terça-feira, julho 23, 2013

Heróis da treta

Mudam-se os tempos e mudam-se os heróis. Aos heróis gregos associava-se a virtude, a coragem, a contribuição definitiva para os avanços dos homens. Ainda há alguns anos, os heróis eram modelos de coragem, algo a que nos aspirávamos a chegar. Hoje Mandela não é herói porque foi político, Bill Gates não é herói porque é rico e filantropo. Ainda recentemente, os heróis foram a fantasia dos superpoderes (Super-homem)que não temos mas desejávamos ter. Atualmente, os heróis são os modelos, os artistas do cinema e do desporto. Há nesta evolução uma perversidade óbvia. A moral dos heróis de antes que inspirava os homens e os fazia melhorar, resume-se agora a algo de inacessível, a um sentimento de admiração do impossível, na elevação da impotência e do medo e à necessária aceitação da nossa generalizada incapacidade. Não são fontes inspiradoras de comportamentos, mas deuses todos poderosos que se contemplam de olhos no alto. Do desejo de ascender, passamos à necessidade de acatar a diferença que aliena. Não é de admirar, porque há muito o conhecimento científico veio pôr em causa o papel alienante das religiões. Foi, pois necessário, criar algo inovador que mantivesse a função de obrigar a não pensar, instigando ao mesmo tempo um medo omnipresente que paralisa. O único risco que os dominadores têm é a perda do medo dos dominados. Essa consciência tem de crescer porque há um novo mundo a descobrir ainda que os novos adamastores tudo tentem para que isso não seja possível. É importante não dar ouvidos aos novos velhos de Belém nem aos colaboracionistas com a proteção dos mercados e resistir,afirmando a nossa vontade de liberdade. Sem medo, porque a dimensão do que há a ganhar, suplanta enormemente as perdas que nem temos, realmente!

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