quarta-feira, julho 17, 2013

Inimigos, claro

É com algum grau de estranheza que, depois de ter vivido 1974, com todas as alegrias que brotaram em abril naquele dia 25, esteja agora confrontado com a ideia de uma União Nacional salvadora sabemos bem do quê. Mas, o mais estranho é ver, na opinião publicada, que acham que a unanimidade das ideias é quase natural, quando natural seria o confronto de posições e o apontar de soluções diversas, opostas e inimigas. Esta é uma linha perigosa de ultrapassar, a linha do caminho único, o fim do combate das ideias, como se a luta de classes tivesse morrido por decreto. É uma abjeta ditadura aquela que nos querem agora impôr e a que tantos cedem por comodismo inconsciente, proclamando a impossibilidade dos efeitos de agir. Caminham tranquilos de mão estendida à espera da esmola que talvez venha, abúlicos, desesperançados, talvez vivos sem vida. É um mundo estranho que não esperava ser possível nunca mais. Ficam saudades do confronto e dos perigos (?) sempre presentes de uma guerra nuclear. Mas, que vida há nesta morte omnipresente? Não quero adversários para jogos de salão, mas inimigos nos jogos da vida.

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