A tranquilidade a todo o custo é possível? Basta ver os pântanos em dias de calmaria. Nada mexe, a montanha reflecte-se na água. Que beleza! Mas fique-se muito tempo assim e logo surge uma poeirada ofuscante do brilho das águas. Para além do cheiro a podre que começa a surgir logo a seguir. Por muito parados que fiquemos, algo acaba por mexer e estraga a paz podre. A certa altura a pedrada no charco torna-se imperiosa.
Também nas organizações há líderes que, cheios de boas intenções, se iludem com o governo por consenso. Mas a paz eterna não existe e, a certa altura, as contradições afloram e desafiam a tomada de opções. Na verdade, se o consenso fosse permanente nem seriam necessários os líderes, as organizações caminhavam sozinhas. Se quem lidera o fizer para induzir a transformação evolutiva, desiluda-se que não será possível ficar sentado à espera dos acordos permanentes. A liderança não é rolha a andar por aí, é navio com destino, para onde sobem alguns que embarcam na viagem e têm de ser lançados borda fora os sabotadores da rota definida. Nunca é um processo tranquilo, porque, bons como somos, muito gostaríamos de fazer a viagem com todos os embarcados. Mas também a vida é isso mesmo, uma sucessão de opções, onde sempre se perdem umas quantas oportunidades, para se garantirem outras julgadas melhores.
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