sábado, março 23, 2013

Diferenças de iguais


O árbitro inventa um penálti e com isso consegue os 3 pontos para uma das equipas. Na véspera jantou com o presidente do clube da equipa que agora venceu. A marosca torna-se pública e prende-se o árbitro por ser corrupto. Todos, no entanto, acharão correto que o mesmo tratamento punitivo se aplique ao presidente corruptor. Se calhar até com maioria de razão e o árbitro até é considerado um pouco vítima do processo. Ele é determinante no resultado, mas pertence a um grupo mais frágil que o dos presidentes de clube. No fim das contas, ser fraco faz parte da natureza humana.
Mas nisto da corrupção, outros cenários são igualmente possíveis. Por exemplo, um político faz um acordo de obras com um CEO de uma empresa e obviamente lesa os dinheiros públicos. O escândalo sai para a imprensa (quantas vezes paga pelos políticos concorrentes ou pelas empresas preteridas) e unanimemente o político é considerado corrupto, como teria que ser. Não pensemos, por momento, que é apenas ignorante, incompetente, impreparado. A ninguém passa pela cabeça declarar corruptor o CEO da empresa. Afinal, ele limitou-se a fazer um bom negócio, criou valor para o seu grupo, o único culpado foi o político. A multidão escorraça o político, corre a eleger outro político igual a este, os CEOs corruptores continuam o seu trabalho com toda a tranquilidade com o beneplácito das massas. Ele impôs o resultado fraudulento, mas pertence a um grupo mais forte de onde, potencialmente, poderão sobrar algumas migalhas? O sistema mantém-se com futuro.
Afinal, andam todos ao mesmo, ouve-se dizer.

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