sábado, outubro 11, 2008

Morte

Há mortos nas fotografias a habitar em todas as paredes. Para qualquer lado para onde me vire.Têm esta função perversa as fotografias: mostram-nos os mortos a sorrir. Ou serão a vida depois da morte? O que resta dela na memória revigorada. Mas a sua memória é também o avivar da perda. Definitiva.
Há, nestes dias, um cerco de morte na memória que persiste. E fica-se mais perto, percebe-se melhor a vulnerabilidade da nossa, afinal, não-eternidade. É fácil imaginarmos que, algum dia, também nós acabaremos dentro de uma moldura a inquietar quem passar e nos vir.
Mas também é verdade que se assim acontecer, significa isso, que há alguém que resiste à ideia de termos acabado, alguém que afirma que somos outra coisa diferente do que partiu: «Isto não é o meu pai» escreveu um filho num bilhete no dia do funeral do pai. (Comunicação pública de António Lobo Antunes). Pois é, os nossos heróis,como nos filmes, também não morrem nunca.

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