Depois de uma viagem rápida embalado pela «Máquina de fazer espanhóis», reencontrei Filadélfia na tarde de 8 de Junho depois da penosa espera que sempre é a entrada nos EUA. O medo do mundo mantém-se, desconfiados das pessoas, registam impressões digitais e fotografam-nos os olhos, como se tivéssemos alguma doença transmissível, pesquisando o vírus dos estrangeiros. De cada vez sinto que mereceriam que lá não fossemos.
Pelas ruas encontra-se o desleixo habitual agora salpicado por zombies a expelir o resto dos gases do Iraque e de outros lugares. Vagueiam perdidos na vida, procurando some change, numa mudança que não surge.
O contraponto é a capacidade de organizar e ter uma reunião como a da American Diabetes Association, que deixa a sensação de não valer a pena ir a outras para se estar atualizado no assunto. É a mesma sensação de não haver justificação de visitar mais igrejas depois de conhecer S Pedro.
Os fabulosos doentes portugueses, mais uma vez, me presentearam com sensações de boémia no Victor Café e o luxo do XIX e do Davio's. Pena, o vazio desacompanhado.
Ao longe a Espanha preocupou-os, mas a bolsa disparou; ao longe, fiquei feliz porque Portugal perdeu com a Alemanha, dando a esperança de que alguma coisa possa ser mais relevante que o futebol para que a Europa nos respeite ao contrário da sugestão de um miserável anúncio que aí anda.
Ainda houve tempo para contactar o passado tranquilo e camponês dos Amish numa volta pelo Lawrence Country. Os cavalos puxam charruas nos campos, as carroças correm no alcatrão e parece que não há wi-fi. Outras rotações num mundo de pressa. Por momentos, estive em fim de semana no Alentejo.
Na chegada o mesmo do costume. Se ganharem à Dinamarca, serão os maiores, se não, logo se ajustarão contas com o treinador e o outro que só joga no Real. Pronto, ganharam, aumentando os riscos da anestesia. Já ninguém fala do Relvas? Os costumes não serão tão brandos como se costuma pensar, mas, seguramente, dá-lhes forte, mas passa-lhes depressa.
A sensação que me fica é de não pertencer aqui nem lá, ou aqui e lá ao mesmo tempo. Tudo a que pertencemos são acasos a que mais ou menos nos prendemos.
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