quarta-feira, novembro 22, 2006

Os atados

Não vejo o poder como um fim em si, a realização de um título ou de uma linha de curriculum. O poder contem agarrado a possibilidade de mudar, transformar, inovar e melhorar. É muito mais que estadias em estâncias de luxo em reuniões de trabalho. Só vale a pena tê-lo quando temos um programa para melhorar alguma coisa. Poder não é também um trampolim para ir fazer mais acima o mesmo que se não faz aqui em baixo. É desta forma que o entendo. Mas eu sou livre. Tenho essa sorte. Concluí hoje, ao ver-me rodeado de chefes (líderes era demais chamar-lhes) atados de pés e mãos ou por outros órgãos ainda mais vitais. Antes de cada decisão que até lhes apetece ter, vejo-os a calcular, a ver as implicações no aperto dos atilhos que os paralisam: quem irá fazer parte do juri do meu concurso de catedrático? será que se eu fizer isso, o poder dele não irá implicar a minha destituição do lugar que consegui? Atados de pés e mãos ou noutros órgãos que se calhar já secaram e que tanta falta fazem à vida das pessoas.

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