quarta-feira, março 31, 2004

Cuidado não-cidadãos!

Já não se trata de votar em branco, mas de nos assumirmos como não cidadãos. Que se estará a passar numa sociedade em que este tipo de coisas é possível? E são precisamente os jovens, aqueles que mais interesse teórico teriam na melhoria da sociedade que assim procedem. Parece que nos transformamos em meros consumidores. Também dos actos dos políticos. Uma geração desengraçada conveceu os jovens que têm direito a tudo, que o esforço é um bem negativo, que o bem-estar um direito inalienável, que deve ser conseguido o máximo com o mínimo esforço. Isso é uma boa relação custo-benefício. Alienados, preparam-se para comer os restos. Mas ainda estão a tempo de perceber que ninguém dá nada a ninguém e que os que os convenceram dos direitos todos, são os mesmos que lhes tiram os contratos colectivos de trabalho e lhes impõem contratos individuais, que lhes tiram as garantias no emprego, na saúde, na educação, em resumo que lhes oferecem tudo para eles consumirem, ficando à espera de amealhar com o investimento deles. É urgente reflectir, não ir com as outras (da boa vida, por sinal, mas só delas). Não há almoços grátis, lembram-se? É altura de fazer uma sociedade de mais acção e menos reacção e para isso é fundamental que nos assumamos como cidadãos intervenientes.

terça-feira, março 30, 2004

Voto de cruz

Ontem foi uma noite diferente. Como antigamente, de ouvido na telefonia. Na TSF, a ouvir o debate sobre o livro do Saramago. A lucidez do voto em branco. Será o voto em branco uma forma de contestar o sistema? Dizer não consumo destes pratos que me apresentam, muito obrigado. Mas, será que devemos ser apenas consumidores, recusando eventualmente, o consumo, ou temos a obrigação de ser produtores, criando pratos alternativos? Até ver, penso que não nos podemos demitir de ser cidadãos; se não aceitamos o que nos dão, vamos criar diferente.

segunda-feira, março 29, 2004

Dois sobrinhos num país de tias (e tios)

Valeu a pena ir à Gulbenkian esta tarde ouvir o Professor Luís Sobrinho falar sobre hormonas, vida e doenças. Não porque tivesse dito alguma coisa de especialmente inovador. Mais pela forma simples de abordar coisas complicadas. A simplicidade fruto da reflexão sobre os temas. Depois de se pôr o ovo de pé, a coisa é simples. Difícil foi a reflexão que levou à hipótese. O génio é a criação da pergunta.
Lá mais para o Verão, teremos no ICE 2004, o outro Professor Sobrinho Simões. Das vezes que o ouvi, enconteri a mesma atitude de quem tem mais perguntas que respostas, dos que fazem as perguntas que se não forem feitas outros as farão. Pela simples razão de que as respostas eram necessárias. As publicações não são objectivos em si, acabam por ser a necessidade de dar a notícia aos outros de que se pode passar a outras perguntas, que estas que agora se publicam já tiveram resposta.
Curiosamente são os dois Sobrinhos. Raros (muito!) num país de muitas e muitos tios.

Mais uma

Ontem foi em Espanha, hoje em França e amanhã esperemos que noutros locais. Basta de liberalismo cego, procurem-se outros índices de crescimento. Decresça o desemprego, aumente o produto interno individual das pessoas. Cresçam as pessoas!

sábado, março 27, 2004

Aviso

Um acidente anunciado a tempo, pode muito bem evitar outro. Antes de sair para CREL a notícia estava naqueles placards sobre a A5. Dizia acidente na saída da CREL. Uns metros mais adiante, o BMW patinava, fazia um pião e parava encostado no rail. Provavelmente, teria ali havido antes o tal acidente, chovia e algum óleo deve ter ficado na estrada. Travei a tempo, porque mne tinham avisado.

quinta-feira, março 25, 2004

Vida(s)

