domingo, fevereiro 29, 2004

Viva!

Ali fica o espaço da participação, sem receios de errar, porque a paixão está sempre certa e a ela tudo se perdoa. Vale tudo, insultar, aplaudir, saltar, berrar, tudo é permitido com o apoio do resto da tribo. Os mecanismos de ampliação vão ficar a ecoar os sons durante toda a semana. A este espaço de crítica vamos, cada vez mais, estando confinados, bem doutrinados pelo fenómeno.
Só falta que digam que este post foi ditado pelo empate do Benfica!

sexta-feira, fevereiro 27, 2004

Re(voltado) sempre

Uma semana de pausa na escrita bloquística motivada por outras escritas mais urgentes.
Por estes dias passaram massacres e terramotos em África, jogos de futebol (o tal desporto de todos os ri(s)cos se tivermos em conta os preços dos bilhetes e os investimentos na segurança) e um sem número de pequenas notícias de encher (tele)jornais e outros.
Curioso o estudo da Associação de Farmácias que revela que o Estado teve menos despesas com medicamentos, mas o público (os doentes) tiveram de desembolsar mais. Ficamos todos contentes com a poupança do Estado e com a felicidade do DB a cumprir os compromissos do Estado e os protugueses cada vez mais desempregados ou em vias de o serem, vão pagando cada vez mais enquanto sonham com vitórias do FCP e no Euro 2004... Este é um país de futuro (quando?)

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

Bolas!

Vamos riscar os jogos de risco? Acabavam-se e digam-me lá, o que perderíamos nós? Há mais temas de conversa, certamente. A vida não acaba à volta de uma bola.

domingo, fevereiro 22, 2004

Venham mais cinco (nome de música)

Hoje anunciam-se os preparativos de mais uma guerra para os lados do Porto. Vêem aí os ingleses! E agora, sempre que isso acontece, há uma mobilização específica da Polícia portuguesa. Estas guerras do futebiol são fundamentais para este país onde pouco acontece. Enquanto se preparam as tropas para a invasão inglesa, fazem-se cimeiras a três pela Europa, que se calhar prenunciam invasões bem mais reais. E, se calhar desejáveis. Agora que é moda os empresários reclamarem a unificação com Espanha, deixem-se sonhar mais alto e desejar a unificação com a Europa toda, sobretudo pelas vantagens de ser conduzido pelo tal motor anglo-franco-alemão. Uma tradição de boas maneiras, boa cozinha e tecnologia. Sim agrada-me muito mais do que estas pindéricas preparações para conflitos futebolísticos e gritos esganiçados do DB a dizer que cumpriu. Mais até do que prometeu, muito mais! Desemprego, insegurança, xenofobia, pior qualidade de vida. A propósito de DB, vale a pena ir ao Villaret rir de tudo isto.

sábado, fevereiro 21, 2004

Muito simples

Ao princípio de ontem e ao fim de hoje com três anos de permeio. É assim, em cada ano, a realização de uma vida. Parabéns a elas que vão estando cada vez mais crescidas!
O Guincho é sempre belo, quer na Quinta da Marinha quer no Porto de Santa Maria com o mar ali ao lado.

sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Primeira página

Numa daquelas terras do Alentejo ainda não completamente compradas por alemães, holandeses e outros, os velhos e os novos encontram-se na escola. Os primeiros contam histórias mágicas aos miúdos, estes ensinam-os os avós a usar o Messenger.
Ainda há estas ilhas no mar da globalização. Num dia em que o DB se multiplicou em discursos de auto-elogio sobre o cumprimento do Pacto, foi esta a minha notícia de abertura. Há uma globalização a fazer, o Alentejo ensina-nos.

quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Simples

Como nas cantigas do Sérgio, ao princípio é simples, anda-se sozinho. Depois, subitamente, temos a noção que aquele é o primeiro dia do resto da nossa vida, como todos os dias são afinal. Mas nesse dia é mesmo, urgente e de forma definitiva. Fica-se num estado de inquietação tranquila em que o mundo finalmente encontrou o sentido. O caminho fica então com ladeiras, curvas, nós de estrada e descidas por onde vamos avançando já sem a simplicidade do princípio, mas com o prazer da realização. Percebe-se, finalmente, que o prazer nada tem de fácil e que a facilidade é rotina sem graça. Pelo meio até abençoamos a dor que ao prazer nos leva, nesta dialéctica constante dos contrários que se complementam e se descobrem. Aos poucos, a obra vai nascendo, a história faz-se de coisas pequenas, sem revoluções necessariamente, acontecendo simplesmente sem uma rota totalmente definida no início. E cada vez mais o sentido se constrói e faz sentido e vai parecendo que tinha de ser assim e que tudo afinal tinha uma lógica e um destino que podemos agora contemplar na tranquilidade da coisa feita e sempre em construção.
É bom chegar, vinte e cinco anos depois, com um olhar terno sobre a história e ter vontade de dizer obrigado Manela por me teres dado a mão nesta jornada. No fim das contas, é simples, hoje como ontem, é apenas o primeiro dia do resto da nossa vida.


quarta-feira, fevereiro 18, 2004

E não deixo de ser de esquerda, percebem?

Sinceramente, acho que teria desapreciado se me tivessem feito uma dessas. E como não quero para os outros, o que não quero para mim, estou de acordo, por muito que isso custe a certa gente muito politicamente correcta.
Aqui fica o extracto:
Deixar que a criança cresça em "ambiente homossexual" tem consequências que devem ser evitadas, nota. "A comunidade científica mundial sabe hoje que não existe homossexualidade genética"; assim, uma criança que seja educada em ambiente homossexual tenderá "a interiorizar atitudes, aprendizagens, reacções do ambiente onde está", afirma.
Villas-Boas é peremptório quando diz que "a criança não deve nunca ser adoptada por homossexuais", porque tal irá interferir com a sua "sexualidade natural". "Tudo o que seja induzir comportamentos que não correspondem à sua condição sexual é um atentado ao direito das crianças", considera. "A adopção é um veículo do exercício do direito à família de uma dada criança", mas "qualquer criança também tem direito ao exercício da sua sexualidade original". Antes de tudo, considera, está "o primado do direito da criança à sexualidade genética": se for mulher, tem direito a ter filhos, a procriar; o homem tem direito a ser pai. Criar crianças em "ambiente homossexual" é "interferir com o normal percurso do exercício dessa mesma sexualidade". "Ser lésbica não é ser mulher na plenitude natural do termo, porque se assim fosse não haveria o problema da procriação natural", acrescenta.
Villas-Boas vê o carinho transmitido por homossexuais como "um carinho falso. Não é carinho organizado, estruturante - gostam deles próprios através da criança", afirma.

Ainda o concurso

É difícil a arte de julgar pelo risco da injustiça. Mesmo a tranquilidade da consciência pode não ser bom padrão de medida.

segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Concursos

Quem não é do meio, precisaria de ter uma imaginação delirante para ter uma ideia aproximada do que se passa. Isto é mais uma das manifestações de surrealismo em que vivemos. Passo a contar. Os médicos frequentam serviços considerados idóneos para fazerem a sua especialização por períodos que variam entre quatro e seis anos. Anualmente, têm uma classificação atribuída pelo Director de serviço e por outro médico que é chamado orientador de formação do Interno (o médico em formação). No final, faz-se um concurso de titulação, em que intervêem, além dos que o andaram a classificar nos anos anteriores, outros 3 elementos designados pela Ordem dos Médicos, geralmente de outros serviços do país. Neste concurso há 3 provas, a análise do curriculum do candidato (habitualmente um texto extenso e maçudo com mais de 40 páginas) onde o candidato descreve os sítios por onde andou a especializar-se, uma prova prática, que consiste na observação de um doente e elaboração do relatório, onde se fazem os diagnósticos e se apresenta um plano de tratamento e, finalmente, uma prova teórica de interrogatório livre sobre as matérias da especialidade.
Tentar avaliar as capacidades de alguém através de um exame onde se faz uma prova que consiste na repetição do que essa pessoa fez diariamente durante cinco anos é, obviamente, ridículo. Tanto mais que o modelo de realização desta prova é anquilosado e completamente distinto do que se faz no quotidiano e através do qual se prestam os cuidados de saúde nos hospitais. É um exercício lamentável de faz de conta, que em nada contribui para a avaliação dos doentes nem dos médicos. Mera perda de tempo!
A prova teórica são meia dúzia de perguntas sobre temas genéricos da especialidade, que geralmente podem ser respondidas por qualquer interno no segundo ano da especialidade, sem profundidade, sem se avaliar sequer a perícia do candidato na pesquisa de informação, que cada vez mais, é o que é útil assistencialmente.
Perante este panorama de há alguns anos para cá, as classificações nestes exames terminam geralmente com uma nota que oscila entre 19,5 e 20 valores. Com toda a gente a lamentar que isto aconteça, a falar de inflação e sem ninguém capaz de mexer nesta situação.
Mas por que acontece tudo isto?
Apetece-me dizer que é culpa do Sistema (pois, como no futebol). Este é o modelo que permite melhor impôr a vontade do sistema, porque completamente controlável pelo sistema. No fim de contas, o que se avalia nestas provas são também os serviços onde o candidato se formou. Avaliando, através da avaliação de um terceiro e frágil, a coisa torna-se menos dramática. Mas seria bem mais útil se os serviços fossem classificados através da avaliação objectiva dos cuidados prestados aos doentes, via auditorias externas e independentes. Aí estava algo que poderia pôr o sistema em causa, mas que certamente contribuiria para melhorar o funcionamento real dos serviços. Quanto à prova teórica, a maneira mais objectiva de o fazer seria, seguramente, através de uma prova de escolha múltipla com um número de perguntas acima de 100. Uma vez mais, o sistema perderia o controlo e a sua capacidade de dar classificações politicamente correctas. Mas se isso fosse feito, certamente teríamos médicos especialistas mais bem apetrechados teoricamente, capazes de tratar menos empiricamente os doentes. E que tal submeter os especialistas periodicamente a uma prova destas, para poderem manter o seu título de especialistas?
Mas não, com o método actual continuamos todos a viver no melhor dos mundos. O sistema mantém-se sem abalos. Fica tudo em casa. Só por isto acho que se mantém este método ridículo de avaliação dos médicos.
Só mais uma nota, provavelmente, nunca sairá da Ordem dos Médicos uma proposta que ponha em causa esta metodologia de avaliação. A Ordem é a Liga do sistema.

domingo, fevereiro 15, 2004

Que novidade!

Em Portugal, quem não consegue fazer outra coisa, vai para professor.
António Coutinho no Expresso deste fim-de-semana.
Comentários para quê? É um cientista português! E que tem esta notável capacidade de síntese. Espero bem que os Professores de Medicina não deixem esta «afronta» sem resposta, mas o mais provável é pensarem que os deuses não respondem a este tipo de afirmações dos simples mortais.

sábado, fevereiro 14, 2004

Pela manhã

Às vezes basta espreitar pela janela o céu azul e perceber, sem o sentir, o frio do lado de fora da janela. Afinal, não era tanto, como depois percebi junto do pequeno espelho de água no Jardim da Amália, onde os cães correm a apanhar bolas. É bom que não seja ali o Centro de Congressos de Lisboa, que Botero esteja na rua um pouco acima de onde a escultura do Cargaleiro se mantem em ejaculação aquática contínua.
Ler na esplanada o desejo obsessivo do senhor presidente da Câmara em ser presidente da República, faz pelo menos estremecer e pensar que, com ele, possivelmente, as coisas não estariam como estão ali naquele local. Se não fosse o Centro de Congressos, seria pelo menos uma grande concha e auditório para se ouvirem os famosos concertos de violino de Chopin, não seria Dr. Santana Lopes?

