segunda-feira, julho 31, 2006
Repórter
A vida tem esta exigência de forçar as opções certas a cada instante. Depois, pode ser-se mais ou menos bem sucedido. Não se estranha, por isso, que por vezes se sonhe em ter outra diferente, perguntar e se tivesse ido por ali, como teria sido? A imaginação da fuga. Em parte pode ter sido isto que levou Antonioni a fazer O repórter. Este é um dos filmes que daria para ficar lá, no fim, a conversar. A ouvir o que cada um viu, tão diferente do que viu quem esteve ao lado. Num mundo com tempo, sem a exigência da receita da sessão seguinte. Mas não é possível, a cinemateca já não existe. Agora é cada um por si, isto é, cada um desiste por si. O cinema não pode ser motivo de reflexão. Aliás, nestes dias nada o deve ser. A cultura dominante não o permite, pela sofrega necessidade de consumo. Tudo é produzido para descartar no momento seguinte. Numa gigantesca montanha de nada, que nos esvazia se não estivermos atentos e resistentes.
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