terça-feira, novembro 27, 2012
Uma aposta?
Imaginemos que temos uma dívida para pagar e que nos estão a cobrar um juro alto. Fazemos um orçamento em que prevemos produzir menos, isto é, ganhar menos. Daqui a um ano como estaremos? Como a diferença entre o que ganhávamos e o que gastávamos já era negativa e vamos ainda produzir menos, o lógico é que dentro de um ano a dívida esteja ainda maior e, consequentemente, os juros a pagar serão ainda maiores.
Não é assim, diz o sábio Gaspar. Mas já é quase o último a dizê-lo. Daqui a um ano (tempo demais?) faremos contas! Ou vamos ajustá-las mais cedo...
Não é assim, diz o sábio Gaspar. Mas já é quase o último a dizê-lo. Daqui a um ano (tempo demais?) faremos contas! Ou vamos ajustá-las mais cedo...
quinta-feira, novembro 22, 2012
Olá
Olá, pá, fizeste um ano. Foi rápido, não foi? Quantas conquistas, quantos avanços e progressos numa velocidade absolutamente incrível. Sempre a procurar desde um olhar perdido algures até à tua mais recente dedicação na arrumação dos meus papéis no escritório. Acredita que, de tanto os espalhares no chão, já organizei alguns. Tens razão, porque às vezes é necessário o caos, para que uma nova ordem possa aparecer. Mexes-te bem, comunicas, não te calas. Se te não ligam chegas a gritar um olá, desconcertante. Comunicas bem. E quase já andas.
Hoje eras o mais novo na exposição das Idades do Mar. Eras tu de um lado e um desfile de reformados do outro e pareceu-me que eras tu quem mais olhava, mesmo que não visses. Sim, eu sei, viste os cavalos e quase os puseste a andar. Os outros, na sua maioria, olhavam menos os quadros, mais fixados que estavam na vida que maioritariamente já passou e estavam ali pelo encontro de se não sentirem vazios. Só tu tinhas a promessa de ires ver cada vez mais. Muito mais.
As Idades do mar na tua idade, quem diria, pá?
As Idades do mar na tua idade, quem diria, pá?
quarta-feira, novembro 21, 2012
Há dias em que os casos vêm aos pares:
Primeiro, um caso clínico interessante, porque a memória recente costuma ser a mais afetada, preservando-se melhor a remota. Ou isto será uma auto-crítica?
Depois o esclarecimento oportuno de que a vaca e o burro afinal não testemunharam a virgindade de Maria, o que é, realmente, uma questão de fé. Absolvidos a vaca, o burro e, talvez, os infiéis!
Primeiro, um caso clínico interessante, porque a memória recente costuma ser a mais afetada, preservando-se melhor a remota. Ou isto será uma auto-crítica?
Depois o esclarecimento oportuno de que a vaca e o burro afinal não testemunharam a virgindade de Maria, o que é, realmente, uma questão de fé. Absolvidos a vaca, o burro e, talvez, os infiéis!
segunda-feira, novembro 19, 2012
CARTA ABERTA
Meus caros concidadãos,
numa altura em que tantos escrevem cartas aos políticos e fazem circular os enormes escândalos dos políticos, apetece remar contra a maré da alienação instalada. Em primeiro lugar, porque acho inestético o refúgio cobarde e generalizado do «eu não tive nada que ver com isso». Na verdade, estes políticos vencedores foram os políticos eleitos pelos meus caros concidadãos, portanto não se queixem. Em vez da queixa, percebam as causas do vosso engano: a vossa crença nas virtudes do alterne «democrático» em que deixaram o país desde que votam. Em segundo lugar, porque lamento que, de acordo com as sondagens, a vossa burrice pareça querer continuar. Teimosos e sem imaginação continuam a dança do vira do alterne PS/PSD/CDS. O arco do poder a quem os meus caros concidadãos entregam o balão para que a marcha antipopular continue o seu caminho.
E estamos a chegar a um ponto em que a sustentabilidade desta idiotice em que caíram, meus caros concidadãos, começa a não ter saída. O fim do Estado para que uns e outros nos querem levar não é caminho, é suicídio. Na realidade precisamos de um Estado melhor, liderado por políticos melhores. E os políticos melhores serão, seguramente, não estes ou aqueles que tanto os meus caros concidadãos têm criticado, mas os que se não deixam manipular pelo poder financeiro, o nosso verdadeiro inimigo. Se agora nos impõem um caminho de empobrecimento a quase todos, isso é para que uns muito poucos tenham enriquecimento e, muitas vezes, nem serão os que nos dizem que aguentamos, mas outros mais distantes que neles mandam. Na teia dos interesses e dos privilégios dos grandes senhores do mundo, temos que identificar com precisão o inimigo para o podermos derrotar eficazmente. O que temos hoje não é para reformar, mas para renascer, porque este sistema, enleado nas suas contradições internas, chegou ao fim da sua história. Nós, porém, sabemos que ainda não chegámos ao fim da história, como há uns anos aqui se escreve.
Com efeito, há mais políticos além deste políticos que os meus caros concidadãos criticam tanto. São os que não querem ir por aí. E se, na vossa ideia, os disponíveis também não servem, resta-vos uma saída, substituam-nos, ousem avançar. É pela política que a história vai continuar, ser contra a política é o caminho da autodestruição e, no limite, é favorecer quem até agora fez crescer a descrença na política e até aqui nos conduziu.
O caminho não é fácil e exige rigor, muita verdade técnica. Mas a verdade técnica depende do rumo que se escolher e essa definição é a primeira tarefa sem a qual o barco continuará à deriva. Temos que entender as causas, compreender a história e encontrar um rumo diferente para os nossos objetivos. Temos que definir o conceito de evolução, temos de perceber se o que queremos é o ideal expresso por Obama no discurso de vitória: o triunfo dependente do arriscar. Efetivamente, o nosso ideal será o risco, o jogo, a incerteza? Em nome de que objetivo?
Sim, é preciso definir que Estado queremos, mas antes disso sabermos se o que desejamos é, apenas, um Estado croupier que regule a jogatina.
Meus caros concidadãos, faites vos jeux ou melhor digam da vossa justiça.
Aqui fica a carta aberta num mundo cada vez mais fechado e cercado, mas, certamente, com saída. Pensar é o único caminho para descobrir as saídas.
numa altura em que tantos escrevem cartas aos políticos e fazem circular os enormes escândalos dos políticos, apetece remar contra a maré da alienação instalada. Em primeiro lugar, porque acho inestético o refúgio cobarde e generalizado do «eu não tive nada que ver com isso». Na verdade, estes políticos vencedores foram os políticos eleitos pelos meus caros concidadãos, portanto não se queixem. Em vez da queixa, percebam as causas do vosso engano: a vossa crença nas virtudes do alterne «democrático» em que deixaram o país desde que votam. Em segundo lugar, porque lamento que, de acordo com as sondagens, a vossa burrice pareça querer continuar. Teimosos e sem imaginação continuam a dança do vira do alterne PS/PSD/CDS. O arco do poder a quem os meus caros concidadãos entregam o balão para que a marcha antipopular continue o seu caminho.
E estamos a chegar a um ponto em que a sustentabilidade desta idiotice em que caíram, meus caros concidadãos, começa a não ter saída. O fim do Estado para que uns e outros nos querem levar não é caminho, é suicídio. Na realidade precisamos de um Estado melhor, liderado por políticos melhores. E os políticos melhores serão, seguramente, não estes ou aqueles que tanto os meus caros concidadãos têm criticado, mas os que se não deixam manipular pelo poder financeiro, o nosso verdadeiro inimigo. Se agora nos impõem um caminho de empobrecimento a quase todos, isso é para que uns muito poucos tenham enriquecimento e, muitas vezes, nem serão os que nos dizem que aguentamos, mas outros mais distantes que neles mandam. Na teia dos interesses e dos privilégios dos grandes senhores do mundo, temos que identificar com precisão o inimigo para o podermos derrotar eficazmente. O que temos hoje não é para reformar, mas para renascer, porque este sistema, enleado nas suas contradições internas, chegou ao fim da sua história. Nós, porém, sabemos que ainda não chegámos ao fim da história, como há uns anos aqui se escreve.
Com efeito, há mais políticos além deste políticos que os meus caros concidadãos criticam tanto. São os que não querem ir por aí. E se, na vossa ideia, os disponíveis também não servem, resta-vos uma saída, substituam-nos, ousem avançar. É pela política que a história vai continuar, ser contra a política é o caminho da autodestruição e, no limite, é favorecer quem até agora fez crescer a descrença na política e até aqui nos conduziu.
O caminho não é fácil e exige rigor, muita verdade técnica. Mas a verdade técnica depende do rumo que se escolher e essa definição é a primeira tarefa sem a qual o barco continuará à deriva. Temos que entender as causas, compreender a história e encontrar um rumo diferente para os nossos objetivos. Temos que definir o conceito de evolução, temos de perceber se o que queremos é o ideal expresso por Obama no discurso de vitória: o triunfo dependente do arriscar. Efetivamente, o nosso ideal será o risco, o jogo, a incerteza? Em nome de que objetivo?
Sim, é preciso definir que Estado queremos, mas antes disso sabermos se o que desejamos é, apenas, um Estado croupier que regule a jogatina.
Meus caros concidadãos, faites vos jeux ou melhor digam da vossa justiça.
Aqui fica a carta aberta num mundo cada vez mais fechado e cercado, mas, certamente, com saída. Pensar é o único caminho para descobrir as saídas.
quarta-feira, novembro 07, 2012
Obama 2
O menos mau já chegou e prometeu que o melhor está para vir. A ver vamos. Que deus o ajude disse o outro. Ajude a quê? Que poderá deus contra o poder financeiro?
Mudança, qual?
segunda-feira, novembro 05, 2012
Intervalo
A coincidência de começar num dia feriado em véspera de fim de semana, tornou tudo mais suave, quase impercetível. Tempo foi de preparar gatas e lavrar a terra. Além de colher o semeado.
quarta-feira, outubro 31, 2012
Final feliz
Na pequena janela retangular as folhas saltam de pasta em pasta sobre um corrupio de números e extensões .doc e .xls. Em poucos minutos move-se o produto dos últimos anos de trabalho. Notas de evolução, melhorias e insucessos. No final, a p
asta de share com número mecanográfico fica branca, num silêncio prolongado. Tudo transferido para a minha pen. Fim.
Iniciar, encerrar, reiniciar. Reiniciar aqui? Não, outros que carreguem as teclas do Cntr-alt-del.
19:54 pela última vez o dedo no relógio de ponto e saí para a noite. Ali dentro as alegrias e os dramas vão continuar todos os dias... sem mim.
Iniciar, encerrar, reiniciar. Reiniciar aqui? Não, outros que carreguem as teclas do Cntr-alt-del.
19:54 pela última vez o dedo no relógio de ponto e saí para a noite. Ali dentro as alegrias e os dramas vão continuar todos os dias... sem mim.
terça-feira, outubro 30, 2012
Boa nova
Empurrado pela angústia da incerteza, acabei ausente. O mês caminhava para o fim e a notícia tardava em chegar e a irritação crescia pelo cerco da impotência. Todo o sistema é opaco, suscetível de corrupção nessa falta de transparência. Tudo está irritante e imprevisível. Impossível.
Chegou ao início da manhã do dia 30, finalmente,a notícia que era libertação.
A partir de amanhã estarei between jobs com todas as incertezas e garantias de um mundo cada vez mais incerto. Mas vai saber bem enquanto durar.
Chegou ao início da manhã do dia 30, finalmente,a notícia que era libertação.
A partir de amanhã estarei between jobs com todas as incertezas e garantias de um mundo cada vez mais incerto. Mas vai saber bem enquanto durar.
sexta-feira, outubro 19, 2012
No meio da «ciência»
E fiquei a pensar se pode haver empowerment sem
responsabilidade individual, isto é, o doente pode ser convidado a decidir a
sua terapêutica se não tiver que acarretar com os seus custos? Pelo mesmo
custo, escolher-se-á sempre o mais caro, que geralmente é o melhor. Isto desde
que se não tenha que ter em conta a relação custo-benefíicio. Mas no caso do
nosso sistema de saúde nem é o doente que escolhe, é o médico, muitas vezes
premiado por fazer a escolha mais onerosa. Está tudo do avesso, não é só a
bandeira.
Um dia inteiro a fazer flores à volta de um artigo do
Diabetes Care. De várias formas, com graças (poucas!) diversas lá se vai
mostrando que são os doentes que têm que decidir, uma vez aconselhados, que
tratamentos devem fazer depois de aconselhados pelos seus médicos. Pelo meio
alguma ciência comprometida manifestando as tendências dominantes do Mercado
(farmacêutico), sempre as mesmas na substância: os medicamentos muito bons do
passado (baratos) devem ser substituídos pelos mais recentes (mais caros). É a
evolução científica a bem dos doentes, mesmo que a eficácia seja semelhante há
sempre algum efeito acessório menos frequente (menos de 5%), alguma facilidade
de administração, alguma coisa pequena que justifica uma enorme diferença de
preço. E já não tenho energia para falar
de uma coisa simples como seja a responsabilidade do doente na implementação de
medidas não medicamentosas (corrigir a causa da diabetes), porque a defesa da
facilidade tudo justifica. Mas tenho para mim que a sociedade só deveria pagar
estes custos da negligência individual se fosse provado que os custos das
complicações são superiores aos custos da terapêutica. De outra forma é
irracional que o faça. Não negando a possibilidade dos tratamentos, é
inaceitável que a falta de cuidado de quem os poderia ter seja custeada por
todos. Nestes casos, seria razoável indexar os custos do tratamento à
capacidade económica do indivíduo prevaricador. Isso iria contribuir para
opções mais conscientes dos doentes e a escolha aí já não seria mesma de
sempre, o melhor de todos, porque o fator preço entraria na equação da decisão.
Então o empowerment faria sentido.
Uma gestão decente (justa) dos recursos implica que se façam
opções e se privilegie o pagamento integral apenas das doenças em que os
doentes são vítimas inocentes da sua patologia, por exemplo as doenças
genéticas, auto-imunes, degenerativas e as ambientais de causa não controlável
individualmente. A responsabilização dos doentes é da mais elementar justiça.
