sábado, novembro 25, 2006

Temporal

Árvores na linha, troços cortados pela água. Comboio parado durante mais de duas horas. Um silêncio inquietante, sobretudo depois de terem semi-fechado a luz da carruagem. Finalmente, comunicam-nos que não vamos poder prosseguir viagem. Como alternativa, iremos de autocarrro até Lisboa. Voltarão a falar connosco em breve. É curioso, como nesta altura começa a debandada dos passageiros. Saem sem saber para onde ir. Na verdade, os autocarros ainda não devem ter chegado, nem se sabe onde irão chegar, nem muito menos para onde se dirigirão. Alguns dos que ficam desenham cenários tenebrosos de circuitos infindáveis pelo país fora a satisfazer todos os destinos.
Uma meia hora depois, o revisor passa triunfante, anunciando que os autocarros chegaram. Chove copiosamente e o vento é de virar guarda-chuvas. Umas dez carruagens acabam de esvaziar em direcção ninguém sabe muito bem ao quê. É a coisas como esta que se chama banhada geral. Afinal, os autocarros, acabavam de chegar, cheios com os passageiros vindos de Aveiro, que fugiam precipitrando-se para a estação de onde saíamos, sem saber para onde íamos, quais os autocarros que apanharíamos. Vai para Lisboa? para o Entroncamento? De carro em carro, à procura. Um condutor berra, informando que aquilo não é um comboio, que se não pode entrar com as malas no autocarro, que têm de ser postas na bagageira, por baixo. Agora é dentro do autocarro, uns a entrar outros a sair... com as malas. Cá fora continua a banhada.
Já passava das oito da noite. A CP não nos deu nem uma sandocha. Acalmados com a expectativa de uma viagem rápida até Lisboa, tenho ainda assim de ir todo o tempo a ouvir o jovem do banco de trás, num palavreado que em programa de TV antes das dez dava um texto em piiiiii.....piiiiiiiiii quase contínuo. Está curiosa a linguagem nesta terra. Será que já não há escolas depois de terem acabado as famílias?
Ao fim de oito horas cheguei a Lisboa! E nunca me tinha sentido evacuado.

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