segunda-feira, maio 01, 2006
Diálogo nos meios do silêncio
De vigia à cadeira onde o sentámos, não vá o regressado resvalar, às voltas sem saber ainda bem qual o papel do clínico geral no rastreio da acromegalia, sou de repente despertado por um breve e explosivo, «está boa a música!». Pois estava, era a 40ª sinfonia de Mozart, que tocava a acompanhar-me o enchimento dos slides do PowerPoint com a raridade da doença. O meu papel eu vou sabendo, é o diálogo com as intermitências do silêncio, aproveitar a música que surgiu e ir à procura de referências de outra música, das bandas em festas de Vouzela, daquelas onde também havia ranchos folclóricos (até estrangeiros!) e «fogo de artifício» desencantado no meio das gavetas desarrumadas do que resta da memória. E continuamos por caminhos de feiras de vacas e rebanhos com cabras e ovelhas até chegarmos ao Marioilo e à Penoita, que já «ardeu toda». Claro, as ovelhas agora já não limpam os matos… Mas despertam esboços de sorrisos entremeados por vagos esgares de dor quando as palavras ficam presas no silêncio. Podia ter sido um erro, mas foi feito com boa vontade, de boa consciência e isso é que foi importante. Foi, afinal, desta vez, a coisa certa.
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