Mas isto é conversa séria demais para um público ávido do
bem-estar e tranquilidade que tudo isto dá.
O Expresso chega só depois do meio-dia. São os custos da
insularidade, o atraso nas notícias. Mas há a TV Madeira que nos mostra nos
interlúdios borboletas de asas salpicadas de muitas cores e nos diz que não
havendo um especialista por perto as não devemos tentar apanhar porque as
podemos amputar irreversivelmente. E que úteis são na defesa do ecossistema.
Ternurenta a informação da TV regional… Aqui para cerca de 250000 pessoas há um
canal de televisão, ou seja os custos da continentalidade nada têm que ver com
esta realidade ou teríamos que ter a TV Almada, a TV Amadora, a TV Lisboa
(vários canais, claro…).
Na falta do Expresso, percorro os andares do Centro
Comercial Madeira (ou será Madeira Shopping?) constatando as lojas vazias com
vitrines cobertas de jornais e folhas de A4 com a inscrição VENDE_SE. A crise chegou à pérola esburacada.
Melhor fico olhando o mar azul na frente da janela do
quarto. Sereno, quase sem ondas, de vez em quando um barco. Na piscina,
reformados da Europa do meio, esperneiam numa aula de hidroginástica que nunca
lhes irá diminuir os excessos das barrigas.
quarta-feira, outubro 17, 2012
Economia tótó
A confusão das receitas e despesas vai grande. Tentando
simplificar tão complexa coisa, diria que as receitas do estado (impostos,
taxas e companhia) são, curioso, as despesas dos cidadãos e que as despesas do
estado (fornecimento de saúde, educação pública, segurança social, p ex.) são
as receitas dos cidadãos (isto é, servimo-nos das coisas e não pagamaos).
O que é estranho neste acerto de receitas e despesas é que
queiram que paguemos mais para recebermos menos. Fica a ideia de que o dinheiro
que sobra deste desacerto não se volatiliza, mas cai bem concreto nalgum lado.
segunda-feira, outubro 15, 2012
Fora do contexto
A Berta que ia ganhar, afinal teve uma derrota colossal. Mas não foi da Berta, foi do contexto nacional, tranquilizaram Coelho e Portas. E fiquei ali a meditar no que aquilo quereria dizer. O contexto nacional! Os princípios programáticos da Berta eram contra o contexto nacional, contra o assalto orçamental e o Coelho tinha já prometida uma caçada e o tiroteio dos parlamentares da região. Porque o contexto nacional é realmente intolerável, inqualificável de tal forma que um curioso comentador do PSD até dizia num canal de televisão que o contexto poderia ter sido mostrado mais tarde, depois das eleições. Espera, então teria sido preferível levar os ilhéus ao engano, ocultando-lhes o contexto? o homem de cabelos brancos achava que teria sido melhor, mas os miúdos governantes não pensaram assim e o contexto nacional tramou a Berta.
Nunca tinha visto tanto descaramento. Na verdade a confissão do contexto nacional mostra que estes rapazes acham que o que andam a fazer tem a oposição generalizada do povo. Só que não se importam, a cruzada fanática em que estão envolvidos tudo justifica. Assumem a mentira e conseguem dormir descansados depois de saberem que foram eleitos na base de promessas do contexto oposto, mas uma vez no poder regozijam coma ideia de terem enganado o maralhal. É tempo de defenestração que estes são piores que espanhóis.
Nunca tinha visto tanto descaramento. Na verdade a confissão do contexto nacional mostra que estes rapazes acham que o que andam a fazer tem a oposição generalizada do povo. Só que não se importam, a cruzada fanática em que estão envolvidos tudo justifica. Assumem a mentira e conseguem dormir descansados depois de saberem que foram eleitos na base de promessas do contexto oposto, mas uma vez no poder regozijam coma ideia de terem enganado o maralhal. É tempo de defenestração que estes são piores que espanhóis.
sábado, outubro 13, 2012
Resignação?
Fez-me imensa confusão ouvir o senhor cardeal. A palavra da Igreja imaginava-a eu mais perto do que diz D. Januário. Ao menos nas aparências fazia-me mais sentido.
Mas senhor Cardeal o que corrói a harmonia democrática, não é o governo do povo na rua, mas o governo dos talibãs liberais no palácio.
Fiquei a pensar por que raio seria o discurso contra as manifestações e o elogio da resignação. Ter-se-á o cardeal convertido ao fundamentalismo liberal?
Deus me livre de pensar isto, mas só me ocorreu que o dislate possa ter tido motivações pouco católicas. Por exemplo, Gaspar, na sua fúria insana de arrecadar e mexer em tudo o que bula, pode lembrar-se do IMI que a Igreja está dispensada de pagar. É que parece não ser assim tão pouco.
Mas senhor Cardeal o que corrói a harmonia democrática, não é o governo do povo na rua, mas o governo dos talibãs liberais no palácio.
Fiquei a pensar por que raio seria o discurso contra as manifestações e o elogio da resignação. Ter-se-á o cardeal convertido ao fundamentalismo liberal?
Deus me livre de pensar isto, mas só me ocorreu que o dislate possa ter tido motivações pouco católicas. Por exemplo, Gaspar, na sua fúria insana de arrecadar e mexer em tudo o que bula, pode lembrar-se do IMI que a Igreja está dispensada de pagar. É que parece não ser assim tão pouco.
quinta-feira, outubro 11, 2012
Coisas nos muros
A vantagem da lentidão do trânsito é dar-nos a possibilidade de lermos as inscrições feitas nas paredes. Já ali tinha passado várias vezes, mas nunca tinha lido aquilo. Só por preguiça sou feliz. Assim lido na manhã a caminho do trabalho. Na verdade, será possível ser feliz quem não seja preguiçoso e se ponha a fazer perguntas?
É possível andar por aí e não olhar, seguir e ser feliz na rotina dos dias. Mas se olharmos, arriscamo-nos a ver e fica a felicidade perturbada.
quarta-feira, outubro 10, 2012
Mintam-lhes que eles gostam
The pervasiveness of campaign lies tells us something we’d rather not acknowledge, at least not publicly: On many issues, voters prefer lies to the truth. That’s because the truth about the economy, the future of Social Security and Medicare, immigration, the war in Afghanistan, taxes, the budget, the deficit, and the national debt is too dismal to contemplate. As long as voters cast their votes for candidates who make them feel better, candidates will continue to lie. And to win.
em http://blogs.reuters.com/jackshafer/2012/10/09/why-we-vote-for-liars/
E a ser assim, a democracia corre perigo e o populismo pode muito bem resultar. As coisas não são fáceis, mas a educação reinante diz que tudo tem de ser fácil. Por isso se inventaram as escadas rolantes e as compras a crédito.As primeiras engordam-nos, as segundas emagrecem-nos, mas a lógica é comum: à primeira vista facilitam-nos a vida. As consequências só vêem depois. E a lógica dominante é vivermos tudo como se tivéssemos chegado ao dia final. De momento satisfaz, depois pode doer.
O populismo é uma linguagem infantil que nos leva ao mundo do tudo ser possível. O sistema infantilizou as pessoas, destreinou-as de pensar que têm futuro e que, por isso, a mensagem é que podem comer o saco das gomas todo de seguida sem poupar para o próximo dia. Amanhã haverá sempre mais gomas, se lá chegarem depois da dificuldade da dor de barriga quase fatal.
Na escola adquirem-se conhecimentos técnicos para resolver os problemas das organizações e promover a geração de valor, mas, cada vez mais, convencem as pessoas da inutilidade da literatura ou da filosofia. Pensar é perda de tempo, que a vida vai demasiado rápida para se desperdiçar o prazer imediato, enquanto se pensa o futuro. Ser deixou de ter qualquer importância ao lado do ter todo poderoso.
Por tudo isto, mais vale sem enganado desde que não doa, a ter as dores da verdade. Dos que não pensam é o reino dos céus, para que a alguns possa ser dado o privilégio do céu na terra.
Mas a economia é complexa, na verdade, porque tem por objetivo a geração de valor, o crescimento e não a satisfação das necessidades gerais. Segundo a doutrina dominante a natureza dos homens é a ganância.
E os resultados da reflexão pós revolução industrial e algumas guerras (o Estado Social nas suas várias dimensões de Segurança Social, Educação e Saúde para todos) são agora postos em causa pelas forças da ganância. Mais lamentável do que tentem fazer isso, é não haver uma exposição séria, adulta das realidades por parte dos que não alinham no pensamento da ganância dominante. Possuídos que também estão da ideia da facilidade, procuram ignorar a realidade e não a discutir com profundidade, atirando populisticamente com os argumentos da espuma da facilidade, convencidos que é dessa forma que chegam ao poder. Até poderiam chegar em tese, mas de nada lhes serviria porque teriam também de desdizer o que prometeram.
em http://blogs.reuters.com/jackshafer/2012/10/09/why-we-vote-for-liars/
E a ser assim, a democracia corre perigo e o populismo pode muito bem resultar. As coisas não são fáceis, mas a educação reinante diz que tudo tem de ser fácil. Por isso se inventaram as escadas rolantes e as compras a crédito.As primeiras engordam-nos, as segundas emagrecem-nos, mas a lógica é comum: à primeira vista facilitam-nos a vida. As consequências só vêem depois. E a lógica dominante é vivermos tudo como se tivéssemos chegado ao dia final. De momento satisfaz, depois pode doer.
O populismo é uma linguagem infantil que nos leva ao mundo do tudo ser possível. O sistema infantilizou as pessoas, destreinou-as de pensar que têm futuro e que, por isso, a mensagem é que podem comer o saco das gomas todo de seguida sem poupar para o próximo dia. Amanhã haverá sempre mais gomas, se lá chegarem depois da dificuldade da dor de barriga quase fatal.
Na escola adquirem-se conhecimentos técnicos para resolver os problemas das organizações e promover a geração de valor, mas, cada vez mais, convencem as pessoas da inutilidade da literatura ou da filosofia. Pensar é perda de tempo, que a vida vai demasiado rápida para se desperdiçar o prazer imediato, enquanto se pensa o futuro. Ser deixou de ter qualquer importância ao lado do ter todo poderoso.
Por tudo isto, mais vale sem enganado desde que não doa, a ter as dores da verdade. Dos que não pensam é o reino dos céus, para que a alguns possa ser dado o privilégio do céu na terra.
Mas a economia é complexa, na verdade, porque tem por objetivo a geração de valor, o crescimento e não a satisfação das necessidades gerais. Segundo a doutrina dominante a natureza dos homens é a ganância.
E os resultados da reflexão pós revolução industrial e algumas guerras (o Estado Social nas suas várias dimensões de Segurança Social, Educação e Saúde para todos) são agora postos em causa pelas forças da ganância. Mais lamentável do que tentem fazer isso, é não haver uma exposição séria, adulta das realidades por parte dos que não alinham no pensamento da ganância dominante. Possuídos que também estão da ideia da facilidade, procuram ignorar a realidade e não a discutir com profundidade, atirando populisticamente com os argumentos da espuma da facilidade, convencidos que é dessa forma que chegam ao poder. Até poderiam chegar em tese, mas de nada lhes serviria porque teriam também de desdizer o que prometeram.
terça-feira, outubro 09, 2012
Soprar, soprar
Não discute adjetivos, nem substantivos diria eu.
Num dia é a TSU que tudo resolve, depois é um enorme aumento de impostos, mais à frente talvez não seja enorme, quem sabe só grandito se reduzirmos na despesa. Qual a que vamos pagar (saúde, educação, etc) pagando os seus amigos menos impostos enormes?
O desgoverno vai grande, à deriva. Cabe-nos a nós soprar as velas que eles à deriva já rodopiam. Só mais um esforço expiratório e já não piam mais.
Num dia é a TSU que tudo resolve, depois é um enorme aumento de impostos, mais à frente talvez não seja enorme, quem sabe só grandito se reduzirmos na despesa. Qual a que vamos pagar (saúde, educação, etc) pagando os seus amigos menos impostos enormes?
O desgoverno vai grande, à deriva. Cabe-nos a nós soprar as velas que eles à deriva já rodopiam. Só mais um esforço expiratório e já não piam mais.
Vitória
Mais seis anos.
Digam que foi a vitória mais escassa de sempre, que o opositor progrediu bastante, digam o que lhes apetecer, ele venceu. E têm vencido os venezuelanos mais pobres ao longo destes anos.
Digam que foi a vitória mais escassa de sempre, que o opositor progrediu bastante, digam o que lhes apetecer, ele venceu. E têm vencido os venezuelanos mais pobres ao longo destes anos.
segunda-feira, outubro 08, 2012
Um tédio enorme, o maior tédio
A suprema realização de alguns governantes seria não ter povo, mas apenas a maior folha excel do planeta. Isso, despedir o povo, pela emigração, pela aniquilação se necessário, para acabar com tudo o que pudesse por em causa a construção dos belos cálculos da folha de excel. As olheiras cada dia maiores pela falta de dormir, mas o objetivo quase alcançado. Os incrementos da receita, as reduções da despesa e voilà, o saldo positivo sempre a crescer, todos os anos. Realizados, preparam-se para avaliar a realização de tão magnífico orçamento com um enorme aumento de impostos. Estava nisto, entretido o ministro e mais alguns seus acólitos superinteligentes, quando alguém lhes disse baixinho olhem que já não há povo, o país acabou. Merda, logo agora que a nossa superinteligência tinha produzido cálculos tão brilhantes! Para que serviu tanto trabalho perfeito, tantas horas de sono desperdiçado. Sem dúvida, esta gentinha ignorante que parecia tão bem comportada, o melhor povo do mundo, não merece tais governantes tão inteligentes.
Que não os merece é verdade, falta só que os dispense. Até pode ser com carta de recomendação dirigida à patroa alemã para que lhes dê trabalho por lá.
