domingo, julho 31, 2005
Sorriso ao cair do dia
Voltaremos a ser trôpegos, titubeantes. Faremos rir, quando conseguimos fazer uma gracinha. Riste-te das minhas, agora eu retribuo. Sorrio quando me mostras o caminho até casa, quando já ninguém sabia que na memória tal coisa ainda estava.
sábado, julho 30, 2005
Um homem não se rende
Só porque há outra maneira de fazer as coisas e nós merecemos mais do que aquilo que agora nos dão, era importante que avançasse. Porque nem só de dinheiro se vive, precisamos muito mais de poesia do que de economia, de discurso épico do que de discurso tecnocrático. De chatos e deprimidos, escondidos não se sabe bem de quê, já temos que chegue.
Até Soares já tivemos e o que se promete é mais do mesmo. É isso, que prenuncia a romagem pela finança que o homem anda a fazer. Compromissos que têm preço. Por isso é que Alegre devia avançar. Nem que seja só para termos alguns dias de pedagogia de outra forma de estar, como, aliás, aconteceu nas eleições do PS. O país precisa de gente que não se rende ao politicamente correcto e que ousa desafiar as sondagens, porque tem ideias. É de ideias que estamos carentes, não de tácticas.
«Ah não me peçam pra esperar que só de esperar
eu desespero e a esperança já não basta
que já não posso já não posso suportar
nem os velhos que me falam da virtude
nem os novos que começam a ser velhos
E se a revolta (dizem) é juventude
eu vos digo que há um tempo de acabar
com este tempo que se gasta e que nos gasta.
Altas são as montanhas. E as águas do mar são vastas.
Partir ou não partir. De qualquer modo ousar.
Pois o tempo é de agir. E as palavras estão gastas.»
(em Um barco para Ítaca)
Até Soares já tivemos e o que se promete é mais do mesmo. É isso, que prenuncia a romagem pela finança que o homem anda a fazer. Compromissos que têm preço. Por isso é que Alegre devia avançar. Nem que seja só para termos alguns dias de pedagogia de outra forma de estar, como, aliás, aconteceu nas eleições do PS. O país precisa de gente que não se rende ao politicamente correcto e que ousa desafiar as sondagens, porque tem ideias. É de ideias que estamos carentes, não de tácticas.
«Ah não me peçam pra esperar que só de esperar
eu desespero e a esperança já não basta
que já não posso já não posso suportar
nem os velhos que me falam da virtude
nem os novos que começam a ser velhos
E se a revolta (dizem) é juventude
eu vos digo que há um tempo de acabar
com este tempo que se gasta e que nos gasta.
Altas são as montanhas. E as águas do mar são vastas.
Partir ou não partir. De qualquer modo ousar.
Pois o tempo é de agir. E as palavras estão gastas.»
(em Um barco para Ítaca)
sexta-feira, julho 29, 2005
quinta-feira, julho 28, 2005
Sem solução (às vezes penso que sim)
Há consultas que só aqui. Como na escola, o português difícil que não transmite as ideias. O nervosimo de quem não aprende. Repetidamente se diz que a dose de insulina da manhã, varia com a glicemia do jantar da véspera. Querem saber a do jantar do dia, para verem que insulina devem dar. Mas essa ainda não sabem à hora do almoço. E ficamos ali a fazer gráficoss a cores. Repetidamente, olham para a glicemia antes do pequeno-almoço e dizem que aumentam, diminuem, não sei, isto é tão difícil. Difícil é pensar a volta que tudo isto tem de dar. A falta crónica de exercício mental, a ideia além do drama da novela e do telejornal. Tanta gente a sobreviver, sem vida. A dizer, sim senhor doutor de forma subserviente, tentando cativar, pedir desculpa da sua distracção e incapacidade. Como se abrirá o espírito às pessoas? Como será que se lhes mete na cabeça a curiosidade para que o mundo lhes seja mais bonito, em vez desta preocupação única de passar por ele?
No fim desta manhã, apetecia-me qualquer coisa que me desse verdadeiro gozo. Para esquecer. Só que eu não bebo dessa forma.
