Citando João César das Neves (com subtítulos meus):
O prenúncio da crise?
Os maiores desastres do século XX foram gerados por pessoas e grupos autonomeados progressistas e donos do futuro. Quando alguém, iluminado pelas forças da modernidade, despreza a realidade que o rodeia como obsoleta e tacanha, impõe sem contemplações as suas opiniões. Então surge o horror. Não é preciso ir longe para encontrar exemplos devastadores deste erro.
A propósito do fundamentalismo?
A cegueira ideológica não é simples aldrabice. Ao contrário do que se diz, este fenómeno não consiste em má-fé, hipocrisia ou estupidez. O aspecto exterior costuma ser semelhante, mas o processo conducente é muito diferente. Quando alguém está plenamente convencido de uma causa porque lutou durante anos, a evidência do seu fiasco implica a negação da própria identidade. Mesmo perante resultados tão assustadores, como se pode dar o braço a torcer, assumir o erro, inverter a orientação? A cegueira nasce do orgulho.
Uma tomada de consciência?
Vivemos num mundo de espelhos, numa fogueira de ilusões. Consideramo-nos informados e esclarecidos mas nos assuntos sérios, opções estratégicas, problemas de fundo, novas infra-estruturas, escândalos empresariais, temos de admitir que ninguém se entende.
A mudança será possível?
Estar fechado a outras possibilidades foi sempre o maior obstáculo à descoberta da verdade.
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