quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Abaixo a democracia de alterne!

A democracia do alterne é algo que me não convence já há muito. O conceito predomina nas chamadas «democracias ocidentais» sob a forma de ora agora são republicanos, ora democráticos, ora trabalhistas, ora conservadores, ora PS, ora PSD/CDS e por aí fora. E tudo fica mais ou menos igual, recaindo a despesa sempre para os mesmos. Também me não convence a antipolítica com palhaços a chegarem ao poder para... nada fazerem de útil a não ser, eventualmente, satisfazerem os seus egos. Muito menos a não participação ou participações de protesto, sem indicação de sentido. Só haverá eficácia, na escolha orientada para quem tenha algum substrato de classe por trás dos seus programas e, sobretudo, dos seus atos. Pelo menos, é um risco a correr, já que o alterne a nada leva diferente do status quo.
Com efeito o alterne é uma prática em que uns proxenetas (banqueiros e poder financeiro) usam umas prostitutas (forças políticas suas servidoras) para nos levar a consumir (crédito bancário), que é o que dá lucro à casa (a classe dominante). Este é o mundo pouco recomendável em que se sobrevive com a ilusão do prazer da vida. Merece-se mais, mais realidade e menos ilusão. Menos cenoura para fazer o burro caminhar.
Por isso e também para acabar com esta democracia de alterne, lá estaremos muitos daqui a 3 dias, no sábado. Por menos que isso é perda de tempo. O desafio é grandioso, mas a esperança maior.

quarta-feira, fevereiro 27, 2013

Mais um que vai lá estar daqui a 4 dias

Porque a  « La pire des attitudes est l'indifférence » daqui a quatro dias lá estare(i)emos muitos, cada vez mais, num tsunami de indignação. Que as ruas se encham de bom humor e energia, de muita indignação, mas sem coelhos mortos pendurados... nem peluches.
A pena maior é expulsá-los bem vivos para que possam sentir, aqui ou em Paris, que existe um povo que não se verga a credos fanáticos e que ainda não desistiu de reanimar a solidariedade. É dessa forma, também, que homenagearemos os que nos vão deixando.

terça-feira, fevereiro 26, 2013

Faltam cinco dias

Há várias coisas que me fastam do liberalismo, mas, com certeza, esta é uma das mais óbvias e realçadas nos tempos mais recentes. Não gosto da sensação do canceroso, desta maneira de estar vivo, apenas como se este pudesse ser o último dia da vida. Foi a isto que os tempos recentes de governação  e ideologia liberal nos tem determinado: estarmos vivos até ver, incapazes de planear, programar. Nada mais é previsível, ninguém sabe o dia de amanhã, o medo veio ocupar o tempo todo. Ficámos sem a liberdade individual de planear a vida nesta necessidade opressiva de sermos os lobos uns dos outros. Vive-se a ditadura da incerteza e do instante em que se está a sobreviver depressa.
O capitalismo aposta no risco como supremo valor para dar cor à vida dos homens e nas eventuais diferenças (genéticas?) para justificar as diferenças sociais entre os indivíduos. Assim, o risco do empreendedor é apontado não como meio, mas como objetivo de vida, um valor supremo. O planeamento da sociedade é mostrado como algo de velho e paralisante, incapaz de gerar progresso e inovação, mesmo que não se perceba para onde se quer ir avançando tão depressa. Mesmo que o avanço possa levar a uma situação fatal e irreversível. Todo o avanço tecnológico gerador de riqueza é apontado como a meta suprema, induzindo-nos o esquecimento de quem é o beneficiário dessa situação, uma elite cada vez mais pequena e mais dominadora. Uma elite em que se revelam as diferenças não genéticas (ainda que existissem nada justificariam), mas as sociais, geradoras das diferenças entre os homens. Andar na corda sobre o precipício deve ser o gozo supremo de uns quantos loucos, mas certamente a maioria dos homens gosta de caminhar com os pés no chão. Só que os equilibristas dominam cada vez mais todos os outros, impondo a sua cultura de risco e assim deixam à sorte o papel de selecionadora natural e, sobre a pilha de mortos acumulada no desfiladeiro, avançam cada vez mais seguros sobre o arame. Não será tanto a genética (afinal o homem nem sequer é tão diferente de uma mosca) que diferencia os homens, mas mais o local onde nasceu e se cria.
É na propriedade original de cada um que se consubstanciam muitas das diferenças futuras e é desprezível o conceito do risco cada vez menor que alguns dizem correr, porque o objetivo maior seria que um número cada vez mais vasto fosse capaz de realizar a caminhada. Não é nesse sentido que temos ido.
É esta consciência de que as diferenças não são assim tão evidentes que me faz sonhar com, por exemplo, a existência de um vencimento máximo nas organizações, obviamente indexado ao mínimo que nelas fosse praticado e também com a liberdade de saber o que nos espera através da forma como  organizamos, garantindo a forma de vida adquirida, sem sobressaltos ou inquietações que nos roubam a tranquilidade da vida em benefício de uma sobrevivência incerta.
É por isto tudo que também lá estarei daqui a cinco dias.

