Um dos riscos destes tempos é aceitarmos óculos mais ou menos mágicos que nos fazem ver o que queremos no artifício que nos apresentam. O sistema funciona gerando algum prazer e encantamento até que alguma perturbação lhe aconteça. Aí pode a visão desfazer-se em pedaços, qual Olympia, e ficarmos expostos à galhofa colectiva.
Na pressa dos dias, os criadores de autómatos quase perfeitos, mais não precisam que os substituir por outros quase iguais, que, na debilidade das memórias, podemos julgar ser diferentes. Avança-se, assim, de frutração em frustração na sucessão do tempo.
Na verdade, enganador não é o autómato, mas quem o produz. Mudam-se assim, os ministros, para preservação dos reais poderes.
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