Que não os merece é verdade, falta só que os dispense. Até pode ser com carta de recomendação dirigida à patroa alemã para que lhes dê trabalho por lá.
domingo, outubro 07, 2012
Canções
No meio das arrumações sempre encontramos dentro da pilha dos esquecidos alguma coisa que faz parar. Parar para relembrar e gozar o que afinal ainda não mudou. Desta vez encontrei «Canções com História» e fiquei ali a ouvi-las. No país do desencanto, recordei o que foi um país encantado e cantado. Lá estava a Trova do vento que passa
(Mesmo na noite mais triste
em tempos de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não)
A cantiga para os que partem
(Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão...)
O que faz falta
(o que faz falta é avisar a malta
o que faz falta
o que faz falta é dar poder à malta
o que faz falta)
e outras tantas outras com que se passa uma boa parte da tarde. Há algo que foi interrompido mas sempre está pronto a ser retomado, porque há mais canções a fazer.
(Mesmo na noite mais triste
em tempos de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não)
A cantiga para os que partem
(Este parte, aquele parte
e todos, todos se vão...)
O que faz falta
(o que faz falta é avisar a malta
o que faz falta
o que faz falta é dar poder à malta
o que faz falta)
e outras tantas outras com que se passa uma boa parte da tarde. Há algo que foi interrompido mas sempre está pronto a ser retomado, porque há mais canções a fazer.
sexta-feira, outubro 05, 2012
Para a galé
Versos de José João Cochofel
"Sem frases de desânimo,
Nem complicações de alma,
Que o teu corpo agora fale,
Presente e seguro do que vale.
Pedra em que a vida se alicerça,
Argamassa e nervo,
Pega-lhe como um senhor
E nunca como um servo.
Não seja o travor das lágrimas
Capaz de embargar-te a voz;
Que a boca a sorrir não mate
Nos lábios o brado de combate.
Olha que a vida nos acena
Para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
Que o espelho da vida nos escuta."
CANTA
CAMARADA
CANTA
Andam escondidos na galé os ratos devorando o que resta no fundo dos porões. Escondidos porque o mar começa a ficar revolto, as ondas altas e cada vez mais frequentes. Julgavam-se abrigados mas a fúria grita mais forte e já lhes invade o esconderijo. O grito é, para a galé com eles, que foi esse o caminho que escolheram.
É impossível passar ao lado da tempestade que se vai levantando e a bem ou a mal se abrirão os palácios ao povo. (Eu adoro esta linguagem retro do futuro)
"Sem frases de desânimo,
Nem complicações de alma,
Que o teu corpo agora fale,
Presente e seguro do que vale.
Pedra em que a vida se alicerça,
Argamassa e nervo,
Pega-lhe como um senhor
E nunca como um servo.
Não seja o travor das lágrimas
Capaz de embargar-te a voz;
Que a boca a sorrir não mate
Nos lábios o brado de combate.
Olha que a vida nos acena
Para além da luta.
Canta os sonhos com que esperas,
Que o espelho da vida nos escuta."
CANTA
CAMARADA
CANTA
Andam escondidos na galé os ratos devorando o que resta no fundo dos porões. Escondidos porque o mar começa a ficar revolto, as ondas altas e cada vez mais frequentes. Julgavam-se abrigados mas a fúria grita mais forte e já lhes invade o esconderijo. O grito é, para a galé com eles, que foi esse o caminho que escolheram.
É impossível passar ao lado da tempestade que se vai levantando e a bem ou a mal se abrirão os palácios ao povo. (Eu adoro esta linguagem retro do futuro)
quinta-feira, outubro 04, 2012
De desculpas já estou farto...
O Sporting perde e o presidente vem pedir desculpa aos sócios. No parlamento, Seguro pede a Passos que peça desculpa aos portugueses. Subitamente anda toda a gente a pedir desculpa e um destes dias teremos mesmo que pôr os portugueses que elegeram estes governantes a pedir desculpa aos que, prudentes, o não fizeram.
Mas atenção que pedir algo não é automaticamente obter oque foi pedido. Carece da aceitação do recetor do pedido. E se o pedido não for aceite? Deve ter sido por isso que o senhor PM não pediu desculpa. Está à espera que se lhe diga, ponha-se a andar daqui para fora, emigre... sem pedidos de desculpa. Já faltou mais, não é?
Mas há que etr cuidado com as alternativas que se escolhem para que não seja necessário, em breve, voltar a pedir desculpa.
Mas atenção que pedir algo não é automaticamente obter oque foi pedido. Carece da aceitação do recetor do pedido. E se o pedido não for aceite? Deve ter sido por isso que o senhor PM não pediu desculpa. Está à espera que se lhe diga, ponha-se a andar daqui para fora, emigre... sem pedidos de desculpa. Já faltou mais, não é?
Mas há que etr cuidado com as alternativas que se escolhem para que não seja necessário, em breve, voltar a pedir desculpa.
Inquietação
Compro o bilhete de cinema no telefone. Chego a sala e só encostar o telemóvel num retângulo vermelho e tudo fica validado. Entro e vejo a fita tranquilamente semi-encantado com a facilidade. No átrio da sala verifico que existem mais umas maquinas automáticas dispensadoras de bilhetes. Este mundo cada vez mais perfeito e mágico. Nele, os bilheteiros, poderiam ganhar algum tempo de lazer. Contudo, o mais provável e que percam o emprego ou fiquem, exclusivamente, a vender pipocas. Ou passem a fazer maquinas de vender bilhetes.
Um pouco inquietante, perturbador da tranquilidade que me apetecia ter quando fui ver o ultimo filme do Woody Allen.
Já nem nas pausas de lazer se pode estar sossegado.
segunda-feira, outubro 01, 2012
A fábula do modelo fabuloso
Imagine-se um modelo de desenvolvimento em que uma minoria, durante 10 anos, consegue, liderando com os seus saberes os processos, crescer a um ritmo de 10 por cento ao ano. Números redondos no fim do período o seu valor foi acrescentado para o dobro. Na mesma altura, uma esmagadora maioria, aproveitando o modelo que criaram os líderes, cresceu a 1 por cento ao ano, porque sempre do crescimento aproveitam os súbditos. Curiosamente, a riqueza produzida (a que permitiu o crescimento de 10% e o seu benefício de 1%) saiu-lhes do trabalho dos seus braços. Como paga cresceram em 10 anos o que os outros cresceram num ano. E todos ficaram mais ricos, uns 10 por cento, outros 10 vezes mais...
Acontece que o mundo dá muitas voltas e ao fim dos 10 anos se concluiu pela insustentabilidade do modelo tão genialmente criado e se levanta a questão de saber que fazer ao défice criado nesses 10 anos. Agora é preciso pagar!
Como se organiza o pagamento?
Parece que não vale a pena cobrar à minoria que cresceu a 10 por cento ao ano. Enganaram-se, mas foram eles que fizeram crescer os outros e já gastaram uma parte substancial do que foi ganho. Por isso, a justiça manda que seja a maioria que cresceu excessivamente a 1%, quem deve pagar a fatura. Até porque a receita do crescimento da minoria se esfumou nos tempos e é «irrecuperável».
No final, nem sequer é necessário que alguém vá preso, porque tudo está bem quando acaba em bem. Vamos deixar que acabe ou vamos fazer a cobrança justa?
E, depois de feito o pagamento, vamos brincar de novo ao processo que faliu, porque este é o fabuloso modelo certo de desenvolvimento. Este é um modelo superinteligente, que os ignorantes não conseguem entender. Que gente ingrata que não segue os iluminados líderes!
Acontece que o mundo dá muitas voltas e ao fim dos 10 anos se concluiu pela insustentabilidade do modelo tão genialmente criado e se levanta a questão de saber que fazer ao défice criado nesses 10 anos. Agora é preciso pagar!
Como se organiza o pagamento?
Parece que não vale a pena cobrar à minoria que cresceu a 10 por cento ao ano. Enganaram-se, mas foram eles que fizeram crescer os outros e já gastaram uma parte substancial do que foi ganho. Por isso, a justiça manda que seja a maioria que cresceu excessivamente a 1%, quem deve pagar a fatura. Até porque a receita do crescimento da minoria se esfumou nos tempos e é «irrecuperável».
No final, nem sequer é necessário que alguém vá preso, porque tudo está bem quando acaba em bem. Vamos deixar que acabe ou vamos fazer a cobrança justa?
E, depois de feito o pagamento, vamos brincar de novo ao processo que faliu, porque este é o fabuloso modelo certo de desenvolvimento. Este é um modelo superinteligente, que os ignorantes não conseguem entender. Que gente ingrata que não segue os iluminados líderes!
domingo, setembro 30, 2012
''Borges(sos)''
Há este tipo de psicóticos, professores iluminados que sabem tudo e que sentem uma imensa azia quando minimamente contrariados. Mas por que não fazem exatamente como eles ensinam a fazer? Tudo o mais são ignorantes que os não merecem.
Estes tipos são além de ridículos, perigosos. Porque estão muitas vezes em lugares de decisão onde as consequências dos seus atos são pagas por todos nós.
Estes tipos são além de ridículos, perigosos. Porque estão muitas vezes em lugares de decisão onde as consequências dos seus atos são pagas por todos nós.
sábado, setembro 29, 2012
Apoio
Por azar não tenho encontrado o Miguel nos corredores do hospital. Geralmente são cruzamentos simpáticos com sorrisos, breves, de alguma cumplicidade sem grande substância. Mas azar porque é nestas alturas que me apetecia dar-lhe o apoio que merece.
Nesta terra sempre gostamos de fazer as coisas às escondidas, desreguladas, ao livre arbítrio dos poderes dos poderosos e negamos o poder da regulação por critérios objetivos, porque se perdem uns poderzinhos nesta segunda forma de fazer. E o que fizeram na comissão foi apenas dar transparência ao que se faz às escondidas e logo veio a vozearia habitual acusá-los de quase criminosos. E o grande comandante médico veio instaurar um processo porque os médicos não podem pensar pela sua cabeça numa defesa de uma virgindade que se sabe há muito perdida. Gostamos de viver de mitos e ilusões. Temos aversão à transparência. O silêncio é a alma do negócio.
Uma comissão decide, por unanimidade, e tem que ouvir esta gente. A minha pouco valiosa solidariedade Miguel. mas é quase um imperativo ético.
Nesta terra sempre gostamos de fazer as coisas às escondidas, desreguladas, ao livre arbítrio dos poderes dos poderosos e negamos o poder da regulação por critérios objetivos, porque se perdem uns poderzinhos nesta segunda forma de fazer. E o que fizeram na comissão foi apenas dar transparência ao que se faz às escondidas e logo veio a vozearia habitual acusá-los de quase criminosos. E o grande comandante médico veio instaurar um processo porque os médicos não podem pensar pela sua cabeça numa defesa de uma virgindade que se sabe há muito perdida. Gostamos de viver de mitos e ilusões. Temos aversão à transparência. O silêncio é a alma do negócio.
Uma comissão decide, por unanimidade, e tem que ouvir esta gente. A minha pouco valiosa solidariedade Miguel. mas é quase um imperativo ético.
quinta-feira, setembro 27, 2012
E a história continua
Estar fora contém os riscos de não ter assistido a bons momentos cá dentro. Ouvidos de longe ficam mais ténues as emoções, mesmo quando se adivinham alguns renascimentos. Literalmente, parecia andar tudo aos berros como sempre deve acontecer nas casas onde o pão escasseia. Felizmente, não houve tempo para ir comentando os rumores. Lá fora, Portugal é um sussurro bem distante. Chegado a 15, foi o motorista do táxi que nos foi dizendo que lhe parecia que havia uma revolução. Sempre exagerados estes motoristas.
Andei perdido pelos caminhos da ética e da natureza de que todos somos feitos. Continuo perdido, mas à procura. Na ida os jornais espanhóis falavam da tristeza do Cristiano Ronaldo. O jovem anda triste e as causas do tédio são ocultas, como ocultos são os negócios (os dele e os dos outros) que têm por alma, o segredo. E são assim todos os negócios. Corrupto não é não fazer o ato proibido, porque já se é quando se faz sem a interdição do ato. E não pagar impostos é tão bom, não é? Mas a lista não acaba aí...
Miami confirma a ideia, na exuberância dos corpos, na sonoridade, na languidez do néon noite avançada. Passam Rolls Royce na Collins enquanto deitados nos cartões os contemplam alguns descartáveis nos jardins na câmara ardente das noites que se sucedem aos dias. Quanto caminho andado até aqui! Quanta natureza «humana»! Há uma ilha onde moraram mafiosos. E agora, quem mora lá? Alguns são celebridades... que a linguagem sempre vai mudando.
As visitas seguintes às cidades devolvem-me sempre diferentes paisagens depois de passada a necessidade de conhecer o imediatamente desconhecido. Mais ou menos, chego à conclusão que as cidades americanas são todas iguais. Uma extensão vasta de casas de madeira com uma ereção central de betão do distrito financeiro. A linha do céu a tentar fazer esquecer o inferno das periferias. Miami tem a Calle 8, onde cubanos se sentem americanos, perdido que foi o grande orgulho de terem um país diferente ali bem perto. Sentem-se bem, deixai-os estar e assim estivessem todos de um lado e do outro do mar. Por preconceito, se calhar, acho mais bonitos os de além mar.
Uns dias de vadiagem pela praia, pela recordação de Coral Gables e pelo Bayside, as compras feitas, já apetecia fazer a «inutilidade» dos 200 km até Key West. Um lugar especial povoado pelo fantasma de Hemingway, a proximidade presente de Cuba e o ritual do pôr do sol num fim de tarde de calor úmido.
Finalmente, a Disney em Orlando para arregalar os olhos a um puto giro de 9 meses e tal. Uns olhos que olham mesmo que ainda não vejam, que nós só vemos o que recordamos e ali o olhado é instantâneo. Colorido e sonoro. Tudo seguido com grande atenção. Afinal, até os adultos não desgostam do folclore da magia.
Orlando original visitada à noite por indicação de um velho guia. Church Street Station ou o som e a luz do Cais do Sodré do outro lado do mar. A América oculta sempre à mostra.
E o regressar mais longo porque o piloto da Ibéria teve um achaque e os humanos também erram. Miami-Lisboa em 24 horas.