A ciência de viver nem sempre é fácil de apreender. Algo em nós nos puxa para a acção pouco reflectida, um certo sentimento de manada. De tal forma que muitas vezes nem nos incomoda o pó que se levanta na correria em que estamos. Ficamos enebriados com a cegueira que o pó no ar nos causa. A toda a velocidade, percorremos caminhos e foi sem querer que o fizemos. A ciência de viver passa pela pausa da inacção. Pela reflexão. Há dias em que percebemos que cortar a relva do quintal dos nossos pais é bem mais importante do que brilhar diante de plateias mais ou menos invejosas e desejosas de espectáculo. A opção certa acaba por nos dar um instante de vida bem mais cheio e recordável. A vida tem muito de recordação. É também essa a atracção da fotografia. O que se vive a folhear os álbuns!

quarta-feira, março 24, 2004

Reincidência

A primeira vez foi a apropósito da manifestação pela Paz no sábado passado. O senhor acha que não pode haver manifestações perto de um tribunal ali para as bandas da CML. Pronto, SL, no próximo ano nada de meninos com bandeirinhas vermelhas e verdes no 5 de Outubro e atenção quando o Sporting ganhar o campeonato lá terá de os receber noutras bandas (Alcochete?).
Mas hoje o homem reincidiu. Não autorizou a manifestação estudantil. De onde terá vindo esta ave rara? Não eram os Governadores Civis que eram cargos a extinguir por este Governo?
O que vale é que ele estrebucha e as manifestações passam!
Mas, pelo sim pelo não, é bom estarmos vigilantes.

terça-feira, março 23, 2004

Morning post

O sol levanta-se em frente, do outro lado do Tejo e do cimento, enquanto, sentado neste banco da catedral gótica pós-moderna dos comboios, espero pelo Alfa, que chega rigorosamente para partir às 8.04. Estou na Europa. Hoje, pela primeira vez, reparo que os meus olhos passam por cima de todas as bagagens que, depositadas pelo chão, também esperam embarque. E sei, quase de certeza, que os aviões e os comboios devem ser actualmente os meios mais seguros de me transportar. Difícil é adivinhar como vai ser da próxima vez, porque a imaginação não tem limites.

segunda-feira, março 22, 2004

Simplicidade americana

Pois não, não se combate o terrorismo com o terrorismo. A ideia peregrina do Imperador de os ir caçar todos não vai, resultar. Isto é mais complexo do que uma cowboiada, não haverá nunca cordas que os apanhem a todos. Podem matar um ou outro como hoje, de novo, voltou a acontecer. Mas nos dias que se seguem irão ter a resposta terrorista, ao Estado terrorista. Sharon não é menos criminoso que os que acusa de o serem e como diz o Saramago, sabem pouco estes que não percebem o que pode fazer um homem tornar-se bomba (citado blogue de esquerda, hoje).
Os que diabolizam agora o diálogo tentam confundir realidades. É seguramente possível reflectir, dialogar sobre as causas do terrorismo. Claramente, não aceitando os métodos, mas também recusando a ideia simples dos maus e dos bons e da necessidade de varrer todos os maus. Esta é igualmente uma ideia terrorista. Retirar tropas de uma guerra errada, não é ceder ao terrorismo, mas tão só corrigir um erro, perceber que no Iraque, os iraquianos devem mandar e fazer as suas escolhas. O que se conseguiu com a intervenção foi ouvir um iraquiano dizer que dantes não tinha liberdade, mas que agora a liberdade de nada lhe serve sem a segurança que tinha dantes. A lógica dos cowboys não funciona noutras paragens. Foi também neste fim de semana que ouvi um soldado americano dizer que 98% dos iraquianos eram bons tipos, os outros 2% é que deviam ser abatidos. Assim, com a simplicidade das análises americanas.


