sexta-feira, janeiro 30, 2004

Fim de semana

A chuva começa a cair desanimando o fim-de-semana. Pode ser que páre! Vou para a praia.

quinta-feira, janeiro 29, 2004

Está a chover!

Nos dias de urgência, o tempo foge-me sem o sentir. Hoje, subitamente, percebi que chovia quando saí do hospital. Encerrado lá dentro não há tempo (como é que os ingleses arranjaram duas palavras e nós só temos uma?). É preciso sair daquele buraco para vermos um tempo para além do instante em que se actua de repente e onde fica todo o tempo. Às vezes, temos também o prazer de dar mais algum tempo aqueles que justificam o tempo que ali estamos, na ignorância do tempo que faz lá fora.

quarta-feira, janeiro 28, 2004

Engavetada

O que eu estranho é que este governo em vez de guardar o dinheiro nos Bancos o faça nas gavetas. E se há um incêndio no Ministério, senhora Ministra? Tem de pensar nisso, que este país é dado a fogos, como sabe. E se mudam os móveis e lá se vão as gavetas cheias do dinheiro da Segurança Social. É preciso ter muito cuidado com o dinheiro, mesmo com o que não é nosso... Não há necessidade de ser-se tão conservador. Já todos ouvimos a história dos colchões cheios de notas que arderam. Agora, ficámos a saber que a mania de guardar dinheiro nos móveis também já chegou ao Ministério!
Aliás, as gavetas servem para guardar tudo aos nossos governantes. Já o outro lá tinha posto o Socialismo! Na verdade são apenas ligeiras diferenças de sensibilidade e como diz o Povo, são todos iguais. O melhor é mesmo experimentarmos outros que estes não servem.

terça-feira, janeiro 27, 2004

Estranheza (mesmo que já vá sendo hábito)

Passei pelo dia em urgência a ver o país feio que temos. As pessoas andam agressivas, irritadas e agredidas. Hoje houve mais agressões do que é costume. Mulheres batidas, assaltadas.
Este país está definitivamente a ficar feio. Alguém explica as razões de tamanha tristeza?

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Imagem

Por momentos fantasio a imagem do Estádio da Luz com uma vela acesa em cada uma das suas 65000 cadeiras durante toda a noite. Em silêncio , ardente.

Implicações

Curiosamente, hoje alguns dos meus doentes, tinham mais uma doença. A preocupação de estarem doentes, seriamente doentes, terem alguma coisa que os projectasse subitamente no chão de forma irreversível. Não será melhor fazxer um exame ao coração?
São os custos elevados do massacre da morte em tempo real e em repetição. Na TSF, discute-se se os miúdos que praticam desporto estarão bem protegidos apenas com o atestado médico que garante estarem em boas condições físicas para a prática do exercício físico. Fiquei a pensar que é mais um papel de faz de conta em que se pede ao médico que ateste o que não pode atestar. O médico em consciência dirá, parece-me que está, mas não tem dados que lhe permitam afirmar que tem condições para fazer desporto. Isso passaria por outra avaliação, seguramente. Então para que se pede o tal papelucho? Apenas para livrar de responsabilidades terceiros, atirando-as, eventualmente, para cima dos médicos que atestam o que não podem?
É assim que agradeço ao Feher esta reflexão que me proporcionou. A partir de hoje, assim será. Não há atestados desses para mais ninguém. Como já não havia para funcionários que queriam que mentisse por eles afirmando que tinham estado doentes. Vão corrigir o que está errado, depois venham cá.


domingo, janeiro 25, 2004

Morte sacana

Já num reflexo de morte, sorriu da vida e de seguida deitou-se, brutalmente, desamparado. Naquele momento todos perceberam a pouca importância dos cartões amarelos da vida, desses que nos fazem sorrir por aceitação ou desprezo perante a importância que tem o cartão vermelho da morte. Feher teve um vermelho directo. É, obviamente, injusto aos 24 anos. A senhora de negro, excedeu-se!
Excedeu-se também a informação, com a mostragem das imagens da morte em directo, em pormenor, com realce, quase em câmara lenta para que se pudesse perceber em toda a extensão o absurdo. Aquela hora, sem filtragem grandes e pequenos viram e os grandes explicaram aos pequenos que o senhor teve uma dor de cabeça, uma dor no peito e coisas assim. E os pequenos ouviram daí a pouco que ele tinha morrido com 24 anos. Será que a morte não terá ficado demasiado perto de tanta gente que tem idade para a ver muito longe? E isto não teve qualquer benefício para ninguém, a não ser para as receitas dos canais. Sinceramente, acho que é demasiado caro para os custos que tem.


sexta-feira, janeiro 23, 2004

Greve!