segunda-feira, fevereiro 25, 2013

Cantando

Quem canta, seus males espanta. Espanta, mas não lhes põe fim, mesmo quando a cantiga é uma arma. Há algo mais que faz falta ou iremos só cantando e rindo, levados, levados...

sexta-feira, fevereiro 22, 2013

Mudar de rumo!

Naquela altura de dificuldades, o homem tinha um burro para lhe fazer o trabalho. Acontece que as dificuldades eram enormes, quase não havia comida para dar ao burro e aí o homem tomou uma decisão: desabituar o burro de comer. Aos poucos foi alimentando cada vez pior o burro. Escanzelado, o animal foi aguentando, aguentando, e o homem esfregava as mãos de contentamento: aguenta, aguenta, dizia. Mas ao fim de algum tempo, aconteceu o inevitável. E logo agora que já estava quase desabituado de comer! disse, lamentando-se, o homem que sempre proclamava estar no caminho certo para resolver o seu problema.
Antes que aconteça o inevitável e apesar do rumo certo, é tempo de lembrar que faltam 9 dias!

terça-feira, fevereiro 19, 2013

É urgente

Há uma evidente quebra de ritmo por muitas solicitações e desânimos que acabam por retirar a esta fase da vida alguma da ilusão que era suposto existir. O grupo dos 4 governante (Passos, Relvas, Gaspar e Portas) rouba-nos todos os dias mais um pouco do capital das certezas que tínhamos, criando uma nuvem de dúvida cada vez mais ameaçadora. O medo avança nesta terra. Olhando à volta a base social da apoio do governo estreitou-se de uma forma que nunca se tinha visto, resumindo-se nesta altura a um escasso número de banqueiros que expressam uma confiança imensa no futuro e na capacidade de aguentarmos.  Mas a sua confiança depende apenas disto, de aguentarmos sem limites, o que vai contra a física da resistência das coisas: nada é resiliente até ao infinito e há sempre um momento em que parte. A esperança está dependente dessa rutura.

É confrangedora a falta de ambição destes políticos. Como se pode dormir descansado depois de dias sucessivos em que se sente que apenas se esteve a governar para uns poucos, excluindo dos objetivos a atingir franjas cada vez maiores de pessoas? Governar para um por cento é obviamente fácil, o desafio é governar a favor dos noventa e nove por cento que restam. E há neste ambiente gente que aumenta a sua riqueza sem o seu trabalho, pela exclusiva reprodução do seu capital (variação do índice PSI 20 nos últimos 6 meses: 4908-->6127, isto é, aumento de 49,7% ao ano!!!) , mas também esse mistério do acréscimo da riqueza decorre do trabalho de alguém. Ai decorre, decorre!