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

Dia 13, sexta-feira

É curioso como a sexta-feira, dia 13 acaba por ser um dia diferente só porque as pessoas comentam o facto, obviamente, todas sem se impressionarem absolutamente nada com a coisa. Os comentários, os acontecimentos, cada vez mais, parecem programados, desencadeados por uma ordem. O próprio mundo parece subjugado por uma Ordem intocável. O Mercado apoderou-se de muitas almas, demasiadas, demasiadas almas agrilhoadas e quietas. É preciso urgentemente acreditar e passar a agir sem ter medo de virar tudo do avesso se for preciso. Ou será que o motor da história ainda está gripado ou a precisar de combustível? Há todo um hemisfério Sul e um Oriente à espera de acordar. Será um despertar sozinho ou com um pequeno abanão daqueles que neste resto do mundo, embora poucos, não suportam a leitura do Factbook da CIA. Tanta diferença será sempre um fermento de algum desespero que nem o Imperador poderá conter eternamente, por mais que amece os «malvados» com todo o terror da sua força.

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

Responsabilidade

Uma maior responsabilização pela nossa saúde parece ser uma obrigação de cada um de nós. É óbvio que é estranho que sejam os nossos impostos que pagam as despesas que resultam de um acidente de viação provocado por um condutor alcoolizado. Ele que pague! Mas a coisa não se fica pelas bebidas, o mesmo é aplicável às comidas. Pagar os medicamentos da diabetes na totalidade, quando quase sempre resulta de excessos alimentares, também não parece ser do mais ajuizado socialmente.
Fica só um pequeno problema. Certos hábitos perniciosos não têm uma distribuição transversal por todos os grupos de cidadãos. É até conhecido que tendem a ser mais prevalentes nos grupos sociais mais desfavorecidos. Neste caso, a visão responsabilizadora do PM Durão, é mais da mesma política, sempre a penalizar os mesmos. Só seria lícita, se houvese um grande esforço de prevenção que tivesse por objectivo o ataque às causas, por exemplo, combater a comercialização do álcool e dos alimentos nefastos à saúde e não apenas através de sugestões às empresas envolvidas, mas através de penalizações objectivas e profilácticas, quye reduzissem eficazmente o consumo dos tóxicos. Será que a dureza chegará a tanto?

quarta-feira, fevereiro 11, 2004

Vanguardas

Não resisto a transcrever uma citação do antiwar.com. É um pensamento de gente jovem, optimista, mas infelizmente pouco ouvido a jovens de hoje. Aflige-me olhar para uma geração que não acredita em certas coisas, mas isso deve ser por já ir estando avançado na idade...
Leiam: Never doubt that a small group of thoughtful, committed people can change the world. Indeed, it is the only thing that ever has.
Margaret Mead

Perceber que o mundo tem de ser mudado é uma aquisição que rapidamente a juventude terá de fazer. No final das contas, é a preparação do seu futuro. Não podem acreditar que tudo está decidido, porque já descoberto. Apostar na inovação é um caminho necessário.


terça-feira, fevereiro 10, 2004

Cuba

Naturalmente, não há mundos perfeitos, mas uns são mais justos, equitativos do que outros. Não há dúvida de que sou suspeito, veja-se o link ao Granma aqui ao lado. Fiquei contente com o post do Luís Rainha. Se calhar somos ainda alguns milhões na terra inteira.

Big fish

A realidade das coisas está fora da física que são. Um lençol é fisicamente branco, mas só o reconhecemos como tal nas ondulações da representação, onde o pintor lhe inscreve diferentes tonalidades para que o possamos ver. Nunca o reconheceríamos como tal numa tela completamente branca que poderia ser tudo sendo nada.
Somos mais que a nossa história. Não nos ficamos pelo currículo chato e cronológico de acontecimentos de vida. Somos aquilo que imaginamos da nossa história. Somos as nossas histórias e fantasias de vida, aquelas que contamos aos outros. Nos outros nos vamos fazendo e neles sobrevivemos à morte naquilo que neles deixamos. No imaginário poderemos estar muito mais perto da verdade que somos, do que nos dados objectivos que vamos somando pela vida. Sem o imaginário nem chegaremos bem a ser. A nossa eternidade fica dispersa pelos relvados onde aqueles com quem contactámos ao longo da vida assistem ao nosso funeral cheios já da nossa memória.Foi pelo menos assim que fiquei ontem depois de ir ao cinema ver o Big Fish, absolutamente imperdível!

segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Há sempre outra maneira de olhar para as coisas

.A quietude da alma pode transformar um incómodo em mensagem optimista.