quinta-feira, março 18, 2004

Ainda é tempo

"Combatting terrorism with bombs, with operations of shock and awe, with Tomahawk missiles, is not the way to beat terrorism. Not like that. It is a way of generating more radicalism, more people who can wind up being tempted by using violence," Zapatero said.Agrada-me que o Yahoo tenha mensagens destas contidas nos seu textos de notícias. Pelo menos, os americanos ouvem agora de viva voz, que o caminho pode ser diferente. O tratamento do terrosismo é o tratamento as suas causas. O fanatismo trata-se com pão e cultura e não com continuação da exploração e bombardeamentos geradores de mais ódios e mais fanatismo religioso. Teremos de pagar a nossa parte da conta da desigualdade e o caminho não será seguramente o da criação de um sistema de guerra que agrave a situação como é o caminho que tem vindo a ser seguido pela actual administração americana. Alguém vai ter de fazer passar esta mensagem até aquele povo de mais de 250 milhões que pensam que estão isolados no mundo e se consideram a maior democracia do mundo, mas que na realidade são uma sociedade acrítica, incapaz de reflexão e perigosamente fanática por também desinformada. Estamos na hora da Europa dar ao mundo a sua mensagem humanista. E há sempre tempo para a verdade. Sair do Iraque, não é uma derrota, é a correcção de um lamentável erro a que alguns foram induzidos pela mentira da administração americana. Corrigir os erros é sempre bom caminho. persistir neles é mera estupidez que, por vezes, conduz apenas a outros ainda maiores.
Não consigo deixar de me perguntar se sem a administração Bush teria havido o 11 de Setembro


quarta-feira, março 17, 2004

Só faltam mais dois (tanto tempo...)

O pior não é terem passado dois anos, muito mais grave é ainda faltarem dois. O DB diz que arrumou o país e isso é uma notícia menos má. Finalmente, começa a falar verdade. Ainda me lembro das promessas de reduções nos impostos, dos aumentos das pensões de reforma, da melhoria da qualidade de vida, que, se calhar, o puseram onde está. Durante dois anos a mentira continuou. Agora temos mais gente arrumada no desemprego, as pensões hão-de ser aumentadas na véspera das próximas eleições e assim por diante no cumprimento do programa. E se o Imperador permitir, até as tropas vão regressar um destes dias do Iraque (pertinho das eleições de preferência).

terça-feira, março 16, 2004

A nova jangada

Haverá possivelmente agora mais condições para a Europa renascer. Muito mais do que pelo alargamento a Leste, de onde poucas novidades poderão vir tal é a dependência desses Estados em relação aos EUA. Saíram de um adeus a Lenine, ainda não completamente esclarecido, e ainda estão na fase de encantamento do acesso ao consumo, numa tentativa de recuperação de tempo que ainda julgam perdido. Entretanto, têm capital de conhecimento adquirido. Vamos ver se isso inclui substracto que permita análise.
As eleições de Espanha acrescentaram mais uma peça ao motor da Europa. Esperemos, que o eixo Alemanha-França-Espanha possa funcionar orientando o continente não o deixando ir a reboque dos EUA. É curioso ver que a fractura não passa pelas orientações programáticas dos Partidos implicados, mas mais pelas personalidades. Duvido que um cristão-democrata alemão fosse tão subserviente em relação à América quanto o é o Sr. Blair, um socialista (?) seguramente bem diferente do Sr. Zapatero. Por mim gostava muito de ver que os continentes se continuavam a afastar.

segunda-feira, março 15, 2004

Rir de gosto

Este blog não tem fotografias. Espero pacientemente que o Blogger as deixe colocar sem custos. Mas hoje, pela primeira vez, sinto alguma pena de aqui não poder afixar algumas.
Poderei ser tendencioso, mas é assim que vejo as coisas. Já repararam como são felizes os risos da esquerda quando ganha? Há uma ternura imensa, um sentimento de reparação de uma injustiça, quase. A esquerda ri em acção de graças, é feliz, tem uma forma optimista de rir. Não é aquele esgar de vitória agressivo do riso grito da direita, que diz simplesmente, que vai continuar a dominação.
Mas se não acreditam, passeiem os olhos pelas fotografias da vitória em Espanha. Para mim é o rir tolerante e fraterno, que acham?

Só mais um

O contador está no 1999. O próximo que vier não tem prémio, mas é o 2000...