Neste ambiente até se percebe que um ex-secretário de Estado proclame que se os fiscais lhe pedirem as faturas os mandará tomar no cu  O que seria uma medida correta de combate à fuga ao fisco, é, nesta ambiente, um insulto, pois é claro o que se está a fazer com a receita fiscal: diminuir o apoio social, aumentar o apoio ao poder financeiro. Não é esta a função dos impostos. Tudo no mesmo sentido. Basta de ROUBO!

Mas é bom que se tenha a lucidez suficiente para se perceber que, ao contrário do Papa que se diz santo, o Diabo não resigna. O ar anda empestado de enxofre, mas a criação de melhor ambiente não será conseguida fechando as janelas e ficando em casa. Despoluir exige a saída à rua. É urgente.

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

Um bem diferente

Na hora dos pagamentos surgem os conflitos de opinião entre técnicos. Quando se trate de danos materiais, o problema existe, mas não ultrapassa essa dimensão, o material.  Não deixa de ser natural que companhias privadas, procurem o menor custo possível mesmo prejudicando os seus clientes, defendendo os seus técnicos, nos seus pareceres, a conveniência de quem lhes paga. Assustador mesmo é a transposição disto tudo para a realidade dos seguros de saúde. Nessa altura irão considerar o valor do segurado, tanto mais desvalorizado, quanto mais velho e, no limite, como sugeriu inadvertidamente há tempos a Dra. Manuela Ferreira Leite, haverá indicação para abater o bem seguro, que, neste caso, é ... uma pessoa. A vida passará nessa altura a mercadoria, e, como tudo neste mundo ideal dos mercados, terá então um valor comercial, segundo o equilíbrio entre oferta e procura. É isso e que não é tolerável a bem da equidade e do acesso universal e gratuito à saúde, que é um bem diferente e especial.

terça-feira, fevereiro 05, 2013

Lixo bem cotado

Nos EUA, a S&P, uma das sagradas agências de notação é acusada de erro grosseiro e levada a tribunal. Possivelmente, ganhará quem tiver os melhores advogados, mas não deixa de ser louvável a ação. Com efeito, esta é uma das sagradas agências do capital, que anda por aí a classificar de lixo ou de diamante quem mais não der ou der jeito ao sistema, um instrumento que afeta a vida de todos nós, e que, sem qualquer tipo de legitimidade nos condiciona e se sobrepõe às opções maioritariamente expressas pelos cidadãos, pervertendo toda a lógica democrática. Estes foram, muito mais do que os políticos (que apenas os serviram, iludidos na sua religião fanática), os grandes responsáveis por muitas crises que vivemos e pagamos. Sim, é tempo de  responsabilizar os verdadeiros culpados da cultura da ganância e do desvario liberal associado e adequadamente classificá-los com Lixo: Lixo Tóxico das consciências e bem cotado pelo liberalismo.

domingo, fevereiro 03, 2013

A mentira persistente

Curioso é que ainda seja notícia a falta de verdade oriunda deste governo. Tudo o que prometeram e os levou a ser eleitos já renegaram. A sua credibilidade e legitimidade é inexistente há já muito tempo. Por que espantar agora que chamaram ao seu seio um secretário de estado a quem omitiram passagens do currículo? É coerente com toda a prática precedente. A novidade é a falta de habilidade política demonstrada no processo. Será só isso ou é já tradução de alguma desorientação?

sábado, fevereiro 02, 2013

As duas medidas

A morte é fonte de virtude. É a melhor forma de ser reconhecido e, finalmente, ser um bom homem ou uma boa mulher. Mesmo quando o mesmo objeto, em vivo, era horroroso e criticável, se não insuportável.
A compreensão pela dor e infelicidade da mãe que mata os filhos apenas é possível porque decidiu acompanhá-los na morte. Caso contrário seria mais um objeto de uivos incontidos à porta de um Tribunal que a julgasse e o seu ato seria proclamado na primeira página do Correio da Manhã para gáudio dos leitores, que, pediriam punição máxima, mas, da forma como a história acabou, até sussurrarão um «coitada» piedoso.
É complexa a justiça, que, por necessidade de humanidade, deve ser mais governada pela razão que pela emoção.