segunda-feira, julho 31, 2006

Repórter

A vida tem esta exigência de forçar as opções certas a cada instante. Depois, pode ser-se mais ou menos bem sucedido. Não se estranha, por isso, que por vezes se sonhe em ter outra diferente, perguntar e se tivesse ido por ali, como teria sido? A imaginação da fuga. Em parte pode ter sido isto que levou Antonioni a fazer O repórter. Este é um dos filmes que daria para ficar lá, no fim, a conversar. A ouvir o que cada um viu, tão diferente do que viu quem esteve ao lado. Num mundo com tempo, sem a exigência da receita da sessão seguinte. Mas não é possível, a cinemateca já não existe. Agora é cada um por si, isto é, cada um desiste por si. O cinema não pode ser motivo de reflexão. Aliás, nestes dias nada o deve ser. A cultura dominante não o permite, pela sofrega necessidade de consumo. Tudo é produzido para descartar no momento seguinte. Numa gigantesca montanha de nada, que nos esvazia se não estivermos atentos e resistentes.

domingo, julho 30, 2006

Ainda não chega?

Cruz Vermelha contou 56 mortos em Qana, incluindo 34 crianças
30.07.2006 - 14h11 PUBLICO.PT, AP


O ataque aéreo israelita esta manhã em Qana, no Sul do Líbano, matou pelo menos 56 pessoas, entre as quais 34 crianças, segundo um balanço actualizado da Cruz Vermelha Libanesa.

O total de libaneses mortos por Israel na campanha em curso desde dia 12 sobre assim para mais de 500, disse também a Cruz Vermelha, citada pela AP. Informações anteriores davam conta de 51 mortos, entre os quais 22 crianças.

Mísseis israelitas atingiram um edifício em Qana onde durante a noite se tinham refugiado famílias, tornando este ataque no mais mortífero nesta campanha israelita, que suscitou generalizada condenação internacional.

Responsáveis da segurança libanesa, citados também pela AP, falam em 57 mortos, entre os quais 16 mulheres adultas, mas é possível que estes números ainda subam, pois os trabalhos de remoção de escombros ainda prosseguiam. Disseram também que num dos quartos do edifício foram encontradas 18 pessoas de duas famílias.

O ataque eleva o número total de mortos dos 18 dias de ataques israelitas para pelo menos 514. Além dos mortos em Canaã, este número os 403 civis anunciados ontem pelo ministro da Saúde, bem como 20 soldados libaneses e 35 guerrilheiros confirmados pelos militares e pelo Hezbollah


Fica a notícia toda. A chacina continua e deixá-la prolongar-se não será pactuar com a absolvição de Hitler, Stalin, Milosevic, Saddam? Qual é a diferença? Ou a intenção de matar crianças não será a de evitar futuros soldados inimigos? Genocídio, óbvio.
Que nojo de argumento é esse de que a culpa foi deles por não terem saído, pois tinham sido avisados? Que noção básica de direito é esta? Então agora, a culpa de alguém ser morto é do morto por não ter fugido antes que lhe tenham disparado em cima?

sábado, julho 29, 2006

Assinemos!

Se não desistirmos nunca, podemos evitar que a barbárie continue. A eficácia de uma criança que sobreviva ao nosso acto é eficiência bastante. Quem quiser vá ler e assinar a petição.

3 anos

Três anos de ouvidos e sentidos aqui têm ficado, numa actividade lúdica de registo para memória futura, se ainda conseguirmos desfrutar as memórias que se vão construindo. Se da grande história aqui pouco permanece, fica a forma como vi alguns dos seus bocados. Permanece a ilusão de ser ouvido às vezes. A sensação do impacto esmorece com a confrontação coma realidade. Tentando a distância possível, acho que se perde no emaranhado do blogório quase tudo o que vou registando. Vou assistindo também à desistência de outros que deram comigo os primeiros passos. Por agora, vou continuar com o desabafo do presente e a ilusão da leitura recordatória mais além. Aos que insistem em por cá parar de vez em quando, simplesmente, que vos aproveite qualquer coisa.

sexta-feira, julho 28, 2006

Mas é possível mudar...

