domingo, fevereiro 26, 2006
sábado, fevereiro 25, 2006
Anjos com pés de burro
sexta-feira, fevereiro 24, 2006
Modelos
É que as mensagens querem-se alienantes, emotivas, com tudo o que possa afastar a mais breve reflexão. Nos dias em que andamos, reflectir é subversão, algo que deve ser evitado de todas as formas. Mostrem-nos as lágrimas e os risos dos outros para que não nos passe pela cabeça rir ou chorar e nos limitemos a andar por aí, máquinas obedientes.
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
quarta-feira, fevereiro 22, 2006
Combates
Por mim fica-me a ideia de que precisamos continuar a proibir (lixo alimentar nas escolas e não só), para que eles promovam cada vez mais alimentos saudáveis.
terça-feira, fevereiro 21, 2006
Consulta
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Breve
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
Negligência
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
Momentos de uma profissão
Hoje ainda respirava e, tranquilamente, com olhar agradecido dizia, foi este, apontando-me o dedo. Mas afinal foi apenas ela, eu poderia ter sido obrigado a fazer outras coisas. E naquele momento de agradecimento, fico com o desejo inconfessável de que tenha alta, de que seja transferida para outro lugar qualquer antes da minha próxima urgência interna.
terça-feira, fevereiro 14, 2006
A santa
É com esta simplicidade de texto que a TSF nos dá a notícia. Quando alguém vos disser que os salários não podem aumentar porque há necessidade de criar riqueza antes de a distribuir e que temos de fazer sacrifícios e tal, expliquem-lhes que estão amentir a toda a força. Não é assim que funciona a sagrada economia que os inspira. Essa é mais como explica a notícia acima. A tal economia em nome da qual passam o tempo a pedir-nos sacrifícios, não é para melhorar a vida das pessoas, é para corresponder, para se aproximar dos lucros esperados, especulados. Nos últimos tempos a dita tem procurado chantagear-nos, dividir-nos, negociar caso a caso, destruindo a coesão que nos pode fazer fazer-lhes frente. Ontem no Hospital de São João, enfermeiros protestaram contra a precaridade do emprego. Querem tornar-nos precários, sem qualquer tipo de garantias e em troco de pouco mais do que insegurança. Andam a vender o Estado, delapidando tudo o que pode dar lucro, oferecendo-o aos privados. Houve um tempo em que se resistia e ram tempos duros de resistência. Que se passa agora? Como aceitamos a mordaça?
Esta economia, que nos querem fazer passar por única, não nos serve, queremos outra. A história continua, há mais mundos além dos desenhados pelos sábios do Império e adoptados pelos subditos da terra.
segunda-feira, fevereiro 13, 2006
Agostinho da Silva e o outro Silva
“Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que mais valem todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles foram meus, não são seus. Se o criador o tivesse querido juntar muito a mim não teríamos talvez dois corpos distintos ou duas cabeças também distintas. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição, venha a pensar o mesmo que eu; mas, nessa altura. já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se a1guns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem” (Agostinho da Silva, "Cartas a um jovem filósofo") |
«Raramente me engano e nunca tenho dúvidas»
(outro Silva)
Um é filósofo o outro nem sei que diga, mas dizem ser economista. Se calhar melhor se vive sem a sua economia do que sem a filosofia do primeiro, que partiu há 10 anos.
domingo, fevereiro 12, 2006
Ideias soltas
Prevaricar em benefício próprio deverá ser um dos principais combustíveis que nos fazem mexer. O gozo maior vem de enganar o outro, seja ele Estado ou colega. Cada vez que mais olho à procura da natureza dos homens, mais me parece ser isto verdade. O hedonismo é o nosso estado natural. Que poderíamos fazer e faríamos se tudo nos fosse permitido? Pois é, foram precisas as religiões e as leis do Estado para nos controlar. Acontece, que nos últimos anos temos cada vez mais abandonado a religiosidade e agora nos esforçamos por liquidar também o Estado. Se calhar é a Natureza e esta Evolução que explicam o estado a que estamos a chegar. O avanço da ciência retira-nos os medos e a necessidade de acreditar, porque só é preciso acreditar no que se não sabe. Quando sabemos, não precisamos de crer, sabemos simplesmente. à medida que sabemos, dominamos, temos novos poderes, não precisamos de invocar os favores de Deus. Compreendemos os fenómenos e controlamo-los. Tudo por nossa conta, sem apelar a ajudas. Qual então a necessidade de um estado para nos limitar os nossos poderes?
