Vamos em paz e que o Senhor vos acompanhe, e respondíamos, Ele está no meio de nós. Pois era, agora, segundo alguns relatórios, está mais que no meio, está dentro, de cerca de 20% dos portugueses. E no mundo de Inferno em que se vive, cada vez mais existe um mercado potencialmente em crescimento para o seu consumo.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Mobilidade

A propósito de limitações da lei da mobilidade, o senhor Ministro das Finanças reconheceu hoje que os quadros do Estado são um bem escasso. Vindo de onde vem, só podemos pensar que se prepara para os incentivar. Realmente, os bens escassos não se prendem, pagam-se e são caros.

quarta-feira, outubro 22, 2008

domingo, outubro 19, 2008

Até...

Uma volta à ilha deixa alguma vontade de voltar. Tanto mais não seja para ir comer uma espetada em pau de louro, algo impossível de encontrar no Funchal tanto quanto percebi. Mas não só, a diversidade da paisagem agrada ao olhar e saberá bem apreciá-la com bom tempo.
Até o Savoy, uma velha aristocrata falida que já nem resiste a mais plásticas, deixa alguma nostalgia.

A Madeira são os jardins

Definitivamente, na Madeira gosto mais dos jardins no plural. Vale a pena percorrer os do Monte e o Botânico, apreciar a diversidade e a cores. A natureza, mesmo assim alterada, produzida, não deixa de ser agradável aos olhos e, no meio dela, sente-se menos a pobreza arrogante e defensiva das gentes de ideias contidas.
A visita ao Madeira Story Center ajuda a perceber algumas coisas. Trata-se afinal de uma terra descoberta por mero acaso, por uns portugueses que por ali andaram mais ou menos perdidos e sem saber o que procuravam. Na verdade, já antes, uns tipos, verdadeiros descobridores, lá tinham ido (gregos ou qualquer coisa assim), mas depressa zarparam sem deixar vestígios. Também parece que nobre ingleses e amantes francesas por lá andaram (sempre seria mais aristocrática a origem...). Mas também destes se não conhece descendência. Enfim, o resto são colonizadores do continente, escravos e piratagem. Uma mistura certamente complexa que desembocou na actualidade. Os ingleses trouxeram os aviões e os turistas, os continentais cobraram impostos. É tempo de pagarmos, todos, tanta exploração feita ao longo dos tempos! Estamos a pagar, possivelmente porque as indústrias do offshore e do turismo podem não garantir a auto-suficiência. Por mim, agrada-me mais a solução do Brasil ou dos africanos. Nessa altura talvez fosse considerado europeu quando lá fosse...

sábado, outubro 18, 2008

Desgostos

Se calhar até exagero na apreciação que faço, por o Jardim não me deixar ser completamente independente na análise, mas há qualquer coisa que desencanta no contacto com os habitantes desta ilha.
Não gosto aqui, da mesma forma que não aprecio em Marrocos, na Tunísia ou na Turquia, por exemplo, que os táxis tenham um objecto de adorno chamado taxímetro. Nem que me peçam 15 euros para me trazerem do Monte à baixa e que invoquem que já acabaram o dia de trabalho, mas que, me fazem o favor de me levar. Regateado, fica mais barato. Na viagem até parece que o homem se transforma. Fica simpático, vai mostrando a terra, revela-me a casa do Senhor Doutor (assim, exactamente e por extenso) Alberto João a meio da encosta, uma casa alugada, precisa.
Não aprecio que generalizadamente os artigos expostos nas montras não tenham o preço explicitado. Estas coisas também são manifestações de subdesenvolvimento.
Há uma técnica mal aprendida fazer parecer que se gosta do turista.
E já agora chateia-me ter de esperar para jantar quando o representante do governo local chega atrasado à função e que a partir do momento em que chega tudo gire à sua volta de forma subserviente.
Houve tempos em que também por cá o Diário da Manhã e os telejornais falavam de Sua Excelência o Senhor Presidente do Concelho Professor Doutor qualquer coisa. Hoje, em bom português, diz-se simplesmente Sócrates ou Cavaco. Mas não em madeirense.

sexta-feira, outubro 17, 2008

As causas das coisas

Nas medidas para prevenir as complicações cardiovasculares da diabetes, a necessidade de mudar os estilos de vida, é consensual. Qualquer comunicação politicamente correcta não deixa de expressar, num dos 20 minutos que demora, essa necessidade. Nos outros 19 minutos falam-se de drogas e relatórios de consenso, isto é, acredita-se nos novos deuses e espalha-se a sua mensagem entre os fiéis ouvintes. Constata-se que os doentes não aderem aos tratamentos, que existe um mundo real e outro ideal cheio de objectivos bem definidos e cada vez mais estritos, que potenciam o esforço de vendas. Só que raramente atingidos (menos de 10%!). Porquê então a persistência numa mensagem que repetidamente já falhou?
À partida parece ser claro que investir na prevenção da doença, será mais eficaz que no seu controlo, mas não é isso que se faz. Pior, quando se pensa que se está a fazer, faz-se errando o alvo: culpabiliza-se o doente que não cumpre o que se lhe diz para fazer, sem se perceber que se lhe está a propor o impossível. Não eles não podem comer de forma diferente, nem deixar de ser sedentários. Isso eles sabem, só não fazem, porque não podem e não podem porque a comida tem custos e a melhor relação custo-benefício se consegue comendo o que se não deve e deixando de comer o que se deveria comer mas não se pode. Comer exige a compra dos alimentos, a sua confecção e depois a ingestão. Além dos custos, tem tempo gasto associado, o tempo que cada vez mais o sistema da máxima exploração da força de trabalho não fornece, porque maximiza o tempo de produção. A epidemia da síndrome da globalização não é controlável sem a destruição das causas que a geraram: é necessário alterar os valores, mudar o emprego, melhorar o rendimento da força de trabalho, encurtar o tempo de deslocação diária casa-trabalho, aumentar os tempos livres em vez de os aniquilar, libertando tempo para o exercício e para se estar e, até, reflectir. Então a ansiedade diminuirá e serão possíveis hábitos de vida mais racionais e humanos. Será, pois, determinante investir no lado certo (na prevenção) e não no lado mais fácil (a promoção da cura farmacológica/cirúrgica). Até agora tem-se feito exactamente o contrário.
E tentar controlar o caudal do rio junto à foz em vez de o normalizar a montante, só nos fará ir na enxurrada.
Garante mais facilmente, é claro, a continuação da boa vida de grupos excursionistas divulgadores da missão e das suas orgias alimentares. A Indústria continuará a agradecer, os contribuintes a pagar.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Jardim

Foi necessário chegar à Madeira e tomar consciência da dimensão desta realidade (cerca de 300000 pessoas) para ficar espantado com o alarido que se faz à volta do seu eterno governante. O negócio deste homem devia ter a importância política da actividade do Presidente da Câmara do Barreiro.
Desde que se chega e durante o percurso até ao hotel, vai-se percebendo a destruição ecológica desta ilha: a Madeira que outros viram e, por isso, assim a chamaram, seria hoje por eles chamada possivelmente Cimento ou, se a vissem mais ao perto, talvez toca de toupeira.
Quem pagará as facilidades de acessibilidade do tipo do túnel que chega ao Curral das Freiras, qual o custo de oportunidade de uma obra destas? Como se pode exigir o pagamento de auto-estradas no interior do país, quando aqui se esbanja desta forma e benefício de tão poucos? Se à mesma escala, algum Presidente de Câmara, fizesse assim obras, certamente teria também garantida a maioria absoluta em todas as eleições, mas seria apenas até ao dia da falência económica que traria trás de si, o fim dessas eleições. E tudo isso já teria acontecido, possivelmente, há vários anos.

