segunda-feira, julho 19, 2004

Desencanto

Quando se ouve falar em linhas do Governo a serem definidas hoje, alguém pode pensar em orientações, em programas. Neste caso será mais em novelo emaranhado, daqueles que demoram tempo a dobar, as chamadas linhas com que o Governo se coze. Acontece, às vezes, que é necessário voltar ao princípio, porque os nós não deixam avançar mais. É nessa altura, que devem surgir pontapés para a frente, rupturas na linha e seja o que Deus quiser, que eles acreditam. Será que mais alguém acredita? Até agora, pode pensar-se que a ser bom este Governo, meio mundo anda enganado. O senhor Professor na sua missa dominical de ontem atirou-se ao homem como gato a bofe. Ninguém na oposição diria tão bem deste Governo. Ele não gosta mesmo do PSL. Terá sido porque não lhe apetece deixar a missa e caso o Prof Cavaco não avance para PR (porque será um factor de divisão da direita, não é verdade PSL?) ele poderá sentir-se na necessidade de ir pregar para Belém e lá se vão os pareceres jurídicos e os comentários políticos de que tanto gosta? É uma das hipóteses sentenciou, en passant, o PSL, embora haja outras possibilidades.
O homem da Madeira, também já fez umas flores com o PP e augura-lhe um futuro ainda mais curto que o seu.  São estes os apoiantes deste Governo? Ou isso de apoiantes é um grupo de amigos, metade deles já convidados para o Governo e outros em vias de entrar para um lugarzito algures? Basta lembrar aquela longa fila de cumprimentos na cerimónia do beija-mão de sábado passado.
No PS, a coisa também vai animada. Parece que não terei sido o único a não perceber bem a filosofia do Sócrates e andam por aí à procura de alternativas renovadas à alternativa proposta para a nova esquerda. A propóstito, esta nova esquerda de que lado é que se situa, à direita?
Será que tudo isto acontece porque os cargos políticos estão tão mal pagos? Teremos de ficar limitados ao refugo para dirigir esta empresa meio falida?
Para piorar as coisas está um tempo cinzentão desengraçado que nem dá muito bem para ir até à praia ouvir o mar. Mas que triste fado! Bem feita para o senhor PR, que adiou as férias na Tailândia para ficar a ver esta coisa nacional. Cá se fazem, cá se pagam.

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