Isto dos negócios é uma coisa tramada. É um jogo de ofertas em que parece que ninguém cobra e todos querem oferecer. Só que, na verdade, todos estão a cobrar e ninguém quer dar, isto é, pelo menos se houver alguma coisa que ceder que seja o mínimo possível.
Por exemplo, queremos comprar um automóvel, mas temos um para vender. O vendedor dirá que faz um desconto no que vende e uma oferta generosa no que compra por troca. Nós os compradores, o que queremos realmente saber é quanto temos de gastar no total para ter o carro novo na troca pelo velho. Pouco nos importa que o desconto no novo seja maior ou que a valorização do velho seja maior.
Vem isto a propósito de Finanças do Estado. Por mais que me digam ser importante ter uma estratégia de redução dos Impostos, isso pouco me diz. Para que pago impostos? Posso pagar para me garantirem saúde, educação, infra-estruturas, segurança, por exemplo, ou pagar apenas para me garantirem que o Estado seja responsável apenas pela Defesa, pela Polícia e pela cobrança dos impostos e depois quererem que eu pague a minha saúde, a educação dos meus filhos, etc. Ou seja, dizerem que vão reduzir os impostos, não quer dizer que eu vá pagar menos por aquilo que preciso... Aliás, quando em alternativa, me vão dar saúde administrada pelos banqueiros que eles representam, o que vai acontecer é que eu vou, na melhor das hipóteses, transferir o que pagava em impostos ao Estado para a companhia seguradora com a agravante de eu ter a possibilidade teórica (pelo voto) de controlar o uso do meu dinheiro quando é administrado pelo Governo e deixar completamente de o poder fazer quando isso vai depender de uma entidade privada de que não sou accionista. Eu até percebo o ponto de vista deles, a partir de certa altura, eles que vieram dos Bancos para o Governo, até já vão quase deixar de precisar de estar no Governo para conseguirem os seus objectivos. Ou até não, porque precisarão de manter a situação e impedir que o processo regrida. Por isso, mantêm no Estado as Polícias e as forças armadas para as necessidades eventuais da sua defesa. A chamada defesa do Estado (mas aqui o Estado não somos nós, são eles!)
Por mim, faria o negócio de outra maneira: até nem me importo de pagar impostos desde que as minhas necessidades de gastos sejam inferiores às que me oferecem agora pagando menos impostos (pagarei menos?). A falácia do menos impostos não colhe. Expliquem para que são os impostos, depois façamos o negócio, ok. Logo direi se me interessa ou não pagar menos. Até prefiro pagar mais e controlar de alguma forma os gastos do que pago, do que pagar menos e ficar completamente dependente, sem capacidade de controlo. Por isso tanto me aflige ver privatizar tudo. Quanto mais privatizam menos poder tenho eu e vocês todos. Mais poder têm os todo-poderosos banqueiros e companhia. Se calhar é por coisas destas que o fosso entre os ricos e os pobres aumenta cada vez mais, que a riqueza se vai concentrando num grupo cada vez menor de ricos cada vez mais ricos.
Mas tudo isto é muito pouco relevante. Basta ver os telejornais dos últimos dias em que só o fogo e o futebol são importantes. Meu país F... (de fantástico? ou não!)
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