domingo, março 14, 2004

A bomba do PSOE

Acabámos de ver!
Ontem estive em período de reflexão. À noite, ao ver os espanhóis virem para la calle, fui deitar-me com um sorriso. Eles tinham-se organizado pela Net e pelo SMS usando a espontaneidade dos nossos dias. Só este facto já merecia o sorriso com que me deitei. Durante o dia, o ministro espanhol ia fazendo discursos aos tropeções, tentando convencer-se que tinha sido a ETA. Nunca tão fervorosamente eles desejaram que a ETA tivesse feito a matança. Desejaram muito e autoconvenceram-se ou tentaram convencer outros com a mentira. Mas a mentira não convence. Pode durar algumas horas. Ás vezes até um dia ou mesmo alguns. Mas por fim, a verdade vem ao de cima. Quantas vezes mais irão ser precisas para que certos políticos aprendam a não mentir? Hoje, foi um dia em que o marketing político perdeu sentido e a verdade ganhou pontos. Só por isso, este pode ter sido um dia importante.
Mas falta ainda mandar para casa mais alguns mentirosos. Começando pelo Imperador que nos disse que havia armas de destruição maciça no Iraque. Foi com essa mentira que justificou matanças de iraquianos e americanos. Esperemos por Novembro, pode ser que a mentira lhe saia cara. Acabando no nosso DB, a quem agora falta a muleta espanhola. E espero que não seja necessário o dramatismo de Espanha para que os portugueses reflictam. Possamos aprender sem dor.
PS: Não celebro, claro, a vitória do PSOE. Entre eles e o PP que venham os espanhois e escolham (também serão eles quem aguentarão as consequências). Apenas me dá gozo assistir à derrota da manipulação e da mentira. A isso, bebo um copo!

sexta-feira, março 12, 2004

A escolha deles

O grito mantém-se. Entre ETA e Al-Qaeda que venha o diabo e escolha. O Aznar já escolheu obviamente, a ETA dá muito mais jeito e não faz recordar entuasiasmos guerreiros e marcha acelerada atrás do Imperador para guerras que afinal não tinham fundamento, isto é, erros políticos. Nesta altura pré-eleitoral não é nada confortável ter temas que dividam os eleitores e a ETA é um factor de aglutinação e consenso e um reforço conveniente para quem tem tendências securistas como acontece com a direita.
O DB em tempo de Euro também deve apostar forte na ETA. A escolha deles é um desejo (mas só isso) natural. A ver vamos.

quinta-feira, março 11, 2004

11 de Março

Houve um há muitos anos. Estava na aula prática de Psiquiatria, quando o assistente, esbaforido entrou pela sala dentro e disse «a aula acabou, vamos defender a Revolução». Havia uma revolução em curso ou se calhar a começar. Na altura, a reacção atacava o Ralis e depois foram as imagens mais bonitas da guerra. O Dinis de Almeida a explicar pacientemente ao invasor que estavam ali para defender a Revolução e que eles deviam ter sido enganados. No meio do conflito, havia espaço para o diálogo em vez de cegamente se apontarem as armas. Foi lindo de ver. Mas hoje, ninguém irá ver nada disto. Ficámos esmagados informativamente pelas notícias de Espanha, onde o diálogo entre hermanos é difícil. Com todos os nossos defeitos, teremos sempre algumas qualidades, como esta de sermos guerreiros dialogantes. Eram tempos de notícias bonitas...

Um instante de solidariedade

Uma vaia monumental, como nos pontapés de baliza. Nesta reposição do jogo pela ETA, gritemos em coro Fiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiilhoooooooooooooooooooooooooos da puta!

quarta-feira, março 10, 2004

Werther

Os amores felizes não têm história; só os infelizes a têm. Werther é uma dessas histórias. A disputa entre a razão e o coração, entre o dever e o apetecer. Porque a natureza destas coisas não muda, continua a ser um tema actual. Duvidoso seria manter uma encenação clássica. O encenador é também criador e está a fazer a sua arte nos dias de hoje, por isso gostei do que vi e na transição do III para o IV acto, a surpresa reforça a dor, o sofrimento que assim ficou alongado no tempo, aumentando-a mais ainda. Há de certa forma uma noção de tempo perdido pela cedência à razão, um acarretar das consequências pela vida fora, uma demora penalizante. O frio da cena sugere um outro mundo, que podemos imaginar deste lado. De resto, há uma recriação do ambiente romântico em todos os quadros desde o I acto, onde a sugestão de uma paisagem tipo Suiça nos transporta exactamente para essa ideia de romance. Já a música me lembrou mais ópera alemã que propriamente francesa. Gostei de ver este meu primeiro Werther. São Carlos é que continua igual, tem a graça da imagem congelada do início do I acto. As roupas são diferentes, mas as pessoas são de outro tempo.

