Por que será que é nas farmácias que se vendem os óculos para olhar para o sol? Será que a partir de agora também teremos de procurar ver a luz através da visão que as farmácias nos fornecem?
As farmácias são a actividade comercial (a palavra foi escolhida de propósito) mais curiosa deste país. A bem da chamada saúde, criou-se um esquema de proteccionismo medieval, contra todas as regras da livre concorrência, em que o Estado se proibe de entrar, limitando-se, desde há muito, a simplesmente pagar a conta. Só tem farmácia quem pode e quem pode estabelece um perímetro onde ninguém mais pode fazer-lhe concorrência. Deste modo ficam garantidas as vendas de perfumes e de óculos para nos proteger a saúde.
Que seria de nós se comprássemos uma aspirina no supermercado? Uma hemorragia digestiva pela certa! O que nos vale são, desde há muito tempo, os sempre sábios comentários dos técnicos de farmácia para dizerem aos doentes como devem ser tomados os medicamentos. E ultimamente também para medirem a glicemia, o colesterol e a tensão arterial. E algumas vezes «salvarem a vida» dos doentes enviando-os às urgências dos hospitais porque têm 235 de açúcar no sangue ou uma TA de 175/105.
Que tal se usássemos óculos menos escuros para vermos o que se passa com as farmácias em vez de ficarmos com ar de idiotas a olhar para o ar?
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