CABARET-FML

Independentemente da motivação, não é fácil fazer encher o Coliseu e mantê-lo cheio durante 5 horas. O resto são incidências da idade, anomalias de técnicas que se não dominam e desejo excessivo de mostrar habilidades. Mais velho era eu e tinha expectativas que vissem todas as fotos de uma viagem... Há missões impossíveis.
Mas o enredo, as horas de sono perdidas na execução, o prazer ganho na produção são ganhos de crescimento e, desde já, valeram a pena. A maioria das vezes não importa ser perfeito, basta o entusiasmo e a boa vontade associado à consciência de que não se é nunca o supra-sumo.
Quem percebe que esta sua Faculdade pode ser um imenso Cabaret é alguém atento, que pode fazer a diferença. Um dia os tiques futebolísticos desaparecerão e a realidade acabará por se impor sem cedências ao mais fácil.

terça-feira, outubro 14, 2008

segunda-feira, outubro 13, 2008

Partida


Tiveste sempre uma forma voluntarista de estar, cheiraste tudo sem cessar e raramente alguma vez te escapou do faro uma chegada de qualquer um de nós. Ainda há dois dias, soubeste que a Ana tinha voltado de fora. Nada te escapou. Nunca fugiste, foste sempre procurar alguma coisa. E obrigaste-nos a procurar-te muitas vezes. Mandaste em todos nós e mesmo nos acessos de «ternura» em que deixaste as tuas marcas nalgum calcanhar próximo do teu jantar, sempre se encontrou algo que te justificava. Lá no fundo, eras um tipo fixe, que gostava de ver o rebanho caseiro recolhido antes de te deitares. Sim, muitas vezes, dormias com um olho aberto, se faltava algum. Com dificuldade aprendeste a não fazer barulho depois das horas convenientes, quando chegávamos. Mas a idade torna-nos mais sensatos e tu também isso aprendeste.
Ontem, quando cheguei, tinhas um ar de quem quase pedia desculpa de se ir embora. Ainda abriste o olho, mas ficaste a olhar no vazio. Nem a água, nem o frango te abriram a boca. OK, já chegava,tropeçaste e ficaste de barriga no fresco do chão. Estavas a despedir-te. Voltaste a não fugir, simplesmente, partiste na madrugada sem ir à procura de nada, desta vez. Estas coisas são sempre uma partida.

domingo, outubro 12, 2008

Afinal havia outras


Há dois dias que as Bolsas de Valores não descem. Vivam os fins-de-semana continuados
(Figura na revista Time)

sábado, outubro 11, 2008

Morte

Há mortos nas fotografias a habitar em todas as paredes. Para qualquer lado para onde me vire.Têm esta função perversa as fotografias: mostram-nos os mortos a sorrir. Ou serão a vida depois da morte? O que resta dela na memória revigorada. Mas a sua memória é também o avivar da perda. Definitiva.
Há, nestes dias, um cerco de morte na memória que persiste. E fica-se mais perto, percebe-se melhor a vulnerabilidade da nossa, afinal, não-eternidade. É fácil imaginarmos que, algum dia, também nós acabaremos dentro de uma moldura a inquietar quem passar e nos vir.
Mas também é verdade que se assim acontecer, significa isso, que há alguém que resiste à ideia de termos acabado, alguém que afirma que somos outra coisa diferente do que partiu: «Isto não é o meu pai» escreveu um filho num bilhete no dia do funeral do pai. (Comunicação pública de António Lobo Antunes). Pois é, os nossos heróis,como nos filmes, também não morrem nunca.

sexta-feira, outubro 10, 2008

Tiros no pé

Citando João César das Neves (com subtítulos meus):

O prenúncio da crise?
Os maiores desastres do século XX foram gerados por pessoas e grupos autonomeados progressistas e donos do futuro. Quando alguém, iluminado pelas forças da modernidade, despreza a realidade que o rodeia como obsoleta e tacanha, impõe sem contemplações as suas opiniões. Então surge o horror. Não é preciso ir longe para encontrar exemplos devastadores deste erro.

A propósito do fundamentalismo?
A cegueira ideológica não é simples aldrabice. Ao contrário do que se diz, este fenómeno não consiste em má-fé, hipocrisia ou estupidez. O aspecto exterior costuma ser semelhante, mas o processo conducente é muito diferente. Quando alguém está plenamente convencido de uma causa porque lutou durante anos, a evidência do seu fiasco implica a negação da própria identidade. Mesmo perante resultados tão assustadores, como se pode dar o braço a torcer, assumir o erro, inverter a orientação? A cegueira nasce do orgulho.

Uma tomada de consciência?
Vivemos num mundo de espelhos, numa fogueira de ilusões. Consideramo-nos informados e esclarecidos mas nos assuntos sérios, opções estratégicas, problemas de fundo, novas infra-estruturas, escândalos empresariais, temos de admitir que ninguém se entende.

A mudança será possível?
Estar fechado a outras possibilidades foi sempre o maior obstáculo à descoberta da verdade.

Fossa

A Fossa de Mindanau tem 11524 metros de profundidade. Parece ser o único fundo previsível por estes dias.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Imagem da tarde


A sombra da velha árvore estendida por mais de 200 metros de terra vazia, vista de dentro dos limites de um cordel limitante de um espaço de futuro repousante. No ideal se renasce.

Tempos de esperança


Greed is the selfish desire for or pursuit of money, wealth, power, food, or other possessions, especially when this denies the same goods to others. It is generally considered a vice, and is one of the seven deadly sins in Catholicism. Wikipedia
O «motor da história», o Santo Mercado, determinou que o pecado era virtude e mostrou-se que afinal a história ainda não tinha acabado. A História continua, o Estado renasce e, um destes dias, ainda vamos ter de volta a luta de classes, o regresso da solidariedade e dos caminhos comuns a percorrer. Aos poucos, regressaremos à realidade e o valor deixa de ser um conceito etéreo e voltará a ter tradução material. Avançaremos de uma forma mais globalizada, no mesmo tempo e não como até aqui se «progredia», porque ficar menos pobre não é ter acesso a mais migalhas, mas a mais igualdade. Haverá, enfim um tempo, em que o motor não tenha de ser necessariamente a ganância, mas a satisfação de se ser solidário e o progresso possa ser procurado sem a «necessária» vantagem unilateral. Com sorte nem será preciso ter a promessa do reino dos céus e sonhos de imortalidade para adiarmos a vida.

