quarta-feira, maio 31, 2006
Momento II
Vitória contra-relógio, isto é a correr sozinhos, por menos de 20% de votos. A culpa nem é de quem se absteve, mas de quem não cria sedução no processo. Ou será, atendendo a que são os votos dos mais antigos, daqueles que sentiram sempre a necessidade de votar, a prova de que algo mudou na gente nova. Será indiferença ou desespero, mas seguramente é a prova de que isto está errado, de é preciso mudar processos.
Momento I
Ainda sobre um mar de aparente serenidade, adivinham-se os ventos fortes, a tempestade. Só não entendo a sua utilidade. Será apenas a prova de que o precurso avança, por vezes, com passos para trás. Antes da inevitável corrida para a frente.
segunda-feira, maio 29, 2006
Esquizofrenia
Tenho este defeito de começar o dia a ouvir a TSF, o que, percebo cada vez mais me dá uma terrível sensação de esquizofrenização. Basicamente, ouço publicidade onde os bancos, aos milhares, me mandam comprar tudo, procurar todos os caminhos fáceis possíveis, que na sua imensa simpatia me pagarão tudo. Mostram-me como é bom e fácil este país dos Bancos. Nos curtos intervalos sem publicidade, há uns blocos de notícias, onde os mais variados Ministros, quando não mesmo o Primeiro de todos eles, me vem falar da crise e da necessidade de sacrifícios, dos mais variados. Como é dramático este país do Poder. É complicado seguir entre duas versões tão antagónicas da coisa que aparentemente será a mesma. Pode mesmo acontecer que ambos tenham razão, que seja o país da felicidade banqueira, que depois causa a necessidade de tantos sacrifícios e que alguém não esteja a contar a história toda. Mas, a Direcção Geral de Saúde devia intervir nesta coisa e esclarecer-nos de vez para não acabarmos ainda mais (já andamos um pouco à margem da realidade, não é?) esquizofrénicos.
Sem comentários
«Onde estava Deus nos tempos do Holocausto?» Perguntou o Papa de visita a Auschwitz.
domingo, maio 28, 2006
Medeia
(Medeia, Cezanne)
E quase nada mudou, porque os homens são afinal iguais no fim de todo este tempo. Gregos ou agora, as mesmas traições e vinganças, a mesma percepção de continuidade ou do seu fim necessário. E o público de teatro, será o mesmo aqui e lá? Estariam também os anfiteatros meio vazios ou ainda não havia futebol e vacas na cidade?
E quase nada mudou, porque os homens são afinal iguais no fim de todo este tempo. Gregos ou agora, as mesmas traições e vinganças, a mesma percepção de continuidade ou do seu fim necessário. E o público de teatro, será o mesmo aqui e lá? Estariam também os anfiteatros meio vazios ou ainda não havia futebol e vacas na cidade?
quinta-feira, maio 25, 2006
Du(r)as realidades
Título em branco
Uns dias, ao entrar, já sei o que vai sair. Outros, como hoje, entro por desafio, com a sensação de vazio do papel em branco. Vou pelas palavras que estão nos dedos sem saber onde me leva o caminho. E neste instante, parece que as palavras devem estar arrumadas nalgum sítio, a dificuldade é ir buscá-las. Como um piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii prolongado no texto a gritar silêncios.
quarta-feira, maio 24, 2006
Os chatos
Não é novo, já os romanos achavam que o povo era estranho, nem governava, nem se deixava governar. É genético. Geralmente, temos o prazer de contestar, sem nunca nos pormos em causa. Toda a culpa é de algo impreciso, fora de nós, as vítimas de sempre. Reage-se sem acção. Em tempos de pró-actividade, esta atitude conduz à depressão e à asneira.
O que queremos? Eis a questão.
O que queremos? Eis a questão.