Hoje é dia de greve! Estão diferentes as greves de agora, demasiado civilizadas, com piquetes muito politicamente correctos. Os fura greves são respeitados. Os patrões agradecem este código de boas maneiras. A imprensa encarregar-se-á do resto. Irá mostrar o incomodo que o processo trouxe aos cidadãos, dirá que segundo os sindicatos a adesão foi muito alta e que segundo o portavoz do Governo não ultrapassou os 5%. Mais uma vez remeter-se-á para uma neutralidade politicamente correcta, mas absolutamente fora da necessária e desejável objectividade. Com toda a correcção, a partir da próxima semana tudo voltará à normalidade e já hoje os administradores hospitalares farão contas e esfregarão as mãos contabilizando o que pouparam nos vencimentos. Foi para isto que houve lutas operárias?
Afinal, em nome de que causa maior, continuamos nós a não ser aumentados de ordenado e a pagar tudo mais caro? Será que desejamos mesmo contratos individuais de trabalho e ser reformados quando estivermos a cair de podres? Será que queremos que continue vedado o acesso ao emprego aos jovens? Estaremos mesmo empenhados em salvar a tal economia que aumenta o fosso entre os grupos sociais, penaliza quem trabalha e apoia quem especula?
Façam greve! Estamos a tempo de resistir!

quinta-feira, janeiro 22, 2004

A face e as coroas

Números e Factos


- 12 milhões de pessoas morrem anualmente de ataque cardíaco e de trombose

- 3,9 milhões morrem devido a hipertensão ou outros problemas cardíacos

- cerca de 177 milhões sofrem de diabetes; dois terços vivem em países desenvolvidos

- mais de mil milhões de adultos têm peso a mais; destes, pelo menos 300 milhões são obesos

- mais de 80 por cento de casos de doenças coronárias, de 90 por cento de casos de diabetes (tipo 2) e um terço dos cancros podem ser evitados alterando a dieta, aumentando a actividade física e deixando de fumar

(Dados da Organização Mundial de Saúde)
Citados pelo Público.

Segundo as autoridades norte-americanas, isto não tem nada que ver com a informção disponibilizada aqui. Eu adoro-os!

quarta-feira, janeiro 21, 2004

Instantes

Foi um instante aquele em que, por baixo de nuvens azul acinzentadas, veio a luz que alaranjou o cimo dos prédios da Quinta da Luz. O pôr do sol é tão breve.

terça-feira, janeiro 20, 2004

Mais de 1000

Tinha de ser um dia. Mais de mil abriram a página deste jornaleco mais ou menos diário. Alguns estão a ser fiéis leitores, quase diários. Aproveitem, continuem e sempre que quiserem, escrevam. O endereço está aí, em cima e à direita (quanto ao resto continuará a ser à esquerda à procura da verdadeira história, a tal que ainda não chegou ao fim).

Que se divirtam!

Lá pela sede do Império fizeram descobertas secretas sobre a causa da obesidade. Tão secretas que não as divulgam a ninguém. Tão revolucionárias, que vão deixar de engordar. Eles descobriram as verdadeiras causas da obesidade. Afinal, as conclusões dos peritos da OMS estão erradas, carecendo de provas científicas. Não senhor, a junk food e outras descobertas do superior génio americano, é saudável e o relatório da OMS está cheio de argumentos inspirados na propaganda anti-americana.
Mas para que raio, temos nós de aturar os argumentos destes tipos? Não poderemos, simplesmente, dizer aqui, nesta parte do mundo, vamos taxar esta comida de enfartar, vamos impedir os nosso filhos de serem bombardeados com propaganda ao açúcar e às gorduras, vamos fazer mais exercício? E que os americanos, que sabem muito mais que nós, continuem a comer como gostam e que lhes faça muito bom proveito. O país é grande, tem muito espaço para os acolher. Podem mesmo rebentar de prazer em orgias de batatas fritas e hamburgueres. Esperamos, no entanto, que tenham a decência de guardar o lixo!