Figuras originais aqui e aqui

segunda-feira, outubro 06, 2008

Realidade e virtual

Servirá o vendaval para reerguer o ideal da tranquilidade e da bonança ou, porque a memória é curta, em breve estaremos, de novo, mergulhados na vertigem, na ânsia da adrenalina, como se precisássemos de ir muito depressa sem nos questionarmos sobre o destino: o abismo?
Nesta vertiginosa queda do valor gerado, podemos compreender a natureza virtual de que era feito. Quem ganhou com a ilusão, que pague agora a realidade. Isso é o que falta garantir. E que se não peça, outra vez, a quem já no passado e sempre se costuma pedir.
É urgente um neo-realismo em que o valor seja a expressão do produto e não uma qualquer ilusão criada por habilidosos de todos os marketings. É necessário andar com menos pressa de chegar ao vazio e elevar o valor da estabilidade e da segurança, procurando os verdadeiros valores, que antes espezinharam.
Aos irritados donos do mundo e da verdade liberal, estará a chegar a hora de fecharem o Casino?

domingo, outubro 05, 2008

Citação bíblica

Leitura de hoje:
# Mateus 18:21 Então Pedro chegou perto de Jesus e perguntou: - Senhor, quantas vezes devo perdoar o meu irmão que peca contra mim? Sete vezes?
# Mateus 18:22 - Não! - respondeu Jesus. - Você não deve perdoar sete vezes, mas setenta e sete vezes.
# Mateus 18:23 Porque o Reino do Céu é como um rei que resolveu fazer um acerto de contas com os seus empregados.
# Mateus 18:24 Logo no começo trouxeram um que lhe devia milhões de moedas de prata.
# Mateus 18:25 Mas o empregado não tinha dinheiro para pagar. Então, para pagar a dívida, o seu patrão, o rei, ordenou que fossem vendidos como escravos o empregado, a sua esposa e os seus filhos e que fosse vendido também tudo o que ele possuía.
# Mateus 18:26 Mas o empregado se ajoelhou diante do patrão e pediu: "Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo ao senhor."
# Mateus 18:27 - O patrão teve pena dele, perdoou a dívida e deixou que ele fosse embora.
# Mateus 18:28 O empregado saiu e encontrou um dos seus companheiros de trabalho que lhe devia cem moedas de prata. Ele pegou esse companheiro pelo pescoço e começou a sacudi-lo, dizendo: "Pague o que me deve!"
# Mateus 18:29 - Então o seu companheiro se ajoelhou e pediu: "Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo."
# Mateus 18:30 - Mas ele não concordou. Pelo contrário, mandou pôr o outro na cadeia até que pagasse a dívida.
# Mateus 18:31 Quando os outros empregados viram o que havia acontecido, ficaram revoltados e foram contar tudo ao patrão.
# Mateus 18:32 Aí o patrão chamou aquele empregado e disse: "Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia.
# Mateus 18:33 Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você."
# Mateus 18:34 - O patrão ficou com muita raiva e mandou o empregado para a cadeia a fim de ser castigado até que pagasse toda a dívida.
# Mateus 18:35 E Jesus terminou, dizendo: - É isso o que o meu Pai, que está no céu, vai fazer com vocês se cada um não perdoar sinceramente o seu irmão.

sábado, outubro 04, 2008

O valor das coisas

Convergimos, numa manhã de sol, partidos de vários sítios do país, na velha fábrica para determinar o valor da coisa.
De há uns tempos para cá, é sempre um mistério para mim a determinação do valor das coisas. Dizem que é o encontro da oferta e da procura, mas como se do lado da oferta se espera que a procura dê o máximo e do lado da procura se pretende comprar ao mínimo? E como tornar suficientemente abrangente a procura?
Desisto de responder, porque entro em círculos sem resposta.
Entrei na velha fábrica, desactivada, morta de produção, mas incrivelmente de pé, digna. Era para ali que ia às vezes nas férias. Nos corredores andei de carrinhos de mão em corridas com outros miúdos. Ali moldei o barro dando à perna na roda. Vi o barro comprimir-se nos moldes, parindo tijolos de 2, 3 e 4 buracos e outros mais inteiriços e impressionava-me com o arame que com todo o rigor os cortava a espaços iguais. Ouvi falar dos braços decepados de operários caídos em tempos de pouca segurança no trabalho. De mortos até. Ainda me lembro do cheiro morno dos fornos. Nessa altura, andaria a ler Aquilino, Alves Redol e outros que me falavam do Trabalho e de quem o explora e tomava conhecimento ao vivo de quem fazia as telhas e os tijolos. Eram, claro, os que lá deixavam os braços, que não há memória de nenhum proprietário, de nenhum banco financiador, alguma vez lá ter deixado o que quer que fosse. No meu radicalismo de então, era óbvio, que apenas lá iam buscar os Mercedes e os Saab. Lembro-me também, de que era um tempo de patrões que faziam refeitórios para os funcionários, os conheciam, bebiam uns copos no fim do dia de trabalho, todos às vezes. Não tinham saído de escolas de Gestão nem procuravam exclusivamente criar valor para o accionista. Era, apesar de tudo, um capitalismo com rosto.
Por ali a vaguear, espreitando recibos pelo chão e amontoados de abóboras, onde antes moraram tijolos a secar, não consegui perceber qual o valor daquela coisa, tarefa que ali nos tinha feito ir. Mas descobri, que para mim, o verdadeiro valor daquela coisa são as memórias que me desperta. Outros fizeram o preço. Eu assino por baixo, seguro que vou ganhar (já ganhei) mais que a parte que me couber.

sexta-feira, outubro 03, 2008

Momento

E se voltar aos 20s estando nos 50s, só nos fizer perceber que estamos, afinal, trinta e tal mais velhos? Mas tem-se este chamamento da imortalidade alguma vez: tanta coisa para fazer ainda, que o recuo no tempo se torna necessário e urgente.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Amarrado na margem


Há momentos de ficar na margem, reforçando as amarras, esperando que a enxurrada passe lá longe. Será que chega, será que não? Sabe a injustiça a inquietação.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Inventário

Pensando bem nem são assim tantas as coisas de que realmente necessitamos. Talvez um sorriso de compreensão e um ou outro olhar de aprovação nos reforcem a dose necessária de confiança que nos faça estar destemidos. O doutor tirou-me os nervos, e eu a saber que não fiz assim tão grande coisa. Alimento para o estômago, a alma e demais órgãos a nutrir. Instrumentos para comunicar como a língua, os berros, e outros para telecomunicar. Estar aqui a comunicar comigo no futuro. E será que lá, irei ter saudades do presente? Tempo de estar a ouvir o silêncio e os ruídos interiores. Sim, os ruídos interiores têm que ser cuidadosa e exaustivamente ouvidos. São eles que geram a nossa compreensão de nós próprios. E percebemos melhor os outros quando nos compreendemos a nós.
Se calhar, basta termos um sonho e tudo o resto perde significado.

Pelo sonho é que vamos,
comovidos e mudos.
Chegamos? Não chegamos?
Haja ou não haja frutos,
pelo sonho é que vamos.
Basta a fé no que temos.
Basta a esperança naquilo
que talvez não teremos.
Basta que a alma demos,
com a mesma alegria,
ao que desconhecemos
e ao que é do dia a dia.
Chegamos? Não chegamos?
- Partimos. Vamos. Somos.
Sebastião da Gama

terça-feira, setembro 30, 2008

segunda-feira, setembro 29, 2008

Fim de tempo?