E à chegada ainda o rescaldo do anúncio de que a história ainda não acabou e se a soubermos continuar o fim será bonito, pá! Já o tem sido algumas vezes, embora com reveses a seguir, mas o caminho está aí na procura do sol que há-de um dia nascer. Até porque não vale a pena ser de outra maneira...
Andei perdido pelos caminhos da ética e da natureza de que todos somos feitos. Continuo perdido, mas à procura. Na ida os jornais espanhóis falavam da tristeza do Cristiano Ronaldo. O jovem anda triste e as causas do tédio são ocultas, como ocultos são os negócios (os dele e os dos outros) que têm por alma, o segredo. E são assim todos os negócios. Corrupto não é não fazer o ato proibido, porque já se é quando se faz sem a interdição do ato. E não pagar impostos é tão bom, não é? Mas a lista não acaba aí...
Miami confirma a ideia, na exuberância dos corpos, na sonoridade, na languidez do néon noite avançada. Passam Rolls Royce na Collins enquanto deitados nos cartões os contemplam alguns descartáveis nos jardins na câmara ardente das noites que se sucedem aos dias. Quanto caminho andado até aqui! Quanta natureza «humana»! Há uma ilha onde moraram mafiosos. E agora, quem mora lá? Alguns são celebridades... que a linguagem sempre vai mudando.
As visitas seguintes às cidades devolvem-me sempre diferentes paisagens depois de passada a necessidade de conhecer o imediatamente desconhecido. Mais ou menos, chego à conclusão que as cidades americanas são todas iguais. Uma extensão vasta de casas de madeira com uma ereção central de betão do distrito financeiro. A linha do céu a tentar fazer esquecer o inferno das periferias. Miami tem a Calle 8, onde cubanos se sentem americanos, perdido que foi o grande orgulho de terem um país diferente ali bem perto. Sentem-se bem, deixai-os estar e assim estivessem todos de um lado e do outro do mar. Por preconceito, se calhar, acho mais bonitos os de além mar.
Uns dias de vadiagem pela praia, pela recordação de Coral Gables e pelo Bayside, as compras feitas, já apetecia fazer a «inutilidade» dos 200 km até Key West. Um lugar especial povoado pelo fantasma de Hemingway, a proximidade presente de Cuba e o ritual do pôr do sol num fim de tarde de calor úmido.
Finalmente, a Disney em Orlando para arregalar os olhos a um puto giro de 9 meses e tal. Uns olhos que olham mesmo que ainda não vejam, que nós só vemos o que recordamos e ali o olhado é instantâneo. Colorido e sonoro. Tudo seguido com grande atenção. Afinal, até os adultos não desgostam do folclore da magia.
Orlando original visitada à noite por indicação de um velho guia. Church Street Station ou o som e a luz do Cais do Sodré do outro lado do mar. A América oculta sempre à mostra.
E o regressar mais longo porque o piloto da Ibéria teve um achaque e os humanos também erram. Miami-Lisboa em 24 horas.
E à chegada ainda o rescaldo do anúncio de que a história ainda não acabou e se a soubermos continuar o fim será bonito, pá! Já o tem sido algumas vezes, embora com reveses a seguir, mas o caminho está aí na procura do sol que há-de um dia nascer. Até porque não vale a pena ser de outra maneira...
quarta-feira, agosto 29, 2012
Estão a chegar de férias
De vómito continua a vida à beira-mar no tal país que foi e só a autocensura evita um discurso escatológico que apetecia.
Mas não vale a pena, porque estaria apenas a realçar o mau cheiro que esta gente exala.
Entretanto parece que uma empresa pública que dá lucro há dois anos vai ser concecionada a privados. Com que vantagens? Certamente, algumas.
Mas não vale a pena, porque estaria apenas a realçar o mau cheiro que esta gente exala.
Entretanto parece que uma empresa pública que dá lucro há dois anos vai ser concecionada a privados. Com que vantagens? Certamente, algumas.
terça-feira, agosto 28, 2012
Cães, gatos e velhos
A fotografia de corpo inteiro no café do bairro e o texto acompanhante: Carlos Alberto perdeu-se na sexta década da vida, vestia a roupa assim-assim, está sem documentos e provavelmente não consegue encontrar o caminho de volta a sua casa. Carlos Alberto terá possivelmente casa própria, vive sozinho e perdeu-se na conta dos dias e dos locais. Sem companhia.
Não é difícil encontrar nos candeeiros públicos ou mesmo noutro café da esquina a foto do cão ou do gato, desaparecido e a oferta de alvíssaras a quem os encontrar. Os donos sentem o vazio do seu abandono. Eram a sua companhia.
Semelhanças e diferenças nos dias que vão correndo onde aqui e além nos chovem cães, gatos e velhos.
Não é difícil encontrar nos candeeiros públicos ou mesmo noutro café da esquina a foto do cão ou do gato, desaparecido e a oferta de alvíssaras a quem os encontrar. Os donos sentem o vazio do seu abandono. Eram a sua companhia.
Semelhanças e diferenças nos dias que vão correndo onde aqui e além nos chovem cães, gatos e velhos.
terça-feira, agosto 21, 2012
Jogos de guerra
O jogo deve ter regras, sobretudo um limite de tempo para durar. A incerteza do resultado não pode manter-se sem uma expectativa de avaliação final do resultado.É necessário determinar o vencedor não permitindo a uma das partes prolongar o jogo até o resultado lhe ser favorável até porque, pode ser tão errada a sua tática, que apenas se agrava a derrota pela demora do fim do jogo. Neste momento jogam contra nós tentando a ilusão de uma vitória futura e, contra todos os indicadores de melhoria, vão continuando a estratégia da sua hipótese. Alguém vai ganhando pelo caminho. São os que têm de ser muito bem identificados para, se o resultado vier a ser o que tudo indica, pagarem cara a derrota no final. Há um tempo para a impiedade.
terça-feira, julho 31, 2012
Sem nome
Como diria o outro que se lixe a experiência, envelhecer, realmente, é mas é ter dor nas articulações... e não só.
Afinal, pouco se faz para estar velho. A não ser insistir em estar vivo.
Afinal, pouco se faz para estar velho. A não ser insistir em estar vivo.
sexta-feira, julho 27, 2012
Tudo explicado
Afinal havia uma explicação para as dúvidas de como sobreviver com uma reforma de apenas 10000 euros/mês. É que ainda há sogros bons de genros empreendedores de risco.
quinta-feira, julho 26, 2012
À deriva
Cada burro sua sentença, cada economista a sua verdade, mas o que é facto é que alguns podem expôr mais facilmente a sua que outros, ainda que, a história mostre, que muitas vezes era mentira a verdade exposta. Salva-se o euro, salva-se o dólar ou afunda-se tudo sem exceção, o que é facto é que nada é certo nem previsível, porque se está num mundo de fantasia, onde no final, ficará melhor quem tiver mais sorte. Não há qualquer meritocracia, nem estratégias superiores a outras, podendo todas as apostas ser válidas como no Euromilhões antes de saírem as bolas e a se estrelas. Para já, a sorte sai triunfante e como única hipótese desta ausência de estratégia e de ciência.
Verdade é que o gelo na Gronelândia derrete. Para azar dos ursos que ficam à deriva?
Verdade é que o gelo na Gronelândia derrete. Para azar dos ursos que ficam à deriva?
quarta-feira, julho 25, 2012
Apoiado!
De noite todos os gatos são pardos e depois de mortos todos os famosos, magníficos. Há uma tendência doentia para enaltecer as virtudes e ir a correr buscar o pano para limpar a porcaria. Como representantes do povo português, têm uma responsabilidade maior de não irem facilmente com as outras e ainda bem que assim o fizeram. De outra forma teria também sido mal representado.
No dia a dia vamos fazendo a nossa história ou até talvez seja o que fazemos que nos faz. Não vale a pena tentar apagar nada, porque o que somos é a soma de todas as coisas por que passamos. Estamos bem, estamos mal, ao que fizemos o devemos. E não vale retirar os erros das fotografias, a sua ausência só os torna mais evidentes e importantes no buraco que resta. Apesar de Salazar ser o «melhor político de sempre», quem ativamente com ele colaborou não me merece também admiração. Obrigado a quem resiste ao fácil e respeita a verdade da História!
domingo, julho 22, 2012
Doutores, professores e impostores
Uma leitura breve dos títulos dos diretores de serviço do hospital, permite constatar uma profusão de professores que não havia ainda recentemente. Até acho que a designação de Professor não terá, nas circunstâncias em que grande parte delas são obtidas, qualquer significado específico tradutor de competência especial, mas não deixa de ser curioso que, a partir de certa altura, tudo tenha passado a Professor, com Doutor por extenso e logo traduzido muitas vezes para PhD o que é outra coisa ainda mais fina. Depois do acontecido recentemente ao Sr. Relvas, imagino que o processo terá sido idêntico: tiveram equivalência, isto é, os cargos ocupados pela influência política muitas vezes deram-lhes equivalência curricular.
Quem não quer ser monge, não lhes veste o hábito. Afinal, em Bolonha, o melhor ainda será o esparguete.
Quem não quer ser monge, não lhes veste o hábito. Afinal, em Bolonha, o melhor ainda será o esparguete.
terça-feira, julho 17, 2012
História
Ali no meio do mundo ergue frágil os ramos ressequidos. A árvore velha e seca tem um encanto especial mesmo agora que mais não é que poleiro de cegonhas a ver o pôr do sol. Mas é muito mais que isso, é a sombra que foi durante muitos anos, o abrigo dos ninhos da passarada que por lá passou, até os ramos que cedeu às fogueiras que aqueceram os pastores nas noites frias. Tudo isso ela é, porque se é sempre a história do que se foi, independentemente da fragilidade aparente em que se possa estar. Há um encanto especial nas árvores que morrem de pé.
Ainda assim a história do que se foi é infinitamente mais consistente do que o futuro que talvez se venha a ser.
Ainda assim a história do que se foi é infinitamente mais consistente do que o futuro que talvez se venha a ser.
domingo, julho 15, 2012
Troica desavinda
Passos afirma que pagam todos. No dia seguinte, convida Seguro a fazer parte da solução. Seguro, diz que não é governo, eles que desembrulhem a situação. Portas, fica inseguro e contraria Passos: Esses malandros dos funcionários públicos... que é lá isso de comparar esses calanzeiros com trabalhadores do setor privado?
A troica estremece... insegura, vai a passo e as portas vão-se fechando.
Relvas emigrou em busca do conhecimento permanente e Cavaco foi de férias (definitivamente?)
Que futuro para esta troica em que apostaram 80% dos cidadãos deste país? Todos a contar não espingardas, mas votos. Quanto custa (votos) a sobretaxa, eis a questão.
Finalmente, temos o Bispo Marcelo a nomear ministros na homilia dominical e Jardim a reivindicar quatro cursos superiores com base na sua experiência de vida, isto é, de governo da Madeira. Pede para ser licenciado em Veterinária (o conceito em que tem os madeirenses!!), Biologia (a propósito da sua sobrevivência de dinossauro?), Informática (habilidades com as folhas de cálculo das finanças da Madeira?) e Astronomia (um político de outro mundo!) .
A troica estremece... insegura, vai a passo e as portas vão-se fechando.
Relvas emigrou em busca do conhecimento permanente e Cavaco foi de férias (definitivamente?)
Que futuro para esta troica em que apostaram 80% dos cidadãos deste país? Todos a contar não espingardas, mas votos. Quanto custa (votos) a sobretaxa, eis a questão.
Finalmente, temos o Bispo Marcelo a nomear ministros na homilia dominical e Jardim a reivindicar quatro cursos superiores com base na sua experiência de vida, isto é, de governo da Madeira. Pede para ser licenciado em Veterinária (o conceito em que tem os madeirenses!!), Biologia (a propósito da sua sobrevivência de dinossauro?), Informática (habilidades com as folhas de cálculo das finanças da Madeira?) e Astronomia (um político de outro mundo!) .
sexta-feira, julho 13, 2012
A mesma luta
A consulta de hoje foi a confirmação de que a luta é realmente comum. Finalmente, manifestam-se fartos. Fartos de andarem 200 km para virem fazer análises ao hospital. Fartos de não terem transportes. Fartos de não terem médicos de família. Fartos de pagarem consultas. Fartos de lhes terem acabado com as isenções. Fartos... dizem, os senhores fizeram muito bem!
Parece, finalmente, que o adversário está bem identificado. Falta encostá-lo às cordas, derrotá-lo, deitá-lo ao tapete. Mas já não falta tudo.
Parece, finalmente, que o adversário está bem identificado. Falta encostá-lo às cordas, derrotá-lo, deitá-lo ao tapete. Mas já não falta tudo.
segunda-feira, julho 09, 2012
População e médicos, a mesma luta
A resistência à tentação corporativa é agora mais importante do que nunca. É preciso ter abertura de espírito para emendar erros e definir uma estratégia clara de que o pretendido é criar melhor saúde para a população e ao mais baixo custo. A especificidade desta área é que não tem que haver conflitualidade de interesses entre doentes e prestadores, devendo ambos concorrer, num sistema eficiente, no mesmo sentido.
Isso implica, antes do mais, ter em conta a mudança da epidemiologia da saúde e a verificação da importância crescente das doenças crónicas, onde como hoje mais uma vez foi salientado, os cuidados devem ser centrados no doente. Isto é, são eles que devem passar a ser os proprietários dos médicos e não estes que têm os seus doentes. De uma vez por todas, a abominável expressão «o meu doente» deve desaparecer da linguagem dos médicos. São os médicos das várias especialidades, com conhecimentos diversos, que devem procurar entreajudar-se e criar um processo de atuação que resolva o problema do doente específico. É fundamental acabar com doenças bonitas e feias, é imprescindível que quem não sabe resolver, saiba pedir ajuda aos colegas e não tente substituir-se a eles. A comunicação e a transparência de dados e resultados é absolutamente fundamental neste processo.
Da parte dos governos, espera-se a responsabilização para assumir este processo e não a desresponsabilização, a cedência de competências do Estado e mesmo o contributo para a criação de negócios que só beneficiarão alguns e implicarão a criação de cuidados mais caros para o contribuinte pelos impostos ou pelos seguros que terão que contratar.