Venham mais 5! (irritar-se com esta coisa)

Por agora, venham 6500, é o que precisamos para as nossas necessidades. A minha consciência fica arrepiada com este mercado. Precisamos de coisas, de objectos, de mercadorias. Reduzir os 6500 a isto é excessivamente redutor. Fico incomodado. Já os tenho visto nas consultas, nas urgências. Garanto-vos, são feitos exactamente da mesma matéria que nós, os portugueses. Têm pele (às vezes de outra cor), cabeça, pescoço, tronco e membros (às vezes maltratados na construção civil) exactamente como nós. São exactamente pessoas.
Agora, que vejo o Governo encomendar 6500, tenho arrepios. Como quem encomenda automóveis, planificadamente, em função do número previsível de compradores. E será que vão fazer um concurso? O numerus clausus já aí está: 6500. Quais os critérios de preferência, quando termina o concurso? Será que vão pôr anúncios em África, nas Américas e na Ásia? «Bem-vindo ao Primeiro Mundo. Em Portugal, abriram 6500 vagas para tarefas que os portugueses têm nojo e vergonha de executar. Venha daí!» Júri do concurso, PP e seus colaboradores.

segunda-feira, janeiro 19, 2004

Condições

A condição da mulher
A criança caiu a jogar à bola. Tem um galo na cabeça, mas o melhor é passar pelo Banco para livrar responsabilidades. Vem a mãe com a criança ao colo, com ar aflita. O pai alguns passos atrás, assiste à cena com ar de chefe de tribo. Muito bem, não parece ser nada de grave, é-lhe atribuída a prioridade Verde. Um rótulo para a criança, um rótulo para o acompanhante. Quem vai acompanhar, só pode ir uma pessoa? Em mais de 95% dos casos é a mãe que continua a acartar com a criança ao colo. O pai lá irá resignado para o automóvel, esperar que a observação termine. Difícil ser pai, não é? Acharão, que as mulheres têm maior poder de carga?

A condição dos doentes
Nos últimos dois meses teve alta duas vezes e está de volta. São as escaras, a tosse, a recusa alimentar, a desidratação. Devem pensar-se australianos, estes doentes boomerangues.

A condição dos médicos
Começar uma consulta às nove da manhã de segunda-feira deve ser considerado coisa de marciano. Posso chamar os doentes, que eles não estão. Lá mais para as 10 começarão a chegar e a dizer, não me diga que já tinha chamado. São os transportes, as filas de trânsito, sempre a mesma maneira de estar.


domingo, janeiro 18, 2004

Pausa

Domingo de sol, frio e céu azul. Gosto de ficar a olhar o tempo pela janela. Hoje é dia de descanso.

sábado, janeiro 17, 2004

Expliquemos à direita a nossa ideia de direito à vida

Lisboa, Alentejo, Algarve e Açores são os distritos mais afectados

Noticiário do yahoo para médicos, um excelente site para médicos diga-se e louve-se a oferta da MSD:
1. A mortalidade infantil aumentou entre 2001 e 2002 em Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo, Algarve e Açores, tendo esta última região ultrapassado ligeiramente a média nacional de cinco mortes em cada mil nascimentos, revelou Quarta-feira um especialista.
Os dados apresentados por Albino Aroso, presidente da Comissão Nacional de Saúde Materna e Neo-natal, revelam ainda um crescimento global do número de óbitos no primeiro dia após o nascimento (159 em 2002), com particular incidência no sul do país.