Nada é impossível de mudar

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar
B Brecht

Em termos de Economia sou uma nódoa. É que não percebo mesmo nada do assunto. Fico, então, com o choque dos ignorantes, abismado quando leio as notícias e vejo o Ministro das Finanças angustiado a dizer que o número de funcionários públicos (para os que não acreditam já nestas coisas, direi que continuam a ser PESSOAS) não aumentou, parecendo que o objectivo máximo dos governantes é criarem condições para despedir funcionários públicos (relembro, PESSOAS. (Vou, aliás, gostar de ver na próxima campanha eleitoral, os candidatos de PSD e CDS terem como bandeira de propaganda o anúncio de que se forem eleitos vão acabar de vez com essa espécie...)
Angustiado fico também, quando, neste contexto, sei do aumento dos lucros da banca: 31% de aumento face a período idêntico do ano anterior. Neste caso trata-se da melhoria de meia dúzia de famílias (boas famílias, claro)em detrimento de alguns milhares de funcionários (leia-se pessoas).
De que lado está o Governo quando permite isto? Querem que façamos sacrifícios em nome de que razão superior?
Alguém me diz quantos pobres são necessários para fazer um rico? E, também, para que serve fazê-lo.

quinta-feira, julho 27, 2006

Nunca é demais lembrar

Relendo Brecht

Elogio da Dialéctica

A injustiça avança hoje a passo firme
Os tiranos fazem planos para dez mil anos
O poder apregoa: as coisas continuarão a ser como são
Nenhuma voz além da dos que mandam
E em todos os mercados proclama a exploração;
isto é apenas o meu começo

Mas entre os oprimidos muitos há que agora dizem
Aquilo que nòs queremos nunca mais o alcançaremos

Quem ainda está vivo não diga: nunca
O que é seguro não é seguro
As coisas não continuarão a ser como são
Depois de falarem os dominantes
Falarão os dominados
Quem pois ousa dizer: nunca
De quem depende que a opressão prossiga? De nòs
De quem depende que ela acabe? Também de nòs
O que é esmagado que se levante!
O que está perdido, lute!
O que sabe ao que se chegou, que há aì que o retenha
E nunca será: ainda hoje
Porque os vencidos de hoje são os vencedores de amanhã

segunda-feira, julho 24, 2006

Protesto

Nas insanas contabilidades,quantificam-se os artigos que ninguém lê e esquecem-se os actos que ninguém descreve. Porque são os actos do senso comum, solidários afinal, o que se espera que surja normalmente. Só que muitas vezes, demasiadas vezes mesmo não surge. Quando aparece vem sempre quase e sempre dos mesmos lados. E não aparecem registados nas trezentas páginas dos curricula. Escandalosamente estão omissos. Em vez disso, um relambório desinteressante de participações em reuniões turísticas e escritos para nada.

domingo, julho 23, 2006

Contra a corrente

Inocentemente, na primeira página do Expresso e com chamada para um dos cadernos, lê-se que em Portugal há 11000 milionários. Depois as habituais comparações mostram que percentualmente estamos abaixo do que acontece em Espanha e etc pela Europa fora. Fica-se quase com o desejo de que deveriam ser mais para grandeza do país. Agora, um país é próspero quando o número de milionários é grande, um outro parâmetro de avaliar o produto nacional bruto. O grande desígnio dos portugas patriotas, além de porem as bandeirinhas na janela por ordem do senhor Scolari e com a benção dominical do Professor Marcelo, é contribuirem e depressa para que o país tenha mais milionários. Digam quantos pobres precisamos de fazer para criar mais uns quantos milionários e eles farão o que for preciso. Não se pode deixar o país das bandeirinhas ter este ar pobretana com tão poucos milionários. Façam-se mais uns quantos, mesmo que isso faça mais uns milhares de pobres, que o país precisa ter um ar renovado e próspero.
Se for preciso, acabem-se os tempos livres e os fins de semana. Acabem-se as garantias de emprego e façam-se preces ao São Precário. Basta de preguiça, é preciso fazer mais uns milionários.
Gosto de saborear um fim de semana em que não há nada à espera de ser feito, só o que o apetite dita. Acabei-o sem remorsos. O meu projecto de vida não é produzir milionários.

