Sempre achei fácil, demasiado fácil, criticar a ruindade dos deserdados. Sempre achei simples, demasiado simples, condenar aqueles que são primeiro excluídos de comer o bolo dos ricos e depois convidados a limpar-lhes a mesa. Sempre achei cómodo, demasiado cómodo, dividir os seres entre os que trabalham no duro e os preguiçosos, os sacanas.
A análise sociológico assim feita, parece-me sempre demasiado fácil, simples e cómoda. Alivia as consciências no momento, mas será que é exacta?
Teremos, ao nascer, as mesmas oportunidades, exactamente as mesmas? Dividimos-nos em bons e maus? Porque serão uns trabalhadores e outros indigentes? Poderemos exigir comportamentos idênticos, para realidades diferentes? O mais fácil será sempre impôr a lei do mais forte e subjugar os fracos ao poder. É o mais fácil, simples e cómodo.
A integração consentida para o ser tem custos: é difícil, complicada e incómoda. Duvido que seja razoável abdicar do caminho árduo e reduzir tudo à facilidade do poder.
Também me choca que pessoas não paguem 3 euros de renda de casa e depois tenham os luxos da sociedade de consumo. Mas alguém beneficia com esse consumo, talvez mais do que os consumistas... É preciso elevar a discussão a esse nível, investigar a fundo os rendimentos máximos nacionais e até mais, os internacionais. Depois disso, haverá soluções simples e fáceis, para as injustiças dos injustiçados. Pensando bem só no fim de todos nós, pobres e ricos, brancos, pretos e ciganos, somos iguais. Todos acabamos por morrer de formas muito idênticas, a diferença está nos escassos anos que percorremos até lá. Valerá a pena lutar para impôr tantas diferenças, tamanhas diferenças, cada vez maiores, nesse tempo (70-80 anos)?
1 comentário:
Que eu tenha conhecimento não são os ciganos que “limpam a mesa” ou que “trabalham no duro”… não são nenhuns podrezinhos e tem os seus próprios rendimentos, apesar de não declararem nada… quando estava a falar de injustiças sociais também não estava obviamente a defender esse outros “ciganos”… também acho que sabes a minha opinião sobre esses. Aliás, dei o exemplo dos licenciados desempregados, que não se encaixam em nenhuma das duas categorias. E tu no post referes as oportunidades à nascença e era dessas que também estava a falar… por isso até aí estamos de acordo. Em relação à integração claro que é difícil, complicada e incómoda, mas quanto tempo vamos andar nesta mama? Era essa a minha dúvida… e porque não integrar também os jovens? Não é com a tanga da EPUL que eles vão arranjar casas.. ou com estágios profissionais ou recibos verdes que alguma vez vão arranjar dinheiro para o q quer que seja...É disso que eu acho que é importante falar, porque é que só alguns é que têm direito a casas a 3€/mês? Conheço bons exemplos de pessoas que nem pensam em grandes consumos (como plamas ou playstations) que trabalham e recebem missérias, mas q não conseguem casa porque realmente não ganham para isso… muitos até só ganham para trabalhar ao preço que estão os transportes… estes não precisam de ser integrados?
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