Textos pós-modernos

Subitamente, começaram a ler em inglês e, como os industriais de restauração algarvios, também ficaram seduzidos pela língua. Acontece o mesmo com os nossos artistas, que só conseguem ouvir as baboseiras que escrevem em inglês. Aliás, quem aceitaria cantar uma cama de rosas sem desatar imediatamente a rir? Experimentem traduzir as letras das canções em inglês e depois digam-me! Eu digo já, na maioria dos casos, um pirosismo insuportável quando dito em português. Como, em inglês, às vezes nem se percebe tudo, torna-se audível, não é?
Mas eu falava dos médicos, que cada vez mais tratam pacientes (eles lá sabem o que fazem aos doentes, para os terem convertido em tal). Para minha surpresa, ao ler um texto de Anatomia em português(?), vi que agora externo é lateral e interno medial, que o velho cúbito virou ulna e que o perónio já é fíbula, ou seja um destes dias já nem sei os substantivos da Anatomia....
Até já me tinha habituado a que o exame dos dados objectivos de observação, se tivesse convertido em exame físico, que as doenças tivessem estádios ou estadios e não simplesmente fases (de desenvolvimento), que as tomografias não fossem computadorizadas, mas computorizadas, que as ecografias estejam rapidamente a dar lugar às ultrassonografias, que os resultados de estudos fossem publicados em posteres e não em cartazes e que as provas cada vez mais fossem evidência. Agora que alguns autores reivindiquem a publicação de abstractos, sinceramente deixou-me sem palavras. É que os resumos, afinal, eram facilmente legíveis sem necessidade de qualquer esforço de interpretação. Um destes dias encontramo-nos por aí num mitingue para meditar neste estado de coisas e também para alterar o meu corrector ortográfico, que, desactualizado, foi colocando um risco vermelho ondulado sob estes termos da escrita da medicina pós-moderna?


Restaurado(s)

Mergulhei então na salvação do vinil. Fui-me aos discos do Luís Cília, do Brel, da Suzanne Vega, do Arlo Guthrie e do Pete Seeger e desatei a passá-los para MP3. O fim-de-semana renasceu nesta actividade de restaurador dos discos e da minha memória.
Com o Cília vim desde antes do 25 de Abril até ao outro 25 do desencanto. Os tempos estão diferentes, mas ainda deveremos ser milhões e milhões na terra inteira. Possivelmente, deixámos só de cantar momentaneamente, cansados da ladeira que nos impuseram. Mas alguns de nós continuamos a acreditar nas novas alvoradas.
Se por acaso virem por aí o Cília a passear o cão, digam-lhe que pelo menos o ponha a ladrar. Silêncio é que não! Não podemos ficar acomodados à espera das anedotas do Alberto João a presidir à Assembleia. Nós queremos rir-nos de verdade.


Caldas

Dormir dez horas seguidas é uma experiência cada vez mais rara. Que direito teremos de nos privarmos do sono? O dia fica mais pequeno, mas para que se querem grandes os dias?
Ainda se chega a tempo às Caldas ou ao que delas é importante, o Mercado com vendedeiras a esta hora já fartas de venda e cheias de vontade de ir tratar dos bichos lá em casa e do pão da Ramalhosa, quente e estaladiço. O resto é paisagem, tios em circulação na Rua das Montras em encontros de fim-de-semana mais ou menos iguais e a olhar ninhadas de cães, em oferta, ao início da rua. Nas montras a louça característica olha os passeantes sem pudor. E já tem jornais em ucraniano no quiosque onde compro o Expresso para me começar a entediar com o fim-de-semana. Mas sempre fico a saber os preparativos para a guerra. Não, não é a do Afeganistão. A outra, a do futebol. Mas ninguém questiona que andem a gastar o nosso dinheiro, o dos impostos, em preparativos de guerra contra os hooligans e quejandos? A TSF, por um lado, o Expresso por outro começaram a chatear-me o fim-de-semana. O melhor é desligar!


