Já ando farto de ser juri nesta aldeia com delírios de país. Ao Prémio concorre um único trabalho. Custa chamar isso a um conjunto de páginas alinhadas, onde se não percebe quais os objectivos ou a hipótese a testar, em que os métodos são duvidosos e a discussão é uma repetição dos resultados, ficando a conclusão a iniciar-se com um esclarecedor parece que. É o país das aparências, dos eu acho, tudo a condizer com a aldeia. Só que na aldeia, os prémios têm dimensão de cidade. Mandava o pudor, que tal exuberância de coisa não tivese saído da gaveta. Aliás, muitos outros pares lá terão permanecido em descanso. Este é um país de ousados, há uns que avançam. Até fizeram decobrimentos ou achamentos que nesta coisa do achar ninguém nos leva a melhor. E os sensatos ficam na praia. Depois, há o sentimento do coitado, a falsa solidariedade de se não poder criticar naturalmente, explicar que assim não serve.
Já ontem a entrevista feita ao Bill Gates mostrava o fosso dos conceitos, neste caso da jornalista pobrezinha e do homem (é assim que se chamam os que não são doutores, engenheiros e tal) rico. Ela a falar de protecção, ele de livre inovação. Ela não percebia, ele explicava por que não pode parar de inovar.
Somos um país de cansados, desistentes por falta de estímulo e rigor nos contendores. Andamos em correrias pequeninas na pequena aldeia, sem nos confrontarmos com o deafio global, sem perceber que de nada serve sermos os melhores na pequena aldeia, razão de patrioteirismos de bandeira na janela, E vivam os nossos heróis mourinhos de além mar cantados nos sermões dominicais do professor. Nada nos safa desta pequenez. Mas, na verdade, não é inocente a coisa que assim se determina. Os prémios são razoáveis, muito acima mesmo dos méritos dos concorrentes. E assim se vão criando mitos e autoridades em matérias no país. Autoridades no sentido policial ou guarda-republicano do conceito, autoridades e não referências como bom seria que fosse.
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