Não será mais possível manter cuidados em que não há integração entre os cuidados primários e os hospitalares e dentro dos hospitais entre os seus «serviços». O doente no centro da questão é o fim de toda esta estrutura organizativa que serve apenas os prestadores ao dar-lhes títulos para uso individual nas placas dos consultórios e pouco mais.
Organizar um Serviço Nacional de Saúde articulado envolvendo os vários níveis com o apoio das novas tecnologias e uma planificação global de cuidados é o caminho, mostrando com clareza que a Saúde não é um negócio que possa ser deixado à solta nos jogos do mercado. Quem quiser investir a nível privado que o faça, mas por sua conta e risco. Separem-se as águas e haja concorrência, não subsidiação direta ou indireta dos privados pelo sistema público. Não se subfinancie cronicamente o público, para afirmar o seu custo excessivo. Comparem-se custos de sistemas diferentes como vários modelos europeus e os americanos e vejam-se os resultados. Depois faça-se uma escolha esclarecida.
Nisto tudo tem que se fazer uma opção clara: a saúde deve ser paga pelos doentes ou por todos, por estarmos solidariamente empenhados na sua promoção? Há muito se percebeu que ter uma população saudável é um ativo da sociedade e não necessariamente uma despesa. Avance-se pela via certa ou desperdice-se o dinheiro dos contribuintes. Mas não se peça aos médicos que, no curto prazo, não aproveitem as oportunidades que a ineficiência cria.
Um sistema capaz, competente e eficiente será necessariamente um que procura ter nas suas fileiras os melhores médicos e enfermeiros. Procurar mão-de-obra barata numa situação destas apenas terá um resultado, diversão da qualidade para fora do sistema público, deterioração do funcionamento do setor público, ruína deste setor a curto-prazo e pujança crescente do anémico setor privado. Mas isso vai trazer custos muito elevados para a população. Esta é a realidade que alia conjunturalmente prestadores de cuidados e doentes do mesmo lado do combate. Assim o consigam perceber.
Isso implica, antes do mais, ter em conta a mudança da epidemiologia da saúde e a verificação da importância crescente das doenças crónicas, onde como hoje mais uma vez foi salientado, os cuidados devem ser centrados no doente. Isto é, são eles que devem passar a ser os proprietários dos médicos e não estes que têm os seus doentes. De uma vez por todas, a abominável expressão «o meu doente» deve desaparecer da linguagem dos médicos. São os médicos das várias especialidades, com conhecimentos diversos, que devem procurar entreajudar-se e criar um processo de atuação que resolva o problema do doente específico. É fundamental acabar com doenças bonitas e feias, é imprescindível que quem não sabe resolver, saiba pedir ajuda aos colegas e não tente substituir-se a eles. A comunicação e a transparência de dados e resultados é absolutamente fundamental neste processo.
Da parte dos governos, espera-se a responsabilização para assumir este processo e não a desresponsabilização, a cedência de competências do Estado e mesmo o contributo para a criação de negócios que só beneficiarão alguns e implicarão a criação de cuidados mais caros para o contribuinte pelos impostos ou pelos seguros que terão que contratar.
Não será mais possível manter cuidados em que não há integração entre os cuidados primários e os hospitalares e dentro dos hospitais entre os seus «serviços». O doente no centro da questão é o fim de toda esta estrutura organizativa que serve apenas os prestadores ao dar-lhes títulos para uso individual nas placas dos consultórios e pouco mais.
Organizar um Serviço Nacional de Saúde articulado envolvendo os vários níveis com o apoio das novas tecnologias e uma planificação global de cuidados é o caminho, mostrando com clareza que a Saúde não é um negócio que possa ser deixado à solta nos jogos do mercado. Quem quiser investir a nível privado que o faça, mas por sua conta e risco. Separem-se as águas e haja concorrência, não subsidiação direta ou indireta dos privados pelo sistema público. Não se subfinancie cronicamente o público, para afirmar o seu custo excessivo. Comparem-se custos de sistemas diferentes como vários modelos europeus e os americanos e vejam-se os resultados. Depois faça-se uma escolha esclarecida.
Nisto tudo tem que se fazer uma opção clara: a saúde deve ser paga pelos doentes ou por todos, por estarmos solidariamente empenhados na sua promoção? Há muito se percebeu que ter uma população saudável é um ativo da sociedade e não necessariamente uma despesa. Avance-se pela via certa ou desperdice-se o dinheiro dos contribuintes. Mas não se peça aos médicos que, no curto prazo, não aproveitem as oportunidades que a ineficiência cria.
Um sistema capaz, competente e eficiente será necessariamente um que procura ter nas suas fileiras os melhores médicos e enfermeiros. Procurar mão-de-obra barata numa situação destas apenas terá um resultado, diversão da qualidade para fora do sistema público, deterioração do funcionamento do setor público, ruína deste setor a curto-prazo e pujança crescente do anémico setor privado. Mas isso vai trazer custos muito elevados para a população. Esta é a realidade que alia conjunturalmente prestadores de cuidados e doentes do mesmo lado do combate. Assim o consigam perceber.
sexta-feira, julho 06, 2012
Enfrasquilhado
Os jotinhas depois de crescido têm a escola toda. Um diz que ainda não leu o acórdão (isto é ainda não falou com o jota máximo nem com o Gaspar) o outro começa por dizer que o TC reconheceu a validade de sacrifícios extraordinários aplicados (como quem diz se me apetecer ainda levam mais). Uma ameaçazita dá sempre jeito para perturbar o inimigo, mas depois tem de cair na realidade e resta-lhe a vendetta (pois, à italiana que isto é mesmo assim): alargar a toda a gente.
Ele alargar a todos até alargaria, que a raiva foi imensa com a decisão. O problema é que o alargamento durante n anos vai colidir com coisas importantes como as eleições. O rapazola desta vez não irá fazer o que lhe apetece. Vai uma aposta?
E depois as brechas já começaram a aparecer. Está mesmo enfrasquilhado!
Ele alargar a todos até alargaria, que a raiva foi imensa com a decisão. O problema é que o alargamento durante n anos vai colidir com coisas importantes como as eleições. O rapazola desta vez não irá fazer o que lhe apetece. Vai uma aposta?
E depois as brechas já começaram a aparecer. Está mesmo enfrasquilhado!
quinta-feira, julho 05, 2012
INCONSTITUCIONAL
Pois é, eu já me tinha indignado a 10 de outubro de 2010
Os funcionários públicos foram discriminados em relação à generalidade da população ou seja foi criado um imposto que apenas os afecta a eles! Ao menos os impostos eram dantes iguais para todos, mas com esta proposta do Governo a coisa mudou. O que mais revolta não é o aumento dos impostos (se vivemos acima das posses alguma vez teremos de pagar), mas esta diferenciação entre portugueses de segunda e de primeira, pois bem mais equitativo seria que tivessem aumentado os impostos da generalidade da população, conseguindo-se dessa forma, possivelmente, que o nível mais baixo de vencimento sobre o qual incidiriam os impostos fosse não 1500 € por mês, mas algo mais elevado, ou reduzir a taxa de imposto a pagar por cada nível salarial. A receita para fazer face à dita crise até seria a mesma!!! Injusto também porque, na verdade, quem vai pagar desta vez a crise é apenas um subsector, que, com alta probabilidade, não foi quem contribuiu particularmente para o défice. Não há moralidade, por isso não pagam todos e, sobretudo, não paga quem o devia fazer.
Tinha também avisado a 13 de outubro 2012.
Foi mais um erro, uma trapalhada do governo, uma obediência ao Alá que os inspira. Espalharam-se!
Andávamos a necessitar de boas notícias.
Mas tivemos mais uma novidade, um Tribunal Constitucional que aceita suspender a Constituição durante um ano!
Os funcionários públicos foram discriminados em relação à generalidade da população ou seja foi criado um imposto que apenas os afecta a eles! Ao menos os impostos eram dantes iguais para todos, mas com esta proposta do Governo a coisa mudou. O que mais revolta não é o aumento dos impostos (se vivemos acima das posses alguma vez teremos de pagar), mas esta diferenciação entre portugueses de segunda e de primeira, pois bem mais equitativo seria que tivessem aumentado os impostos da generalidade da população, conseguindo-se dessa forma, possivelmente, que o nível mais baixo de vencimento sobre o qual incidiriam os impostos fosse não 1500 € por mês, mas algo mais elevado, ou reduzir a taxa de imposto a pagar por cada nível salarial. A receita para fazer face à dita crise até seria a mesma!!! Injusto também porque, na verdade, quem vai pagar desta vez a crise é apenas um subsector, que, com alta probabilidade, não foi quem contribuiu particularmente para o défice. Não há moralidade, por isso não pagam todos e, sobretudo, não paga quem o devia fazer.
Tinha também avisado a 13 de outubro 2012.
Foi mais um erro, uma trapalhada do governo, uma obediência ao Alá que os inspira. Espalharam-se!
Andávamos a necessitar de boas notícias.
Mas tivemos mais uma novidade, um Tribunal Constitucional que aceita suspender a Constituição durante um ano!
quarta-feira, julho 04, 2012
Bosão
Aos poucos Deus encolhe, mirra, perde o emprego da construção do Universo. Fica da dimensão dos nossos medos apenas. Entre Deus e os homens há uma relação inversamente proporcional.
terça-feira, julho 03, 2012
Sem necessidade
Continua a impressionar-me o tropismo dos jornalistas pelas não notícias e a sua olímpica passagem ao lado das notícias. Um relatório recente da OCDE não merece nos nossos jornais de referência duas linhas de texto. Em vez disso, falam de futebol, de campeões europeus de atletismo e (pasme-se a sem vergonha e ignorância) de despesismo na saúde. Depois de ler esta nota da OCDE, fica apenas uma ideia na minha cabeça sobre os cortes orçamentais na saúde. Como dizia o diácono, não havia necessidade!
Ou haverá alguma necessidade também oculta no país opaco.
O empreendedorismo privado na contratação de técnicos (novos manajeiros), as parcerias público-privadas e outros empreendedores poderão ter algo que ver com isto. Denunciá-lo era, apesar de tudo, bem mais útil do que vender papel à custa da denúncia de irregularidades bem menores
Ou haverá alguma necessidade também oculta no país opaco.
O empreendedorismo privado na contratação de técnicos (novos manajeiros), as parcerias público-privadas e outros empreendedores poderão ter algo que ver com isto. Denunciá-lo era, apesar de tudo, bem mais útil do que vender papel à custa da denúncia de irregularidades bem menores
segunda-feira, julho 02, 2012
Um país opaco
No sitio da CGA.pt:
2012-05-14
Consulta do pedido de aposentação
A funcionalidade que permitia obter informação atualizada sobre a tramitação e a duração estimada do processo de aposentação em curso foi descontinuada.
E em vez da transparência exigível, da ordenação publicamente afixada dos pedidos e concessões de reforma, subitamente e sem qualquer explicação a afixação da notícia. Ninguém quer saber por que terá sido descontinuada? Eu gostava, porque a vida das pessoas deve ter um planeamento e nós pagamos impostos para sermos servidos pela administração, não para que esta crie opacidades obscuras, propiciadoras de arbitrariedades e fraudes várias, se não mesmo de corrupção.
Farto, fartíssimo da ausência de transparência, de não saber o que posso esperar para escolher informado, farto de saberes supremos e inacessíveis. Farto de boatos, de indícios, de possíveis golpes. Farto de pagar impostos para ter cada vez menos garantias na saúde, menos educação, mais atrasos nos tribunais, menos regras claras na administração. Farto da cultura de uns sábios que nos dominam com os seus poderzinhos. Farto também das notícias de corrupção dos políticos, quando ela anda em todo o lado, em tudo o que mexe e paralisa este país. Farto de jornalistas que deixam passar a vida real ao lado, para nos venderem as emoções passageiras das suas notícias sem impacto real na vida das pessoas, além da anestesia e diversão do importante que causam nas gentes.
Vivo num país opaco. Cansado.
2012-05-14
Consulta do pedido de aposentação
A funcionalidade que permitia obter informação atualizada sobre a tramitação e a duração estimada do processo de aposentação em curso foi descontinuada.
E em vez da transparência exigível, da ordenação publicamente afixada dos pedidos e concessões de reforma, subitamente e sem qualquer explicação a afixação da notícia. Ninguém quer saber por que terá sido descontinuada? Eu gostava, porque a vida das pessoas deve ter um planeamento e nós pagamos impostos para sermos servidos pela administração, não para que esta crie opacidades obscuras, propiciadoras de arbitrariedades e fraudes várias, se não mesmo de corrupção.
Farto, fartíssimo da ausência de transparência, de não saber o que posso esperar para escolher informado, farto de saberes supremos e inacessíveis. Farto de boatos, de indícios, de possíveis golpes. Farto de pagar impostos para ter cada vez menos garantias na saúde, menos educação, mais atrasos nos tribunais, menos regras claras na administração. Farto da cultura de uns sábios que nos dominam com os seus poderzinhos. Farto também das notícias de corrupção dos políticos, quando ela anda em todo o lado, em tudo o que mexe e paralisa este país. Farto de jornalistas que deixam passar a vida real ao lado, para nos venderem as emoções passageiras das suas notícias sem impacto real na vida das pessoas, além da anestesia e diversão do importante que causam nas gentes.
Vivo num país opaco. Cansado.
domingo, julho 01, 2012
Ritmo sinusal
Ir ao outro lado é começar por ter uma «colega» que protesta porque nunca mais a chamam nem lhe ligam para a vizinha (mesmo sem ela saber o telefone) e ver a diligência da assistente que ao fim de algum tempo lá lhe conseguiu contactar a irmã.
Ir ao outro lado é ser atendido no Balcão e depois de uns «exames» ouvir o colega dizer-lhe, tudo bem pode ir para casa tomar estes comprimidos (mesmo com o coração em excesso de velocidade a mais de 150). Logo a seguir (ainda há vantagens em estar nesta profissão) vem uma colega especialista que muda os planos, altera a medicação e me põe em observação .
