domingo, agosto 17, 2003

A difícil disciplina

Fico realmente espantado com a disciplina dos blogistas diários. Vir aqui todos os dias deixar um pouco do registo dos vistos e ouvidos e dos outros sentidos. Então o JPP é um monumento de generosidade pelas reflexões gratuitamente cedidas a todos nós.
Por mim cá vou tentando. Acabo agora a semana de férias que restava e vai também começar a minha nova época.
Edito aqui de seguida alguns bocados destas férias:

15-8-03
Início de época
Desde há dias que o assunto magno são as transferências e o início de época. Até já ouvi um dirigente desportivo falar em matéria-prima local (jogador produzido em casa) e mais-valias para a equipa. Assim, exactamente, como mercadoria. Para gáudio da Manuela F Leite, a nossa balança comercial vai resolver-se com as exportações desta nossa próspera indústria, possivelmente. Ou afinal talvez não, que o Brasil nestas coisas devia servir de lição! Mas deve ser por isso que só ouço falar de convocações e desconvocações para selecção. Afinal o Benfica não estará tão bem, perdeu com a Lazio de Roma. O Camacho que se prepare. Deve ser o próximo a fazer as malas neste engano nacional de que quando o clube perde, temos de substituir o treinador e seja o que Deus quiser. Afinal não seria a troca do Camacho pelo Professor Queirós que resolveria o problema do Benfica. Por mim, preferia ficar com o mesmo treinador e trazer alguns dos craques do Real em troca de alguns que cá estão.
No país político a coisa é igual. Os fogos não param. A política da oposição parece ser a da substituição dos ministros. Aprenderam com o futebol. Mas o que necessitávamos era de substituir o povo desleixado e incendiário para o resultado ser mais duradouro.

Às escuras
Os Estados Unidos ficaram ontem às escuras. Cinquenta milhões de americanos e canadianos, de repente, às escuras fechados nos elevadores e nos Metros das cidades. Bem domesticados, vi-os a fazerem enormes filas a caminho de casa. Muito tranquilos e sem pânico, tranquilizados pelos seus dirigentes que lhes diziam não haver indícios de terrorismo. E se acontecesse alguma coisa parecida nesta terra? Tudo aos berros e a correr e, logo, toda a gente a explicar a causa do fenómeno. Cinquenta explicações diferentes todas começadas por «eu acho que....». Estes políticos são todos a mesma coisa! Demita-se mais um Ministro. Se o ministro não se demitisse por antecipação como o da ponte que caiu. Realmente, deve ser dia de ministro abrir champanhe quando acontece um desastre, cá na terra. Finalmente, pode ir dedicar-se a algo mais rentável, voltar a não pagar sisa e ter horário de trabalho mais decente, incluindo férias.
Esta campanha anti-político como se fossem os únicos incompetentes deste país, deve possivelmente contribuir para criação de tantos sábios do acho que. Espanta como tanta gente acha e tão pouca gente faz coisas... Deve-nos ter ficado dos Achamentos. Ao fim de contas, para achar basta um pouco de desinibição e alguma inconsciência dos riscos. Complicado, é fazer coisas, que para isso já é preciso trabalho. E depois dos Achamentos, lá foi o negócio para os que, sem nada terem achado, fizeram. Deles foi o proveito, para nós a satisfação da fama.

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