O árbitro inventa um penálti e com isso consegue os 3 pontos
para uma das equipas. Na véspera jantou com o presidente do clube da equipa que
agora venceu. A marosca torna-se pública e prende-se o árbitro por ser
corrupto. Todos, no entanto, acharão correto que o mesmo tratamento punitivo se
aplique ao presidente corruptor. Se calhar até com maioria de razão e o árbitro
até é considerado um pouco vítima do processo. Ele é determinante no resultado,
mas pertence a um grupo mais frágil que o dos presidentes de clube. No fim das
contas, ser fraco faz parte da natureza humana.
Mas nisto da corrupção, outros cenários são igualmente
possíveis. Por exemplo, um político faz um acordo de obras com um CEO de uma
empresa e obviamente lesa os dinheiros públicos. O escândalo sai para a
imprensa (quantas vezes paga pelos políticos concorrentes ou pelas empresas
preteridas) e unanimemente o político é considerado corrupto, como teria que
ser. Não pensemos, por momento, que é apenas ignorante, incompetente,
impreparado. A ninguém passa pela cabeça declarar corruptor o CEO da empresa.
Afinal, ele limitou-se a fazer um bom negócio, criou valor para o seu grupo, o
único culpado foi o político. A multidão escorraça o político, corre a eleger
outro político igual a este, os CEOs corruptores continuam o seu trabalho com
toda a tranquilidade com o beneplácito das massas. Ele impôs o resultado
fraudulento, mas pertence a um grupo mais forte de onde, potencialmente,
poderão sobrar algumas migalhas? O sistema mantém-se com futuro.
Afinal, andam todos ao mesmo, ouve-se dizer.
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