quarta-feira, junho 02, 2010

Um dia a mais que ontem (ou o day after)

Há instantes que são meras formalidades e a que à partida pouco importância atribuo. Mas de repente, podem ser oportunidades de debate necessário. São as surpresas dos instantes, que os tornam, algumas vezes, notáveis.
O mais intolerável de tudo é o apagamento das personagens da história. Pior ainda quando para pôr na frente a sua imagem raspam da fotografia quem esteve no primeiro plano. A imagem que alguns são peritos em criar não consegue vencer a memória de quem esteve na história e, nessa altura, há uma obrigação ética de sobrepor a realidade à imagem. Doa a quem doer, tem de ser feito e fez-se.
Muitas vezes fica-me a dúvida se é por mera maldade ou por distorção do sentimento da realidade que usam a tesoura na fotografia. De uma ou outra forma é doentio e inútil a ilusão da importância que se atribuem, porque o verdadeiro significado dos nossos curriculla deverá, sempre e só, ser a análise que os outros deles fazem.
Estar em bicos dos pés é um um equilíbrio difícil e mesmo um primeiro passo para a queda. Não faltar muito para o tombo do esquecimento é, desde já, uma certeza e consolo e fica-se bem quando se reafirma a história bem contada, com realidade.
É isto que me fica neste um dia a mais que ontem. O resto é, provavelmente, secundário.

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