sábado, março 05, 2005
A visão de um melro
O fim de semana aqui na praia tem esta vantagem: poder olhar os pássaros a depenicar na relva e deixar-me ficar a imaginar o que os alimenta, na ideia do Lavoisier, de que nada se perde. De repente, sou sobressaltado por uma notícia que dá conta da transformação dos corpos cremados em carbono para posterior exibição de diamante no peito ou no dedo de um qualquer nosso familiar. A transformação do orgânico em mineral, assusta-me, deprime-me. Sempre me fascinou a ideia de cinzas lançadas no mar. Mas tudo bem, se o encargo do cruzeiro for grande, satisfaz plenamente esta ideia de ser devorado por um melro. Agora, petrificado para fútil exibição é que não!Os diamantes são eternos, mas não têm vida.
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