quinta-feira, julho 20, 2006

Complicómetros

A vida pode ser complicada nalguns dias. Noutros, é mais a complicação que lhe arranjamos. Muitas vezes, só pela falta de estética, tristemente esmagada por grosserias mal dominadas. Deve dar alguma insónia, epigastralgia, mal-estar ou mesmo náuseas. Para quem assiste é mais o mau cheiro do vómito que se avizinha. Alguma pena, que assim seja. Na verdade, as coisas até são simples, não adinata fugir delas nem ter receios sem fundamento. Podemos ou não ajudar a que se resolvam, com a certeza de que não seremos nunca fundamentais, insubstituíveis, na sua ultrapassagem. Essa consciência, que vem depois, também deve ser incómoda, pois quanta vontade não há de ser-se a peça sem a qual a máquina não mexe? Mas não, não só são dispensáveis como até chegam a ser escolhos no caminho e tudo seria mais fácil se a dragagem fosse feita. Felizmente, convenço-me que já faltou mais para que a porta se abra e possam ir arejar. Para que o ar que respiramos se possa renovar, que bem necessário é.

quarta-feira, julho 19, 2006

À atenção da comunidade internacional

Porque realmente é revelador, não resisti a copiar do resistir.info.

Os computadores já deitam fumo

Patético perguntava o elemento do Hezzbollah ao repórter da CNN, onde estava a comunidade internacional? Possivelmente, estão a fazer contas. Ainda não chegaram a uma conclusão exacta sobre o valor de dois soldados israelitas. Parece que valem muito mais que mais de trezentos mortos,perto de um milhar de feridos e meio milhão (ouvi dizer) de refugiados. Só que a tal comunidade, ainda não acabou de computar, quantos mortos, quantos feridos, quantos refugiados, valem afinal dois soldados israelitas. Por sinal ainda vivos, prisioneiros de guerra. Imagine-se, se forem mortos! Lá irá a comunidade fazer mais contas, regras de três, integrais e tendências para infinitos de inacção. Quanto valem soldados palestineanos raptados, presos por Israel? A comunidade internacional já há muito chegou a uma conclusão: NADA!

Diana Krall

Na noite anunciavam temporais, numa ânsia de tufões e sermos notícia que não entendo. Ainda assim, o jardim destapado encheu e não havia grandes notícias de nuvens pelo céu, também sem estrelas, diga-se.
Meia hora depois do prometido ela chegou, mais três amigos e começaram a tocar e ela a tocar e a cantar. E continuaram durante duas horas seguidas numa diversão que se via que tinham, mas separados pela distância que vai do palco às plateias. Gostei de ouvir, ainda que o desfrute se possa mais ter em casa sem ameaças de chuva não cumpridas. Alguns espectáculos não o são, alguma música e músicos são para se ouvir em recinto fechado, com boa acústica, no sossego da session. Porque foi boa música e bons músicos que ali estiveram. Só não houve espectáculo. E não sendo giro (cool) teve a vantagem de não ter chegado a ser wet jazz.

domingo, julho 16, 2006

Gratidão

Aos poucos a distância tem-se encurtado. Primeiro até Torres Vedras, depois Óbidos, agora Peniche. Está pronto o IP-16. E quase todos os dias assisto à diferença e ouço dizer que está tudo igual.
Tenho a sorte de viver num local anabólico, sem vizinhos israelitas, que, periodicamente, destruam o construído e sem ter a felicidade de já ter nascido com tudo isto construído há muito, já quase velho.

sexta-feira, julho 14, 2006

Ao contrário, no caminho

A pretexto do rapto de 2 soldados a agressão terrorista (para amedrontar) continua no Líbano. Ainda não perceberam que a ausência de esperança que querem induzir vai ser o limite da sua viabilidade. Quando nos retiram o futuro, desvalorizamos o presente e ficamos dispostos ao que for preciso. A força bruta não faz desaparecer os argumentos da razão.
Foi neste dia que aconteceu há já tanto tempo:

A Revolução é considerada como o acontecimento que deu início à Idade Contemporânea. Aboliu a servidão e os direitos feudais na França e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité). Há quem vaticine que os revolucionários instituiram à força das armas estas três premissas, que se nao completam sem uma quarta: a Morte. Assim era o grito da revolução: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade ou a Morte!" (Wikipédia)
E quando olhamos, passados todos estes anos, onde estão a Liberdade, Igualdade e Fraternidade? Há algum movimento às arrecuas na história deste tempo. Para produzirmos o progresso a que nos querem convencer, criamos desigualdades crescentes, tornando-nos efectivamente em produtores de uns poucos ricos à custa da geração de muitíssimos pobres. São necessários muitos pobres para produzir um rico, quando a pergunta a fazer poderia ser, de quantos ricos precisamos para reduzir os pobres?
É por se não conseguir a Liberdade, Igualdade, Fraternidade, que cresce a disponibilidade para a alternativa, a MORTE. E é abusivo chamar terrorismo à falta de alternativas. Terrorismo é o outro, organizado e apoiado pelo senhor Bush e seus amigos israelitas, que mata para meter medo. Mas medo só tem, quem tem esperança. Quando esta é aniquilada, perde-se o medo e vem a disponibilidade da MORTE.

quinta-feira, julho 13, 2006

Dizer bem

Sabe-me bem viver num país assim. Estou a falar a sério, depois de pagar o Imposto automóvel no site da DGCI. Simples, realmente. Era isto que queria sentir com muitos outros actos do dia-a-dia.
Curioso foi ouvir logo de seguida o pessimismo. Dizem-me que não me alegre, que dentro de dias me vão enviar um papel para ir buscar os selos. Quem inventa este tipo de coisas? É o pessimismo habitual, o fado do desgraçadinho, o horror ao Estado.

quarta-feira, julho 12, 2006


Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!

Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Soube muito bem mudar de feitos, sair da pressão do dever.

terça-feira, julho 11, 2006

Surpresa

Quando ouvi isto hoje de manhã, percebi que realmente isto não é bem um país. Só a sugestão deveria ser punida por lei! Realmente, desde que um certo estilo sul-americano começou a dominar o futebol, alguns ter-se-ão convencido que isto já não fazia parte da Europa. É o primarismo das bandeiras, a miserável prestação dos jornalistas-claque patrioteira e, finalmente, a cereja: isentem quem trabalha (medianamente) de impostos! Por ganharem, sabe Deus como, 5 jogos e por perderem 2 sem margem para dúvidas, estes rapazes ganharam 10 vezes o que muitos portugueses ganham a trabalhar um ano inteiro. Num país onde o desemprego grassa, vem agora o tio Madaíl pedir que os rapazes não paguem impostos. É o TUDO PELO FUTEBOL da camioneta. Francamente, chocado. Apesar de tudo ainda me conseguem surpreender depois de terem estádios Às moscas (nós pagámos), lhes darem terrenos para especularem à volta dos estádios (nós pagamos), terem ordenados escondidos (nós pagamos), terem ligações perigosas com as autarquias (nós pagamos), paralisarem de idiotice um país durante um mês (nós pagamos) ainda queriam mais... Querem mais, querem mais, querem mais? Ok, a cantiga acabou, meninos!

segunda-feira, julho 10, 2006

O elogio do desporto

O desporto de competição tem esta dimensão interessante de nos revermos nos melhores. Com isso estimula-se a juventude e os craques são o exemplo pelos seus bons comportamentos. Por isso, muitas vezes se estimulam os jovens a perseguir os estilos dos grandes craques.
Este dizem é o melhor jogador do mundo, o seu exemplo deve ser seguido?

Mas se nem serve para estimular a juventude e ser escola de virtudes para que serve, afinal, a alta competição? Para vender sapatilhas, camisolas e funcionar como anestésico?

domingo, julho 09, 2006

Acaba hoje... Uff

Mesmo com todo o esforço da claque jornalista da terrinha, a festa saiu pífia, pequenina, portuguesinha. Bem podem esticar nos comentários, apertar os ângulos das imagens, mas o mar de gente mais não foi que uma nascente.
TODOS PELO FUTEBOL mostrava a camioneta. Foram poucos, afinal. Pena que sejam dos mais carentes, dos mais sem esperança, agarrados a esta boia que lhes prolonga o naufrágio. Dentro em pouco, um qualquer Banco tomará conta das camisolas dos «heróis». É o fim do ciclo e a demonstração que o futebol continua a ser um bom objecto do sistema, mas só isso. Desculpem, mas não posso estar pelo futebol, estou antes por outro sistema.
Escrevo isto enquanto vejo o último jogo, a final, o jogo dos melhores. Isto são as duas melhores equipas do mundo! Ao que chegou o futebol! Ciência, táctica, técnica, rigor e a imaginação onde fica? Emoção deve ser esta marrada de Zidane, mais não há. Uma coisa destas devia levar à expulsão da equipa toda e a uma profunda reflexão sobre os motivos por que acontece. Jogo ou guerra económica? Desporto já sabia que não era, que há muito me acabaram as ilusões. Mas está a tornar-se demasiado desengraçado, talvez acabe.

sábado, julho 08, 2006

Ao ataque!

