quarta-feira, maio 03, 2006

Inevitabilidades?

Há já muito tempo que não sentia a forma tridimensional do tempo. Acontecia-me, quando fazia serviços de noite, sentir-me a avançar no tempo, numa espécie de linha com largura e altura também. Tem acontecido agora, nesta altura em que tento arrumar as várias tarefas nessa caixa do tempo. Fora deste mundo, discute-se a inviabilidade de se ter segurança social, tudo pelo problema da vida prolongada, por causa da natalidade reduzida e outros argumentos irrefutáveis. Até era capaz de aderir a esta tese se não fosse, ao mesmo tempo, ver a Banca a ter lucros como nunca teve. Assim, queiram desculpar, mas não acredito nesta via única das verdades; há, seguramente, outros caminhos. E vem-me à memória Brecht. Realmente, se os banqueiros não existissem, quem nos pediria pagamento de juros? Se os Bancos não existissem, que necessidade teríamos, de ter a casa onde podíamos viver sem que fosse nossa. No fundo, para que a queremos? Para ser nossa ou para nela vivermos? Se não fosse a Banca, não poderíamos estar tranquilos adquirindo o que «precisamos» quando tivéssemos capacidade de adquirir sem pedir emprestado? Realmente, qual a vantagem de ter já, o que se pode ter mais logo, ainda por cima, estando nós, agora, a viver mais tempo? Na verdade, sem os Bancos, também provavelmente as batatas cresceriam com a rama para baixo e mais nenhuma mulher engravidaria. É que toda a produção do país é feita nas novas fábricas que são as instituições bancárias… Sem eles, nem mais um parafuso.

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