No fim desta manhã, apetecia-me qualquer coisa que me desse verdadeiro gozo. Para esquecer. Só que eu não bebo dessa forma.
quarta-feira, julho 27, 2005
Tempo de olhares
Saio desgostoso, cansado, esquizofrenizado, destas reuniões em que se inventam vítimas para que todas as nossas queixas possam continuar de pé. Argumentos contrários defendem posições basicamente idênticas, tentando garantir ao transe que nada deixe de estar como está. Atravesso um deserto rodeado de uma multidão. Em apupos. Por momentos, apetece-me ir na manada e desistir. Pede-se tudo para que nada seja possível satisfazer. Usa-se o grupo para nos resguardarmos, por não se ter a coragem de dizer quero assim e, se não for desta forma, vou-me embora.
Cada vez mais me apetece o refúgio dos olhares. É aí que os momentos são maiores e a pequenez do mundo, por instantes, desaparece.
Ou saborear o diário de viagem de quem chega.
Há sempre algo que dá sentido ao sentir e é por aí que devo ir.
Cada vez mais me apetece o refúgio dos olhares. É aí que os momentos são maiores e a pequenez do mundo, por instantes, desaparece.
Ou saborear o diário de viagem de quem chega.
Há sempre algo que dá sentido ao sentir e é por aí que devo ir.
terça-feira, julho 26, 2005
Imagens
segunda-feira, julho 25, 2005
Deprimente
Todos a fazer de conta e eu também.
O melhor foi o almoço apesar do empregado da Tia Matilde estar francamente irritado a servir às 3 e meia da tarde.
O melhor foi o almoço apesar do empregado da Tia Matilde estar francamente irritado a servir às 3 e meia da tarde.
domingo, julho 24, 2005
Política na onda do futebol
O espectáculo continua. Mário Soares e Sócrates são correlegionários. Mas acham que a fotografia fica mais digerível assim. Na fuga de Guterres, começa a surgir o poeta. Mas o poeta não é o que agrada a Sócrates, que o homem às vezes rima à esquerda. É então que, ninguém sabe bem de onde, o meteoro desgovernado do Freitas do Amaral vem com a história do never say never. Quatro dias depois de não ser oportuno falar, Sócrates decide-se por Soares. Bom se o fez sem dizer nada ao não candidato, o menos que se pode pensar é que é irresponsável e pior, manipulador. Soares não tem que ser empurrado por um qualquer fast-PM. Não quero acreditar que o tenha feito sem a conhecimento prévio do candidato a não-candidato. Portanto, o mais plausível é que tenham combinado a fotografia instantânea. Do género, Dr Soares parece que o senhor nas sondagens é melhor e eu não gosto lá muito do poeta. Por favor, aceite lá ser candidato. E o não-candidato, futuro candidato não terá dito que não. Foi fazer contas. É esta maneira estranha de fazer política que me irrita. Podem abrir o jogo, escusam de retocar as fotografias.
Logo a seguir, assiste-se à mais despudorada intervenção do Bispo Marcelo que na sua homilia dominical, desanca o futuro candidato chamando-lhe velho e economicamente incompetente, iniciando a campanha do ex-Primeiro futuro candidato de direita, o salvador da Pátria. Aquele que todos experimentámos e corremos. E tudo sob a capa do comentador político. O homem não se enxerga ou então somos nós os cegos.
Conclusão, ser PR é um emprego mal pago, que ninguém quer. Parece o campeonato de futebol do ano passado. No fim ganhará o menos mau. Será?
Logo a seguir, assiste-se à mais despudorada intervenção do Bispo Marcelo que na sua homilia dominical, desanca o futuro candidato chamando-lhe velho e economicamente incompetente, iniciando a campanha do ex-Primeiro futuro candidato de direita, o salvador da Pátria. Aquele que todos experimentámos e corremos. E tudo sob a capa do comentador político. O homem não se enxerga ou então somos nós os cegos.
Conclusão, ser PR é um emprego mal pago, que ninguém quer. Parece o campeonato de futebol do ano passado. No fim ganhará o menos mau. Será?
sábado, julho 23, 2005
Hoje, Egipto
Hoje no Egipto. Com uma diferença, mais silêncio nas televisões. Por ser lá? Por serem árabes? Mesmo sendo alguns turistas europeus, o silêncio é grande. Intencional ou não, está a ser diferente.