2. Aumento de suicídios entre soldados norte-americanos no Iraque
Pentágono investiga, mas especialistas falam a missão sem fim à vista
O Departamento da Defesa norte-americano enviou uma «equipa de avaliação» ao Iraque para investigar o aumento de suicídios entre os soldados norte-americanos ali estacionados.
Segundo dados do Pentágono, no ano passado 21 soldados norte-americanos suicidaram-se no Iraque, mortes que representam 14 por cento de todas as registadas fora de combate.
O que preocupa as autoridades militares norte-americanas é o facto de estar a aumentar o número de suicídios no Iraque. Há três meses, a proporção de suicídios entre as mortes registadas não em combate era de 11 por cento e actualmente é de 14 por cento.
Um especialista em questões de saúde nas forças armadas, Ken Allard, do Centro de estudos estratégicos e internacionais, explicou que isso se deve a que, para muitos militares, a missão no Iraque parece não ter fim.


A primeira notícia surpreendeu-me. Não esperava que as reformas da saúde e no país tivessem efeitos a tão curto-prazo. Mais uma vez, grito aqui que a Saúde é mais preciosa que um simples bem de consumo. Limitar o acesso terá custos. Devemos insurgir-nos contra isso e afirmar-mos que não vamos por aí, que somos pelo DIREITO À VIDA!
A segunda, pode achar-se natural. Estar numa guerra deve ser péssimo, estar lá e não se perceber a razão de estar é insustentável e leva a estes resultados. O fim da guerra deixou de ser uma exigência mediática, mas não deixou de ser exigência, naturalmente. Sobretudo daqueles que defendem o DIREITO À VIDA.


quinta-feira, janeiro 15, 2004

Fique por lá...

Gostei imenso de ouvir o Imperador prometer viagens à Lua e por aí além em busca de novos planetas. Agora espero vivamente, que os americanos façam um esforço suplementar, reforcem o orçamento e o ponham a inaugurar os voos já antes de Novembro. Boa Viagemmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmmm!

quarta-feira, janeiro 14, 2004

Contributo para perceber a natureza dos homens...

Por hipótese imaginem que a façanha é igual, mas digam lá o que dá mais prazer, bater o nosso próprio record pessoal ou acabar com o mesmo tempo, mas isso corresponder a retirar o record ao nosso maior adversário?

Parabéns!

Dou os parabéns à RTP 1 pela forma correcta como informou sobre um caso de amigdalectomia complicado por morte do doente. Primeiro anunciou, depois a peça explicava que a situação às vezes tinha complicações, depois ouviu um especialista na matéria e terminou a informação sobre o tema. Nem um acho que, um eu suspeito que, como é habitual. Vai ser assim daqui para a frente ou foi por o caso ter ocorido num hospital com gestão privada?

terça-feira, janeiro 13, 2004

Revista de blog

BLOGOPERATÒRIO:
Segunda-feira, Janeiro 12, 2004
E vergonha, não há?
O soba do Funchal diz que não há pedófilia na Madeira. É invenção dos comunistas. A criatura ainda está nesta. Como é possível um país democrático manter um sem-maneiras desta estirpe durante tanto tempo no poder? Atrás dele, numa de emplastro, estava o ministo Bagão. Não parece ter corado de vergonha. O outro chefe tribal, o do continente, apresentou candidatura autárquica a Amarante para apurar a raça, ou não sei quê...
O que pensará esta gente da política como exercicio, de facto, da cidadania?
A direita portuguesa não tem ninguém mais qualificado para apresentar a estas populações, ou continua a ser a mais estúpida da europa? Sinceramente, não acredito.
BN

# posted by Semiótico @ 23:33


MÉDICO EXPLICA MEDICINA A INTELECTUAIS
ãh?
"A vocação dos hospitais transformados em sociedades anónimas (SA) "não é tratar doentes mas sim arranjar dinheiro". A confissão é de Fernando Marques, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Alto Minho"

dos jornais.
____________________
"ãh? — É aquele som que não se deve fazer em vez de "o quê?" ou "como (disse)?" (do Livro de Estilo do Público, edição on-line)


CLUBE DAS ALMAS INQUIETAS

Amores Raros.
Sou de amores raros. Sempre fui. Parte de mim é irremediavelmente solitária, fugidia mesmo, temperamento mais reservado, talvez. Já outra parte, essa não, essa se esconde, pois amar exige um desvendamento que não me é fácil.
Amar é difícil para quem tem um coração medroso. Se o medo advém do receio de uma violação ou do temor que nos seja roubada a alegria da secretude, isso eu não sei.
Na verdade, nem mesmo sei se quando amamos saímos do esconderijo de nós mesmos ou se, ao amar, queremos é companhia para entrar nele.


