A legitimidade apenas se consegue pela verdade, não por se ter conseguido iludir os outros de forma transitória, calculada ou fraudulenta. Com o passar do tempo há sempre a emergência do azeite. É por isso, que um governo eleito, pode, passado algum tempo, ser ilegítimo. Acontece quando o contrato que fez com os eleitores é rasgado na prática do dia-a-dia e substituído pela realidade contrária ao que se tinha combinado. Nem a alegação da realidade em que se está e o seu prévio desconhecimento (impreparação!) servem para a manutenção do poder, que, rompido o contrato, é ilegítimo. Se as condições mudaram e o contrato não é realizável, é necessário fazer um contrato de retificação, isto é, apresentá-lo aos eleitores e ir a sufrágio. De outra forma, persiste-se na ilegitimidade do poder, no império da mentira.
A mudança exige ver a realidade e não afirmar o desejo como se dela se tratasse. A realidade de haver assimetrias sociais indecentes, a realidade de haver compromissos de pagamentos de rendas vergonhosas, a realidade de haver privilégios de organizações e pessoas incomportáveis economicamente e depois, também, mas só depois, olhar a impossibilidade de talvez até nem se poder continuar a ter algumas coisas boas como a saúde, o ensino, a segurança social que criámos porque somos civilizados e a que nos habituámos. Ou seja, corrigir os erros corrigíveis, criar um novo paradigma de funcionamento em que a facilidade e o desejo da vida a crédito seja substituído pelo mundo real. Vai ser mau para alguns credores, nomeadamente para a Banca, mas paciência.
Estou certo é que não se chega ao destino se não soubermos para onde queremos ir. Os organizadores destes ajuntamentos de indignação não sabem, mas há políticos que têm alternativas dentro de outros modelos e é com a sua liderança que a desesperança de hoje se transformará na certeza da vitória amanhã. E como disseram no passado alguns líderes, Até à vitória. Sempre!
1 comentário:
Estou de acordo contigo. Subscrevo o teor da tua análise.
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