Privados e público
A sport TV não deixa que os jogos de futebol sejam transmitidos em lugares públicos. Até acho óptimo! Era só o que nos faltava agora, ter as praças cheias de cachecóis e berraria histérica e, espero, desespero passados os 90 minutos. Mas o que isto tem de mais curioso, é a chamada defesa do interesse público pela iniciativa privada. Como se vê pelo exemplo, privados, como é próprio da sua natureza, estão-se nas tintas para os interesses públicos. O negócio deles é maximizar os rendimentos privados, não defender o público (isto é, nós). E o que acontece com o futebol, poderá acontecer com outras actividades como a saúde. Como habitualmente acontece, o futebol vai à frente, mostrando-nos o que nos espera. A opção será de cada um. Eu estou decidido há muito.
terça-feira, maio 23, 2006
Le Prince (nada petit)
Ajudar os amigos é do mais louvável que há. Pois será, mas quantos, às vezes, poderão ser prejudicados, pela ajuda que lhes damos? Ou seja,nesta teia dos interesses, ajudar uns, vai muitas vezes ser o prejuízo de outros, eventualmente, nossos amigos também. Tanto mais que também os amigos se banalizaram. São de consumo e uso fácil. E, por definição, deviam ser únicos, alguém que cativamos.
domingo, maio 21, 2006
Ficar na margem (com a Berlenga em fundo)
Pode a vida ser este confronto com o meio que nos envolve. Para sobrevivermos fomos criando a ciência, escondemos conhecimentos para os vendermos melhor pelas incertezas de novas descobertas, descobrimos as falhas de ética nos relacionamentos com os outros, inventámos o remorso, elaborámos conceitos e chegámos ao Direito, à medida que as diferenças foram nascendo. Para nos apaziguarmos, esquecidos já das origens comuns, precisámos de Deus para nos acudir nas insuficiências dos nossos saberes ou para acautelar os privilégios dos dominantes e moderar os desejos legítimos dos dominados. Regulámos quase tudo para podermos viver juntos e, subitamente, começaram a difundir-se cânticos de sereia que nos isolam dos outros face ao mundo, com promessas de bem-estar definitivo. Fácil, sem luta, tudo conseguido com golpes de mágica. Vendem-nos ídolos e imagens de sucesso, celebridades. Atordoam-nos os sentidos com o sucesso das nossas equipas, que nos representam e que à falta dos nossos êxitos, nos garantem sucessos colectivos que temos ilusão de partilhar. Nos intervalos assustam-nos com perigos de todas as espécies, com roubos e fraudes, violações e espancamentos, quase nos dando a ideia de não podermos mais sair à rua, de ser necessário a todo o instante desconfiar daqueles com que nos cruzamos. Aceleram-nos até ao limite da vertigem, para que sintamos a náusea da paragem. E como marionetas temos ido neste rumo sem destino.
Na margem desta corrente, ficam alguns, cada vez mais sós, olhando, às vezes gritando inutilmente no meio do ruído ambiente. Só por necessidade e em homenagem a uma história que só em conjunto se pode realizar. A tal que não faz sentido seguir sozinho, apenas porque a vida não é para isso. A sobrevivência faz-se colectivamente, o resto é torpor. A história tem sentido, o torpor, por mais adrenalina que contenha, para que serve?
quarta-feira, maio 17, 2006
Relatividade
Razão teria o tio Joaquim, quando confrontado com os conselhos de perder peso, beber menos e não fumar, tinha aquele ar em que os lábios encolhiam os ombros, dizendo com os olhos que bem pouco sabíamos da vida. Desconcertante, completamente alheio às estatísticas, se calhar bem sábio. Sorriu até ao fim.
terça-feira, maio 16, 2006
A árvore de pé
Antes, logo imediatamente antes da saída para Sesimbra, do outro lado da auto-estrada, fica, num intervalo súbito sem prédios, aquele tronco elevado antes do azul do céu. É uma árvore seca, ainda com ramos desenhando quase uma cornucópia tombada sobre a esquerda, de ramos cada vez mais finos, em várias ordens de emergência como uns brônquios. Ali erguida com toda a dignidade da sua secura, deixando quase ouvir o crepitar de lenha seca do lado de cá da estrada. Nem uma folha, só a silhueta em contraluz numa afirmação de verticalidade, num intervalo do betão. Tenho ganas de trazer a Canon e a tele e disparar uma única vez para a fixar, porque é enormemente bonita na sua secura e no seu som de vida já passada.
