quarta-feira, agosto 02, 2006

Gerir não é fechar a porta

O Estado gasta diariamente 20 milhões de euros em saúde. Na mesma notícia da TVI dão-se exemplos de gastos:
Exemplos dos gastos na saúde são um parto normal que custa em media 925 euros e as análises de rotina de um diabético que custam em media cerca de 172 euros.
E eu não percebo muito bem qual é a ideia. Será que para se reduzirem os gastos as grávidas devem deixar de parir, deverão pagar os partos ou irão ter os filhos em casa sozinhas? Afinal, um parto em África deve ficar mais barato... Quanto aos diabéticos deverão eles deixar de fazer análises?
Mais dúvidas, o custo de um parto e das análises dos diabéticos serão menores em sistemas privados de saúde? Porquê, se estes não podem prescindir do lucro (custo final = custo real+lucro), o qual não é necessário no sistema público e, logo, custo final= custo real? Portanto custo no público, necessariamente mais baixo que no privado. Mas dizem-me que não é. Há desperdício. Muito bem, então a via é o combate ao desperdício, gestão eficaz e rigorosa do público. Isso passa por profissionalização do sector público da saúde, privilegiando uma real dedicação exclusiva a quem nele trabalha, separando de vez e tornando concorrentes sector público e privado, acabar com esquemas de trabalho em part-time, despedir directores de serviço que não dirigem, pôr fim a relações estreitas entre indústria farmacêutica e médicos susceptíveis de aumentarem artificialmente os custos dos medicamentos por aumentarem as suas vendas. Isto seria racionalizar os custos, combater o desperdício.
Transferir os custos para os doentes, diminuindo a despesa do Estado não parece ser resolução. Mandava a decência que se reduzisse o que hoje se paga em Impostos ao Estado (e é aplicado em despesas de saúde) para os doentes para que pudessem pagar do seu bolso a factura da saúde. Então, que ganhariam as contas do Estado com a mudança? Para além do que o recurso à procura de cuidados de saúde não é um luxo nem um capricho do consumidor (doente). É antes, um azar seu, que justifica que numa sociedade solidária paguem os sãos os custos da doença dos doentes. E não é igual que sejam companhias de seguros a assegurar o sistema. Far-se-ia um seguro obrigatório? O seguro automóvel dito obrigatório não o é para muitos automobilistas e não tem grande importância. Se não existe, de alguma forma se pagarão as despesas da chapa batida. Mas o que aconteceria quando um doente não tivesse seguro de saúde? Deixa-se à porta do sistema de assistência para que as seguradoras e bancos associados possam continuar a acumular os lucros pornográficos que vemos publicados? Assim acontece no Império inspirador destes conceitos modernaços. Mas será isso que queremos?

1 comentário:

Anónimo disse...

Estás cheio de razão...