Ir ao outro lado é ficar a olhar o gotejo da droga salvadora e tentar espreitar o seu efeito, já desconfiado do êxito pelas experiências anteriores. Enquanto as gotas caem, no grande salão branco, as conversas ocupam enfermeiros felizmente em dia de pouco trabalho. Comenta-se o corte do cabelo, as nuances que matizam o cabelo ruivo que encolheu depois do frisado e recorda-se o casório recente com marido atirado para a piscina e as fotos do corte do bolo já com ele em calças de ganga, t-shirt e havaianas e mais uns pormenores do que se (não) seguiu, mas que importa ele afinalaté nem é moço de bebedeiras, mas naquele dia (logo naquela noite) ficou em estado de disfunção. Até me pareceu que o que mais se lamentava era não ter a fotografia que queria mais tarde recordar, que aquilo de fatiar o bolo sem fato não era muito próprio.
Ir ao outro lado é, depois do falhanço das gotas, subir de nível até uma enfermaria, onde estão estacionados mais cinco «colegas», na média dos 80 anos e sentir, a par da simpatia do trato dos profissionais, o condicionamento das regras. Atado aos fios que registam o ritmo, nada de sair da cama nem para ir à casa de banho. Leio o Expresso e espreito o monitor que não desiste. Dão-me mais umas horas e comida (ao fim de quase meio dia até aquilo se come!). E mais conversas, para animar o princípio de noite, comentando a falta de futuro de alguns dos «colegas» que para ali estão, sem darem conta(será que não dão mesmo?) do espaço nem do tempo, esvaziando os edemas à custa do lasix e a «festa» do anúncio da gravidez já de 4 meses da enfermeira, e eu a pensar que estavas só mais gorda, rapariga.
Ir ao outro lado é chegar de manhã e ouvir a colega, acabada de levantar depois de uma noite santa, sentenciar, não deu, vai dormir um pouco e quando acordar estará tudo resolvido. Ok, pensei vamos lá a isso, que ainda quero ir hoje dar um mergulho. Hora e meia depois, estava regressado, espreitei o monitor e o ritmo era normal. Na pressa do regresso, um levantar mais rápido, fez que mal chegasse ao fim do corredor, os suores voltassem e depois de sentir o vento da correria feita numa cadeira, já só me lembro de ter acordado de pés no ar e cabeça para baixo, com muitas caras ansiosas lá em cima e de novo a confusão dos fios e aos poucos as notícias tranquilizadoras. Ritmo sinusal.
Ir ao outro lado, é continuar de pressão arterial baixa depois de quase 24 horas de cama e drogas, continuar com sensação de desfalecimento de cada vez que me levantava e sentir que tudo se poderia resolver com uma deslocação para obter um doce alívio. Finalmente, deixaram-me ir ao WC proibido pelos regulamentos e voltei novo.
Ir ao outro lado, foi perceber que além da técnica exemplar dos comportamentos, o mal-estar não está descrito nos livros de medicina nem nos cadernos de procedimentos. Há mais realidade para além disso.
Ir ao outro lado é ser atendido no Balcão e depois de uns «exames» ouvir o colega dizer-lhe, tudo bem pode ir para casa tomar estes comprimidos (mesmo com o coração em excesso de velocidade a mais de 150). Logo a seguir (ainda há vantagens em estar nesta profissão) vem uma colega especialista que muda os planos, altera a medicação e me põe em observação .
Ir ao outro lado é ficar a olhar o gotejo da droga salvadora e tentar espreitar o seu efeito, já desconfiado do êxito pelas experiências anteriores. Enquanto as gotas caem, no grande salão branco, as conversas ocupam enfermeiros felizmente em dia de pouco trabalho. Comenta-se o corte do cabelo, as nuances que matizam o cabelo ruivo que encolheu depois do frisado e recorda-se o casório recente com marido atirado para a piscina e as fotos do corte do bolo já com ele em calças de ganga, t-shirt e havaianas e mais uns pormenores do que se (não) seguiu, mas que importa ele afinalaté nem é moço de bebedeiras, mas naquele dia (logo naquela noite) ficou em estado de disfunção. Até me pareceu que o que mais se lamentava era não ter a fotografia que queria mais tarde recordar, que aquilo de fatiar o bolo sem fato não era muito próprio.
Ir ao outro lado é, depois do falhanço das gotas, subir de nível até uma enfermaria, onde estão estacionados mais cinco «colegas», na média dos 80 anos e sentir, a par da simpatia do trato dos profissionais, o condicionamento das regras. Atado aos fios que registam o ritmo, nada de sair da cama nem para ir à casa de banho. Leio o Expresso e espreito o monitor que não desiste. Dão-me mais umas horas e comida (ao fim de quase meio dia até aquilo se come!). E mais conversas, para animar o princípio de noite, comentando a falta de futuro de alguns dos «colegas» que para ali estão, sem darem conta(será que não dão mesmo?) do espaço nem do tempo, esvaziando os edemas à custa do lasix e a «festa» do anúncio da gravidez já de 4 meses da enfermeira, e eu a pensar que estavas só mais gorda, rapariga.
Ir ao outro lado é chegar de manhã e ouvir a colega, acabada de levantar depois de uma noite santa, sentenciar, não deu, vai dormir um pouco e quando acordar estará tudo resolvido. Ok, pensei vamos lá a isso, que ainda quero ir hoje dar um mergulho. Hora e meia depois, estava regressado, espreitei o monitor e o ritmo era normal. Na pressa do regresso, um levantar mais rápido, fez que mal chegasse ao fim do corredor, os suores voltassem e depois de sentir o vento da correria feita numa cadeira, já só me lembro de ter acordado de pés no ar e cabeça para baixo, com muitas caras ansiosas lá em cima e de novo a confusão dos fios e aos poucos as notícias tranquilizadoras. Ritmo sinusal.
Ir ao outro lado, é continuar de pressão arterial baixa depois de quase 24 horas de cama e drogas, continuar com sensação de desfalecimento de cada vez que me levantava e sentir que tudo se poderia resolver com uma deslocação para obter um doce alívio. Finalmente, deixaram-me ir ao WC proibido pelos regulamentos e voltei novo.
Ir ao outro lado, foi perceber que além da técnica exemplar dos comportamentos, o mal-estar não está descrito nos livros de medicina nem nos cadernos de procedimentos. Há mais realidade para além disso.
sábado, junho 30, 2012
Livro das citações
"Os banqueiros tornaram-se os maiores ladrões da história do mundo... a economia global nunca será recuperada enquanto for sangrada até à morte para resgatar balanços de fantasia de instituições e indivíduos cujas pirâmides de papel compram governos e fazem com que o roubo equivalha à produção económica".
Devinder Sharma
Devinder Sharma
quarta-feira, junho 27, 2012
Andar
Só há caminho, não há destino. Rumar para onde? Não, apenas remar. Perdidos. Elogiar o improviso e a sobrevivência é estratégia em vez da vida. Não planear, fazer. Adaptar o erro. Talvez o euromilhões um dia, que não acontece e nem se sabe porquê. Deus nos ajude. Mas ele não se manifesta, se calhar porque não existe. Que se pode pedir à ausência?
E logo o Cristiano poderá ser o seu representante na terra. Ou não, e será crucificado sem piedade nem ressurreição tão perto. Vira demônio depois de acertar noutro poste ou noutra trave.
Que chato eu não gostar de usar cachecóis.
E logo o Cristiano poderá ser o seu representante na terra. Ou não, e será crucificado sem piedade nem ressurreição tão perto. Vira demônio depois de acertar noutro poste ou noutra trave.
Que chato eu não gostar de usar cachecóis.
terça-feira, junho 26, 2012
Perguntas
Será que a Alemanha nos dá hoje alguma coisa sem a qual não pudéssemos sobreviver? Que tal deixar a formiga a trabalhar e nos recusarmos a comprar o produto de tanto «esforço»? De que lhes valerá produzir tanto se não houver umas cigarras a comprarem-lhes o produto? Quem precisa mais de quem?
Perguntas e mais perguntas... mas gostava de ver esta hipótese ensaiada.
Perguntas e mais perguntas... mas gostava de ver esta hipótese ensaiada.
domingo, junho 24, 2012
Da finitude
Cada árvore que seca é um alerta sobre a finitude das coisas. Cada uma leva anos a fazer a sombra sonhada, cada uma que interrompe o caminho, é parte da sombra que se adia e a certeza surge impiedosa, sim, não somos eternos. Temos que fazer da forma certa se quisermos ter a sombra desejada.
terça-feira, junho 19, 2012
O tempo perdido dos dias
O tempo perdido dos dias, que se escoa sem retorno nem regresso, escondendo a vida que não se recupera, enchendo a sensação de inutilidade que vamos tendo. De cada vez que acontece, mais um pouco fica o tédio deste tempo. Para onde se vai? Desde há muito que não há rumo, não há aquele horizonte onde o sol ia nascer e o tempo se encheu de nuvens opacas que nos tapam o amanhã. Marcamos passo e, como os ratos nas rodas das gaiolas, temos a sensação de movimento sem nos mexermos e ficamos, cada vez mais, exaustos. Por isso me perguntam, o que é que a gente há-de fazer, numa confissão de desesperança ilimitada. Já não há nada para esta gente que não gosta, mas não muda. Fica. Morre sem perder grande coisa, porque, no final das contas, nunca chegou a viver de verdade. Iludidos nos golos do génio da bola, pisam a buzina afirmando a vida que não têm. Ao menos, poderiam, como os mortos, dar-nos o ruído do silêncio.
Será que a França? Mas é apenas um aflorar na superfície das águas no desespero do naufrágio, esbraceja-se até que a vaga tudo engula. Possivelmente. Talvez um dia o big-bang.
Será que a França? Mas é apenas um aflorar na superfície das águas no desespero do naufrágio, esbraceja-se até que a vaga tudo engula. Possivelmente. Talvez um dia o big-bang.
sexta-feira, junho 15, 2012
Dias recentes
Depois de uma viagem rápida embalado pela «Máquina de fazer espanhóis», reencontrei Filadélfia na tarde de 8 de Junho depois da penosa espera que sempre é a entrada nos EUA. O medo do mundo mantém-se, desconfiados das pessoas, registam impressões digitais e fotografam-nos os olhos, como se tivéssemos alguma doença transmissível, pesquisando o vírus dos estrangeiros. De cada vez sinto que mereceriam que lá não fossemos.
Pelas ruas encontra-se o desleixo habitual agora salpicado por zombies a expelir o resto dos gases do Iraque e de outros lugares. Vagueiam perdidos na vida, procurando some change, numa mudança que não surge.
O contraponto é a capacidade de organizar e ter uma reunião como a da American Diabetes Association, que deixa a sensação de não valer a pena ir a outras para se estar atualizado no assunto. É a mesma sensação de não haver justificação de visitar mais igrejas depois de conhecer S Pedro.
Os fabulosos doentes portugueses, mais uma vez, me presentearam com sensações de boémia no Victor Café e o luxo do XIX e do Davio's. Pena, o vazio desacompanhado.
Ao longe a Espanha preocupou-os, mas a bolsa disparou; ao longe, fiquei feliz porque Portugal perdeu com a Alemanha, dando a esperança de que alguma coisa possa ser mais relevante que o futebol para que a Europa nos respeite ao contrário da sugestão de um miserável anúncio que aí anda.
Ainda houve tempo para contactar o passado tranquilo e camponês dos Amish numa volta pelo Lawrence Country. Os cavalos puxam charruas nos campos, as carroças correm no alcatrão e parece que não há wi-fi. Outras rotações num mundo de pressa. Por momentos, estive em fim de semana no Alentejo.
Na chegada o mesmo do costume. Se ganharem à Dinamarca, serão os maiores, se não, logo se ajustarão contas com o treinador e o outro que só joga no Real. Pronto, ganharam, aumentando os riscos da anestesia. Já ninguém fala do Relvas? Os costumes não serão tão brandos como se costuma pensar, mas, seguramente, dá-lhes forte, mas passa-lhes depressa.
A sensação que me fica é de não pertencer aqui nem lá, ou aqui e lá ao mesmo tempo. Tudo a que pertencemos são acasos a que mais ou menos nos prendemos.
Pelas ruas encontra-se o desleixo habitual agora salpicado por zombies a expelir o resto dos gases do Iraque e de outros lugares. Vagueiam perdidos na vida, procurando some change, numa mudança que não surge.
O contraponto é a capacidade de organizar e ter uma reunião como a da American Diabetes Association, que deixa a sensação de não valer a pena ir a outras para se estar atualizado no assunto. É a mesma sensação de não haver justificação de visitar mais igrejas depois de conhecer S Pedro.
Os fabulosos doentes portugueses, mais uma vez, me presentearam com sensações de boémia no Victor Café e o luxo do XIX e do Davio's. Pena, o vazio desacompanhado.
Ao longe a Espanha preocupou-os, mas a bolsa disparou; ao longe, fiquei feliz porque Portugal perdeu com a Alemanha, dando a esperança de que alguma coisa possa ser mais relevante que o futebol para que a Europa nos respeite ao contrário da sugestão de um miserável anúncio que aí anda.
Ainda houve tempo para contactar o passado tranquilo e camponês dos Amish numa volta pelo Lawrence Country. Os cavalos puxam charruas nos campos, as carroças correm no alcatrão e parece que não há wi-fi. Outras rotações num mundo de pressa. Por momentos, estive em fim de semana no Alentejo.
Na chegada o mesmo do costume. Se ganharem à Dinamarca, serão os maiores, se não, logo se ajustarão contas com o treinador e o outro que só joga no Real. Pronto, ganharam, aumentando os riscos da anestesia. Já ninguém fala do Relvas? Os costumes não serão tão brandos como se costuma pensar, mas, seguramente, dá-lhes forte, mas passa-lhes depressa.
A sensação que me fica é de não pertencer aqui nem lá, ou aqui e lá ao mesmo tempo. Tudo a que pertencemos são acasos a que mais ou menos nos prendemos.
quarta-feira, junho 06, 2012
NÃO HÁ PACIÊNCIA
É o que dá ser-se primeiro ministro num país sem serviços de informação capazes. Fica-se mal informado e na meditação dos gabinetes não se sente o pulsar das gentes. É que, na verdade, NÃO HÁ PACIÊNCIA!