Afinal, tudo não passa de um PREC em Washington. Uma sublevação a bordo está em curso e aquela gajada de congressistas decidiu afundar-se com o barco.
Quem defendia o fim da CGD, a privatização da Segurança Social, o fim do Estado não quererá também agora fazer o seu glu-glu político? Está na hora!
O Comunismo foi também um sonho lindo que os homens destruíram e o Muro caiu. Chegou o momento de perceber que a solução de todos os problemas, o Mercado, foi também aniquilado pelos homens. Estes homens estragam tudo... depois renascem. Assim tem sido sempre e, neste momento, indianos, chineses, sul-americanos estão quase no fim do tempo. Há um parto anunciado. Vamos ser obrigados a ser «generosos», que a dívida já vai grande.

Dinheiro

Inicialmente, o homem comercializava através de simples troca ou escambo. A mercadoria era avaliada na quantidade de tempo ou força de trabalho gasta para produzi-la. Com a criação de moedas o valor da mercadoria se tornou independente da força de trabalho. Com o surgimento dos bancos apareceu uma nova actividade financeira em que o próprio dinheiro é uma mercadoria. (Wikipedia)

De uma maneira geral, não tem uma conotação positiva: chama-se-lhe vil metal e lavam-se as mãos depois de se lhe mexer, por se considerar ser coisa suja. Depois todos querem ter muito, mas imaterializado e em quantidade que se não confessa facilmente. Na verdade, o dinheiro revela o esquizofrénico que há em nós. Ostenta-se o que permite, mas esconde-se o que se tem. O dinheiro talvez tenha sido o que possibilitou que o negócio tenha alma, uma forma poética de segregar o valor da coisa do que se recebe com a sua venda. Um ganho que não traduz o trabalho que se tem, mas o confronto de dois desejos, o de manter de quem vende e o de comprar de quem adquire. Algo inquantificável e onde moram alguns pecados, que tornam a transacção secreta (o segredo do negócio!)
Desde que se mercantilizou, tornou-se abstracto. Nos últimos tempos, assistimos ao resultado desta evolução: a mesma coisa, pode valer o seu valor e menos de metade com dias de intervalo. Tudo depende da confiança no Mercado. E é este jogo de emoções que nos fazem viver, sem nos ouvirem os desejos de ser de forma diferente. Porque assim, alguém, decidiu que tinha de ser e não pode estar-se de outra forma. Decisão grave, destituída de qualquer ética, impôs-se como a ética.
E tudo parece andar à deriva quando se assiste à irracionalidade dos que actuam o Mercado e descrêem quando a «salvação» foi finalmente acordada. Resultado, os índices da bolsa sofrem forte baixa. Os teóricos explicar-nos-ão a razão: o preço do petróleo, a injecção dos bancos federais insuficiente, mais isto e mais aquilo, tudo, geralmente explicando um resultado e o seu contrário. Resta-nos acreditar no sábio César das Neves que nos tranquiliza com a sedução felina do sistema, também ele com sete vidas. Terá?

sábado, setembro 27, 2008

A inconveniência da verdade?

«Acredita nos que buscam a verdade. Duvida dos que a encontraram» (André Gide)

O primeiro debate foi morno, como aqueles jogos em que tudo se passa a meio campo e ninguém ataca com convicção, onde as preocupações em não errar acabam por dar um mau espectáculo. Geralmente, acaba num empate, sem glória para ninguém. Ou talvez a igualdade não seja apenas uma questão de forma, mas de conteúdo.
Um bom debate tem de ser quente. Quem debate tem de se afirmar com convicções e procurar mostrar a sua verdade, sem conciliações e por muito espantosa que seja a realidade expressada. Algumas verdades são tão extraordinárias que a primeira reacção é escondê-las, mas, como dizia M L King, a time comes when silence is betrayal. Às vezes, depois de vermos, ouvirmos e lermos, como também dizia a canção, não podemos ignorar. Por isso, aqui deixo o link para que se veja (apesar do tempo que se gasta, parece valer a pena), embora, como a minha avó, quando os viu chegar à Lua, também a mim me custe a acreditar. Mas realmente, era verdade. Quem sabe se aqueles que parecem não saber controlar o desmoronamento da sua Economia, serão peritos em outros desmoronamentos controlados! Sobre tudo têm uma verdade e a sua tem justificado muita coisa nos últimos anos, mas também é sabido que «Uma mentira repetida muitas vezes, torna-se verdade» (Lenine)
De qualquer das maneiras, isto é que dava um debate quente e de larga audiência.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Registo

Citando especialistas:

To the Speaker of the House of Representatives and the President pro tempore of the Senate:

As economists, we want to express to Congress our great concern for the plan proposed by Treasury Secretary Paulson to deal with the financial crisis. We are well aware of the difficulty of the current financial situation and we agree with the need for bold action to ensure that the financial system continues to function. We see three fatal pitfalls in the currently proposed plan:

1) Its fairness. The plan is a subsidy to investors at taxpayers’ expense. Investors who took risks to earn profits must also bear the losses. Not every business failure carries systemic risk. The government can ensure a well-functioning financial industry, able to make new loans to creditworthy borrowers, without bailing out particular investors and institutions whose choices proved unwise.

2) Its ambiguity. Neither the mission of the new agency nor its oversight are clear. If taxpayers are to buy illiquid and opaque assets from troubled sellers, the terms, occasions, and methods of such purchases must be crystal clear ahead of time and carefully monitored afterwards.

3) Its long-term effects. If the plan is enacted, its effects will be with us for a generation. For all their recent troubles, America's dynamic and innovative private capital markets have brought the nation unparalleled prosperity. Fundamentally weakening those markets in order to calm short-run disruptions is desperately short-sighted.

For these reasons we ask Congress not to rush, to hold appropriate hearings, and to carefully consider the right course of action, and to wisely determine the future of the financial industry and the U.S. economy for years to come.


Signed (updated at 9/25/2008 8:30AM CT)