sexta-feira, fevereiro 06, 2004

Aí vou eu

Gosto deste sentimento de A8 a meio das tardes de sexta-feira, sobretudo quando o piso está enxuto e o sol tenta abrir as nuvens no horizonte desta estrada.
Para trás fica uma semana, quase sempre igual a outras e à frente a esperança de dias de maior entusiasmo. É sempre assim às sextas-feiras à tarde. Cada vez entendo menos, aqueles que podendo, se recusam a ir por uma destas estradas de fim-de-semana.


quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Deixou de haver desculpa

A partir de hoje, existe por baixo dos posts a possibilidade de os comentarem. À distância de um simples clique. É tão fácil, experimentem!

Nem depois de mortos trabalham!

Estamos num país difícil. Os funcionários públicos têm um sistema especial de apoio à saúde, que vai sofrer alterações passando por cortes nos subsídios às consultas, análises e meios complementares. Como compensação, naquilo que acho dever ser uma experiência pioneira em termos de apoio social em todo o mundo, esses serviços decidiram criar um sistema de apoio após a morte e começaram a enviar cartões aos funcionários mortos. Não é que logo se levantam vozes contra esta iniciativa!
Esta é uma das histórias em que mais uma vez se vê logo de que lado está a culpa. Como podem eles saber que o funcionário morreu, se eles nem se dão ao trabalho de depois de mortos, lhes fazerem a respectiva comunicação. Do tipo, em papel de 35 linhas:
Eu F...., funcionário público (cansado de funcionar) venho por este meio, comunicar a V. Exas que a partir do dia de hoje me encontro na situação de morto. Peço, por isso, que, para os devidos efeitos, o meu nome deixe a partir desta data de constar nas vossas listas com todas as implicações daí decorrentes, nomeadamente a cessação do envio do respectivo cartão de beneficiário.
Pede deferimento
Data
Fulano (com assinatura reconhecida)
Bom, aqui deixo esta sugestão de minuta aos mortos mais distraídos. Que diabo, não custa nada e poupam-se os incómodos à família.

quarta-feira, fevereiro 04, 2004

Nuvens negras

Luís Delgado, no Diário digitalde hoje afirma, a propósito do sistema eleitoral americano, que «Existe um problema, contudo: a abstenção é a maioria, o que significa que o homem mais poderoso do mundo é eleito, afinal, por cerca de 25 por cento dos americanos». E eu não acredito que ele esteja convencido do que diz. Ele deve saber muito bem que quem manda não é um homem, mas uma série de companhias que escolhem um representante para fazer que manda. Mas alguém ainda acredita que o poder está concentrado num homem?
Mas o problema não fica por aqui e é bem mais grave. Segundo o mesmo a eleição do Imperrador Americano são favas contadas: entre um presidente em exercício e que já deu provas de não temer os desafios, ou um democrata receoso e desconhecedor, os eleitores tenderão a escolher o mal menor, George Bush, por muitas dúvidas que possam ter.. Realmente ele não teme desafios, ninguém o desafia. Nós é que tememos os desafios deles, da paranóia deles, da visão de armas imaginárias onde lhes apetece vê-las e por aí fora.
Fico, ainda assim, com a secreta esperança que desta vez este palpite de LD tenha o rigor dos anúncios que tem feito da retoma da economia...
Finalmente, como se diz na anedota, se estes gajos mandam no mundo, vamos é reivindicar poder votar para o Presidente!

terça-feira, fevereiro 03, 2004

Até às últimas consequências?

O Imperador e o amanuense inglês decidiram investigar quem os «enganou». Provavelmente, a coisa vai ser levada às últimas consequências. Para breve teremos um flashback com o Saddam a ser enfiado no buraco, as estátuas dele a serem levantadas em todo o Iraque, os tanques americanos a recuarem no deserto, os soldados americanos a ressuscitarem dos mortos, os misséis a engolirem o fogo dos escapes e a voltarem a aterrar nos porta-aviões. Sim, agora que sabem que não havia as tais armas, a guerra vai voltar para trás e o ditador do bigode irá fazer mais uns discursos explicando que não tem nada a esconder. Mas está tudo maluco, ou pensam que somos parvos?