# posted by Nina : 1/4/2004 11:54:56 PM




Desculpem, mas cada um sabe o que sabe

O processo de decisão num país tão pequeno como o nosso é mesmo complicado. Os decisores estão sempre muito perto da realidade que decidem, não conseguem ter a distância do deve ser assim. Quando se querem aventurar na decisão independente, vem-lhes necessariamente à memória, a realidade ali ao lado. E a decisão geral, vai ter de se adaptar aos interesses e depois têm de se tomar posições equitativas e passado um pouco estamos a fezr leis adaptadas ao real. O que deveriam ser normas gerais, são regulamentos específicos do que dá mais jeito em cada momento. Será por isso que se fazem tantas leis neste país?
A Ordem dos Médicos é considerada como a entidade que deve zelar pelo bom funcionamento da Medicina no país. Elabora critérios de formação de especialistas e a forma de os avaliar. Pretende fazer novos regulamentos de especialidade. Quando chega a altura de os passar ao papel, vem à memória as circunstâncias específicas de cada local e começa-se a tentar adaptar. A ideia geral do bem estar dos doentes logo desaparece e começa a ser possível admitir-se que médicos com 4 meses de formação em Pediatria tratem crianças que não crescem e que médicos sem formação em Medicina Geral tratem doentes de qualquer especialidade quando apenas foram treinados num dos campos da Medicina. E admite-se que o façam em situações de urgência, para resolver circunstâncias locais. Assim, não dá! Os doentes merecem respeito! E se a Ordem não os respeitar, então que alguém assuma o papel que ela quer assumir.

segunda-feira, janeiro 12, 2004

Badaladas

A notícia reza que naquela aldeia o sino da igreja toca de hora a hora e um desgraçado vizinho não consegue dormir durante a noite com o Big Ben local. Queixou-se, a coisa foi a tribunal e o juiz decidiu. O sino vai continuar a tocar de hora a hora, mesmo durante a noite. Imagino a música com um Avé, Avé qualquer e o pobre a acordar a toda a hora. A Igreja e o sino são tortura do vizinho.
Pois, passa-se neste país de tolerância, onde dizem os outros é preciso o sinal horário da igreja para se orientarem. Isto é, século XXI. Nesta aldeia de resistentes, continua a não se usar relógio e trabalha-se toda a noite. Que farão às 3 da manhã e às quatro? Terão por lá algum negócio nocturno menos confessável? Perguntem ao juiz que decidiu. Os juizes decidem sempre bem, não é? O nome da aldeia soou-me no diário regional da Antena 1, a Gestassó, será assim ou algo parecido. Por amor de Deus, distribuam relógios e deixem dormir quem quer!