terça-feira, março 09, 2004

Comissões ou a miragem do poder

A criação de regras é uma actividade complexa quando os grupos que as criam não conseguem abstrair-se das pessoas a quem se dirigem. Entre nós há este hábito maçador de fazer tudo a pensar nas pessoas específicas desses grupos e o que se tolera, quando muito, é algum equilíbrio de poderes. Surge um problema concreto e nomeia-se uma pré-comissão para a qual se escolhem uns quantos iluminados. Depois, estes cozinham a constituição definitiva da comissão em que os critérios são o equilíbrio de poderes entre os seus membros. Depois o tempo passa e a certa altura as pessoas mudam. É chegada a altura de tentar nomear novos pelos que partem num jogo monárquico em que os quie têm de partir ainda assim, possam manter algum poder através daqueles a quem fizeram o favor de indigitar. Mudaram os tempos e as circunstâncias e com a mudança vieram as incongruências e a comissão fica sem sentido, carecendo de lógica, tanto mais que os especialistas de ontem trabalhavam em locais onde hoje estão outros e entretanto apareceram mais locais. O mais cómico e ao mesmo tempo trágico, é que se invoquem princípios éticos para manter a lógica da monarquia e bloquear o acesso a grupos novos. Super cómico é o facto de a comissão estar completamente esvaziada de qualquer poder e apenas garantir um estatuto que não passa de uma imagem que serve para usar poderes noutros lados.
Este é um post obviamente datado, dirigido e exclusivamente para recordar mais tarde. Quem não estiver ligado a este problema concreto, provavelmente, não entenderá nada disto. Mas isto é o meu país onde uns têm estádios que julgam poder partir, porque são deles, outros crianças em que batem, porque as fizeram,outros se vangloriam do que lhes resta, considerando seus os méritos de outros como acontecerá mais logo quando o FCP eliminar o Manchester. Há sempre a esperança de ficarem frustrados... Sinceramente, quanto menos vitórias no futebol, melhor o prognóstico do país.

Grupos de direitos mínimos?

A minha leitura foi que na terra prometida, a tal das oportunidades, me parece que as mulheres continuam com o estatuto de minority, isto é, grupos com menos direitos que os outros. Apesar de tudo, não esperava. É muito suspeito isto de female and minority groups, não acham?

segunda-feira, março 08, 2004

8 de Março

Hoje proponho um jogo interactivo. Sempre quero ver se os comentários aumentam...
Experimentem nos vossos motores de busca procurar «female and minority» e depois «male and minority». Reparem nas diferenças e contem-me.
No dia 8 de Março não escrevo mais nada. Procurem pelos vossos dedos.

domingo, março 07, 2004

A melhor frase da semana

No país da Lili ouvem-se coisas como esta (sempre o Expresso):
«Cinha jardim é muito perspicaz, não se esqueçam que foi ela quem descobriu que o Paulo Portas era mais homem que o Santana Lopes...» Comendador Marques de Correia Expresso

Ora essa!

Nós até já estamos habituados a que o homem faça umas confusões de quando em vez, que troque os pianos pelos violinos, que afinal até são instrumentos do mesmo tipo. Agora foi a vez de trocar as casas. Este país é mesmo mesquinho. Afinal foi a grande América que comprou a ponte de Londres convencidos que estavam a comprar a Tower Bridge. Deixem lá o homem, baralhar-se nas casas do Eça. Logo agora que parece que começou a ler o Saramago. Anda com azar este candidato a ex-futuro presidente. Estão a imaginar as trocas que poderia fazer nas suas funções? Tudo seria possível... E se o mandássemos para Belém em vez de ir para o Palácio de Belém? Talvez os bombardeamentos dos israelitas o ajudassem a perceber que a realidade é mais do que a noite lisboeta em que parece orientar-se bem e sem enganos. Vá para a Figueira, ou ser presidente do Sporting, também é presidente e eu não tenho nada a ver com isso.

