quarta-feira, janeiro 11, 2006

Reformas

Estamos a atingir um limiar de irracionalidade em que a argumentação está cada vez mais desvalorizada face à afirmação de direitos inalienáveis. Eu não quero saber (da viabilidade, das possíveis soluções), quero é que me dêem aquilo a que tenho direito (divino?). Foi nesta base que hoje me argumentaram contra a ideia de alterar os regimes de pensões. Não importa apresentar soluções para o problema, eu quero é o meu e o resto que se lixe, que anda por aí muito menino a safar-se e eu a ver! É nesta selva bárbara que desagua a corrente da ideologia individualista que nos têm propagandeado nos últimos tempos. Mas, quer queiram quer não, tem de ser encontrada uma solução que esta coisa da matemática é mesmo lixada e não permite falácias nem retórica. Uma solução que não seja a criação de esquemas que aproveitem ainda mais a alguns, aos mesmos de sempre, do tipo de criação de uma alternativa privada que implicará sempre a necessidade de criação de lucro, ou seja, teremos de pagar mais para receber o possível, nem que implique o sacrifício de uma geração, aquela que se reforma dentro de 10 a 15 anos, com manutenção de privilégios dos que nasceram por acaso uns anos mais cedo. Neste caso parece ser razoável a criação de um tecto para as reformas, obviamente, com efeitos retroactivos, implicando, se necessário, a suspensão de acumulações de reformas ou mesmo o seu pagamento quando se continua a ter rendimentos por continuação da actividade. Não se poderá é actuar de forma cega, afectando um grupo em detimento dos benefícos mantidos aos outros.
Por exemplo, se chegassemos à conclusão que o nível máximo de reforma seriam 3500 euros por mês (dez vezes o ordenado mínimo, isto é, pagar por não trabalhar, 10 vezes mais do que se paga a quem trabalha), o Professor Cavaco, deixaria de poder auferir da sua tripla reforma (Banco Portugal, ex-PM e professor) de mais de 9000 euros, para ter apenas 3500 (se fosse eleito, com o vencimento de PR, deixaria de ter reforma por o vencimento já ultrapassar o tal plafond). Só para dar um exemplo de um cidadão que se diz preocupado com esta coisas...

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