domingo, janeiro 11, 2004

Até sempre ou uma história de valores

Adeus Lenine, mais do que um panfleto, pode ser uma história de valores. Os tais que toda a gente reconhece estarem a faltar na sociedade do consumo. Por exemplo, o cuidado, a dedicação e o respeito com que cuidamos dos nossos pais. Tivessem os regimes acabados no Leste criado miúdos como o protagonista e o saldo já não teria sido tão negativo quanto nos querem vender. Nesse aspecto é enternecedor.
A história da falência e as causas desse resultado estão ainda longe de ser completamente esclarecidas. De momento, pode concluir-se que um sistema perdeu em relação ao outro e resultados destes têm sido encontrados com frequência ao longo dos tempos. Os vencedores de agora podem perfeitamente ser os derrotados de amanhã. Assim temos evoluído. Portanto, os risos alarves e nervosos de chacota que ouvi a alguns dos espectadores traduzem, antes do mais, a aquisição de uma doutrina cultural da superioridade de um sistema sobre outro e está longe de ser um juízo imparcial e objectivo.
Ficará o mundo melhor quando se abandonam cursos para vender hamburgueres? Ou serão os discursos papagueados da menina dos King Burger o objectivo dos comportamentos sociais? Até que ponto, o marketing não substitui o ser-se? E estamos a ficar todos a parecer como forma de estar, abdicando de um mínimo do ser. A felicidade é estar cansado ao fim de um dia de trabalho sem se ter tempo de reflexão e alienarmo-nos ainda mais em frente de um canal de televisão que nos mostra fenómenos ou nos permite espreitar comportamentos íntimos alheios? Festejar a vitória no campeonato com correrias ruidosas pela cidade? Será esse o objectivo?
Podem rir, que o povo é sábio e há muito diz, que ri melhor, quem ri no fim!
E o filme denuncia o passado, sem esquecer a denúncia do presente de consumo. Para mim, sobretudo. faz o elogio do cuidado e acho que é essa a razão por que persiste em exibição depois de tanto tempo.

sábado, janeiro 10, 2004

Paragem para admirar as jantes de liga leve

-Então que se passa?
-Dr., é a minha mãe. Voltou a ficar parada.
-Parada, como?
-Como da outra vez...
-Da outra vez? O que aconteceu?
-Foi o ABS (acidente bascular serebral)
A senhora estava realmente parada, do lado esquerdo. Mais outro ABS... Acontece nestes hospitais públicos sem tecto de abrir, nem fecho centralizado de portas, nem direcção assistida, para fazer sorrir médicos triadores, que quando faziam o curso ainda aspiravam a ser «tira dores».

sexta-feira, janeiro 09, 2004

Dificuldades

São complexos os processos de decisão. Aceitar, por exemplo, que os doentes com obesidade tenham descontos nos medicamentos só pelo facto de o serem, de terem esta doença incapacitante, mas também evitável. Deverá a sociedade em conjunto suportar uma doença que é determinada por uma facilidade de consumo que ela própria estimula? Como que a expiar a sua culpa. É justo que um obeso tenha descontos e isenções e um doente com um problema genético, por exemplo, não tenha? Não consigo ainda decidir este dilema.
Não deverá investir-se na prevenção e não será investir na cura desinvestir na prevenção, facilitar? Sinceramente, tenho dúvidas... Não será apenas facilitar a pressão dos lobbies dos medicamentos e das bandas e dos cirurgiões?

quinta-feira, janeiro 08, 2004

Evite o charlatanismo

Quero aqui registar mais um fenómeno que a evidência explica mas as pessoas não conseguem ver. Nesta altura do ano, a consulta fica cheia de senhoras que aumentaram de peso pelos mais variados motivos, o frio, os medicamentos, a água até (que isto nesta época bebe-se mais) ou por causas completamente não identificadas. A OCNI (obesidade de causa não identificada) é uma maleita crescente e que tem destes fenómenos de exacerbação por estas épocas. Continuo ainda a espantar-me como as pessoas não vêem explicação para os aumentos de peso, ou os vêem fora de tudo o que é lógico – o excesso de comida e a falta de exercício. E nada lhes abre os olhos. Como explica o Professor «quando a evidência está nas coisas e a inteligência não está nas pessoas, nada há a fazer». Para que estive hoje a pregar toda a manhã? A água e o ar vão continuar a engordá-las. Já agora só mais um desabafo desesperado. A obesidade em mais de 95% dos casos não tem qualquer causa endócrina! Por amor de Deus, deixem de ir procurar solução para o problema aos consultórios dos endocrinologistas. Eles sabem tanto disso como qualquer outro médico. E os obesos e pseudo-obesos são cerca de metade dos portugueses, demasiada carga para uma especialidade. Ou então, optem pelos endocrinologistas da medicina privada, esses sim são grandes especialistas no tema, mas por favor não generalizem. Os dos hospitais sabem pouco da coisa. A sério, falem com os médicos de família, peçam-lhe uma dieta equilibrada e um programa de exercício e deixem-se de ilusões. Se o não fizerem vão continuar a engordar, que neste problema nem o Harry Potter vos vai ajudar. De caminho comam produtos naturais da terra e do mar, geralmente, vendidos nos mercados e bebam água, bastante nos intervalos. Garanto que não engorda.