sábado, março 06, 2004

Perplexidades

Pelo Expresso fiquei a saber que Portugal afinal é quase um paraíso. Um quarto dos portugueses tem casa secundária, as nossas casas são mais novas do que as dos europeus, temos os melhores carros, vestimo-nos melhor. Enfim, um país de falsos pobres como referem. Nada é dito sobre as condições de habitação dos outros três quartos, em que transportes se deslocam e como se vestem. Isto é, esta riqueza aparente pode muito bem ser uma capa de uma grande pobreza franciscana, afinal. Tanto mais que parece que já desistimos de ser país e estamos bem anexados pela Espanha, que agora até nos leva os santos (Espanhóis apropriam-se de São Francisco Xavier). O aborto dispara em Espanha com alguma contribuição nacional, certamente. Quem sabe se dos que andam a distribuir imagens de abortos pelas nossas escolas. O Expresso diverte-me, às vezes... Se calhar o nosso record europeu é o da desigualdade, para o que tem contribuído em grande a orientação da economia destes últimos anos neste laranjal à beira mar plantado.

sexta-feira, março 05, 2004

Fim de semana na urgência

Há dias em que a chuva é bem vinda pelo cheiro de erva molhada que deixa pressentir. Do lado de fora da janela, riscos finos hesitantes de água vão fazendo garatujas nas janelas e eu fico do lado de dentro a imaginar o frio. De repente, o tempo fica tranquilo sem a agitação dos dias de trabalho. A surpresa vem-me quando alguém se queixa do tédio dos fins-de-semana, com um ar nauseado. Nessas alturas, tenho medo dos sentimentos possíveis e um desejo enorme de continuar a ser assim. Sim, é bom ter o livro para ler e não o fazer, mesmo só pelo gozo de fazer isso mesmo, o não fazer. Que angústia deve ser a vida da outra maneira!

quarta-feira, março 03, 2004

Em nome da liberdade

Pensando bem só pode ser propaganda anti-capitalista, não acham? Esta agora de ser proibido a um cubano fazer uma publicação em revistas científicas americanas, é excessivo. Mas afinal foi na pátria da liberdade que se fez uma tranmissão em directo da cerimónia de atribuição dos óscares diferida em 5 segundos. Apenas para permitir corrigir alguém que se enganasse nos agradecimentos ou ficasse paralisado pela emoção.
Ou será que os meios de comunicação privatizados e cada vez mais monopolizados a isto levam? O poder de informar nas mãos do poder económico tenderão normalmente a defendê-lo. Por isso não se estranhe o investimentos, por vezes, com prejuízo, que os grupos económicos tendem a fazer na Informação. Será até assim que se explica certa forma de fazer notícias, embrutecendo o que reste de capacidade crítica, doutrinando eficazmente. Nada que leve à reflexão. Tudo pela emoção imediata para esquecer no instante seguinte. Anestesiante.
Até quando se tolerará isto em nome da liberdade? Ou teremos de gritar esta informação é o ópio do povo!?

terça-feira, março 02, 2004

Não, obrigado!

De vez em quando entra-me pela caixa do correio uma felicitação por ter sido seleccionado como candidato a ir viver para os Estados Unidos. É mais uma manifestação de spam, mas este de particular mau gosto. Realmente, não me apetece passar pelo pesadelo de viver num país como aquele. Para pior, já basta assim. Aqui já temos o DB, arriscamos ter o Santana em Presidente, o Alberto João em Presidente da Assembleia da República, mas, pensando bem, mesmo esta troika é melhor que ter o Imperador em Presidente.

segunda-feira, março 01, 2004

Li e ouvi, tinha de registar

São 84 Portugais à fome!. Ouvi dizer pela manhã que mais de metade da população vive com menos de 1 dólar (por dia?). É cruel, mas já pensaram que no último ano ficaram ainda 25% mais pobres, certamente devido à política marciana do Imperador? Para que servem os dólares 25% desvalorizados, sobretudo para que serve um dólar?
A sábia economia do mercado e da globalização continua a acentuar esta realidade. Até quando isto será tolerável?

Por Fevereiro de 30 dias!

Com a quantidade de feriados que este ano temos ao domingo, é uma injustiça que o mês de Fevereiro só tivesse tido 29 dias. Fevereiro de 30 dias e teríamos mais uma série de feriados à segunda-feira e alguns que são à quarta pasasariam para a quinta permitindo pontes bem mais discretas.
Por isso ainda me custa, a esta hora, aceitar que estou a 1 de Março. Este ano apetecia-me rter ficado mais um dia em Fevereiro.