terça-feira, julho 30, 2013
Até ao cabo da cidade
Nas diferenças das paisagens e das gentes nos encontramos com a grandeza do mundo. O resto são telejornais de instantes que acabam no fim do teletexto dos textos medonhos que nos revelam os desastres do dia a dia. Ao fim de um noticiário e mais recentemente dos comentários especializados no sistema, ficamos mais pequenos, intranquilos, dóceis, possivelmente. E deixamos de comer bife por causa do colesterol, peixe por causa ao mercúrio, os miúdos não jogam à bola na rua por causa dos roubos. Aos poucos só nos é permitido tentar passar a vida ao canto, muito quietinhos, respirar devagar, não agitar e ficarmos muito felizes com as brincadeiras dos ídolos que nos metem em casa e espalham pelos outdoors. Em resumo, esticamos a duração de coisa nenhuma como objetivo final de vidas sobrevividas.
Por isso, há uma grande tranquilidade na imaginação de um mês sem civilização ocidental. No fim, ao chegar, será como ter ido a ares desintoxicar e sentir que tudo está igualmente pequeno e desprezível. Mas nós crescemos um bom bocado, porque rejeitamos o medo.
Vamos ao cabo da cidade. Faltam 13 dias.
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