quinta-feira, setembro 11, 2003

Em nome de quê?

11 de Setembro... já lá vão 30 anos. As coincidências são incómodas. É difícil falar-se hoje apenas do terrorismo de há dois anos, esquecendo o outro. Com efeito, faz agora 30 anos, uma acção terrorista derrubou um Presidente eleito democraticamente, que governava com apoio popular apesar do boicote surdo, mas enérgico do Imperialismo americano. Faz agora 30 anos e os documentos classificados vão ser cada vez mais expostos e a história vai escrever-se. Quem hoje fala em democracia, foi terrorista, então. Ou melhor, o conceito de democracia, na linguagem da elite americana dominante tem outra dimensão, é o sistema que permite a manutenção da actividade de rapina (no Chile havia uma operação Condor....) das grandes multinacionais americanas pelo mundo fora. Quem se opuser é anti-democrata, quem servir esse sistema (mesmo que seja um qualquer senhor medieval dirigente da Arábia Saudita) será um democrata.
Fundamentalismos são fundamentalismos, venham de onde vierem e devem ser tratados de forma igual. Só que no mundo livre da nossa televisão, o Chile passa à uma da manhã, a memória de há dois anos o dia todo e em prime time...
Esquecem-se, tenho esperança, que o fim da história não é isto onde estamos...
Há dois anos o mundo também ficou diferente, corremos mais riscos agora. Impressinou-me ouvir hoje a longa lista de atentados e mortos desde então. Inocentes. Como inocentos eram os que foram fechados no estádio e ouviram Victor Jara. Como inocente era o Allende, exemplo de Presidente que caíu de pé, no Palácio onde o Povo o colocara, com a dignidade de ter evitado chacinas ao não convocar o povo que o apoiava para a rua. Sim, os terroristas de então, teriam assassinado sem piedade muitos mais milhares do que os que caíram em NY faz agora dois anos.



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