Uma coisa são concursos para atribuição de competências, outra bem diferente são os destinados a atribuir lugares para constituição de uma equipa. No primeiro caso basta definir critérios mínimos de perícia e verificar se os candidatos os possuem. Quando atingem um determinado valor, é-lhes concedido o grau. Mesmo aqui devem privilegiar-se critérios objectivos de análise, definidos sem a participação dos júris. As regras devem ser aplicadas pelo júri, mas definidas por terceiros. Estranhamente, no casos dos concursos médicos, ainda são os júris que definem os critérios, isto é, as regras. Mas, nestes concursos de obtenção de graus, o problema não é tão grave, ou se obtem ou não a graduação e geralmente o problema decorre pacificamente.
Os problemas agudizam-se quando se fazem concursos de provimento. Existem umas normas gerais vagas sobre as quais os júris definem grelhas de avaliação que, à partida, podem valorizar o candidato eleito do júri. E não chega não se saber quem vai concorrer, basta conhecer-se o concorrente que queremos escolher. Nestes casos, a escolha só acaba por ser minimamente objectiva quando o juri não quer escolher ninguém em particular. Ou seja, o juri põe e dispõe, tem todo o poder. Seja feita a sua vontade. Trata-se de um exercício de pretensa independência, uma farsa para legitimar o ilegitimável. Curiosamente, apesar do rei ir nu, ninguém lhe aponta o dedo e acaba de vez com estes exercícios de estilo em que as pessoas se cansam em argumentos em que não acreditam e de que sempre resultam incómodos e sensações de injustiçados. Isto é, fica tudo chateado e nem mesmo os vencedores têm o prazer da vitória porque a dúvida (ou certeza) de terem sido beneficiados lhes retira essa oportunidade. Acedem ao poder, podem continuar a farsa. Então por que se mantêm estes exercícios? Por necessidade, porque se não existissem a subjectividade seria ainda maior, o compadrio exacerbava-se. É falso, em nada estes concursos o evitam, apenas aliviam a consciência (se existisse) dos elementos dos júris. A sua irresponsabilização mantém-se intacta, nunca a sua vida vai depender das escolhas que façam. Aliás, se optarem pelo mais cordatos e burros em detrimento de alguns mais brilhantes e naturalmente com ideias próprias, até acabarão por ter menos problemas de futuro. Conclui-se assim, que os concursos se mantêm para perpetuar o poder das chefias, para lhes conservar a irresponsabilidade e garantir os lugares. Mas tudo isto poderia ser diferente e menos doloroso se paenas se avaliasse com objectividade a chefia através de critérios de qualidade da acção produzida. Só que neste caso alguma coisa poderia ser posta em causa, especialmente seria colocado em cheque o poder. E como o poder não se oferece, não esperemos que nada mude, se nada fizermos para o mudar.
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