Como se houvesse uma imperiosa necessidade de drama, dificilmente hoje se consegue dizer que alguém é saudável. É só procurar um pouco mais, fazer umas análises mais, acabar-se-á por encontrar qualquer coisa. Parece ser esse o objectivo de alguns médicos e, estranhamente, dos próprios doentes. Acha mesmo que está tudo bem? A melhoria é franca, mas há uma interiorização do mal, da necessidade do drama. Estamos num mundo pouco optimista, à defesa. Donde nos vem este medo que nos leva à contenção, à falta do golpe de génio, a arriscar? Há demasiada ciência e matemática nas nossas vidas, estamos a ficar demasiado precisos e prudentes, numa palavra, sem graça. Será o medo a arma de que o sistema carece para se manter? Tudo tão longe do Vitória ou Morte! Mas afinal que é a vida sem vitórias? Prolongamentos e mais prolongamentos para tudo se decidir na lotaria das penalidades.
Foi o jogo de que mais gostei, três grandes golos! Que importa a derrota?

sexta-feira, julho 07, 2006

Consumo e produção

Reflectir sobre a necessidade, o modo e os efeitos deviam ser preocupações dos organizadores. No entanto, parece-me que apenas se procuram os efeitos e desses apenas os que não serão os mais justificáveis. Racionalmente, só a suspensão de tanta desta actividade seria defensável. Quanto custa isto? Quem quantifica os benefícios? Será que alguém faz a análise custo-benefício ou não será isto um exercício só para negativos, primeiro com consumo de informação e depois consumo da informação. Qual foi o produto?

quinta-feira, julho 06, 2006

Trégua

Por que compro guerras? Só porque deve ser! Que disparate, era muito mais cómodo estar em paz. O problema seria a podridão. Gosto de bom cheiro, é isso.
São cómodos os instantes das tréguas que tenho comigo.

quarta-feira, julho 05, 2006

Prontos!!!

No meio do silêncio do país emigrado das ruas enquanto chegava a casa, parecia-me já ouvir aquele enorme comentário: Prontos!!
Assim foi. A frança multicultural ganhou. Le Pen perdeu. Ganhou o exemplo da tolerância, ganhou a França, não o chauvinismo. Eu destes franceses argelinos e pretos até gosto. Primeiro, contribuiram para aumentar a produção no Brasil, depois a nossa. Espera-se.

terça-feira, julho 04, 2006

Nas nuvens

A verdade é que no país suspenso, só as conferências de imprensa do senhor Scolari interessam e nada mais acontece. Amanhã logo se vê. A quem interessa o futuro além do tempo das 24 horas? (Título do USA today depois da eliminação dos EUA pelo Gana)
Afinal, a culpa foi do mundo ter ousado continuar sem eles...
Só que a história continua e poucos sabem quem ganhou o tal campeonato TÃO IMPORTANTE em 1930 e tal...
Entretanto, vamos passeando nas nuvens:

domingo, julho 02, 2006

Fim de fim de semana

Por instantes, os sorrisos levantam-nos as dúvidas sobre os significados de existirem. Mas não me recordo que possam ser actos reflexos e aí também esboço um.
No regresso, ao pôr do sol, o dia começa. Como todos os dias, no anúncio de um amanhã.

sábado, julho 01, 2006

A nova bandeira nacional


Depois virá Madaíl para Presidente, Scolari para Primeiro Ministro e far-se-á um governo com mais 20 e tal ministros e secretários de Estado.
Este é o verdadeiro motivo da demissão de Freitas do Amaral, afinal um dos poucos cidadãos que sabe onde está a coluna vertebral. Na verdade, foi apenas uma jogada de antecipação.
Fica-se assim também a saber a que se referia hoje o Senhor Alberto, quando disse que era necessário demitir este governo e criar um de unidade nacional. Nem mais!