Hoje não houve quadratura do círculo, porque Por uma má notícia... eles vão até ao fim da rua, até ao fim do mundo. Hoje assim foi. Em directo, estivemos junto à morte em tempo real, com um locutor arrastando as palavras, tentando encontrá-las, sempre ultrapassado pelas imagens, mostradas despudoradamente. A pistola encostada na garganta, na cabeça. A tensão. O imprevisível do momento. Só por acaso, não assistimos à morte em directo dos reféns e também não vimos, porque o raio do ângulo da câmara não deixou ver, o abate dos sequestradores. Provavelmente, hoje, o video será dos mais observados nos youtubes da aldeia. Por agora, repetem-se até à exaustão, os tiros, os movimentos, a feliz fuga da refém.
Há algo de mórbido neste despudor face à morte, mas a verdade é que no próprio local se assistia da janela ao drama tornado espectáculo como em Roma se viam as lutas com os leões. A morte tem um poder fatal de atracção, há um prazer estranho no sangue. A SIC «limitou-se a levar o espectáculo» a todo o lado, democratizou a notícia. Repetiu as imagens, os sons, os ditos e, no fim, quase lamentou o comunicado RACIONAL da PSP. As feras queriam ainda mais emoção, sangue, se possível. SIC(K)NESS de informação.
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