Eu não vos dizia há dias?

Aí está a saúde a 2 velocidades. Para os segurados e para a ralé. Tudo a correr dentro do previsto segundo o senhor Ministro, mas cuidado com estas medidas nervosas das sociedades anónimas, não vá a coisa dar para o torto e alguém leva pela receita do Alberto João. Ainda assim, estas anónimas sociedades são mais fáceis de localizar...
Vale o gato da vizinha que deu hoje sinais de vida nas suas acrobacias sem rede. Tenho curiosidade em saber quem vai cair primeiro, se o gato, se o Governo, mas como este não tem as vidas do bichano, fico mais optimista.


quarta-feira, janeiro 07, 2004

De Marte ao meu vizinho novo

E a propósito já viram as imagens lindas que vêem de Marte? A suavidade das pedras polidas. E nem sequer é vermelho, é ferrujento, alaranjado. Coisa linda para mandar uns quantos visitar! Por mim, prefiro a Tunísia ou Marrocos. Ainda assim fica mais barato e tem melhor temperatura. Custou-me a entender a euforia daqueles tipos em Pasadena. Mas as pessoas vibram sempre com as coisas da sua vida. É da sua natureza.
Começo a pensar que o meu novo vizinho terá ido até Marte. Nunca mais o vi a fazer equilíbrio à janela. Terá ido?

Dar um estalo no invisível

Só o Alberto João para me animar: «vamos lá dar um par de estalos aos tipos que andam a escrever cartas anónimas!» Aqui está um homem com programa, determinado, justiceiro e sempre com propostas de grande eficácia. Assim fossemos todos e este país seria certamente diferente. Assim como a Madeira, estão a ver?

terça-feira, janeiro 06, 2004

Uma história que não pode ser verdade

E se, por exemplo, um funcionário aplicado de uns banqueiros que andavam a planear meter-se no negócio da saúde, chegasse a Ministro?
Naquele país havia um Serviço de Saúde que sem ser gratuito, ainda assim, permitia que a ninguém deixassem de serem prestados os cuidados necessários quando a doença batia à porta. As pessoas, embora, às vezes, esperassem um bocado pelas consultas ou pelas cirurgias, lá acabavam por ver resolvidos os seus problemas. Por isso, os tais banqueiros não podiam esperar retirar esses direitos assim de um dia para o outro, que eles, mesmo doentes, haviam de fazer algazarra.
Vamos então, por partes, decidiu o funcionário. Comecemos por criar sociedades anónimas na gestão dos hospitais com gestores nossos amigos e mantenhamos a carência de emprego a médicos e enfermeiros. Depois, com sorte, teremos falências dos hospitais e então que iremos fazer? Temos de aproveitar as estruturas, o que talvez possamos fazer vendendo-as aos banqueiros a preço de saldo. Com a falência, desempregam-se uns quantos mas não tem problema. Podem depois ser recontratados a nível individual pelos novos donos. Como são muitos e sem quaisquer garantias até hão-se estar baratos! Bem, mas os banqueiros, que têm esta necessidade conhecida de ganhar dinheiro, não vão fornecer cuidados gratuitos. Mas como são boas pessoas, vão criar muitos e variados seguros de Saúde.
Subitamente, os cidadãos daquele país hão-de acordar e ver que onde havia um sistema nacional de saúde potencialmente gratuito, terá passado a haver um sistema privatizado, onde quem quer ser tratado paga e até, antecipadamente, e quem não paga, não tem cuidados. Alguns anos depois, os índices de saúde, mostrarão o disparate que é todo este plano. Entretanto, contribuímos para a melhoria da economia, a tal.