A incerteza e o medo vão fazendo parte dos nossos dias. Não nos mudarão as rotinas, nem impedirão de fazermos isto nem aquilo. Simplesmente, porque nenhum lugar é hoje mais seguro do que outro. Onde estivermos, está um alvo. Passámos a fazer parte de uma gigantesca roleta russa. Até que um dia decidamos parar este jogo de loucos. A mudança deste estado de coisas será o ataque à causa e nunca seguir em frente dizendo que os esmagaremos. São demasiado pequenos para sentirem o esmagamento maior do que têm hoje. Resta-lhes o medo e irão continuar a usá-lo contra nós. A sua única e última arma. Meditemos.
A incerteza e o medo vão fazendo parte dos nossos dias. Não nos mudarão as rotinas, nem impedirão de fazermos isto nem aquilo. Simplesmente, porque nenhum lugar é hoje mais seguro do que outro. Onde estivermos, está um alvo. Passámos a fazer parte de uma gigantesca roleta russa. Até que um dia decidamos parar este jogo de loucos. A mudança deste estado de coisas será o ataque à causa e nunca seguir em frente dizendo que os esmagaremos. São demasiado pequenos para sentirem o esmagamento maior do que têm hoje. Resta-lhes o medo e irão continuar a usá-lo contra nós. A sua única e última arma. Meditemos.
sexta-feira, julho 22, 2005
Necessidade
Rasgar todos os vestígios para que não aconteça o desastre. A probabilidade é muito mínima, mas a verificar-se seria gigantesca a dor. Por isso, rasgado em mil pedaços, apagada toda a memória, já posso seguir em frente. Sem números para sonhar, com alguns poucos euros a mais.
quinta-feira, julho 21, 2005
Mudar
1. Difícil será fazer mudanças com pessoas que não mudam. O diálogo segue surdo. Nestas alturas há que ficar firme, irreductível e impôr o desejo de mudar contra a imutabilidade do interlocutor. Apesar de se reconhecer que a matemática é a ciência mais detestada neste país, ainda assim, acredito que seja a mais exacta. Por isso, vou em frente. Contra todas as contas de cabeça, ao sabor do conveniente.
2. O rigor às vezes faz quebrar. É quando já não há pachorra para mais e há mais que fazer com infinito menos esforço noutro sítio. Nada melhor, então, do que umas boas férias e deixar andar. Admiro-me como neste país ainda alguém de bom senso aceita ser político e como essa actividade não fica, exclusivamente, entregue aos santanas da terra.
2. O rigor às vezes faz quebrar. É quando já não há pachorra para mais e há mais que fazer com infinito menos esforço noutro sítio. Nada melhor, então, do que umas boas férias e deixar andar. Admiro-me como neste país ainda alguém de bom senso aceita ser político e como essa actividade não fica, exclusivamente, entregue aos santanas da terra.
quarta-feira, julho 20, 2005
Para memória futura
Como se só ficasse uma visão desfocada do passado. O presente passa sem qualquer registo. Há uma ténue ligação à realidade, através de muito esforço de referências idas. Mas e o agora, o há bocado, o ontem esfumam-se sem rasto. Arrepia antever futuros, mas reforça a necessidade de viver no momento, agora. Aproveitar tudo o que se possa, agora.
No reino do deixa estar
Por vezes parece que habitamos o melhor dos mundos e nada é preciso mudar. Se nada se fizer, tudo fica tranquilo. Basicamente, parece que as pessoas se sentirão bastante bem no pântano. Ou então é o medo que alguma coisa ainda possa piorar, revelador da incapacidade de lutar contra a pioria. Para além do mais, o horror dos números, essa barbaridade que não permite o arranjo mais conveniente e que põe a nu tudo, sem disfarces, arranjinhos. Maldita matemática!
terça-feira, julho 19, 2005
Arrastão e «crise» esquecida
Bem espremida a «notícia» é a seguinte: Morreu um doente que tinha um pacemeker. Esses pacemakers às vezes funcionam mal e parece (não está confirmado!) que um doente que tinha um deles morreu por mau funcionamento. A empresa produtora vai substituí-los a todos os doentes que o queiram fazer. Como tal, os doentes vão ser chamados pelos médicos para se tomarem decisões sobre este assunto.
