No comboio para cima e para baixo, no despejar de uma charla. Desta vez a importância de ser pequeno ou a sua falta de significado. É curioso, como agora tudo o que é menos é desvantagem, tomada a priori. Mas nem será assim, se calhar. A altura terá começado a ser importante com os modelos de dimensões mínimas que nos impingem, com a ideia sempre presente da jovem esticada e magra, imposta como padrão, meta para descontentamento do dificilmente acessível. Depois a necessidade de vender a hormona de crescimento a fazer o resto e pelo meio ninguém pensa em saúde?
Neste momento, tenho algumas ideias mais ou menos assentes sobre isto. Primeiro, a baixa estatura pode ser um sinal de doença e geralmente não está isolada. Segundo, a baixa estatura, não constitui, aparentemente, prejuízo. Terceiro, a deficiência de hormona de crescimento, que raramente é a causa da baixa estatura, algumas vezes deve ser corrigida, não só, nem sobretudo pela estatura baixa, mas porque é metabolicamente prejudicial. Tanto nas crianças como nos adultos. Mas os problemas não se analisam, procura-se salientar aquilo que melhor satisfaça as necessidades de vendas. Tudo bem, mas não contem comigo. O que me move não é o mapa de vendas.
A mobilidade engrandece os dias. Vinte e quatro horas ficam maiores se me movimento. Para cima vou relendo artigos sobre rastreio de baixa estatura e ouvindo as conversas desta carruagem onde os telemóveis não param e passam o tempo a parar pela falta de rede. Mas a persistência os anima uma e outra vez. A jovem juíza justiceira anima-se com ar matreiro propalando as suas vitórias em comarca nova, a vergar advogados mal habituados. Ou não habituados a multas legalmente devidas e vai contando os parabéns dos colegas mais velhos incapazes por rotina de o fazerem. E a decepção dos advogados por nunca nada disso terem visto. Maus hábitos que a mobilidade dos juízes ajuda a corrigir. Viver em Espinho e trabalhar em Coimbra e sera primeira a chegar, por vir de comboio a horas certas. Regressar à noite com preocupações do que há para jantar. Histórias simples de comboios.
E fico a saber dos receios dos médicos se o Eng Correia de Campos vier a ser ministro da saúde. «O gajo, não gosta de médicos» «E isso era o menos, o problema é que o tipo é competente!» Logo, bom seria um ministro incompetente que gostasse dos médicos? Realmente, eu também gosto cada vez menos deles.
No regresso, ouço o elogio de Santana ao Presidente. Quem fala, o candidato a presidente? Será que o homem não se enxerga? Vai fugir outra vez para a frente?
Hoje, o frio esteve presente. Não sei se é isto uma vaga de frio. A mim até parece um tsunami de frio, nada vago. Serra da Estrela -11ºC. Brrrrrrrrr
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