Não há paciência para a virtude do desemprego crescente, não há paciência para a esquizofrenia da religião deste governo, não há paciência para ministros a discursarem a 15 rotações, não há paciência para assistir sentado à destruição do Serviço nacional de Saúde onde se propõe a contratação de médicos apenas pelo critério dos que forem mais baratos, não há paciência para a praça da jorna que a sua ignorância não imagina o que seja, não há paciência para continuar a ver as empresas a falir, não há paciência para contemplar o definhamento da economia, não há paciência para as miseráveis cantinas sociais, não há paciência para ver os advogados contorcionistas a brincarem à justiça inexistente, não há paciência para mais escolas a não ensinar, não há paciência para ver um governo que não governa, que esmaga, que mata com a sua ideologia fundamentalista um país.
Não há paciência para nos chamarem piegas, não há paciência para nos mandarem emigrar, não há paciência para nos darem a suprema oportunidade de estar desempregado.
Paciência já não há, mas ainda não chegou a impaciência, o que é diferente, mas não tardará.Atordoado o mar recua, antes da onda gigante chegar, senhor vá elogiar o raio que o parta e vai ser lindo quando ela cá chegar levando tudo à frente, sobretudo os seus discursos do elogio da paciência.
Não há paciência para a vossa cultura de uma cartilha lida à pressa, o vosso livrinho não sei de que cor será, por muito que o agitem, os seus dogmas não vão resolver nada. Simplesmente, sinto, que não há paciência. Acabou.
Não há paciência para a virtude do desemprego crescente, não há paciência para a esquizofrenia da religião deste governo, não há paciência para ministros a discursarem a 15 rotações, não há paciência para assistir sentado à destruição do Serviço nacional de Saúde onde se propõe a contratação de médicos apenas pelo critério dos que forem mais baratos, não há paciência para a praça da jorna que a sua ignorância não imagina o que seja, não há paciência para continuar a ver as empresas a falir, não há paciência para contemplar o definhamento da economia, não há paciência para as miseráveis cantinas sociais, não há paciência para ver os advogados contorcionistas a brincarem à justiça inexistente, não há paciência para mais escolas a não ensinar, não há paciência para ver um governo que não governa, que esmaga, que mata com a sua ideologia fundamentalista um país.
Não há paciência para nos chamarem piegas, não há paciência para nos mandarem emigrar, não há paciência para nos darem a suprema oportunidade de estar desempregado.
Paciência já não há, mas ainda não chegou a impaciência, o que é diferente, mas não tardará.Atordoado o mar recua, antes da onda gigante chegar, senhor vá elogiar o raio que o parta e vai ser lindo quando ela cá chegar levando tudo à frente, sobretudo os seus discursos do elogio da paciência.
Não há paciência para a vossa cultura de uma cartilha lida à pressa, o vosso livrinho não sei de que cor será, por muito que o agitem, os seus dogmas não vão resolver nada. Simplesmente, sinto, que não há paciência. Acabou.
terça-feira, junho 05, 2012
Finais
O fim do dia no dia em que surgem rumores que o fim dos dias de outros será bem mais negro e gelado. Faz agora um ano que chegaram «com pés de veludo» e, no fim deste tempo, começa a «manada» a manifestar intolerância para ser mais sugada. A ver vamos, dizem os cegos.
segunda-feira, junho 04, 2012
Um mês passou
Já passou mais de um mês desde a última vez que cá vim. Porquê? Porque tudo isto é um tédio de relvas mal cortadas, daninhas como o escalracho. Proliferam por mais que a enxada sobre ele desça e nem com forquilhas de dentes fortes e curvos é possível limpar a terra. Resta uma última opção, a guerra química, a liquidação total deste estado de coisas e recomeçar de novo em terra nova. Claramente, velho de mais para a migração, ando entre as gotas de água que não chove, recriando ilusórios ambientes de fertilidade que não existem nesta seca continuada dos dias.
Neste intervalo passei por Florença, uma senhora sempre digna, usada e velha, mas onde sempre se encontra nobreza. Lá houve tempos daquilo que vai ficar depois do tempo, o único bem sobrevivente, a arte. Não os donos da arte, que esses perecem por mais que afixem os nomes junto das oferendas, pois ninguém visitaria um museu para lhes ler os nomes, vamos lá para ver o que possuíram e reavermos aquilo que em dias nos usurparam, a arte.
E lá soube de uma festa que houve em França. Esta gente sempre acredita na mudança até que a mudança tem de novo que ser mudada, porque os tempos mudam e os que mudaram, sempre voltam ao modo antigo, igual e chato. Durante uns tempos, há uma esperança, porque essa é a última a morrer, mas depois a realidade é como o azeite e ascende triunfante.
Bom ver, que regressado, apesar da seca, as oliveiras não morreram todas. Até projetos de azeitonas já mostram para meu convencimento do sonho que nos leva. A realidade da economiazinha é desprezível junto ao sonho. É claro que as azeitonas compradas numa das casas dos merceeiros nacionais serão sempre mais baratas que estas hão-se ser, mas isso nada quer dizer. Estas têm momentos de vida, de plantação, rega, adubação, história, trabalho. Nem um momento de irrealidade, especulação. Ali tudo existe. Nada é religião de Angelas Doroteias ou de vítores com nome de magos.
Cada vez mais, só isso me compensa num desejo de retiro.
Neste intervalo passei por Florença, uma senhora sempre digna, usada e velha, mas onde sempre se encontra nobreza. Lá houve tempos daquilo que vai ficar depois do tempo, o único bem sobrevivente, a arte. Não os donos da arte, que esses perecem por mais que afixem os nomes junto das oferendas, pois ninguém visitaria um museu para lhes ler os nomes, vamos lá para ver o que possuíram e reavermos aquilo que em dias nos usurparam, a arte.
E lá soube de uma festa que houve em França. Esta gente sempre acredita na mudança até que a mudança tem de novo que ser mudada, porque os tempos mudam e os que mudaram, sempre voltam ao modo antigo, igual e chato. Durante uns tempos, há uma esperança, porque essa é a última a morrer, mas depois a realidade é como o azeite e ascende triunfante.
Bom ver, que regressado, apesar da seca, as oliveiras não morreram todas. Até projetos de azeitonas já mostram para meu convencimento do sonho que nos leva. A realidade da economiazinha é desprezível junto ao sonho. É claro que as azeitonas compradas numa das casas dos merceeiros nacionais serão sempre mais baratas que estas hão-se ser, mas isso nada quer dizer. Estas têm momentos de vida, de plantação, rega, adubação, história, trabalho. Nem um momento de irrealidade, especulação. Ali tudo existe. Nada é religião de Angelas Doroteias ou de vítores com nome de magos.
Cada vez mais, só isso me compensa num desejo de retiro.
quinta-feira, maio 03, 2012
Pós abril e maio
Era num misto de esperança e medo que diziam, naqueles tempos, esse é do contra, quase como se, o facto de os conhecerem, lhes pudesse pôr em risco alguma coisa. Esta gente sempre gostou de estar acomodada, cobardemente sossegada à espera da mudança. E a mudança chegou numa madrugada já distante, ou melhor, a esperança da mudança, porque o medo da mudança rapidamente gerou desconfiança relativamente aos que eram do contra e agora tinham mudado tudo. Aí a cobardia de mudar da maioria silenciosa procurou soluções que pouco mudam e assim tem sido já lá vão mais de 30 anos, uma geração, em que o alterne tem dominado e levou isto ao estado de coisas a que se chegou. Quero nesta altura dizer a esses que não querem mudar que ao menos parem de me enviar mensagens eletrónicas em que, alternadamente, vão dizendo mal, ora de uns ora dos outros e votam ora nos outros, ora nos uns rumo ao abismo, quando o caminho necessário é rumar para o futuro.
Chega de preguiça, de superficialidade, de pouco trabalho e de ser mediocremente do contra. Basta de ter medo de mudar! É tempo de ser do outro contra, a favor da esperança e das pessoas para que a primavera, ainda que tardia, possa florescer. E, é claro, que se lixe a santa economia, essa a liberal, porque, afinal, economias há muitas!
Chega de preguiça, de superficialidade, de pouco trabalho e de ser mediocremente do contra. Basta de ter medo de mudar! É tempo de ser do outro contra, a favor da esperança e das pessoas para que a primavera, ainda que tardia, possa florescer. E, é claro, que se lixe a santa economia, essa a liberal, porque, afinal, economias há muitas!
terça-feira, maio 01, 2012
Dia de quebrar as cadeias
Com manobras destas, de legalidade até duvidosa (dumping?), conseguem publicidade gratuita em horário de telejornal, mas acima de tudo maculam um dia que deveria ser de festa popular, convertendo-o em dia de consumo idiota.
São estes «donos de Portugal» que nos levaram onde estamos. É urgente despertar, identificar com rigor o poder político que os mantém e dar o chuto piedoso a uns e a outros. Não é de intermediários que necessitamos, mas de trabalho sério e produtivo.
Ouçamos e cantemos:
Ouçamos e cantemos:
quarta-feira, abril 11, 2012
MAC
São as pessoas e não os edifícios que fazem os centros de excelência. Edifícios excelentes não criam excelência se não tiverem as pessoas certas, mas edifícios deficientes limitam-na ainda que tenham as pessoas melhores.
Num edifício onde nascem bebés todos os dias, não é estranho que «mudança só a queiram os bebés que têm a fralda molhada» (M Twain)
domingo, abril 01, 2012
Pão e LIberdade
Há sorrisos que têm esperança, mesmo sem terem qualquer garantia que, o esperado, algum dia venha a chegar. Mas eram sorrisos generosos, enérgicos, conhecedores das dificuldades e que acreditavam. Hoje, vejo outros, mais esgares que sorrisos, feitos para serem registados numa câmara numa deseperada tentativa de representarem felicidade do objetivo ultrapassado. São sorrisos, muitas vezes, plenos de sofrimento, feitos só para o registo porque o conseguido, convencionalmente, mereceria ser celebrado com um sorriso ainda que ele não originado de forma espontânea, mas mais de um desabafo, quase com raiva algumas vezes. Falta-lhes a esperança que animava a vida, porque as realizações eram coletivas e sabia-se para onde se caminhava, bem acompanhado, nunca sozinho. Deve ser essa solidão que substituiu os sorrisos pelos esgares sorridentes.
Reparei na diferença ao olhar este cartaz de John Heartfield na Tate Modern.
Reparei na diferença ao olhar este cartaz de John Heartfield na Tate Modern.
sexta-feira, março 30, 2012
Sem-tempo
Há os momentos em que se sente que é urgente voltar a fazer os dias caberem nas 24 horas a que têm direito e não os esticar noite dentro. Ou foi o tempo ou somos nós que mudámos, mas já nada é a mesma coisa que era dantes, onde o tempo seguia a dar voltinhas no relógio e não aos solavancos do quartzo e não era interrompido a todo o instante pelo bip da mensagem, pela vibração da chamada pelos alertas dos mails que chegaram. Deve ser, em parte, isso que nos vai esticando os dias para além do seu fim e nos escoa o tempo de viver.Estamos nos instantes dos sobressaltos, mas perdemos o tempo que tínhamos. Somos de outro tempo, o dos sem-tempo.
Pronto, a mensagem que era de hoje, passou o tempo e entrou pelo amanhã. Já passam oito minutos da meia noite do dia de ontem...
Pronto, a mensagem que era de hoje, passou o tempo e entrou pelo amanhã. Já passam oito minutos da meia noite do dia de ontem...
terça-feira, março 13, 2012
Da curta eternidade
Valerá ocultar o prazer do momento com a realidade? Sim, resta-me uma ideia vaga de ser atirado ao ar, de andar às cavalitas, até de ter umas jardineiras cinzentas, lembro-me do sabor das iscas e do cheiro na cozinha, do desfazer do baço, do molho espesso nas batatas cozidas ao sábado. E dos trigos comidos nas férias do verão com esse supremo recheio de broa de milho. Eram carinhos das avós que ainda estão aqui à custa dessas significâncias. Na pressa do tempo pouco irá sobrar delas depois que um dia este texto não tenha significado algum para quem o ler. Agora, ainda é possível detetar-lhes o cheiro e a textura com que envolviam, o sorriso apoiante que sempre as avós têm. É assim, a nossa eternidade não dura mais de uma ou duas gerações, porque eternidade verdadeira é o ser que fica nas lembranças, mas estas duram enquanto nós duramos. Iludidos há os que pensam que a propriedade, o ter, nos eterniza.
Não há pois, o direito de desperdiçar um sorriso, um olhar cúmplice, um sugerir de caminho. É por eles que duramos mais uns curtos anos, mas sobretudo gozamos uns eternos momentos. Eternidade haverá para os que nos deleitam com a arte que produzem e pouco mais. Nunca para os poderosos e os políticos que ficam de nome pregado numa tabuleta em início de rua, onde todos os que passam lêem o nome e desconhecem em absoluto o gajo que se chamava daquela forma. Nem ao trabalho se dão de ir ver na wikipedia. Essa eternidade poderia ser antes um número ou uma letra se as ruas não fossem mais de 23.
Não há pois, o direito de desperdiçar um sorriso, um olhar cúmplice, um sugerir de caminho. É por eles que duramos mais uns curtos anos, mas sobretudo gozamos uns eternos momentos. Eternidade haverá para os que nos deleitam com a arte que produzem e pouco mais. Nunca para os poderosos e os políticos que ficam de nome pregado numa tabuleta em início de rua, onde todos os que passam lêem o nome e desconhecem em absoluto o gajo que se chamava daquela forma. Nem ao trabalho se dão de ir ver na wikipedia. Essa eternidade poderia ser antes um número ou uma letra se as ruas não fossem mais de 23.