Problemas
Houvesse o ranking da criação de problemas e lá estaríamos destacados em primeiro lugar. Antes de mais gostamos de criar problemas, em quantidade suficiente que daria para exportar e encher o mundo deles. Só que o mundo se defendeu desta forma de estar e nos devolveu, depois da expansão, para este canto, onde a vocação inata nos leva compulsivamente à produção. O mundo está a globalizar, a ficar com regras, onde esta forma de estar não se encaixa. E desta forma a vocação da criação dos problemas vai começar a ser problema e, esta forma de estar, não parece vir a ter grande futuro. Ou deixamos de criar problemas e descobrimos soluções ou vamos, realmente, além de sermos um problema, ter grandes problemas.
Esta maneira de estar a olhar para nós é própria de um país de vagabundos solitários e anti-sociais. Será o fado o caminho para debaixo da ponte, a resmungar contra um mundo do qual nos alheamos, fugindo, esquizofrenicamente, para um mundo nosso separado do real?
Esta maneira de estar a olhar para nós é própria de um país de vagabundos solitários e anti-sociais. Será o fado o caminho para debaixo da ponte, a resmungar contra um mundo do qual nos alheamos, fugindo, esquizofrenicamente, para um mundo nosso separado do real?
domingo, maio 14, 2006
Pesadelos
É por uma questão de bom senso e boa educação que nos dias de hoje não comento as concentrações de milhares no Santuário, nem as práticas masoquistas que até lá levam. Já não ando por aí a falar dos ópios de multidões. Não é que tenha renegado a análise desta realidade. É mesmo só porque seguro do que sou, posso não ser fanático e fundamentalista manipulador. Por isso sorrio quando ouço um bispo polaco fanático e fundamentalista falar de pesadelos passados na Polónia. Pesadelos do presente no Iraque e em toda a África serão hoje mais motivo de reflexão. Ainda penso que há verdadeiras libertações a conseguir nos dias de hoje, mas não sei se cabem em certas orações ou se teremos de esperar por novas revelações.
sábado, maio 13, 2006
Casa de sonhar
Dizem-me que sonho todas noites quando durmo, mas sempre ao levantar tenho dúvidas por já me ter esquecido dos gozos e tormentos desses instantes. Geralmente, é assim no dia-a-dia da cidade. Mas aqui é diferente. De manhã levanto-me, quase 10 horas depois de ter adormecido, e lembro-me das impossibilidades e incoerências desses momentos. Para além de tudo o mais, esta é também a casa dos meus sonhos.
sexta-feira, maio 12, 2006
Ao pôr do sol
Havia desenhos de água na areia e a ilha ao longe a desaparecer na tarde. Bolas, esqueci-me de trazer a máquina! Deixa-me guardar aqui. E guardo também novas certezas de que a vida podem ser pequenas reacções hesitantes e inconsequentes, esquecidas. Pode muito bem ser verdade, que reacções aparentemente patéticas sejam bem mais complexas e sinónimos de vida que o abanar da cauda cortada de um cão em busca de um toro de couve.
quinta-feira, maio 11, 2006
Sem solução?
Agora me apercebo como cada um sabe tão bem a solução do que lhe diz respeito. Os outros é que têm a culpa de a perfeição desta solução não ser posta em prática. Por isso, o senso comum de que a culpa é sempre dos outros. O problema é que não vivendo sozinhos, saber bem a solução que nos diz respeito, implica mais do que sabermos a nossa solução, torna necessário sabermos a solução colectiva de com quem também vivemos. Não descobrir essa solução implica não encontrarmos a nossa própria.
Será que somos um povo anti-social?