Acontece que só os médicos saberão quem tem colocados pacemakers desta marca e que há muitos doentes que não sabem a marca do seu pacemaker, mas que sabem ter um pacemaker. Quando ouvem hora a hora esta notícia pensarão que este problema lhes diz respeito. Provavelmente não dirá, até terão outro colocado, etc. Mas, como não sabem, ficarão algo preocupados e o melhor será perguntarem ao seu médico. Mas só há a necessidade de fazerem essa pergunta, porque alguém lhes martelou o juízo hora a hora com a «notícia». E não há necessidade nenhuma de o fazerem porque se algum risco houver serão os próprios médicos a resolver esse problema. Ou seja esta notícia, não informa, cria ansiedade. As pessoas nada perderiam se nada lhes fosse dito pela Imprensa, não estariam em risco de nada. A imprensa estaria em risco de vender menos neste seu negócio de geração de ansiedade. Rigorosamente. Mas com esta informação são arrastadas para a ansiedade e sendo doentes do coração, desejo que nada lhes aconteça em mais este arrastão da nossa querida Imprensa.
Mas não seria muito melhor informação darem-nos notícias da crise do Millenium?
Acontece que só os médicos saberão quem tem colocados pacemakers desta marca e que há muitos doentes que não sabem a marca do seu pacemaker, mas que sabem ter um pacemaker. Quando ouvem hora a hora esta notícia pensarão que este problema lhes diz respeito. Provavelmente não dirá, até terão outro colocado, etc. Mas, como não sabem, ficarão algo preocupados e o melhor será perguntarem ao seu médico. Mas só há a necessidade de fazerem essa pergunta, porque alguém lhes martelou o juízo hora a hora com a «notícia». E não há necessidade nenhuma de o fazerem porque se algum risco houver serão os próprios médicos a resolver esse problema. Ou seja esta notícia, não informa, cria ansiedade. As pessoas nada perderiam se nada lhes fosse dito pela Imprensa, não estariam em risco de nada. A imprensa estaria em risco de vender menos neste seu negócio de geração de ansiedade. Rigorosamente. Mas com esta informação são arrastadas para a ansiedade e sendo doentes do coração, desejo que nada lhes aconteça em mais este arrastão da nossa querida Imprensa.
Mas não seria muito melhor informação darem-nos notícias da crise do Millenium?
segunda-feira, julho 18, 2005
Quantas horas?
Curricula que nada me dizem. Uns parecem preenchimentos de formulários, outros dizem nada sobre o que é preciso saber-se. O estranho, nisto tudo, é serem necessários. São geralmente volumes de longos textos que repetem banalidades afirmando que nos serviços se veem doentes com patologia desta especialidade em que querem ser consultores. Que seria de esperar, se dissecassem porcos? Depois é o enumerar sem fim de comunicações feitas a ensinarem-se uns aos outros. Como se eu não soubesse que as plateias desses cursos são desertos. E dizem também os cursos pós-graduados e congressos onde foram (sem descreverem o que viram nas cidades, nos museus, nalgum espectáculo. Será que foram a algum lado ou ficaram-se pelos restaurantes em jantares de 3 horas?). Não, nada dizem que me elucide. Alguns mais avançados falam da investigação. Já a tinha avaliado pelas repercussões na imprensa. Por que é tão preciso fazer de conta nesta terra? Quando se colocam os nomes na PubMed saem meia dúzia de referências em substituição das centenas referidas no elenco do publicado. Há de tudo, só ainda não põem os artigos publicados no consultório da Maria e Saúde qualquer coisa. Mas lá chegaremos.
Daqui a dias todos serão consultores da especialidade com dois anos de atraso, porque, entretanto, alguém se esqueceu de promover o concurso. E há ainda quem acredite nestas coisas e consiga por um ar sério...
Daqui a dias todos serão consultores da especialidade com dois anos de atraso, porque, entretanto, alguém se esqueceu de promover o concurso. E há ainda quem acredite nestas coisas e consiga por um ar sério...
domingo, julho 17, 2005
Caminho
Rotinas são movimentos circulares que nos mantêm persistentemente no mesmo sítio. Da vida queremos mais, um caminho, um percurso. É por aí que temos de ir.