(In) Seguro
É pobre a política feita a la carte, segundo um manual de procedimentos que lá nos seus pontos diz, diariamente crie um facto político, vá aqui e faça um comentário, noutro dirá, crie estados gerais, roteiros, presidências abertas, coisas, para manter de orelhas arrebitadas os órgãos de informação, comente tudo, apareça, só assim conseguirá chegar aos milhares de amigos no facebook, que lhe darão a notoriedade de ser considerado conhecido pelos seus vizinho e eleitores potenciais. Ou não, porque essa é a via de ser conhecido como «político» e isso é uma das despromoções maiores que se pode fazer a alguém. Mas, na verdade, um político by the book, é isso mesmo é um gajo com quem não se devem fazer negócios sob risco de ruína, porque ninguém corre mais depressa das facilidades totais futuras às impossibilidades reais do presente.
sexta-feira, março 09, 2012
A pressa da história
É mais uma peça da coerência do sujeito. A falta de maneiras vem de longe e não só das crises bulímicas do bolo-rei. Esse é o seu fio condutor de ação, truques sucessivos desde aquele dia em que foi fazer a rodagem ao carrito.Esse foi o truque nº 1.
A História, felizmente, continuará a ser feita pelos historiadores, distantes que estejam os factos e as análises possam ser feitas sem a paixão da proximidade do instante. Mas a baixa política está ao alcance de qualquer medíocre e, neste caso, há algo de inquietante. Só o receio de perda de memória poderá explicar que um sebastianista escondido no nevoeiro que que ele próprio criou com seus tabús e alheamento de leituras de jornais, sinta a urgência de revelar agora aquilo que no futuro receie não poder dizer. Possivelmente, só isso justificará tão lamentável texto.
É um texto de livro de memórias a escrever daqui a muitos anos. Só que, dito agora, tem o sabor de outras urgências, como escutas, reformas que não garantem o pagamento das contas, interrupções de férias por causa dos Açores e desculpas para não participar em funerais devido a férias inadiáveis com os netos. Delírios, avarezas. É triste agora saber que representa um Estado, mas, na verdade, desde o primeiro instante sempre foi triste. Estava nas entrelinhas que não souberam ler. A História registará este equívoco.
A História, felizmente, continuará a ser feita pelos historiadores, distantes que estejam os factos e as análises possam ser feitas sem a paixão da proximidade do instante. Mas a baixa política está ao alcance de qualquer medíocre e, neste caso, há algo de inquietante. Só o receio de perda de memória poderá explicar que um sebastianista escondido no nevoeiro que que ele próprio criou com seus tabús e alheamento de leituras de jornais, sinta a urgência de revelar agora aquilo que no futuro receie não poder dizer. Possivelmente, só isso justificará tão lamentável texto.
É um texto de livro de memórias a escrever daqui a muitos anos. Só que, dito agora, tem o sabor de outras urgências, como escutas, reformas que não garantem o pagamento das contas, interrupções de férias por causa dos Açores e desculpas para não participar em funerais devido a férias inadiáveis com os netos. Delírios, avarezas. É triste agora saber que representa um Estado, mas, na verdade, desde o primeiro instante sempre foi triste. Estava nas entrelinhas que não souberam ler. A História registará este equívoco.
domingo, março 04, 2012
Afinal a diferença é mínima!
"Está provado que o aumento em 1% da taxa de desemprego faz subir em 0,8% a taxa de suicídios e 0,8% a de homicídios. O desemprego leva ao suicídio e a matar outras pessoas". Mas, também é verdade, continuou, que as mortes por acidentes de viação descem 1,4%," circula-se menos porque há menos dinheiro para a gasolina", ironizou. "Se fizermos as contas e quisermos ser cínicos podemos chegar à conclusão que a coisa fica quase ela por ela", concluiu Marmot.
Michael Marmot (Professor de Epidemiologia)
A diferença é mínima, 0,2%. Façam favor de continuar.
Michael Marmot (Professor de Epidemiologia)
A diferença é mínima, 0,2%. Façam favor de continuar.
sábado, março 03, 2012
sexta-feira, março 02, 2012
O quadro mais caro
Possuir a coisa ou partilhá-la com lucro secundário? Manifestar o poder que é ter. Como ter uma casa, ou ter uma casa onde viver. O importante, na verdade, é apenas estar abrigado. Mas, uma parte substancial da «crise» veio da «necessidade» de ter e na da função de «estar protegido». Quem fez a necessidade? Quem não avisou? Quem desregulou? Finalmente, quem vai pagar? Talvez os jogadores de cartas dos jardins.
quinta-feira, fevereiro 23, 2012
Zeca
Ele até sabia que a troika andaria por cá 25 anos depois!
Ainda agora e sempre há música que nos arrepia. É isto a arte, o que fica depois de todas as certezas e ilusões efémeras.
Depressão
Disseram-lhe que se descesse até ao fundo, poderia, finalmente, começar a subir a rampa. Não lhe falaram da inclinação que tinha, nem se teria fim algum dia. Quando expressou as dúvidas que tinha, chamaram-lhe piegas. Perceberá um dia que fazer o caminho sozinho é insensato.
quarta-feira, fevereiro 22, 2012
terça-feira, fevereiro 21, 2012
Carnaval
Hoje o país brincou ao Carnaval com as ordens do sr Primeiro. Não se trabalhou quase generalizadamente. Desobedeceu-se. Respeitou-se o costume. Muito maior que qualquer greve geral, pareceu-me.
Estado, famílias e empresas devem 715000000000 de euros. A quem, uns aos outros?
A troika anda por aí a apanhar sol sem pagar impostos.
Estado, famílias e empresas devem 715000000000 de euros. A quem, uns aos outros?
A troika anda por aí a apanhar sol sem pagar impostos.
quinta-feira, fevereiro 16, 2012
Momento de fascínio
Mais fascinante que a endocrinologia dos comportamentos, parece-me ser o comportamento dos endocrinologistas.
quarta-feira, fevereiro 15, 2012
segunda-feira, fevereiro 13, 2012
«Há sempre alguém que diz não», porque a vida vai além dos anos acumulados, do cálculo de vazios de braços estendidos. A facilidade e a pieguice do rebanho não fazem história, porque dos fracos ela não reza. A força de cruzar os braços, quando a horda os estende submissa, tem, é claro, uma consequência: hoje ninguém sabe o nome de nenhum dos que na fotografia estendiam a pata, mas sabemos o de August Landmesser.
quinta-feira, fevereiro 02, 2012
Amnésia ou demência?
Paul Krugman:
Half a century ago, any economist — or for that matter any undergraduate who had read Paul Samuelson’s textbook “Economics” — could have told you that austerity in the face of depression was a very bad idea. But policy makers, pundits and, I’m sorry to say, many economists decided, largely for political reasons, to forget what they used to know. And millions of workers are paying the price for their willful amnesia.Half a century ago, any economist — or for that matter any undergraduate who had read Paul Samuelson’s textbook “Economics” — could have told you that austerity in the face of depression was a very bad idea. But policy makers, pundits and, I’m sorry to say, many economists decided, largely for political reasons, to forget what they used to know. And millions of workers are paying the price for their willful amnesia.
Diz quem sabe, que eu pouco sei além de saber, que os economistas sabem isso e o contrário, porque, ao contrário do que dizem alguns, no que dizem e escrevem traduzem sempre a sua posição das classes a que são fiéis e, essas, garanto eu, ainda não acabaram e lutam como sempre fizeram.
Half a century ago, any economist — or for that matter any undergraduate who had read Paul Samuelson’s textbook “Economics” — could have told you that austerity in the face of depression was a very bad idea. But policy makers, pundits and, I’m sorry to say, many economists decided, largely for political reasons, to forget what they used to know. And millions of workers are paying the price for their willful amnesia.Half a century ago, any economist — or for that matter any undergraduate who had read Paul Samuelson’s textbook “Economics” — could have told you that austerity in the face of depression was a very bad idea. But policy makers, pundits and, I’m sorry to say, many economists decided, largely for political reasons, to forget what they used to know. And millions of workers are paying the price for their willful amnesia.
Diz quem sabe, que eu pouco sei além de saber, que os economistas sabem isso e o contrário, porque, ao contrário do que dizem alguns, no que dizem e escrevem traduzem sempre a sua posição das classes a que são fiéis e, essas, garanto eu, ainda não acabaram e lutam como sempre fizeram.
quarta-feira, fevereiro 01, 2012
Autoconsolado
O narciso debruça-se contemplando a sua imagem e sente a beleza que é. Também a feia se olhava ao espelho e perguntava, quem, é mais bela do que eu espelho meu? Há uns seres assim, refugiados no espelho autocontempando-se, fugindo como o diabo da cruz da apreciação dos pares. Pares? qual quê, eles são ímpares, superiores e seria ridículo submeterem-se a apreciações externas. Ao prazer partilhado abdicaram, tendo optado, há muito, pela autoconsolação.
O mais estranho em tudo isto nem é a sua opção, que a insanidade sempre será possível, mas a tolerância social. Essa custa mais a entender, mas muita coisa anda às avessas, embora a solução não seja a longo prazo o plantar as couves com a raiz virada para o ar, porque isso as fará morrer. Vai demorar algum tempo, mas acabará inexoravelmente por ser assim.
O mais estranho em tudo isto nem é a sua opção, que a insanidade sempre será possível, mas a tolerância social. Essa custa mais a entender, mas muita coisa anda às avessas, embora a solução não seja a longo prazo o plantar as couves com a raiz virada para o ar, porque isso as fará morrer. Vai demorar algum tempo, mas acabará inexoravelmente por ser assim.
terça-feira, janeiro 24, 2012
Infeliz o tanas!
Foi infeliz? Não pretendeu fugir às suas obrigações? Chega de lavar a porcaria.
Desculpem mas quem disse o que disse não tem forma de desdizer o dito. Disse que mais de 10000 € por mês não lhe iriam possivelmente chegar para pagar as despesas. Só restam duas possibilidades: ou estava a ser desonesto, a mentir e tinha noção do que dizia ou a outra hipótese é ter perdido a noção por alguma razão ainda não revelada. Um Presidente não pode ser desonesto nem mentir, mas também não pode não ter noção do que diz. Numa ou noutra hipótese só tem uma saída, demitir-se (já que não pode ser demitido).
Depois de se demitir deve ainda deixar de estudar macroeconomia e outras ciências ocultas dos mercados e frequentar as novas oportunidades fazendo um curso de economia doméstica onde pode receber aulas de numerosos professores que têm reformas de menos de 300 euros e, mesmo assim, conseguem pagar as suas despesas.
Desculpem mas quem disse o que disse não tem forma de desdizer o dito. Disse que mais de 10000 € por mês não lhe iriam possivelmente chegar para pagar as despesas. Só restam duas possibilidades: ou estava a ser desonesto, a mentir e tinha noção do que dizia ou a outra hipótese é ter perdido a noção por alguma razão ainda não revelada. Um Presidente não pode ser desonesto nem mentir, mas também não pode não ter noção do que diz. Numa ou noutra hipótese só tem uma saída, demitir-se (já que não pode ser demitido).
Depois de se demitir deve ainda deixar de estudar macroeconomia e outras ciências ocultas dos mercados e frequentar as novas oportunidades fazendo um curso de economia doméstica onde pode receber aulas de numerosos professores que têm reformas de menos de 300 euros e, mesmo assim, conseguem pagar as suas despesas.
segunda-feira, janeiro 23, 2012
Absurdo
O fenómeno sociológico mais absurdo que conheço é esta coisa de os pobres elegerem sistematicamente os seus inimigos de classe. Afinal, se usassem a lógica, eram maioritários. Deve ser por isso que alguns insistem na sua má educação. Alterar essa realidade poderia ter consequências imprevisíveis.
Parece que no Reino dos Céus a coisa é diferente, mas é vaga esta esperança de que o Céu algum dia desça à terra.
Parece que no Reino dos Céus a coisa é diferente, mas é vaga esta esperança de que o Céu algum dia desça à terra.
domingo, janeiro 22, 2012
Candidato terrorista
Aplicando a ideia que um terrorista é um praticante do terrorismo, aqui temos o candidato terrorista.
sexta-feira, janeiro 20, 2012
Tenha vergonha
Escrito a 18.1.2006
E na verdade, há coisas que não mudam. Quer o leiamos da direita para a esquerda, quer da esquerda para a direita O CAVACO, será sempre e apenas OCAVAC O. Igual agora ao que sempre foi, por mais artifícios cosméticos que o marketing lhe faça. O homem continuará realmente a mentir, quando trauteia a Grândola, quando não ouviu na véspera a entrevista do senhor Lopes ou simplesmente quando não dá crédito às sondagens que mostram a sua queda. E mentir, ainda mais com a sua falta de jeito, é coisa que fica muito mal a um presidente. Por uma questão de educação, mas também estética, compete-nos impedi-lo.
Não foi impedido, nem na altura, nem depois outra vez. E aí está o economista esbanjador na versão que nos insulta a todos. Não, este senhor Silva não é, nem nunca foi, sério. Ao menos podia ter vergonha, mas para isso necessitava ter a autocrítica que em certas circunstâncias deixa de existir.
E na verdade, há coisas que não mudam. Quer o leiamos da direita para a esquerda, quer da esquerda para a direita O CAVACO, será sempre e apenas OCAVAC O. Igual agora ao que sempre foi, por mais artifícios cosméticos que o marketing lhe faça. O homem continuará realmente a mentir, quando trauteia a Grândola, quando não ouviu na véspera a entrevista do senhor Lopes ou simplesmente quando não dá crédito às sondagens que mostram a sua queda. E mentir, ainda mais com a sua falta de jeito, é coisa que fica muito mal a um presidente. Por uma questão de educação, mas também estética, compete-nos impedi-lo.
Não foi impedido, nem na altura, nem depois outra vez. E aí está o economista esbanjador na versão que nos insulta a todos. Não, este senhor Silva não é, nem nunca foi, sério. Ao menos podia ter vergonha, mas para isso necessitava ter a autocrítica que em certas circunstâncias deixa de existir.
quinta-feira, janeiro 19, 2012
Elis Regina (1945-1982)
Neste dia há 30 anos, tinha nem 37 anos. Já passaram 30 anos.Trinta anos foi ontem. Ainda haverá mais 30 anos? Que importa o número de anos se cada vez mais percebo que só na arte se sobrevive e tudo o resto é fumo.
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