segunda-feira, janeiro 05, 2004

Os meteoros caíram ao lado

Noticiário Sic à tarde: uma porca alentejana pesa 400 Kg e mede 2 metros e meio. Os repórteres tentam explicar o fenómeno precurando aos tratadores de porcos as razões do caso. Pois, é mesmo um fenómeno! Coisas do arco da velha. Senhores jornalistas, que nunca vos passe pela cabeça perguntarem a algum técnico, por exemplo, um veterinário a razão de ser da coisa. É que podem ter o azar de vos ser dada uma explicação lógica e simples, como geralmente são as da Ciência, e lá se vai a notícia (deixa de ser fenómeno, deixa de ser notícia). Isto tem de continuar a ser um país de fenómenos! Inexplicável! As verdades há que procurá-las junto de quem pouco sabe para continuarmos a ter notícias e permanecermos ignorantes, ávidos de mais novidades.
Tanto meteoro desperdiçado!


Há domingos assim

Ninguém me tira isto da cabeça. Dia em que o Benfica perde com o Sporting, é dia em que se exacerba a falta de auto-estima do povo deste país. Fica mesmo um ar de enterro no ar. Desculpem, mas é assim que vejo o problema.
Pronto, agora façam o favor de ganhar ao FCP. Ao menos que o Mourinho fique menos rabugento e o país mais divertido com mais umas descobertas do Senhor Pinto da Costa.

Também gostei, e muito, de mais uma vez ouvir o saber ilimitado do senhor Professor MRS na TVI. Aquele homem sabe de tudo, desde penaltis à Casa Pia nada lhe escapa e em tudo é o máximo. Também a ler aqueles livros todos, outra coisa não seria de esperar. Deixem-me, já agora, sugerir que leia algo de Culinária, por exemplo, receitas de sopas francesas. Aí consta, ter mostrado, em tempos, algumas insuficiências.


sábado, janeiro 03, 2004

Na terra dos bufos

Ainda há por aí alguém que queira escrever uma carta anónima ao Procurador Guerra a afirmar a suspeita de que ele próprio também estará eventualmente implicado no abuso sexual de crianças? Quase de certeza que ele a junta ao famoso processo. Mais não fosse para alguma vez na vida estar ao lado do Presidente da República e, mais uma vez, dar mostras da sua independência. Podia-se mesmo organizar uma invasão da caixa de correio do senhor! Fica a ideia. Tenham juízo, há coisas que não se fazem.

sexta-feira, janeiro 02, 2004

Novidades

Tenho notado que vêem aqui espreitar uns quantos fiéis todos os dias. Decidi facilitar-lhes a vida e, partir de hoje, têm aí à direita, uma ligação para responderem às provocações destes textos.
Juntei também algumas sugestões de bloques que leio regularmente. Aproveitem!

Coisas simples

Já entro por ali desde 1971. Mas hoje, finalmente, vi que na mancha branca do muro do parque de estacionamento da escola de enfermagem, está uma mensagem que nessa altura não existia. Muito simples, dois cravos e duas palavras: 25 Abril. A provar que no início de um novo ano ainda há coisas que persistem. E esperemos que durem e durem como as pilhas que teremos que ir recarregando. Depende só de nós, da nossa capacidade de estar alerta e de termos a certeza que depois das tempestades, a bonança é possível.

Correio: fernandobatista@netcabo.pt


quinta-feira, janeiro 01, 2004

Vamos lá ao novo ano!

Bom ano 2004!
Tinha de começar assim. O ano não começou mal, sobretudo porque evitei tudo o que fossem noticias. É curioso como as coisas podem correr bem quando se não ouvem notícias. Será que as notícias têm mesmo que ver connosco? À cautela vou tentar evitar os telejornais pelo ano fora.
Quase a chegar a casa, mudo a sintonia do rádio e caio na Antena 1 e de repente começo a ouvir o Hino Nacional. Levantou-se-me um problema. Imaginei o PP na mesma situação e fiquei preocupado, pois, certamente, terá de mandar o motorista estacionar de emergência para sair do carro, perfilar-se de mão sobre o peito e ouvir atentamente ou mesmo cantar o hino. Não, não acredito que fique ali sentado... E isto pode ser perigoso. Não seria melhor não porem o hino a tocar assim de repente?
Correio: fernandobatista@netcabo.pt