domingo, setembro 17, 2006

Meia volta nalgumas horas

Menos qualquer coisa

Já estou a entrar de férias, levantei-me às 7 da manhã e não às cinco.
Ainda havia uns e-mails para enviar e depois fiquei por conta, isto é, a Manela fez-me a dieta da mala para evitar excessos de peso e para eu ficar ainda mais leve as minhas duas mulheres de serviço cortaram-me o cabelo em casa, deixando-me a cabeça bem exposta nos seus contornos.
No aeroporto grandes filas e uma funcionária de check-in que só consegue fazer uma coisa de cada vez, tipo não apertem comigo que não dou mais. Acabou por fazer tudo, mas realmente não estava nos seus melhores dias ou então estaria nalguns especiais.
Estas esperas do check-in são uma seca desnecessária. Fica aqui uma ideia para algum empreendedor com ideias de negócio global: uma empresa de colheita de bagagem no domicílio e entrega no destino. A coisa pode funcionar com colheita na véspera e entrega antes do cliente chegar ao destino. Tudo o resto é criação de circuitos de colheita e entrega e alguma organização tipo DHL… E nós poupamos a espera e o ar de enfado das assistentes, fazendo a marcação do lugar directamente na Net. É claro que a bagagem viaja em aviões cargueiros.

00:25:34
Que verão os olhos verdes de uma hospedeira, enquanto faz aquela sessão de ginástica apontando saídas e quedas de máscaras de oxigénio? Os braços avançam percorrendo corredores até ao fundo e voltando, mostrando saídas de emergência. Se isto fosse pensado seria uma irritação maior que distribuir médicos por horas de consulta (9 horas por semana, que exploração!). Estar ali a fazer aquela ginástica gestual e ver todos a lerem o jornal ou em início de sesta deve realmente ser frustrante demais.
E acabada a dança lá vai corredor abaixo ver se as cadeiras estão direitas e os cintos apertados. Desaparece.

00:39:02
Sinto-me estranho neste avião. Já estou mais habituado a hospedeiras que falam português aqui neste sítio. Mas é giro este logo de um traço com quatro bolinhas em cima, tudo terminado por uma cruzinha.
Depois de uma curva, os motores roncam mais forte e começa a corrida cada vez mais rápida, com a potência ao máximo e um minuto depois a Ponte Vasco da Gama aparece numa sucessão de riscos sobre uma curva prolongada. Até depois!

01:00:28
Uma caixa de almoço com uma particularidade: um lápis azul. A ideia não será a de censurar, que era o que fazia o outro lápis desta cor, mas talvez para fazer a encomenda do almoço depois de comer este aperitivo.
Por sobremesa, li o Expresso. Muito mais fácil, agora dobra-se ao meio e lê-se a parte de cima. Quem perde são os anunciantes que ficam com os anúncios virados de cabeça para baixo, estimulando a curiosidade de quem for no banco da frente no comboio ou no Metro. Mas lêem-se tão poucos jornais nos nossos transportes públicos…

03:11:51
Depois de me desforrar destes últimos dias de levantar de madrugada, chego a Amesterdão em tons de canais e céu cor de laranja. Com pouco tempo para ver as lojas da free-shop. A electrónica vai esperar.

04:04:33
Vai ser necessário repensar isto das casas de banho na Holanda. Meninos para um lado, meninas para o outro. Um destes dias começo a achar mais cómodo ir à das meninas… pelo menos para mim.

05:12:51
Este 747-400 apinhado de indonésios levanta ainda com mais energia que o de há pouco e diz-me que são 3:24 PM e que irei chegar a Kuala Lampur às 14:47.
No início de viagem leio o Sol, que, com grande pena minha, me não aqueceu. Falta-lhe identidade. O jornal principal começa da pior forma com uma notícia sobre o Isaltino. Obviamente que este senhor não tem estatuto para tanto, primeira página. Aqui faz-me lembrar o Independente. Uma revista chamada Tabu (!!!) desfolhada parece-me a Hola, tanto no aspecto como nos conteúdos. O caderninho dos espectáculos é o do antigo Expresso. Sabe a pouco. É pena, ando farto do Expresso e, para cúmulo, até melhorou…

06:55:54
O bolinho da sorte dizia qualquer coisa como «Esta semana vai ser muito boa» Acertaram, já tinha imaginado.

08:21.32
Ninguém neste avião vai para Kuala Lampur. Quase todos para a Indonésia… Laços holandeses.

11:00:26
Pela janela espreito uma paisagem castanha clara lá em baixo com sugestão de um rio seco aqui e além. Devo estar por cima do Irão. Os americanos ainda não chegaram…

14:52:01
O traço vermelho vem desde Amesterdão e passa agora ao largo de Banguecoque, na direcção de Phucket, a 922 km/h.
O sol nasceu às 2 da manhã e sinto que estranhamente estive a dormir até à uma da tarde.

16:24:59
Aterrei em Kuala Lampur.

18:45:20
No aeroporto mais estranho do mundo. Enorme e só. Em quatro monitores estão os voos de quatro horas.
Aqui e além uma mulher de burca segue dois passos atrás um homem. Por momentos Bin Laden apareceu na CNN. Não sei o que disseram, só vi a imagem. As mulheres de burca continuam a passar o que me faz imaginar a lotaria a que os homens estão sujeitos quando as escolhem…

19:56:24
Escrevo no Starbucks no KLIA (KUala Lampur International Airport). O recibo do café tem escrito: Have a Grande Day! Efeito Fernão Mendes Pinto?

O timer regista agora 20:57:50

3 comentários:

Anónimo disse...

Ahhhhhhhh...! Muito bom. Boa viagem!

E na volta... façam-me um favor... tragam-me o caderno de emprego do Expresso - ou do "Sol" - australiano ;)

Anónimo disse...

entao miudo... n se escreve mais??

Beijos

Anónimo disse...

entao miudo... n se escreve mais??

Beijos