Esperava mais de uma última lição. Não deixou de ser curioso, ter alguma graça, mas aqui e além foi demasiado auto-elogiosa, uma exposição de um curriculum pessoal sem concurso à vista e com a garantia de não argumentação. Foi também muito burguesa a lição, muito a imagem da família, do poder. Teria preferido algo mais leve, mais ousado nas perspectivas a transmitir a quem fica, mas houve muito de insatisfação com a vida que aí vem o que me parece ser sempre sinal de algum desapontamento com a vida que foi. Faltou o humor que alivia a dor destes momentos. Em 40 e tal anos de vida de Medicina, quase tudo mudou. O Prof Palma Carlos percebeu o fim da Medicina Interna e desenvolveu a Alergologia, mas recusa aceitar a ideia, porque isso diminui o seu poder. Poder? No fundo, esse parece ser o drama destes homens que mais do que a função privilegiam a imutabilidade da vida. Mas a vida é função e mudança.
Reflexo dramático do estado das coisas nesta Escola a referência do Prof. JLA ao facto de ver mais o jubilado fora do Hospital que lá dentro. Com que então, os cientistas encontram-se na Ópera e nos Concertos e não no local onde conjuntamente (!!!) tratam os doentes?
Fruta do tempo, esta lição foi um bocado com sabor a plástico, tipo MacDonalds, limpinha e desenxabida.
Da mesma forma não aprecio muito esta técnica com que, agora, qualquer telefonista de loja nos atende o telefone. Dizem o nome (que logo esquecemos), e depois de saberem o nosso iniciam sempre o discurso com ele (depois de cada pausa para música). Procura-se um reforço de comunicação, mas realmente, apenas me sabe a plástico também, a imagem, sem qualquer sentido emocional, físico. Puro marketing. Às vezes quase tenho saudades do ar mal disposto e genuíno do atendimento de outros tempos sem tantos cursos de formação de como deve ser-se. Era-se mais, se calhar. Mais substância, talvez.
Correio: fernandobatista@netcabo.pt
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