segunda-feira, março 07, 2005
Imagens
Faz-me bem sair da rotina da ida e vinda de carro daqui para acolá. Olhar à volta é bom, quando nos permite ver.
Há dias, em Espinho, enquanto espera pelo Alfa para regressar, fui olhando em volta as pessoas. Tinham ainda aquele ar vestido de escuro, os lenços, as saias, as obesidades por baixo e as cores rosadas que as adegas (lojas como se dizia), por baixo das casas, dão às caras. É a imagem de uma miséria retro, mas nacional, com algum suporte familiar por trás, aparentemente. Uma miséria segura, temente a Deus.
Ontem, tendo que ir às 10 da noite a uma Farmácia nas Portas de Benfica, as imagens são diferentes por baixo das penúmbras induzidas por candeeiros de luz alaranjada. No frio da noite, anda-se de ténis e a cabeça vai coberta com bonés,o tronco tapado por blusões sempre com algo escrito, num ar de Queens ou de qualquer outra periferia de cidade americana. A sensação é de maior perigo, porque aqui a miséria, já nem tem nação, é imperial e a família já foi. Uma miséria que não teme nada e não tem fé. Está por tudo.
Uma e outra nada têm que ver com a pobreza de Cuba, cheia de esperança e de sorrisos de resistência.
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