Acemoglu Daron (Massachussets Institute of Technology)
Adler Michael (Columbia University)
Admati Anat R. (Stanford University)
Alexis Marcus (Northwestern University)
Alvarez Fernando (University of Chicago)
Andersen Torben (Northwestern University)
Baliga Sandeep (Northwestern University)
Banerjee Abhijit V. (Massachussets Institute of Technology)
Barankay Iwan (University of Pennsylvania)
Barry Brian (University of Chicago)
Bartkus James R. (Xavier University of Louisiana)
Becker Charles M. (Duke University)
Becker Robert A. (Indiana University)
Beim David (Columbia University)
Berk Jonathan (Stanford University)
Bisin Alberto (New York University)
Bittlingmayer George (University of Kansas)
Boldrin Michele (Washington University)
Brooks Taggert J. (University of Wisconsin)
Brynjolfsson Erik (Massachusetts Institute of Technology)
Buera Francisco J. (UCLA)
Camp Mary Elizabeth (Indiana University)
Carmel Jonathan (University of Michigan)
Carroll Christopher (Johns Hopkins University)
Cassar Gavin (University of Pennsylvania)
Chaney Thomas (University of Chicago)
Chari Varadarajan V. (University of Minnesota)
Chauvin Keith W. (University of Kansas)
Chintagunta Pradeep K. (University of Chicago)
Christiano Lawrence J. (Northwestern University)
Cochrane John (University of Chicago)
Coleman John (Duke University)
Constantinides George M. (University of Chicago)
Crain Robert (UC Berkeley)
Culp Christopher (University of Chicago)
Da Zhi (University of Notre Dame)
Davis Morris (University of Wisconsin)
De Marzo Peter (Stanford University)
Dubé Jean-Pierre H. (University of Chicago)
Edlin Aaron (UC Berkeley)
Eichenbaum Martin (Northwestern University)
Ely Jeffrey (Northwestern University)
Eraslan Hülya K. K.(Johns Hopkins University)
Faulhaber Gerald (University of Pennsylvania)
Feldmann Sven (University of Melbourne)
Fernandez-Villaverde Jesus (University of Pennsylvania)
Fohlin Caroline (Johns Hopkins University)
Fox Jeremy T. (University of Chicago)
Frank Murray Z.(University of Minnesota)
Frenzen Jonathan (University of Chicago)
Fuchs William (University of Chicago)
Fudenberg Drew (Harvard University)
Gabaix Xavier (New York University)
Gao Paul (Notre Dame University)
Garicano Luis (University of Chicago)
Gerakos Joseph J. (University of Chicago)
Gibbs Michael (University of Chicago)
Glomm Gerhard (Indiana University)
Goettler Ron (University of Chicago)
Goldin Claudia (Harvard University)
Gordon Robert J. (Northwestern University)
Greenstone Michael (Massachusetts Institute of Technology)
Guadalupe Maria (Columbia University)
Guerrieri Veronica (University of Chicago)
Hagerty Kathleen (Northwestern University)
Hamada Robert S. (University of Chicago)
Hansen Lars (University of Chicago)
Harris Milton (University of Chicago)
Hart Oliver (Harvard University)
Hazlett Thomas W. (George Mason University)
Heaton John (University of Chicago)
Heckman James (University of Chicago - Nobel Laureate)
Henderson David R. (Hoover Institution)
Henisz, Witold (University of Pennsylvania)
Hertzberg Andrew (Columbia University)
Hite Gailen (Columbia University)
Hitsch Günter J. (University of Chicago)
Hodrick Robert J. (Columbia University)
Hopenhayn Hugo (UCLA)
Hurst Erik (University of Chicago)
Imrohoroglu Ayse (University of Southern California)
Isakson Hans (University of Northern Iowa)
Israel Ronen (London Business School)
Jaffee Dwight M. (UC Berkeley)
Jagannathan Ravi (Northwestern University)
Jenter Dirk (Stanford University)
Jones Charles M. (Columbia Business School)
Kaboski Joseph P. (Ohio State University)
Kahn Matthew (UCLA)
Kaplan Ethan (Stockholm University)
Karolyi, Andrew (Ohio State University)
Kashyap Anil (University of Chicago)
Keim Donald B (University of Pennsylvania)
Ketkar Suhas L (Vanderbilt University)
Kiesling Lynne (Northwestern University)
Klenow Pete (Stanford University)
Koch Paul (University of Kansas)
Kocherlakota Narayana (University of Minnesota)
Koijen Ralph S.J. (University of Chicago)
Kondo Jiro (Northwestern University)
Korteweg Arthur (Stanford University)
Kortum Samuel (University of Chicago)
Krueger Dirk (University of Pennsylvania)
Ledesma Patricia (Northwestern University)
Lee Lung-fei (Ohio State University)
Leeper Eric M. (Indiana University)
Leuz Christian (University of Chicago)
Levine David I.(UC Berkeley)
Levine David K.(Washington University)
Levy David M. (George Mason University)
Linnainmaa Juhani (University of Chicago)
Lott John R. Jr. (University of Maryland)
Lucas Robert (University of Chicago - Nobel Laureate)
Luttmer Erzo G.J. (University of Minnesota)
Manski Charles F. (Northwestern University)
Martin Ian (Stanford University)
Mayer Christopher (Columbia University)
Mazzeo Michael (Northwestern University)
McDonald Robert (Northwestern University)
Meadow Scott F. (University of Chicago)
Mehra Rajnish (UC Santa Barbara)
Mian Atif (University of Chicago)
Middlebrook Art (University of Chicago)
Miguel Edward (UC Berkeley)
Miravete Eugenio J. (University of Texas at Austin)
Miron Jeffrey (Harvard University)
Moretti Enrico (UC Berkeley)
Moriguchi Chiaki (Northwestern University)
Moro Andrea (Vanderbilt University)
Morse Adair (University of Chicago)
Mortensen Dale T. (Northwestern University)
Mortimer Julie Holland (Harvard University)
Muralidharan Karthik (UC San Diego)
Nanda Dhananjay (University of Miami)
Nevo Aviv (Northwestern University)
Ohanian Lee (UCLA)
Pagliari Joseph (University of Chicago)
Papanikolaou Dimitris (Northwestern University)
Parker Jonathan (Northwestern University)
Paul Evans (Ohio State University)
Pejovich Svetozar (Steve) (Texas A&M University)
Peltzman Sam (University of Chicago)
Perri Fabrizio (University of Minnesota)
Phelan Christopher (University of Minnesota)
Piazzesi Monika (Stanford University)
Piskorski Tomasz (Columbia University)
Rampini Adriano (Duke University)
Reagan Patricia (Ohio State University)
Reich Michael (UC Berkeley)
Reuben Ernesto (Northwestern University)
Roberts Michael (University of Pennsylvania)
Robinson David (Duke University)
Rogers Michele (Northwestern University)
Rotella Elyce (Indiana University)
Ruud Paul (Vassar College)
Safford Sean (University of Chicago)
Sandbu Martin E. (University of Pennsylvania)
Sapienza Paola (Northwestern University)
Savor Pavel (University of Pennsylvania)
Scharfstein David (Harvard University)
Seim Katja (University of Pennsylvania)
Seru Amit (University of Chicago)
Shang-Jin Wei (Columbia University)
Shimer Robert (University of Chicago)
Shore Stephen H. (Johns Hopkins University)
Siegel Ron (Northwestern University)
Smith David C. (University of Virginia)
Smith Vernon L.(Chapman University- Nobel Laureate)
Sorensen Morten (Columbia University)
Spiegel Matthew (Yale University)
Stevenson Betsey (University of Pennsylvania)
Stokey Nancy (University of Chicago)
Strahan Philip (Boston College)
Strebulaev Ilya (Stanford University)
Sufi Amir (University of Chicago)
Tabarrok Alex (George Mason University)
Taylor Alan M. (UC Davis)
Thompson Tim (Northwestern University)
Tschoegl Adrian E. (University of Pennsylvania)
Uhlig Harald (University of Chicago)
Ulrich, Maxim (Columbia University)
Van Buskirk Andrew (University of Chicago)
Veronesi Pietro (University of Chicago)
Vissing-Jorgensen Annette (Northwestern University)
Wacziarg Romain (UCLA)
Weill Pierre-Olivier (UCLA)
Williamson Samuel H. (Miami University)
Witte Mark (Northwestern University)
Wolfers Justin (University of Pennsylvania)
Woutersen Tiemen (Johns Hopkins University)
Zingales Luigi (University of Chicago)
Zitzewitz Eric (Dartmouth College)