Mas o conhecimento não é universal, por isso o que ficou dito aplica-se a quem o tem e são esses quem propõe a sua libertação. Já agora em nome de todos para facilitar o seu domínio.
Aos outros, que por acaso são a esmagadora maioria, compete caminhar contra-natura, o que é, obviamente, uma caminhada bem difícil.sexta-feira, fevereiro 10, 2006
Liberdade
Fazer um quadro visível melhor ainda que escrever um livro, mesmo que de linguagem quase matemática como as intermitências da morte, é programa de uma vida. O que é já em si uma expressão curiosa, porque programa será qualquer coisa que a vida deve ou não ter. Aqui os conceitos divergirão entre os que opinam que a vida é um momento e os outros que mais a vêem como uma sucessão deles com um destino a construir. Para os últimos o programa acaba por ser a própria vida, enquanto que para os primeiros um obstáculo que se lhe põe no caminho. É difícil decidir qual a opção mais valiosa. Tenho de aceitar que me atirem na cara que fumam estando conscientes dos riscos, que comem pelo gozo que lhes dá sem que ninguém tenha nada que ver com a obesidade de que sofrem ou a diabetes que virá, que bebem porque aquela colheita é o complemento necessário do prato que os deleita. E até podem ter toda a razão, que destas há mais do que uma e cada qual se não deve impor às concorrentes tudo dependendo das convicções mais profundas de cada um. Até entendo que um cidadão americano não use cinto de segurança, nem capacete na cabeça quando corre recostado na Harley. Quando se estampa é ele que paga a conta… Nos grupos em que há compromissos repartidos, onde o indivíduo ainda não esmagou a ideia do conjunto, as coisas possivelmente terão de ser vistas de forma mais prudente. Temos os direitos que acordámos ter com os que nos estão à volta. Neste caso, as nossas opções sofrem desse condicionamento, somos menos livres à custa de sermos mais tranquilos. Podemos optar entre o momento e o programa dos compromissos, o que se não pode ter, é estarmos com um pé de cada lado da parte boa da coisa, toda a liberdade e alguém que pague a conta. Sapo estas coisas que às vezes são pouco pensadas.
quarta-feira, fevereiro 08, 2006
Caricato
Vivemos num mundo irreal, distorcido, caricaturado e em equilíbrios de medos.
domingo, fevereiro 05, 2006
A morte e o poder
Depois de uma sexta-feira nauseada apesar da domperidona, preparava-me para um fim-de-semana calmo de reorganização de papéis. Estava eu nessa actividade quando, durante uma chamada telefónica, a minha mãe que descrevia em
Precisava de um domingo de repouso e consegui! O rapto no serralho já estava à espera de ser visto há uns dias e foi o primeiro momento alto do dia. Há um tipo que há 250 anos, nos fala de coisas simples como o de resistir por ideais, da possibilidade de o fazer (continuo a acreditar que ainda é, mas já somos poucos), de que a morte pode ser uma passagem para a paz, e de que o verdadeiro poder é a generosidade de perdoar e respeitar a vontade dos outros. Este é o poder que dura séculos, bem diferentes dos breves poderes que matam por necessidade, por medo. Os poderosos não têm medo, não precisam de subidas imediatas de cotações das acções. Bem diferente, do que se vê no Fiel Jardineiro, o filme da tarde. Também aqui a morte garante melhor a paz do que a força bruta do poder.
No meio disto, a discussão das caricaturas de Maomé não merece mais comentários do que os feitos por
sexta-feira, fevereiro 03, 2006
O prémio
Já ontem a entrevista feita ao Bill Gates mostrava o fosso dos conceitos, neste caso da jornalista pobrezinha e do homem (é assim que se chamam os que não são doutores, engenheiros e tal) rico. Ela a falar de protecção, ele de livre inovação. Ela não percebia, ele explicava por que não pode parar de inovar.
Somos um país de cansados, desistentes por falta de estímulo e rigor nos contendores. Andamos em correrias pequeninas na pequena aldeia, sem nos confrontarmos com o deafio global, sem perceber que de nada serve sermos os melhores na pequena aldeia, razão de patrioteirismos de bandeira na janela, E vivam os nossos heróis mourinhos de além mar cantados nos sermões dominicais do professor. Nada nos safa desta pequenez. Mas, na verdade, não é inocente a coisa que assim se determina. Os prémios são razoáveis, muito acima mesmo dos méritos dos concorrentes. E assim se vão criando mitos e autoridades em matérias no país. Autoridades no sentido policial ou guarda-republicano do conceito, autoridades e não referências como bom seria que fosse.