Pode ser demais num só dia ter uma dor violenta num pé e acabar a saber que também se é diabético. Juntar a isto 8 horas de espera num serviço de urgência tira do sério o mais bem intencionado dos cidadãos. Depois vem o medo de todas as novidades que lhe são dadas. É preciso drenar o fleimão! E nuvens negras de dores e mais complicações dresencadeiam a tempestade. Pelo meio há cansaço, opressão pelas condições em que também se vive do outro lado e quem não quer ser tratado não merecerá que se perca tempo com ele; há mais quem queira. A radicalização do conflito, acaba muitas vezes com aquele, se não quer assine aqui, que podendo ser mais uma forma de pressão com vista a fazer mudar a opinião, pode também ser manifestação de desinteresse e até de algum alívio. Para mim, sempre me soube a derrota, no entanto. Foi por isso, que comecei por o abordar chamando-o pelo nome e depois lhe expliquei, como se ele fosse a pessoa mais razoável e inteligente que houvesse, os riscos de não fazer a cirurgia, a relativa facilidade que o processo envolvia, a excelência do hospital onde estava, sobretudo porque aqui gostamos de tratar bem os doentes e não lhes causar dor. Dez minutos de conversa mudaram decisões irrevogáveis de 8 horas de conflito. Suspirou e concordou. O medo por instantes deu lugar à disponibilidade. Nestes casos é bom não agigantar o medo, sendo mais útil derretê-lo com bom senso.
Da derrota passei a um sentimento de vitória. Há assim uns dias em que a ciência é, com vantagem, substituída pelo bom senso. São aqueles em que eta actividade se torna gratificante.
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