Será que somos um povo anti-social?
quarta-feira, maio 10, 2006
Mudar
Nesta terra aposta-se na desvalorização do técnico. Entre um parecer dele e o de qualquer grávida, prevalece o da segunda, porque ela acha que sim no seu saber mais do que iluminado. O mais engraçado é o ar tímido com que os técnicos vêem esgrimir os seus argumentos, perante quem tem a barriga cheia de certezas irrefutáveis (neste caso doutras coisas, mas enfim). Realmente, fica a sensação que a barriguda é que tem razão, tal a forma assertiva como expõe a coisa. O Ministro toma a decisão duvidosa de ouvir os técnicos em vez das barrigudas e a bronca está armada. Mais lhe valeria ter uns técnicos a rabujar nos gabinetes do que as barrigudas no meio da rua. Era mais tranquilo para ele. Depois, se os recém-nascidos tivessem problemas, a culpa seria dos técnicos que se não pronunciaram, etc e tal. Demitia-se o ministro, que é o projecto máximo de qualquer oposição que se preze e tudo ficava bem. Mas há uns tipos teimosos.
Nesta terra, quase tudo está mal até ao momento em que se vai mudar. Há um horror há mudança, que torna simpática a merda em que se está. Será porque se alguma coisa melhorar, desaparecem os argumentos?
Vale isto para maternidades e reestruturações de consultas por exemplo.
Nesta terra, quase tudo está mal até ao momento em que se vai mudar. Há um horror há mudança, que torna simpática a merda em que se está. Será porque se alguma coisa melhorar, desaparecem os argumentos?
Vale isto para maternidades e reestruturações de consultas por exemplo.
terça-feira, maio 09, 2006
Instante de fotografia
O fundo pode ser imaculadamente branco, mas atravessado por uma faixa de rua preta. No passeio de lá, o pai empurra o bébé no carro; no passeio de cá, o filho empurra o pai na cadeira de rodas. Caminham os dois para a mesma parte do tempo. Só que o fazem em sentidos opostos, para espaços contrários.
domingo, maio 07, 2006
Onde estar?
Tenho vontade de estar onde não estou e desta forma se escoam os dias, estes dias. Se aqui estou era lá que queria estar, mas estando lá, estaria aqui melhor. Aonde vou nem eu sei.
sábado, maio 06, 2006
Paralisia
O silêncio incomoda, a agitação doi. Um e outra despertam dúvidas, incertezas sobre o caminho mais certo. Mais, não sei escrever.
sexta-feira, maio 05, 2006
Limitações
É limitado afirmar-se que pensar a acromegalia é o que é necessário. Tem toda a razão aquela colega ao dizer que temos de pensar outras coisas, que temos de resistir à fúria da produtividade, que temos de ter tempo para falar e olhar os doentes (mas é para isso, não para deixar os consultórios vazios, direi eu) , que temos de ter espaço para continuarmos a obra de termos o 12º melhor SNS do Mundo. Está enganado o moderador que acha não ser o espaço indicado, nem sermos nós os indicados para fazer esta discussão. Todos os momentos são indicados e todos somos os indicados para fazermos esta coisa simples que é pensar, perguntar porquê. Há coisas muito mais importantes do que vender drogas. Quem nos anda a acelerar, quando é de parar por momentos aquilo de que mais necessitamos?
quinta-feira, maio 04, 2006
Tempo
Dei agora conta que ontem escrevi que «estamos agora a viver mais tempo». Ao ler, fiquei na dúvida se estamos mais vividos ou, simplesmente, mais prolongados. Ou não será vida, estar somente livre, ter tempo para ver o sol a esconder-se. O que acontece é que aos poucos estamos, entregando-o à empresa, a abdicar do bem insubstituível que é o tempo. Em troca de realmente pouca coisa, mais uns trocos para podermos chegar onde não temos nenhuma necessidade de ir. Quem nos roubou o tempo e o prazer, vende-nos agora, também, a inutilidade.
Acabaram os horários de trabalho, terminaram os fins-de-semana. Para cúmulo, agora já nos assaltam o tempo do futuro em nome, ainda por cima, da esperança de vida aumentada. Já é preciso descaramento.