Terroristas

Seria útil perceber qual o terrorismo com consequências mais nefastas para os americanos (e para todos os outros inocentes por esse mundo fora), se o da Al Qaeda, se o da especulação e lucro fácil. Na verdade, as práticas do neoliberalismo selvagem poderão estar e vir a causar muito mais vítimas que o ataque às torres gémeas e, desta vez, os Bin Ladens nem necessitarão esconder-se nas montanhas arenosas do Afeganistão, optando, talvez apenas, por gozar «merecidas» férias nas montanhas de Aspen ou ficando no contacto da natureza pescando trutas nos lagos. É estranho como ninguém é preso. É estranha esta socialização da falência de um sistema que era o fim da história. É estranho, também, que não haja já gente na rua a pôr fim a esta história.

quinta-feira, setembro 25, 2008

As duas faces


As duas faces da mesma moeda. Valores diferentes?
Somos agora entretidos com discussões sobre o acessório como os casamentos de homossexuais. Para isto, os senhores deputados discutem se deve ou não haver liberdade de consciência na altura do voto. Não reivindicam o mesmo direito sobre as votações das grandes opções económicas. No primeiro caso a coisa é para mim mais ou menos indiferente (desde que não tornem o casamento homossexual obrigatório!). Importante, era não terem uma atitude de carneirada, naquilo que é fundamental e afecta todos. Cada vez mais a «democracia» é uma prática de alterne, duas faces da mesma moeda (cuidado não se confundam as sonoridades dos termos).

segunda-feira, setembro 22, 2008

domingo, setembro 21, 2008

SOS SNS


Transcrevo de um comentário a uma notícia do Público online: Deixe-se também a livre iniciativa funcionar na saúde, e acabe-se com a saúde subsidiada pelo estado, autêntico escândalo nacional, onde gente que nunca deu nada à sociedade é tratada à borla, à conta dos impostos dos que trabalham. As despesas do estado na saúde não pode continuar.J Antão, dixit
A fragilidade de análise dos crentes do Mercado manifesta-se desta forma impiedosa, SELVAGEM, sobre os mais fracos, os doentes. É necessário desmistificar o conceito de que a Saúde é um bem normal de consumo (ou de luxo como ensinam em cursos de Gestão). Ao contrário de outros bens, recorre-se à saúde, geralmente por necessidade INDESEJADA. Se há consumo abusivo, a culpa é de quem o promove (os markteers de serviço) na ânsia de aumentar o negócio: médicos também, mas sobretudo imprensa e vendedores de medicamentos e meios de diagnóstico e tratamento. E, também, obviamente os novos negociantes (Banca e Seguros) desejosos de quota de mercado.
Sr. Antão, verdadeiro escândalo, não é os saudáveis pagarem a saúde aos que estão doentes. O verdadeiro escândalo é os doentes ficarem sem assistência médica porque a não podem pagar como acontece na pátria do Liberalismo onde apesar de uma percentagem elevada do PIB gasta em Saúde, ficam fora do sistema mais de 30% das pessoas, revelando uma eficiência bem medíocre.
Os fundamentalistas do Liberalismo, nesta fase do processo, melhor era que ficassem calados a meditar no descalabro da livre concorrência e nas mãos invisíveis, em vez de revelarem os seus instintos de barbárie. Parece que lhes custa a aprender, compelidos que estão para voltar ao Casino.

sábado, setembro 20, 2008

Foi o senhor que pediu Esquerda?

É um facto que a Esquerda do passado nada tem a oferecer ao país, porque o país escolheu a direita do presente para o governar. Que tal experimentar a Esquerda no futuro?

Os Estados a que isto chegou

Afinal há um Estado bom. Um pai protector para as traquinadas dos filhotes. CEOs de todo o mundo encomendem o champanhe. O vosso Estado, vai pagar-vos a dívida de jogo. Podem voltar ao Casino. The show must go on.
Ficámos agora a saber que há dois Estados, o mau Estado, que nacionaliza o lucrativo e cobra impostos para redistribuir a riqueza, dando a quem não pode e o bom Estado, que privatiza o que dá lucro e nacionaliza os prejuízos.
Ou seja, como disseram os filósofos desacreditados Engels e Marx:
"A força de coesão da sociedade civilizada é o Estado, que, em todos os períodos típicos, é exclusivamente o Estado da classe dominante e, de qualquer modo, essencialmente uma máquina destinada a reprimir a classe oprimida e explorada".
"O executivo do Estado moderno nada mais é do que um comitê para administrar os assuntos comuns de toda burguesia".
Fica claro que se trata de teoria ultrapassada e reaccionária e que o grande motor da vida é o Mercado.

sexta-feira, setembro 19, 2008

Os médicos dos anzóis


A pesca é como a Medicina: celebra-se o grande peixe como se celebra o diagnóstico raro. O peixe raro surge quando se está no mar certo, nas condições adequadas e se utiliza a técnica correcta. O resto é sorte, que é sempre algo feito à custa de muita técnica e esforço. Duvidoso seria que o peixe fosse apanhado por se lançarem anzóis aleatoriamente, num desperdício de recursos, à procura que picasse.
Alguns médicos, na ânsia do big fish, usam actualmente uma estratégia diagnóstica de desperdício recorrendo a longas listas de exames, ficando depois à espera que algo venha alterado. Têm a vantagem de não pagarem do seu bolso os anzóis.
A Arte da coisa é outra, é a eficiência: obter o máximo ao menor custo.

segunda-feira, setembro 15, 2008

We can?

A sucessão nauseante dos ciclos, cansa. Repetidamente, Ano Novo, Feira do Livro, Natal e uma série de peripécias intercalares repetidas. Falta criatividade neste tempo que passa sempre mais ou menos igual. Estes anos assim decorridos deixam pouco na memória além de uma sensação de vertigem em que tudo parece, cada vez, mais pequeno. O resto é uma crise que se adensa sem grande esperança de mudança por muito que o marketing sopre a nossa capacidade de fazer. We can? Dá vontade de parar os ciclos e, ao menos, espiralá-los, para outro plano, roubando a bidimensionalidade aos ciclos. Apetece subir. Não se sabe bem é como.

quinta-feira, setembro 11, 2008

Once de Septiembre


Faz hoje anos... que o Imperialismo derrubou o Presidente eleito Salvador Allende. Algumas datas não devem deixar de ser lembradas.

quarta-feira, setembro 10, 2008

Recusar o absurdo

A aceitação acrítica da situação conduz à formação de paradigmas mais ou menos absurdos. Na verdade, dificilmente uma norma, elaborada por gente presumivelmente inteligente, poderá ser verdadeiramente absurda. No fundo, haverá sempre uma causa justificativa. Acontece muitas vezes que a suspeita sobre o disfuncionamento aceite como corrente e quase normal, leva as pessoas a negligentemente aceitarem os absurdos com que se confrontam. Outras vezes, pela utilização iterativa destes mecanismos, já o paradigma se instalou e ganhou estatuto de quase rotina incontestável. Mas a verdade, é que mesmo assim, sobreviverá sempre até ao dia em que se contestar.
Os mitos caem quando se lhes resiste.
Fartei-me de justificar como prescrição extra-formulário, medicamentos que moram no dito cujo. Porque era assim! Até hoje. E bastou perguntar, porquê. Na Farmácia, também não percebiam a razão das justificações. Às vezes, basta falar, o que é frequentemente muito difícil nesta sociedade da comunicação, onde geralmente, ouvimos mais do que falamos. Porque nos domaram, sobrecarregando-nos da informação que lhes interessa.