sábado, julho 16, 2005
Mercado das Caldas
Tem o ar de mercado Árabe, com o presunto ao sabor da mosca e bancas de queijo que se prova à fatia. As vendedoras continuam refractárias à depilação. Há aquela mistura de charcutaria, com as batatas e a fruta, tudo à sombra de uns chapéus e pouco depois das duas tudo fica despido, desaparece, as caixas vazias. Até ainda há fruta vinda dos pomares ali à volta, misturada já com aquela outra normalizadinha chegada de Espanha. Alguns pêssegos ainda recordam, no aroma, os outros do tio Carmo. Os grandes, apanhados na árvore, directamente. Naqueles encontros de colheitas, aos fins-de-semana, que tinham viagem até Cacilhas e depois o autocarro que nos levava ao Casal do Marco, antes dum passeio higiénico até à quinta. E neste misto de transportes íamos todos, só pelo gosto do encontro, à volta do almoço com produtos da quinta e do vinho da casa. Por vezes também o banho no tanque. Nessas minhas alturas de puto, apreciava o sistema de rega, herdado dos Árabes e ainda pude ver o macho em acção, na activação dos alcatruzes. Depois, a pouco e pouco, vieram os motores e foram-se os machos. Também a animação da viagem, progressivamente, foi sendo substituída pelo tédio das filas a caminho da ponte. A aproximação, foi cavando a distância. O aparecimento dos doutores naquele meio, foi a sentença final na proximidade. Acabou. Com a chegada dos adubos, dos motores, foi-se também o cheiro e o sumo dos pêssegos. Reencontro-o hoje, de súbito, neste mercado das Caldas. Têm a aproximação, sem serem iguais. E falta tudo o resto. Tenho a sorte de ter vivido em tempos que me fazem, ao menos, ter consciência das diferenças e perceber que há mais mundos.
sexta-feira, julho 15, 2005
Sonhos
Trinta milhões de euros, foi o investimento de um povo na esperança dum milagre de que nem percebem a dimensão. Sempre pequeninos vão comprar casas para toda a família e dar algum aos amigos. Ainda gostava de os ver sem saberem o que fazer às sobras de todos os milhões restantes. Quantas dores de cabeças e depressões! Nestas pequenas coisas se compreende que somos de sonhos curtos, pouco investidores e consumidores modestos. Quem nos ensinou a ser assim?
O que mais gosto nesta coisas é o prazer de imaginar a coincidência da remota probabilidade. Pode acontecer. Gosto de prolongar esta sensação. Entrego o papelucho cedo para que a semana de sonho renda. Por isso também não entendo que se descure este gozo, indo sempre entregar o boletim quase ao fechar do prazo. Bolas, assim o investimento rende muito menos, o sonho fica curto, acaba poucas horas depois. E o melhor dos euros atirados à rua, são os momentos de sonho semana fora.
O que mais gosto nesta coisas é o prazer de imaginar a coincidência da remota probabilidade. Pode acontecer. Gosto de prolongar esta sensação. Entrego o papelucho cedo para que a semana de sonho renda. Por isso também não entendo que se descure este gozo, indo sempre entregar o boletim quase ao fechar do prazo. Bolas, assim o investimento rende muito menos, o sonho fica curto, acaba poucas horas depois. E o melhor dos euros atirados à rua, são os momentos de sonho semana fora.
quinta-feira, julho 14, 2005
Fotografias
Pode até ser apenas ficar-se à beira mar na procura da explicação das coisas ou a perceber o desperdício da distância, quando o fado é estar ao pé. Mesmo não estando lá, pode imaginar-se e sentir-se. São momentos em que a irritação vem de se não ser eterno, de se ter esta sensação arrepiante do finito e a necessidade de não perder o tempo. É também para isto que as fotografias servem.
quarta-feira, julho 13, 2005
Big brother
Fugir para a frente sem a preocupação de olhar para trás. Olhar para as causas, fazer uma reflexão de auto-crítica, ver onde poderemos ter actuado menos bem. Até onde poderíamos ter feito de forma diferente e que poderemos alterar. A alternativa é fugir, fugir com medo até que um dia mais não lhe possamos escapar e, tristemente, deixemos de ter medo, por termos deixado tudo.
Deve estar tudo tão perfeito, que ninguém contestará o que quer que seja. É o princípio do silêncio.
Por ironia, na véspera de uma comemoração de liberdade.
Deve estar tudo tão perfeito, que ninguém contestará o que quer que seja. É o princípio do silêncio.
