segunda-feira, fevereiro 12, 2024

 AGORA É QUE FOI

Bateu-se no fundo, foi afetado o normal funcionamento da principal instituição do país. Até pode andar toda a gente aos berros que isso pouca importância tem e de tão habitual pode até deixar de ser notícia. Desiludam-se os médicos, os enfermeiros, os professores, os agricultores (não confundir com os lavradores da lavoura), os jornalistas (não confundir com os papagaios) e aceitem a vossa insignificância. Há, finalmente, aqui alguém que atacou os fundamentos do sistema e nos consciencializa da necessidade da mudança. E foi por uma coincidência daquelas que tão raramente acontecem. Subitamente, algures na terra, grassa uma epidemia entre os polícias e um a um dos destacados para o evento ficam debruçados nas sanitas com vómitos incoercíveis, ou nelas sentados a borrarem-se até à desidratação na antecâmara da fatalidade. A OMS, que já tinha alertado para o problema das epidemias, irá com urgência estudar este problema e encontrar o novo vírus ou lá o que for a causa desta maleita que nos põe a todos à beira do abismo. Podemos estar sem médicos, sem enfermeiros, sem professores, com os agricultores a passearem na autoestrada de trator, os jornalistas calados, podemos até estar sem governos no continente ou nas ilhas e sem perspetivas de os virmos a ter, podemos até estar sem país, mas não sobreviverá à falta do futebol. E o pior é que já não se pode chamar a polícia para resolver o problema, porque estão doentes, sem possibilidade de internamento devido às condições caóticas dos hospitais, deseducados pelo desastre da escola pública, famintos porque os campos estão abandonados. E a população já habituada e capaz de resistir a toda a doença, à ignorância, à fome e à desinformação não vai resistir sem poder discutir acaloradamente se houve ou não fora de jogo ou havia lugar à marcação da grande penalidade.
E tudo começou quando o parágrafo ditou o ponto final, dispensando o travessão na outra linha. O diálogo acabou nessa altura.

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