sexta-feira, agosto 08, 2008

SIC(k)

Hoje não houve quadratura do círculo, porque Por uma má notícia... eles vão até ao fim da rua, até ao fim do mundo. Hoje assim foi. Em directo, estivemos junto à morte em tempo real, com um locutor arrastando as palavras, tentando encontrá-las, sempre ultrapassado pelas imagens, mostradas despudoradamente. A pistola encostada na garganta, na cabeça. A tensão. O imprevisível do momento. Só por acaso, não assistimos à morte em directo dos reféns e também não vimos, porque o raio do ângulo da câmara não deixou ver, o abate dos sequestradores. Provavelmente, hoje, o video será dos mais observados nos youtubes da aldeia. Por agora, repetem-se até à exaustão, os tiros, os movimentos, a feliz fuga da refém.
Há algo de mórbido neste despudor face à morte, mas a verdade é que no próprio local se assistia da janela ao drama tornado espectáculo como em Roma se viam as lutas com os leões. A morte tem um poder fatal de atracção, há um prazer estranho no sangue. A SIC «limitou-se a levar o espectáculo» a todo o lado, democratizou a notícia. Repetiu as imagens, os sons, os ditos e, no fim, quase lamentou o comunicado RACIONAL da PSP. As feras queriam ainda mais emoção, sangue, se possível. SIC(K)NESS de informação.

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