quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Papagaios

Comecei o dia a ouvir a anedota do papagaio professor, o tal bicho caríssimo, que tem plumagem envelhecida, já não palra, mas que tem o preço que tem, o mais alto de todos, porque os que palram magnificamente e têm bela penagem lhe chamam professor, só por isso. Lembrei-me depois da vontade que têm de só se reformarem no limite da idade. Daquela situação de terem quase de ser empurrados e, claro, de algumas injustiças de que alguns até são vítimas.
Muitos deles, contudo, são apenas e só gestores. Muitas vezes, gestores aenas da sua carreira. Alguns começaram bem cedo essa vida dura. Já esqueceram a emoção e a angústia da paragem cardíaca iminente ao fim de muitos anos de visitas clínicas passadas na sala de jantar, longe dos doentes. Na tranquilidade da ciência. Nas sessões de casos clínicos arrevesados, onde o brilho vem ao de cima. São o creme, a nata, nesse meio asséptico em que se mexem. Por estranho que pareça é isso que lhes dá influência, a sua posição de opinion leaders. Drug dealers, muitas vezes.

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