Nevoeiro

Dia de nevoeiro. Gosto do nevoeiro. Permite avançar, lentamente, sem a correria dos grandes horizontes. Ficamos mais conscientes dos pormenores por onde passamos, aqui ao pé, no strip-tease do espaço, descoberto passo a passo.

segunda-feira, fevereiro 02, 2004

Ordens

Estão na moda as Ordens. Hoje ficámos a saber que também os professores querem uma depois de há alguns dias serem os jornalistas. Se querem que vos diga, eu nunca percebi lá muito bem para que serve a dos médicos, sobretudo numa altura em que a medicina privada - aquela em que o médico se confronta em consultório com o doente sem interferência de terceiros - está em vias de extinção e somos cada vez mais funcionários contratados de alguém, ou seja assalariados. Nesse caso, o que é lógico é ter um sindicato que nos proteja. As normas de prática da profissão podem perfeitamente ser estabelecidas pelo Estado, não correndo assim o cidadão o risco de estar subordinado a normas de defesa de corporações, como naturalmente acontece. E não me venham falar de isenção, que antes de sermos isentos ninguém se consegue abstrair de ser gente e como se tem visto, o que é próprio da natureza é a defesa prioritária daquilo que nos interessa com os melhores argumentos, claro.
É que nisto de definir regras, o mais seguro é deixar ao critério de alguém independente e sobretudo que possamos controlar.

Atados

Acabo de ouvir o PM dizer que não pode dizer, por ser PM, aquilo que o Prof Cavaco Silva diz. Fiquei a subentender que até concordaria, mas está atado. Será possível acreditarmos em políticos que se sentem atados? Dizem-nos aquilo que pensam poder dizer e não aquilo que querem dizer e pensam. Pobres políticos estes, manietados. Só que os colegas francês e alemão sabem romper as algemas e não têm esta necessidade patológica de ser obedientes e pequeninos à espera da aprovação sabe-se lá de quem. E depois, pior que tudo, dizem estas coisas despudoradamente, como se falassem para plateias de idiotas. Só falta pedirem que acreditemos em tais políticos e nas suas políticas! O despudor pode até chegar aí.

domingo, fevereiro 01, 2004

Infelicidades

A semana passada foi um industrial, esta um treinador. Eles acham-se mal neste país, apertados talvez pela pequenez da coisa. Mas por amor de Deus, as fronteiras estão abertas, façam o favor de sair e serem felizes. Ou será que precisam de alguma protecção especial para serem grandes cá dentro e, sempre que essa benção lhes falta, se acham com direito a rabujar? Mas nós é que não temos de os aturar. Bem vistas as coisas, pouco nos acrescentaram, mas têm-se acrescentado bastante sobretudo o senhor Melo, que agora tem ânsias de ser súbdito de SM D Juan. Não é que eu seja patriota, que nem sei bem ao certo o que isso seja. Mas fico chateado sempre que as pessoas querem ser grandes dentro da pequenez e não arriscam confrontar a sua dimensão na grandeza do mundo. Aí se vêem os grandes, no espaço global, onde as pátrias (as protecções mesquinhas e pequenas) não existem.
E ao ler o Expresso constato, mais uma vez, que este país anda com azar. Só nos faltava que o Imperador tivesse tido origem nesta raça... Por uma questão de patriotismo, ainda quero crer que seja mentira, que se tenham enganado na árvore genealógica. Ou pelo menos, mostrem que é um mutante.


Vão pelo seguro! Cuidado com eles

Subitamente 6000 portugueses ex-emigrantes na Suíça repararam que deixaram de ter direito a assistência no SNS. Só se tiverem seguro de saúde de 150€ em companhias privadas na Suíça. Agora estes, qualquer dia serão muitos mais. É preciso ter cuidado e ir estando atento aqueles que estão em cruzada não contra ninguém em especial, mas em defesa das seguradoras e banqueiros que vêem aí tentar tomar conta disto. É uma cruzada com objectivo bem definido e por interesses bem altos. Os cruzados não desistem, a menos que os combatamos devidamente.