Acabaram os horários de trabalho, terminaram os fins-de-semana. Para cúmulo, agora já nos assaltam o tempo do futuro em nome, ainda por cima, da esperança de vida aumentada. Já é preciso descaramento.
quarta-feira, maio 03, 2006
Inevitabilidades?
Há já muito tempo que não sentia a forma tridimensional do tempo. Acontecia-me, quando fazia serviços de noite, sentir-me a avançar no tempo, numa espécie de linha com largura e altura também. Tem acontecido agora, nesta altura em que tento arrumar as várias tarefas nessa caixa do tempo. Fora deste mundo, discute-se a inviabilidade de se ter segurança social, tudo pelo problema da vida prolongada, por causa da natalidade reduzida e outros argumentos irrefutáveis. Até era capaz de aderir a esta tese se não fosse, ao mesmo tempo, ver a Banca a ter lucros como nunca teve. Assim, queiram desculpar, mas não acredito nesta via única das verdades; há, seguramente, outros caminhos. E vem-me à memória Brecht. Realmente, se os banqueiros não existissem, quem nos pediria pagamento de juros? Se os Bancos não existissem, que necessidade teríamos, de ter a casa onde podíamos viver sem que fosse nossa. No fundo, para que a queremos? Para ser nossa ou para nela vivermos? Se não fosse a Banca, não poderíamos estar tranquilos adquirindo o que «precisamos» quando tivéssemos capacidade de adquirir sem pedir emprestado? Realmente, qual a vantagem de ter já, o que se pode ter mais logo, ainda por cima, estando nós, agora, a viver mais tempo? Na verdade, sem os Bancos, também provavelmente as batatas cresceriam com a rama para baixo e mais nenhuma mulher engravidaria. É que toda a produção do país é feita nas novas fábricas que são as instituições bancárias… Sem eles, nem mais um parafuso.
terça-feira, maio 02, 2006
Cócegas na memória
O mais angustiante, são os esgares da impotência, a irritação que se adivinha na impossibilidade de atingir algo ali em frente, a possível percepção da incapacidade. De forma persistente, reiterada, tenta a sua libertação do cadeirão, tentando fincar os pés no chão, agarrando lençóis ou qualquer roupa que ali esteja à mão, em pequenos avanços, sempre terminados num sentar, às vezes ainda mais para trás, pela inclinação do assento. Pelos intervalos, nas acalmias breves, parece mostrar, aqui e além, um ar de gratidão, talvez, quase um sorriso. Outras vezes salta, de súbito, um nome ou, de forma de todo inesperada, a tabuada dos cinco. Cinco vezes um, cinco, cinco vezes dois, dez. Absolutamente certa até ao cinco vezes dez. Como se cantasse numa língua estrangeira de que se não entendem as palavras, números sem quantidade dentro.
segunda-feira, maio 01, 2006
Diálogo nos meios do silêncio
De vigia à cadeira onde o sentámos, não vá o regressado resvalar, às voltas sem saber ainda bem qual o papel do clínico geral no rastreio da acromegalia, sou de repente despertado por um breve e explosivo, «está boa a música!». Pois estava, era a 40ª sinfonia de Mozart, que tocava a acompanhar-me o enchimento dos slides do PowerPoint com a raridade da doença. O meu papel eu vou sabendo, é o diálogo com as intermitências do silêncio, aproveitar a música que surgiu e ir à procura de referências de outra música, das bandas em festas de Vouzela, daquelas onde também havia ranchos folclóricos (até estrangeiros!) e «fogo de artifício» desencantado no meio das gavetas desarrumadas do que resta da memória. E continuamos por caminhos de feiras de vacas e rebanhos com cabras e ovelhas até chegarmos ao Marioilo e à Penoita, que já «ardeu toda». Claro, as ovelhas agora já não limpam os matos… Mas despertam esboços de sorrisos entremeados por vagos esgares de dor quando as palavras ficam presas no silêncio. Podia ter sido um erro, mas foi feito com boa vontade, de boa consciência e isso é que foi importante. Foi, afinal, desta vez, a coisa certa.
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