segunda-feira, setembro 08, 2008

A liberdade e a vida

Não tenho dúvidas que é positivo poder ver isto denunciado e que a liberdade de imprensa é um bem. Mas também tenho o dever moral de perceber que a liberdade de imprensa não é a Liberdade e que não basta fazer as denúncias dos crimes para que eles deixem de existir. Melhor que ter a liberdade de dar a notícia era ter a liberdade de a notícia não existir. Os autores destes crimes, arrogando-se em defensores da liberdade (que muitas vezes confundem apenas com Estados Unidos), são useiros e vezeiros nestas práticas. Tudo bem, a guerra é a guerra. O que não defende a Liberdade é a sua não aceitação de serem julgados nos tribunais internacionais respectivos, garantindo o seu direito de fazer o que lhes parecer melhor para a «defesa da América», seu real bem supremo. Matar civis no Afeganistão é tão terrorista como matá-los em Manhattan. Ou mesmo mais, se for tido em conta o grau de desenvolvimento dos criminosos.
Mrs Pallin irá certamente defender a vida dos fetos, mas dormirá tranquila com as mortes das crianças afegãs.

domingo, setembro 07, 2008

A justificação do silêncio


Não resisto a reproduzir o ar enrolhado da fotografia do Público online.
Finalmente, falou. Que disse? Nada, ou quase nada. E ainda por cima baralhou-se, confundiu o todo com a parte, isto é, Portugal com a Madeira:

Considerou ainda que “Portugal está longe de beneficiar da democracia na sua plenitude” e propôs-se contribuir para a sua consolidação e “libertar o país e as instituições do sectarismo partidário”.
A presidente do PSD começou por dizer que “o Governo gasta imensa energia e recursos a tratar da comunicação e imagem”.
“O objectivo é enganar-nos”, acrescentou.


Enigmaticamente, terá talvez justificado os porquês do seu silêncio:

“são cada vez mais abafadas as vozes dos que sabem que isto não vai bem, mas que não podem falar muito alto porque há uma impressionante máquina socialista que controla, que persegue, que corta apoios, que gere favores ou simplesmente que demite”.

Que propõe de diferente? Nada! É mais do mesmo, como o seu passado mostra. Outra coisa não seria de esperar.
Afinal, o silêncio tinha justificação: não tinha nada para dizer.

A história continua

Government assumes control over mortgage giants Fannie Mae and Freddie Mac. Desculpem, mas então o maldito Estado pode ser mais eficiente que a Santa Iniciativa Privada? Vão renegar o Conto de Fadas do Sagrado Mercado?
A falência do Mercado continua. As passadas foram maiores do que as pernas e surgiu o trambolhão. Enquanto caminharam, receberam os proveitos, agora que se precipitam, vamos todos pagar as despesas. Esta é a superior ética do Mercado liberal! Não vai sendo tempo de serem os ricos a pagarem a crise e ir sacar às fortunas, selectivamente, a sustentação dos monstros que criaram? Ou vão querer continuar a receber os dividendos e a não pagar impostos?
A História vai continuar. O fim que lhe anunciaram foi uma precipitação de desejos nervosos e insustentados. Todos os finais de História, geram em si contradições, que, mais cedo ou mais tarde, reiniciam as Eras.

sábado, setembro 06, 2008

Tropa de Elite

Para quem acha que vivemos num país inseguro e para todos os outros, porque a cultura geral e a informação boa nunca serão demais, é obrigatório ver Tropa de Elite. A sensação é de que não é um filme, mas um documentário. Estão lá a corrupção, os limites da acção em democracia, a hipocrisia de certa esquerda bem pensante e de certa direita benfeitora, os limites (ou a sua ausência) da guerra, mas sobretudo a revelação de que a luta de classes está viva. A realidade brasileira, com um gigantesco fosso entre ricos e pobres, emerge a cada instante. A insegurança é absoluta, a violência incontável. Este é, possivelmente, o fim da história do liberalismo se não lhe soubermos fazer frente. Será uma imensa imagem branca, silenciosa, como se vê no fim do filme.
Curiosamente, sendo de uma violência enorme nas imagens neo-realistas, parece-me menos violento que o massacre gratuito de violência, a rondar o pornográfico, da quase generalidade das séries mais ou menos policiais americanas que enxameiam as tardes e noites das televisões. A violência deste filme não é banal, ligeira, sabe a horror. Por isso não se impregna, rejeita-se.
Ao mesmo tempo, é um filme de dilemas pessoais, nomeadamente, o de se assegurar que o nosso posto de trabalho só acaba no dia em que alguém o puder desempenhar, sobre a responsabilidade ética de estar até esse momento.
Percebe-se que tenha sido premiado, que seja fonte de enorme discussão, que possivelmente nada diga, quer à senhora Pallin, quer, até, ao senhor Obama.

quinta-feira, setembro 04, 2008

Medicina ou política?

Fazemo-nos médicos para aumentarmos a vida e a qualidade da vida vivida, curarmos as doenças e, mais do que isso, prevenirmos o sofrimento que causam. A evolução dos últimos anos, cada vez mais, porém, me faz pensar que não é sendo médico que esses objectivos se conseguem. Não melhoro fundamentalmente a morbilidade e mortalidade associadas com a obesidade, a diabetes ou as doenças cardiovasculares, prescrevendo mais drogas. Esta intervenção que esquece as causas, apenas é fundamentalmente útil para a indústria farmacêutica. Também não é promovendo a investigação, nomeadamente nos campos da genética ou da biologia, gastando aí rios de dinheiro que se promove o aumento da esperança de vida (para todos!)embora se melhore a de alguns mais ricos, dos que têm acesso aos seus progressos.
Um relatório recente da OMS mostra tudo isto de forma bem clara. Curiosamente, a nossa imprensa, tão ocupada com a divulgação dos assaltos de 100 euros, não tem espaço nem tempo para divulgar coisas simples como estas:

Economic growth is raising incomes in many countries but increasing national wealth alone does not necessarily increase national health. Without equitable distribution of benefits, national growth can even exacerbate inequities.

While there has been enormous increase in global wealth, technology and living standards in recent years, the key question is how it is used for fair distribution of services and institution-building especially in low-income countries. In 1980, the richest countries with 10% of the population had a gross national income 60 times that of the poorest countries with 10% of the world's population. After 25 years of globalization, this difference increased to 122, reports the Commission. Worse, in the last 15 years, the poorest quintile in many low-income countries have shown a declining share in national consumption.

Wealth alone does not have to determine the health of a nation's population. Some low-income countries such as Cuba, Costa Rica, China, state of Kerala in India and Sri Lanka have achieved levels of good health despite relatively low national incomes.


