Há gente assim, daquela que nega a evidência. depois de afirmarem o fim das classes, agora insistem que as guerras não estão baseadas nas desigualdades, na existência de pobreza e riqueza, mas antes em ideias religiosas, em conceitos filosóficos profundos. Sempre que olho um miúdo a apedrejar tanques israelitas, terei, segundo eles, de passar a ver um filósofo ou um alienado religioso e não um tipo sem esperança de coisa nenhuma. São seres manipulados por, imagine-se, elites ricas, que o fazem em nome de convicções medievais. Por que será que nenhum desses seres do mal consegue recrutar seguidores para a acção entre habitantes de regiões do globo bem instalados na vida, por exemplo, na Escandinávia?
E como é possível aceitar-se o crescimento da desigualdade como uma fatalidade? Como se tudo isso fosse próprio da natureza humana. Sem um pouquinho de indignação. E seguem em frente sem olhar para os lados, vidrados no vazio.
Ao menos isso, pareceu-me que estava a mudar em New York quando lá estive em Junho. Pareceu-me haver algum olhar para o lado, para os outros, ao contrário daquela coisa que me irritava das outras vezes que lá tinha estado: aquele seguir em frente, alheado de tudo, com sorrisos falsos politicamente bem educados. Teremos de passar pelo sofrimento extremo para nos comportarmos humanamente? Não bastará aprender com a História?
Sem comentários:
Enviar um comentário