segunda-feira, novembro 06, 2006

Poder e corrupção

Chegado a casa de mau humor, ouço que Blair é contra a pena de morte aplicada a Saddam e que Portugal, num relatório internacional, está em vigémimo qualquer coisa lugar dos países menos coruuptos, lista em que a Nova Zelândia, a Finlândia e a Islândia estão em primeiro lugar.
Lembrei-me de imediato de ovelhas que pastam tranquilas e da ausência de gente nos campos da NZ, da tranquilidade da paisagem, da ausência de pressa. Imagino-os à lareira, se calhar contando histórias, vivendo. Percebendo a verdadeira dimensão da vida (pouco mais de 70 anos na melhor das hipóteses, afinal). Essa duração escassa deve precisar do frio dos climas para ser percebida na sua verdadeira dimensão. O calor deve despertar uma fogosidade de vida que termina facilmente no golpe e na ausência de regras. Para aí também levará esta fúria desordenada de acabar com as regras sociais e o primado absoluto por determinação quase divina do privado.
A condenação de Saddam é um acto de poder sobre um poderoso e corrupto. Claramente, ineficaz será a sua morte, dado que nada na vida acontece pelo exemplo que os actos possam induzir e o desejo de corrupção existe nos que têm medo de vida curta. Esses, tentarão sempre, se outras regras não forem criadas. E não é fácil resistir pela vida fora às facilidades de ser corrupto, obviamente ao nível das oportunidades que vão surgindo. Poucos serão os eleitos que dirão nunca terem sido corruptos. Tudo é uma questão de dimensão e acção. Pode mesmo acontecer que se seja por inacção, passividade. Será a corrupção mais frequente, a do mundo dito desenvolvido, que aceita, sem reagir, as diferenças do mundo. Tudo tem graus, mas nalgumas coisas da vida mais ou menos viciantes, só há uma atitude possível, optar pela qualificação em vez da gradação quantificada, ter uma atitude de tudo ou nada. Claramente contra a pena de morte, sem mais argumentos de não, mas. Claramente, contra a corrupção, detectando bem a sua presença e não a aceitar com desculpas de, pois, mas eles também. É uma educação cara, mas fundamental para ultrapassar a tristeza, que a facilidade inevitavelmente acarreta. A coragem é um valor imenso, mas estranha-se a sua habitual desvalorização em detrimento de tácticas, estratégias e outras merdas do género.

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