Tudo está diferente. Até a casa que era rosa passou a ser azul ao fim destes anos. Estive lá no regresso de Mário Soares, naquele largo, onde agora os carros se reunem. Voltei lá agora na partida de uma viagem que também já fiz. De mochila às costas e acordares de patada de polícia numa gare de Paris. Lembro-me bem da volta à Europa que fiz na altura e, por momentos, apetece-me partir de novo. Mas já não me passam o bilhete, que é uma forma de dizer que de certa forma já passei. Mas ficaram as memórias, sobretudo nos registos em slides, a forma mais barata de então registar. De outra forma, as cores e as formas teriam desaparecido. Assim, à custa de muitas projecções, lembro-me bem. É esta magia que mais estimo na fotografia, esta possibilidade de continuar a estar algures onde já estive e que ficou porque tive de olhar antes e depois do clique.
Elas vão de couchete, sem a companhia de emigrantes apinhados em corredores de comboio cheios. Já não há cestos de vime nem cheiro de chouriço nas carruagens. E os desejos de boa viagem têm, nestes dias, novas ressonâncias.
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