Por ironia, na véspera de uma comemoração de liberdade.
segunda-feira, julho 11, 2005
Zangam-se as comadres
Às vezes tenho pequenas alegrias. Estes ou os diálogos da Madeira com a Lapa, interpretados pelos cómicos Jardim e MM. Um circo.
domingo, julho 10, 2005
A luta necessária
A ser verdade a notícia da TSF, é preocupante. O Senhor Clark, ministro do senhor Blair, vai propor uma série de medidas para aumentar a segurança na Europa. Entre elas, foi dito, o bisbilhotar de correspondência electrónica que ficará retida vários meses. Até poderei compreender algum reforço de medidas de profilaxia, mas, vindo de onde vem há que ter cuidado com tentativas de controlo das liberdades individuais. A vida contém riscos, mas o maior de todos é a não-vida. Muito pior do que a morte.
Mais do que a caça ao terrorista para defesa da liberdade e segurança, será necessário perceber a causa de todas estas coisas e actuar com inteligência. Perceber, por exemplo, por que raio é que um tipo se veste de bombas e se faz explodir. É demasiado simples e pouco, achar que é porque não gosta de nós, da nossa liberdade, das nossas crenças, da nossa segurança. Pode até muito bem ser porque sempre viveu numa dessas Palestinas do mundo, onde alguém induz a prisão e a insegurança permanentes. Ser inteligente, neste contexto, passa muito mais por aí do que pelo simples terror ao terrorismo, negando, em nome desse comabate, os valores em que gostamos de viver. Esta é uma estratégia de derrota dada a natureza das próprias coisas. É outro o combate necessário: a nossa afirmação de não termos medo de sermos solidários numa luta global contra o terror, intervindo nas causas reais.
Mais do que a caça ao terrorista para defesa da liberdade e segurança, será necessário perceber a causa de todas estas coisas e actuar com inteligência. Perceber, por exemplo, por que raio é que um tipo se veste de bombas e se faz explodir. É demasiado simples e pouco, achar que é porque não gosta de nós, da nossa liberdade, das nossas crenças, da nossa segurança. Pode até muito bem ser porque sempre viveu numa dessas Palestinas do mundo, onde alguém induz a prisão e a insegurança permanentes. Ser inteligente, neste contexto, passa muito mais por aí do que pelo simples terror ao terrorismo, negando, em nome desse comabate, os valores em que gostamos de viver. Esta é uma estratégia de derrota dada a natureza das próprias coisas. É outro o combate necessário: a nossa afirmação de não termos medo de sermos solidários numa luta global contra o terror, intervindo nas causas reais.
sábado, julho 09, 2005
Aranhas ocultas
O que dará mais gozo ao bichinho, a paparoca que aí vem ou, simplesmente, o gozo da caçada, de apanhar o outro na armadilha? O que nos move é muito mais que a satisfação das necessidades comezinhas, básicas e fisiológicas. Somos muito mais elaborados nas estratégias que desenhamos para chegar ao gozo. Daí a necessidade das teias que tecemos.
sexta-feira, julho 08, 2005
Diferenças
Tudo está diferente. Até a casa que era rosa passou a ser azul ao fim destes anos. Estive lá no regresso de Mário Soares, naquele largo, onde agora os carros se reunem. Voltei lá agora na partida de uma viagem que também já fiz. De mochila às costas e acordares de patada de polícia numa gare de Paris. Lembro-me bem da volta à Europa que fiz na altura e, por momentos, apetece-me partir de novo. Mas já não me passam o bilhete, que é uma forma de dizer que de certa forma já passei. Mas ficaram as memórias, sobretudo nos registos em slides, a forma mais barata de então registar. De outra forma, as cores e as formas teriam desaparecido. Assim, à custa de muitas projecções, lembro-me bem. É esta magia que mais estimo na fotografia, esta possibilidade de continuar a estar algures onde já estive e que ficou porque tive de olhar antes e depois do clique.
Elas vão de couchete, sem a companhia de emigrantes apinhados em corredores de comboio cheios. Já não há cestos de vime nem cheiro de chouriço nas carruagens. E os desejos de boa viagem têm, nestes dias, novas ressonâncias.
