sábado, dezembro 09, 2006

Cidadão voluntário?

Nesta ânsia de liquidação do Estado, será que se não corre o risco de se perder a noção de pátria tão necessária para levar as gentes ao sacrifício, por exemplo da ida para as guerras, ou de apertar o cinto para salvar a dita? Se nos sentirmos, cada vez mais isolados, que sentido tem, então, a entrega a causas comuns, como essa da pátria? De repente, imagino que o fim do serviço militar obrigatório, substituído pela geração de corpos de mercenários, poderá fazer algum sentido. Com efeito, com uma pancada, matam, dois coelhos: os tipos que ficam armados dependem da sua actividade para viverem e devem o seu sustento a quem os domina, são dóceis e submissos; por outro lado, ficam literalmente desarmados aqueles que poderiam virar a arma no sentido certo, logo os poderes ficam, afinal, mais seguros. Ainda melhor, fica contente a multidão por lhe ser tirado algo desagradável em nome da facilidade. Duvido é que criem a categoria de cidadão voluntário, porque, na verdade, são eles que necessitam muito mais do Estado, dos cidadãos, e não tanto estes que precisam do Estado, isto é, do poder dominante.
Veio isto mais ou menos a propósito enquanto lia a Formação da Mentalidade Submissa de VIcente Romano.

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