Não deixa de ser perturbador pensar, nesta fase da carreira, se foi esta profissão a melhor escolha. A sedução da política existe.

quarta-feira, setembro 03, 2008

A gravidez americana e a pobreza dos nossos ladrões

Na América é assim: não interessa o conteúdo, apenas a imagem. A indústria deles é o Cinema. Quando toca à política, fala-se do deve ser, esquecendo que muitas vezes prega Frei Tomás. E a diferença entre o feito e o que se prega é muitas vezes grande a todos os níveis. Pena é que seja apenas isso que se discute. Que interesse tem que a menina esteja grávida como seguramente muitos milheres de adolescentes americanas o estão? Verdadeiramente importante é saber-se quem é a mãe e que ideias apregoa, é saber-se o que quer fazer da vida privada dos americanos e americanas, é saber-se o que acha da proliferação das armas nos EUA e as implicações que isso tem na segurança, é saber-se se sabe alguma coisa de política internacional e se tudo não ficará na mesma ou ainda pior se algum dia puder chegar a presidente. A conversa paralela da gravidez da filha é inútil, apenas reveladora da falta de interesse em reflectir que os americanos têm. Pelo que se vai sabendo, a menina é filha de uma coisa bastante triste, mas ainda pouco revelada. É isso que é preciso perceber melhor.
Por cá, entretanto, vamos tentando entrar para o guiness do número de roubos de 100 e poucos euros à mão armada. Pobres ladrões os nossos! Têm de olhar para a América para aprenderem a roubar devidamente.

terça-feira, setembro 02, 2008

Erros

Paulo Pedroso foi injustiçado segundo um tribunal. Ficamos a saber que alguém cometeu um erro: ou o primeiro juiz ou este agora.
Errar é humano, mesmo quando o erro é grosseiro. As vítimas devem ser reparadas. No caso dos erros judiciários, é o Estado quem repara; no caso dos erros médicos, são os próprios (ou pelos seguros que têm de pagar).
Duas formas diferentes de estar no mesmo país.

sexta-feira, agosto 29, 2008

A mulher que vem do frio

Há esta forte ideia de fazer a coisa à medida do cliente de acordo com as boas instruções dos markteers. Despudoradamente, na política Imperial, já não se discutem estratégias ou ideais (as ideias já tinham sido há muito abandonadas, quando se concluiu que o Mercado é a única regra válida). Agora procura-se o perfil do candidato por medida, pronto a usar. Acharam que a coisa estava a ficar sisuda demais (qualquer dia já ninguém ia aos votos) e decidiram que o enredo do filme (o que eles sabem é fazer fitas) devia ter para agradar ao público alvo, uma mistura de preto, mulher, jovem e menos jovem. Depois é só agitar bem e servir. Os dois cocktails estão preparados: um jovem mais um menos jovem e a mulher ficou de fora, mais um mais velho e uma mulher que também é jovem. As diferenças da vacuidade das propostas pouco importam. The show must go on. Pena é que não seja de consumo exclusivamente interno e tenhamos que pagar as consequências.

Idade(s)

É incrível o que se pretende roubar nas nossas noites. De madrugada, tentaram sacar-me o pneu suplente. Provavelmente, surpreendidos por algum movimento deixaram a obra a meio. E eu não entendo. Nunca me passaria pela cabeça roubar um pneu a alguém.
Desde há algum tempo deixei de saber as soluções para o Mundo. Desconfio ser isso, o fim da juventude.
Cuidem-se, aqueles que só têm soluções para si próprios: estão irremediavelmente velhos.

quinta-feira, agosto 28, 2008

Pelas notícias

Não é que hoje faltem notícias. Mas olhando a avidez com que se fazem primeiras páginas das notícias da DECO, quando se faz algum estudo que acaba a denegrir qualquer disfunção do sector público, não deixo de estranhar que uma das manchetes da Revista da DECO, Dinheiro e direitos, tenha passado sem referência. Fala a dita de ALUNOS MAL PROTEGIDOS NAS ESCOLAS PRIVADAS. O silêncio foi de ouro, afinal a quem interessa a novidade?

Notícias do dia:
Até faz sentido, não é? A campanha americana é uma amostra sofisticada do negócio do marketing e já vale quase tudo. A administração Bush já foi também capaz de tudo, desde não apanhar o inimigo principal, manter campos de concentração, ver armas de destruição maciça que mais ninguém encontrou. Por que não mais esta aventura, de quem tem na vida uma atitude de fanatismo?
Até o Papa parece contagiado por algum fanatismo, quando se atira a promover obras de arte. O sapinho teria passado tão bem despercebido...


Resta-me no dia de hoje a lucidez bem-aventurada de Boaventura Sousa Santos no seu artigo de hoje da Visão: «Saúde do Serviço ao Negócio». Referindo-se à «indesejável» expansão da actividade do sector público da saúde, por frustrar as «legítimas» expectativas dos privados, escreveu: Imagine-se que a Polícia Judiciária pudesse ser accionada em tribunal por, ao ampliar os seus serviços de investigação, estar a violar as legítimas expectativas dos detectives particulares? Também não irá ser citado. Para isso, temos o Professor Marcelo e as suas fantásticas análises.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Naquele tempo em que não havia televisão

Naquele tempo em que não havia TV, que se fazia à noite? Apanhados de surpresa, não encontrámos as respostas mais objectivas. Agora me lembro que ouvia rádio, lia os vespertinos (Diário de Lisboa e/ou República) porque era um tempo em que líamos os jornais da tarde, fazíamos as palavras cruzadas e em dias de serão mais prolongado, havia a Rádio Moscovo ou a Rádio Portugal Livre para ouvir. Com um copo de água em cima para afastar as detecções do inimigo. Às vezes, jogava-se a bisca,à sueca ou dominó.
Era tudo muito lento, bem provado. Muito diferente das séries de crimes em série dos dias de hoje. Na lentidão havia tempo de pensar, o que era uma vantagem comparativamente à vertigem de agora. De alguma forma planeávamos a acção, não nos limitando a reagir.

terça-feira, agosto 26, 2008

Fico Zon(zo)


Quando faço compras em Marraqueche já sei como é: regatear, é fundamental. Quando compro alguma coisa nos Estados Unidos, sei que o débito do cartão é sempre mais que o valor da compra (não põem à mostra o custos dos Impostos). Na Europa e em Portugal (que é uma terra que fica na cauda da dita), estou habituado a pagar o preço que me apresentam e sempre identifiquei isso como prova de civilização, de transparência e honestidade. Os tempos estão a mudar.
Depois de passar os olhos pelo site da empresa, dei conta que estava a pagar uma enormidade pela assinatura de um pacote triplo de fornecimento de TV, Internet e telefone, que tinha subscrito na PT Multimédia, entretanto rebaptizada de Zon (hoje percebi o sentido da mudança!). Em resumo, verifiquei que a prestação do serviço que tenho é feita aos novos clientes cerca de 25% abaixo do que estava a pagar!!! São os custos de ser um cliente fiel. Esta gente não premeia a fidelidade, privilegiando a caça ao novo cliente. Depois de meia hora a saltitar entre atendedores de call center ultra-especializados como diria o Engº Sócrates (na verdade são-no porque só sabem responder a uma coisa pequenina de cada vez e agarrados a uma lista de respostas, desabituaram-se de pensar), lá me encaminharam para alguém com quem já era possível um diálogo e me explicou que agora a Zon funciona como o mercado em Marraqueche: de tempos a tempos, o melhor é regatear e solicitar os descontos previstos, mas não automaticamente fornecidos aos clientes. E foi desta forma árabe de negociação que hoje reduzi a prestação à Zon em cerca de 20€ por mês!! Dito de outra maneira, a Zon estava a apropriar-se (qual a diferença para roubar?) mensalmente de 20 € à minha custa. Vezes não sei quantos, está-se a ver a geração de valor na Organização. Gerar valor, não é? Que produto acrescentaram? Nada, sacaram apenas os nossos valores, o que em linguagem corrente se diz, roubaram-nos! Estas coisas põem-me Zon(zo)!