Elas vão de couchete, sem a companhia de emigrantes apinhados em corredores de comboio cheios. Já não há cestos de vime nem cheiro de chouriço nas carruagens. E os desejos de boa viagem têm, nestes dias, novas ressonâncias.
quinta-feira, julho 07, 2005
Hoje, Londres
A única certeza é que irá continuar a acontecer. Os motivos e as motivações de quem os faz são estranhas. É uma linguagem diferente de quem, vivendo em épocas diferentes, se encontra no mesmo espaço, se não tolera, possivelmente, porque, no diálogo necessário, mais importante do que o espaço que habitam ,é o tempo a que pertencem. Viajamos no espaço, mas não conseguimos ainda viajar no tempo. Por isso, o diálogo entre a contemporaneidade e a idade Média se torna impossível. Possivelmente, ao Ocidente, mais do que perseguir e destruir o espaço deles, restará a tentativa de lhes acelerar o tempo, trazê-los para uma época mais próxima, menos obscurantista. É um grande esforço de investimento, mas perfeitamente inevitável, porque é impossível a coexistência em tempos diferentes, habitando o mesmo espaço. A religião é, claramente, o ópio de todos os povos. Dramático seria recuarmos no tempo, no reforço de outros fanatismos de sinal contrário. O desenvolvimento económico será sempre o fim das religiões porque nos dá a esperança de vida em vida e acaba com esperanças só possíveis além da morte. O caminho será, pois, de aproximação, de elevação de condições de vida que destruam todos os deuses em nome de quem se morre.
De outra forma, hoje Londres, ontem Madrid e Nova Iorque e amanhã muitos mais sítios, de forma inesperada e súbita surgirão. Diariamente, o Iraque.
Não se pode continuar seguro num mundo em que as disparidades gritam. Há, certamente, caminhos que nos conduzem a novos amanheceres. É por aí que temos de ir.
De outra forma, hoje Londres, ontem Madrid e Nova Iorque e amanhã muitos mais sítios, de forma inesperada e súbita surgirão. Diariamente, o Iraque.
Não se pode continuar seguro num mundo em que as disparidades gritam. Há, certamente, caminhos que nos conduzem a novos amanheceres. É por aí que temos de ir.
quarta-feira, julho 06, 2005
Renascido a 6 de Julho
Finalmente, vejo-me livre das actualizações do novo computador. Ainda fica aquele engulho de não perceber porque motivo o normal.dot do word 2003 do computador antigo não funciona no novo, mas enfim. Vou tentar não pensar mais nisso. Já introduzi as entradas de texto automático no novo normal.dot e parece que tudo voltará quase à normalidade. Para o caso de haver alguma sugestão inteligente, não hesitem. Eu vou continuar por aqui.
Entretanto, os 8 Megapixels da Canon prometem, mas ainda vai fresca a utilização. A teleobjectiva é obrigatória ou não há leões que se deixem apanhar ou acabarei eu apanhado por algum... A propósito, a viagem para o Quénia não está fácil e eu a pensar que havia uma crise a que tinha escapado mais ou menos. Afinal, a crise é de lugares nos aviões e nos hotéis. E há a outra muito mais grave.
Os americanos foram fazer tiro ao alvo a milhões de quilómetros de distância. E acertaram. Pode ser que a moda pegue e deixem de bombardear alvos mais terrenos. Ou mesmo que acabem por colocar o Bush numa ogiva lá longe, a milhões de quilómetros... Isso é que era um tiro à americana.
E nestes dias o paisito esteve igual, em pré-férias, como de costume, que este quando não está para lá caminha.
O melhor de tudo é que finalmente puseram um rótulo à coisa que eu supunha existir, porque doia, e quase me converam que não existia, porque não tinha imagem compatível com alguma coisa. A imagem é realmente muito importante nos dias que correm.
Entretanto, os 8 Megapixels da Canon prometem, mas ainda vai fresca a utilização. A teleobjectiva é obrigatória ou não há leões que se deixem apanhar ou acabarei eu apanhado por algum... A propósito, a viagem para o Quénia não está fácil e eu a pensar que havia uma crise a que tinha escapado mais ou menos. Afinal, a crise é de lugares nos aviões e nos hotéis. E há a outra muito mais grave.
Os americanos foram fazer tiro ao alvo a milhões de quilómetros de distância. E acertaram. Pode ser que a moda pegue e deixem de bombardear alvos mais terrenos. Ou mesmo que acabem por colocar o Bush numa ogiva lá longe, a milhões de quilómetros... Isso é que era um tiro à americana.
E nestes dias o paisito esteve igual, em pré-férias, como de costume, que este quando não está para lá caminha.
O melhor de tudo é que finalmente puseram um rótulo à coisa que eu supunha existir, porque doia, e quase me converam que não existia, porque não tinha imagem compatível com alguma coisa. A imagem é realmente muito importante nos dias que correm.
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