quinta-feira, maio 04, 2006

Tempo

Dei agora conta que ontem escrevi que «estamos agora a viver mais tempo». Ao ler, fiquei na dúvida se estamos mais vividos ou, simplesmente, mais prolongados. Ou não será vida, estar somente livre, ter tempo para ver o sol a esconder-se. O que acontece é que aos poucos estamos, entregando-o à empresa, a abdicar do bem insubstituível que é o tempo. Em troca de realmente pouca coisa, mais uns trocos para podermos chegar onde não temos nenhuma necessidade de ir. Quem nos roubou o tempo e o prazer, vende-nos agora, também, a inutilidade.
Acabaram os horários de trabalho, terminaram os fins-de-semana. Para cúmulo, agora já nos assaltam o tempo do futuro em nome, ainda por cima, da esperança de vida aumentada. Já é preciso descaramento.

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